Anjos e Demônios

Capítulo 4 - Beijos


Olá pessoal! Primeiro quero pedir que, por favor, deixem comentários!!! Preciso saber se meu trabalho está bom ou não e apenas os seus comentários no meu e-mail podem me dizer isto. Aceito críticas construtivas com muito prazer! Bem, quero que aproveitem a leitura!!!

 

Kagome estava tendo um sonho inquieto.

Uma sacerdotisa está parada num vilarejo. “Eu já tive este sonho antes.” Kagome consegue perceber. A mulher carrega consigo um grande arco, uma aljava e um objeto estranho, que Kagome agora identifica como uma bolinha de vidro. Estava distraída e parecia muito feliz. Subitamente, um rapaz de cabelos prateados e olhos dourados, vestindo um kimono vermelho, e com curiosas orelhas animais posicionadas no alto da cabeça, o que novamente chamou a atenção de Kagome, se aproxima das costas da mulher. Kagome tenta avisar a mulher, mas não consegue se mexer. O rapaz atacou a sacerdotisa, rasgando-lhe o ombro. Ela caiu e ele parecia radiante ao ter nas mãos o objeto que a mulher carregava. Ele foi embora rapidamente e a mulher ficou caída, mas, com um esforço sobre-humano, conseguiu levantar-se e seguir o rapaz. A mulher parecia extremamente furiosa e decepcionada.

Há um corte brusco na cena. A mesma mulher agora está perseguindo o rapaz, mas não possui nenhum ferimento. O rapaz parece não entender o motivo de estar sendo atacado daquela maneira e parece confuso. Ele corre em direção ao vilarejo e a mulher desaparece. Ele entra num templo, pega a mesma bolinha de vidro que Kagome vira com a mulher anteriormente e sai. A mulher, agora com o ferimento que Kagome vira, retesa o arco e mira. Grita o nome do rapaz, mas Kagome não consegue ouvi-lo. O rapaz olha para trás e ela atira, prendendo-o numa árvore. Morre em seguida. A bolinha de vidro é queimada junto com seu corpo.

Há outro corte. Uma risada maligna ecoa na mente de Kagome. Aos poucos, uma imagem começa a se formar. É um homem vestido de babuíno que ri. A imagem do rapaz, quando atacou a sacerdotisa, e a imagem da sacerdotisa, quando atacou o rapaz e este ficou confuso giram ao redor do homem. Kagome sente uma aflição muito grande.

A garota acorda. Estava completamente suada. Ainda faltava meia hora para que o despertador tocasse, mas ela não conseguiria mais dormir. Desligou-o e ficou pensando.

“Por que aquelas imagens ficavam ao redor daquele homem? É estranho... Aquele rapaz parecia verdadeiramente surpreso quando a sacerdotisa veio atacá-lo. Mas, principalmente, há dois erros : se o rapaz havia tirado a bolinha de vidro da mulher, como é que ele depois foi roubá-la? E, se a mulher havia sido ferida, como ela estava plenamente curada quando atacou o rapaz da primeira vez? A não ser que...”

Kagome refletiu um pouco. De repente, tudo pareceu muito óbvio em sua mente.

“É claro! Aquele homem vestido de babuíno era, na verdade, o rapaz que atacou a mulher e, depois, a mulher que atacou o garoto primeiro, antes dele roubar a bolinha de vidro! Ele fez esta intriga toda apenas para que eles se matassem! Que cruel e desumano! Se eu encontrasse um homem assim, certamente o mataria.”

Kagome despertou um pouco de seus pensamentos e foi se aprontar para ir ao colégio. Rapidamente seus pensamentos saíram do sonho e chegaram a Trunks. Queria estar perto dele todo o tempo. Tinha inveja de Arashi no fato de que o amado dela estudasse na mesma classe, assim poderia vê-lo por mais tempo - não a invejaria no resto, pois Kurama não parecia ter interesse na garota.

Demorou mais tempo no percurso para ir ao colégio. Ficou admirando a cidade enquanto ia de bicicleta e acabou chegando em cima da hora. Entrou na sala e sorriu. Arashi e Kurama conversavam animadamente próximos a janela. Colocou suas coisas silenciosamente, mas eles perceberam sua chegada.

- Ohayô, Kagome-chan! - Arashi deu sorriso.

- Ohayô! - Kagome respondeu.

- Vocês estavam tendo uma conversa muito animada! Falavam sobre o que?

- Ah, estávamos conversando sobre filmes. - Kurama respondeu.

- Não sabia que gostavam tanto assim disso...

- Bom dia! - entra na classe uma mulher loira, com cabelos presos num coque, e de óculos. - Melhor seria, good morning, class! We have music class today!

Enquanto se sentavam, Kagome perguntou.

- Qual a música, sensei?

- Em inglês, please, srta. Higurashi. A música é Iris, do Goo Goo Dolls.

Arashi deu um imenso sorriso a Kurama, que retribuiu. Mas a garota notou que ele ficara estranho novamente quando ouvira o nome da música.

- Mas antes de começarmos, gastaria de lhes perguntar onde se encontra a srta. Kaiou. Ela raramente falta e percebo que ela não está aqui agora.

A sala fica em silêncio. Kagome e Arashi se entreolham rapidamente.

- Bem, já que ninguém pode me informar, srta. Higurashi, você pode levar as lições para ela, please?

- Claro. - Kagome aceitou, mas sabia que seria impossível cruzar com Michiru depois do ocorrido.

O dia transcorreu normalmente. No fim das aulas, no meio da tarde, Kagome pergunta.

- Arashi, você quer ir almoçar lá em casa? Acho que você não tem comido direito...

- Bem, eu estava pensando em ir estudar na sua casa, Arashi. Assim, posso te ajudar com o almoço. - Kurama sorriu.

Por aquela, Arashi não esperava. Kurama estava se convidando para ir a sua casa? Kagome não conseguia disfarçar o sorriso.

- Tudo bem, Kurama. - Arashi respondeu.

Kagome seguiu em direção oposta, indo para casa. Arashi e Kurama foram caminhando tranqüilamente. Em um determinado ponto do trajeto, Kurama segurou a ao de Arashi. Eles estavam andando de mãos dadas, o que fez Arashi corar. Kurama sentiu a mão fria de Arashi e sorriu.

Depois de algum tempo, chegaram a prédio de Arashi. Subiram as escadas. Arashi morava no terceiro andar. Kurama nunca havia entrado no apartamento da garota, então se impressionou com o que viu. O apartamento era médio, diferentemente do que ele imaginava, de uma decoração muito simples e, ao mesmo tempo, muito bonita. As paredes eram brancas e os móveis eram de madeira amarela. De frente para a porta havia um corredor que dava em quatro lugares : a primeira porta, do lado esquerdo de quem entra no apartamento, dava na sala de estar e na copa; a segunda, do lado direito, dava no banheiro; a terceira, também à direita, dava no quarto de Arashi; a última, dava no antigo quarto da mãe da garota.

Kurama entrou na sala de estar, deixando seus livros no sofá, e se sentou à mesa, na copa.

- Eu vou me trocar no quarto, fique à vontade. Se você quiser trocar de roupa, posso te emprestar alguma roupa do meu irmão, que ele deixou aqui.

- Não precisa, Arashi. Trouxe uma roupa comigo.

- Então pode usar o banheiro, não tem problema Volto logo.

Arashi saiu. Kurama se levantou, foi até o sofá e abriu sua pasta. Realmente havia uma roupa lá. Pegou-a e foi em direção ao banheiro, quando deteve-se num porta-retrato. Arashi sorria, ao lado de um garoto de cabelos castanhos e olhos azuis - num tom facilmente confundível com o castanho - que parecia bem mais novo que a meninna. Atrás deles havia uma mulher muito parecida com Arashi. Sorriu e foi até o banheiro. Trocou-se rapidamente e voltou para a copa. Arashi ainda não havia voltado.

Depois de uns cinco minutos, Arashi apareceu na porta. Kurama ficou um tanto impressionado. Ela vestia uma espécie de kimono azul marinho folgado, onde as laterais não ficavam nos ombros, mas no meio do braço. Tinha os cabelos presos num coque, apenas a franja e algumas mechas que não se prenderam tocavam o rosto da garota.

- Desculpe a demora, é que esta foi a única roupa que achei com as mangas mais curtas e que eu possa sujar à vontade.

- Não precisa se desculpar. Você ficou muito bonita com esta roupa. Parece um anjo.

Arashi corou. Sentia que o olhar de Kurama estava diferente. Um ar meio nostálgico, melancólico e ao mesmo tempo sedutor. Resolveu quebrar aquele silêncio.

- O que você quer comer?

Kurama pareceu pensar muito antes de responder. Fechou os olhos, sorriu gentilmente.

- Apenas o que você quiser.

- Ah, Kurama, se toda vez que eu te perguntar o que você quer comer você me der esta resposta, não vai ter graça.

- Tá, então que tal um macarrão? - Kurama estava rindo - É o prato mais prático que consigo pensar...

- O mais prático seria macarrão instantâneo, mas vamos fazer macarrão normal mesmo.

Arashi se virou e começou a encher uma panela com água. Kurama a observava atentamente.

- Ei, venha me ajudar, Kurama!

Kurama pareceu despertar de um transe. Sorriu e foi até a cozinha, preparar o macarrão.

 

Trunks estava apressado. Corria por entre as ruas de Tokyo, esbarrando em muitas pessoas. Teve vontade de colocar uma placa com os dizeres “Desculpe-me, tenho pressa.”, mas ele ainda tinha senso de ridículo. Estaria voando se não fosse assustar toda aquela gente.

Estava correndo por causa de sua mãe. Ela lhe pedira para ir buscar uns papéis importantes numa firma ali perto. “Tinha que ser a minha mãe... Eu até que estaria de carro, mas a quantidade de retornos que iria tomar para chegar neste lugar, apesar de tão perto, não compensaria... Que saco!”. Chegou apressado, pegou os papéis e voltou correndo. Entregou os papéis à mãe que, vendo o olhar do filho, deduziu que ele ia para casa mais cedo. Acertou.

Trunks entrou no carro e foi para casa. Tinha saudades de Kagome. Passou o trajeto inteiro pensando em encontrá-la, à noite, para conversarem. E pra ele sentir aqueles lábios quentes novamente. Chegou e foi tomar um banho. Quando saiu, olhou-se no espelho e teve um espasmo de terror.

“O colar! O colar que Kagome me deu! Ele não está no meu pescoço!”. Começou a procurá-lo entre suas roupas. Em vão. “Devo tê-lo perdido quando trombei com aquelas pessoas... Preciso achá-lo rápido, ou Kagome me matará!!!”

Trunks se trocou e ficou pensando num jeito de reaver o colar.

 

Arashi e Kurama estavam almoçando.

- O molho que você fez ficou ótimo, Kurama.

- Então estava duvidando dos meus dotes culinários, Arashi? Saiba que cozinho melhor que muitas garotas.

- Acredito, acredito. - Eles riram - Agora espere aí enquanto lavo os pratos.

Ela se levantou. Recolheu os pratos e os levou até a pia. Lavava-os sob os olhares atentos de Kurama. Quando terminou de lavar, molhou o rosto e pegou uma toalha para secá-lo. Quando colocou a toalha em cima do balcão, sentiu dois braços em sua cintura. Kurama colara seu corpo no dela. Ela corou violentamente. Kurama virou a garota e viu suas faces rubras. Seu olhar era misterioso e isso atraía Arashi.

Kurama foi se aproximando lentamente. Quando seus lábios quase se tocaram, ele sussurrou :

- Meu anjo...

Tocou seus lábios nos dela. Arashi mal conseguia acreditar, seu coração quase parou de bater. A língua de Kurama pediu passagem, e ela deixou. Kurama explorou-lhe toda a boca e ela foi acometida de uma submissão que nunca antes pensara ter. Quando Kurama permitiu, ela explorou a boca dele. Ficaram assim por um tempo, travando uma guerra em que ninguém queria vencer.

Kurama soltou a boca da jovem e passou a sugar o lóbulo de sua orelha. Arashi passou os braços pelo pescoço dele e acariciava-lhe a nuca. Kurama desceu para o pescoço, mordendo aquela pele alva até torná-la vermelha. Arashi gostava.

Kurama passou as mãos pelos cabelos da garota, soltando-os. Eles caíram meio bagunçados, dando a ela um ar sensual. Ela começou a desabotoar a camisa de Kurama, enquanto ele recomeçara a beijar seu colo, arranhando seus ombros. Os dois começaram a caminhar lentamente em direção ao corredor.

Arashi beijava o pescoço de Kurama ao mesmo tempo em que alisava o tronco dele. Ele dava pequenos apertos na cintura dela quando ela acertava os locais que ele mais gostava. As mãos dele deslizaram para as costas do kimono, onde havia a faixa que o prendia e procurou desamarrá-la. Estavam na porta do quarto de Arashi quando ele conseguiu. Eles entraram e ele trancou a porta.

 

Kagome voltava para casa. Tinha esperanças de que Arashi e Kurama se acertassem. Seria uma ótima oportunidade, afinal ela morava só. Deixou de pensar neles para pensar em si. Fazia tempo que não se dedicava à família, desde que aquela história começara. Tinha saudades de brigar com seu irmão. Afinal, se os irmãos brigam, é sinal que tudo vai bem na família.

Foi subindo as escadarias do templo com calma. Agora pensava em Trunks. Ainda não acreditava que era namorada dele. Logo ele que, no começo, só tinha olhos para Arashi! Tinha curiosidade de saber há quanto tempo ele a amava, mas ainda não o havia perguntado. Talvez à noite, quando ele viesse vê-la. Então ela estremeceu. Ouviu um grito. Um grito de criança. Mais precisamente, um grito de seu irmão. Correu e não acreditou no que viu.

Michiru, com umas vestes esquisitas parecidas uma fantasia de marinheiro, atacava Souta. A criança tentava se esquivar, mas parecia que desta vez ia levar o ataque. Ele estava encurralado na árvore sagrada.

- Pare já com isso, Michiru!

Ela olhou para Kagome, mas ignorou o pedido.

- Maremoto de Netuno! - Uma bola saiu das mãos de Michiru e foi em direção a Souta.

Na verdade, a bola se transformou numa rajada fortíssima de água. Kagome correu e empurrou Souta, recebendo todo o ataque. Bateu com as costas na árvore sagrada e não conseguia se levantar.

- Irmã, você está bem? - Souta perguntava, preocupado.

- Vá embora daqui, Souta! Mas, antes, faça um favor : entre e pegue meu arco e algumas flechas. Vá rápido! - Kagome mandou e o irmão obedeceu. Michiru ria.

- Sua idiota! Não precisava ter ficado na frente, apenas queria ver se seu irmão estava com o amuleto.

- Michiru, por favor, pare com isso. Você não é assim!

- Não sou assim? Quem é você para dizer isto? - Michiru preparou um novo ataque - Maremoto de Netuno!

Kagome só teve tempo de rolar. Estava deitada no chão, toda suja. Michiru ria. Souta veio correndo entregar o arco à irmã com três flechas.

- Vá embora, Souta! Rápido! - Ele obedeceu.

Kagome se esforçou como pôde para ficar de pé. Retesou o arco com uma flecha e mirou.

- Interessante... Quer disparar contra mim? Você não seria capaz, minha cara.

- Michiru, por favor, não vê que está errada! Ainda é tempo de voltar!

- Minha cara, você é mesmo muito estúpida. Não percebe que tudo não passou de representação? Aquela não era eu, apenas um papel que interpretava para obter algumas informações. Depois vocês se tornaram inúteis, mas pelo menos podia detectar meu inimigo. Embora eu saiba que existe uma pessoa entre o grupo de vocês que não consegui descobrir quem é.

- É verdade... Você não é a Michiru que eu conheci. A Michiru que eu conheci morreu naquela apresentação de violino. Prepare-se!

- Você teria coragem de disparar este seu brinquedinho ridículo? - Michiru riu.

Kagome disparou. A flecha atingiu o rosto de Michiru, de raspão.

- Maldita! Maremoto de Netuno!

Kagome desta vez não conseguiu correr e levou o ataque em cheio. Bateu novamente e caiu sentada no chão. Segurava o arco e as duas flechas restantes firmemente, mas parecia desmaiada. Michiru veio se aproximando.

- Você até que morreu rápido para uma pessoa com tanto poder interno...

Foi então que Kagome, surpreendendo Michiru, retesou o arco e atirou, quase que sem mirar. Atingiu a barriga de Michiru em cheio. Michiru cambaleou para trás e Kagome se levantou. Apoiava-se no arco para andar. Michiru urrava de dor, mas andava junto, fazendo com que as duas andassem em círculos, invertendo as posições.

- Michiru, apesar de tudo, não quero matá-la. Pare!

Michiru respondeu ao pedido preparando mais um ataque. Kagome sabia que não suportaria receber mais um daqueles e pegou o arco.

- Desculpe-me... - lágrimas escorriam dos olhos de Kagome. Ela atirou.

A flecha atingiu o coração de Michiru numa força tal que a empurrou contra a árvore sagrada. Se Kagome tivesse demorado mais um segundo, Michiru teria lançado o ataque. Michiru olhava para ela.

- Isso tudo... Está parecendo o meu sonho... - Kagome falava.

- Você não muda mesmo... Sempre burrinha... - Michiru olhou uma última vez para Kagome e fechou os olhos.

Kagome olhou para a garota morta na árvore e chorou. Desabou sobre seus pés, não agüentava mais ficar de pé. Chorava violentamente e não parava de sussurrar “Desculpe-me, Michiru-chan.”.

Passos foram ouvidos. Kagome procurava ver de onde eles vinham. Subiram as escadas três pessoas : Eriol, Trunks e um homem que Kagome na conhecia. Trunks, ao ver o estado da garota, veio correndo abraçá-la. O homem desconhecido rumou até o corpo de Michiru e o desprendeu, colocando-a no colo.

- Kagome, tenha calma. - Eriol falava.

- Calma? Você me pede para ter calma? Eu acabei de matar uma amiga e você apenas me diz “calma”? - Kagome tinha raiva, mas não de Eriol. Tinha raiva de si pelo que tinha feito.

Trunks a apertou junto ao peito. Teve tanto medo de perdê-la que não conseguia mais soltá-la.

- Não se preocupe, Kagome. - o homem desconhecido começou a falar. Tinha uma voz diferente, meio doce. - Michiru sabia que poderia morrer e tenho certeza de que não tem raiva de você.

- Quem é você?

- Sou Haruka Tenou, namorada de Michiru. - Afinal, era uma mulher!

- Ela veio aqui levar o corpo de Michiru. Sentimos que ela estava morta há pouco, quando cruzamos com ela. Não é nossa inimiga, não se preocupe. - Eriol explicou.

- Tome muito cuidado, Kagome. E eu não tenho raiva de você. Isso tinha que acontecer. Já estava escrito...

Haruka foi embora. Eriol também.

- Minha Kagome, não foi culpa sua. Foi culpa da Michiru, ela que escolheu morrer. Não fique assim... - ele beijou a testa da garota e a colocou nos braços. Kagome não tinha forças para andar.

Souta abriu a porta de casa e Trunks entrou com Kagome. Colocou-a sentada numa cadeira.

- Souta, você poderia pegar uma toalha?

Souta fez que sim com a cabeça e foi. Kagome tremia de frio, estava toda molhada por conta dos ataques de Michiru. Souta entregou a toalha a Trunks e foi fazer um chá. Trunks começou a enxugar os cabelos de Kagome, que apenas observava e chorava.

Souta serviu o chá quente e Trunks praticamente obrigou Kagome a bebê-lo. Alisava a mão dela, confortando-a. Quando terminou de tomar o chá, ela se animou a falar.

- Trunks... Eu tive tanto medo...

- Eu também tive. Tive medo de chegar e te encontrar morta. Estava desesperado! Mas ao devemos falar deste assunto. - ele puxou a cabeça da garota para seu ombro.

Ficaram assim por um tempo, até que Kagome deu um selinho no namorado.

- Obrigada, meu amor. Se não fosse você, não sei o que teria feito.

Trunks deu um abraço apertado na garota e falou baixinho, em seu ouvido.

- Agora suba e vá trocar de roupa. Não quero que você fique gripada. Você precisa descansar, então depois subirei e farei você dormir.

Kagome sorriu e obedeceu. Trunks esperou que ela terminasse para entrar em seu quarto. Afagou os cabelos da garota e sussurrou em seu ouvido :

- Quero fazer de você a minha esposa depois deste tormento.

Kagome sorriu e recomeçou a chorar.

- Não, por favor, não recomece a chorar! - Trunks falava todo atrapalhado.

- Eu estou chorando de felicidade agora, seu bobinho!

- Então você quer?

- Mas é claro que sim!

Trunks sorriu e a beijou. E afagou seus cabelos até ela dormir.

 

Chizuru estava sentada. A porta abriu e fechou. O mesmo homem entrou e se sentou na poltrona a seu lado.

- Demorou hoje, meu caro.

- Precisei fazer uma coisa. - ele sorriu. Chizuru não sabia o que era, mas sentiu que era algo importante.

- Posso continuar a minha história?

- Deve...

- Bem, eu encontrei o tal youkai e o encurralei, como havia dito. Mas foi aí que um fato interessante aconteceu : eu perdi a vontade de prendê-lo. E ele perdeu a vontade de fugir. Quando nos encontrávamos, acabávamos conversando muito. E isso se repetiu por mais seis meses. Apaixonamo-nos.

- Engraçado... Acabei de comprovar que os opostos se atraem!

- Engraçadinho... - Chizuru sorriu - Então mandaram me chamar. Estranharam a demora e eu não tinha como mentir.

- Não tinha e nem podia, minha cara.

- Sim, você está certo. Então tomei uma decisão em conjunto com meu youkai : eu perderia a minha essência e tudo poderia se resolver. Ah, você não sabe como foi difícil dizer isso ao meu irmão! Ele teve espasmos de ódio.

- Ódio? Não pensei que...

- ...Pensou errado, meu caro. Era ódio. Mas não de mim. Perguntava-me se eu tinha certeza e, quando se convenceu de que era realmente aquilo que eu queria, ele mesmo fez questão de extrair a minha essência. Olhou-me nos olhos com profunda tristeza e me disse para nunca mais procurá-lo, ele havia acabado de perder sua única irmã. Não sabes como chorei...

- Imagino, você sempre foi muito piegas.

- Sou obrigada a concordar. Então, quando fui atrás de meu amado para enfim ficarmos juntos, aconteceu algo terrível. Ele não me escutara e se aventurara a roubar mais um artefato mágico. Só que desta vez não teve sucesso. Encontrei-o morto, com uma flecha no coração.

- Isso foi há 17 anos...

- Sim, isto foi há 17 anos no mundo das trevas. Há uma diferença temporal entre o mundo das trevas e o mundo dos homens. Na prática, isto foi há mais de 500 anos no mundo dos homens.

- E por que existe esta diferença?

- Naquela época, não havia barreiras entre os dois mundos. Mas, depois disso tudo, o mundo espiritual resolveu fechar a barreira. Muitos youkais, como eu, voltaram para o mundo das trevas. Alguns poucos ficaram. E acabou surgindo esta diferença temporal devido à falta de cuidado daqueles que criaram a barreira entre os dois mundos.

Um momento de silêncio se seguiu. De repente, um grande poder espiritual pode ser sentido. Chizuru fez uma careta.

- Esse poder é... - o homem refletia.

- Eu não consigo acreditar! Só pode ser! - Chizuru exclamava, atordoada - Kotoko!

A persocom apareceu.

- Mostre de onde vem este poder espiritual! Agora!

Kotoko se conectou à televisão. Depois de um tempo, uma imagem apareceu. Kagome retesava o arco e atirava, chorando. A flecha atingia o coração de Michiru.

- Já foi o suficiente. Pode ir, Kotoko.

- Sim, mestra.

Kotoko foi embora. Chizuru enterrou o rosto nas mãos e começou a chorar. O homem começou a admirar aquela cena, encantado. Aproximou-se de Chizuru e levantou seu rosto pelo queixo. Olhava-a, encantado.

- Não sabia que era tão lindo ver um anjo chorar...

- Meu amigo! - Chizuru o abraçou, chorando.

O homem sentiu aquele abraço e não resistiu. Olhou para Chizuru e tocou os lábios dela com os seus.

- Isto não está certo, meu amigo. Eu não amo a ti e tu não amas a mim...

- Não sabia que você era tão pleonástica... Deveria ter adivinhado isso...

- Não brinques... - Chizuru se afastou. O homem sorriu.

- Foi apenas um gesto amigo, você sabe. - o homem disse, afagando-lhe os cabelos.

Chizuru não resistiu e repousou a cabeça no colo do rapaz, chorando convulsivamente.

 

Arashi e Kurama estavam dormindo no quarto da garota. Ela o abraçava com suas pernas e braços, repousando a cabeça no tronco do rapaz. Por volta do fim da tarde, ambos se acordaram com um sobressalto.

- Você sentiu este poder espiritual, Kurama? - Arashi perguntou, cobrindo seu corpo com as cobertas.

Kurama estava pálido. Muito pálido. Olhou bem para a garota e murmurou um “sim” tão baixo que ela mal ouvira. Preocupou-se. Mas precisava ligar para alguém primeiro. Colocou a mão no criado-mudo e tirou um telefone. Discou.

- Alô? Arashi?

- Eriol! Onde você está?

- Estou indo até a casa de Kagome.

As pernas de Arashi tremeram.

- De quem era o poder que acabamos de sentir?

- Era de Kagome. Mas como assim, acabamos?

- Kurama está aqui. - Arashi sentiu seu rosto corar - O que aconteceu?

- Kagome matou Michiru com uma flecha no coração.

- O quê?!

- Preciso desligar.

Arashi emudeceu.

- O que aconteceu? - Kurama estava voltando ao normal, mas ainda estava muito pálido.

- Kagome matou Michiru com uma flecha no coração.

Ela viu as pupilas de Kurama diminuírem e ele ficar cada vez mais pálido.

- Você está bem, meu amor? - Arashi segurou a cabeça de Kurama, que estremeceu quando ouvi estas palavras.

- Sim.

Ela o beijou delicadamente.

- Preciso tomar um banho. Tome um também. - Kurama fez uma cara meio esquisita - Use o banheiro do corredor, vou ao do antigo quarto da minha mãe.

E saiu.

Kurama parecia tentar se acalmar, sentado na cama. Sua respiração estava descompassada, milhares de coisas vinham e iam de sua mente. Depois de algum tempo, foi relaxando. Levantou-se e foi ao banheiro indicado.

Arashi estava muito preocupada. Primeiro com Kagome, que devia estar arrasada depois do que aconteceu. Depois com Kurama, que parecia muito perturbado. Não conseguia entender, mas, ao invés de sentir Kurama cada vez mais próximo dela, ela o sentia cada vez mais distante. Era como se a intimidade física os afastasse, não unisse. Mas ela precisava daqueles beijos, principalmente depois de prová-los. Faria o que necessário fosse para que ele a continuasse chamando de meu anjo.

Saiu vestida com uma saia simples e uma camiseta. Encontrou Kurama em pé, com a toalha ao redor do pescoço, com seus cabelos cor de sangue molhados caindo sobre a blusa branca que estava usando antes. Olhava a janela, distraído. Ela chegou bem próxima ao ouvido dele, pronta para dar um susto, quando ele a agarrou pela cintura. Ela foi quem tomou o susto, que foi abafado com um beijo.

- Nem pense em me assustar, mocinha.

Arashi sorriu.

- Somos namorados de verdade agora... Acho que tenho direito a mais beijos como uma indenização pelos dias de fingimento...

- Muito espertinha, a senhorita!!!

Kurama riu, mas fez o que a garota pediu.

- Agora preciso ir, Arashi. Tenho umas coisas para resolver...

- Que peninha...

Despediram-se. Arashi fechou a porta sentindo-se a mulher mais feliz do mundo.

 

Kurama entrou na biblioteca de Eriol.

- Kurama! Muito bom você ter vindo aqui! Que história é essa de você estar na casa da Arashi?

- Qual o problema? Somos namorados...

- Deixe de besteiras, meu rapaz! Não foi você que disse que tudo não passava de fingimento?

- Ah, Clow, qual o problema em tentar?

- O problema, meu amigo, é que agora que você já encontrou quem procurava, pensei que não teria tempo para estas coisas.

- Muito pelo contrário. Você não sabe o quanto torci para que não fosse esta maldita pessoa. Agora que sei que é ela, apenas me estimulo mais a tentar.

- Kurama... Se você fizer algum mal àquelas garotas...

- Não me olhe assim, Clow. Kagome já descobriu a verdade?

- Ainda não. Não sei como ela não enxerga o óbvio.

- Era isso que eu precisava saber. Tchau!

Kurama se foi. Eriol o observou.

- Não cometa o mesmo erro duas vezes, Kurama...


Comentários finais da autora : este ficou bem curto, né? É que depois do capítulo “Melodia Demoníaca”, não dava pra escrever nada gigante... A fic já deve estar pelo fim, acho que tem, no máximo, mais dois ou três capítulos...

Quanto à roupa da Arashi, quando ela se troca em casa, eu imaginei algo como a Yumi, de Rurouni Kenshin, usa, mas sem as mangas compridas. Mudei apenas a cor da roupa. A manga da roupa de Arashi deve ir no cotovelo ou um pouco do início do antebraço, ou seja, muito pequena se percebermos que a manga se inicia na metade do braço. Eu me inspirei tanto na Yumi, que fica com um ar desleixadamente provocante com a roupa, quanto num wallpaper da Chii, de Chobits, que está no meu desktop. A roupa da Chii é decididamente mais provocante e a deixa com um ar muito sexy, algo que eu queria que Arashi emanasse.

Bem, a explicação sobre a distorção do tempo entre o mundo dos homens e o mundo nas trevas não existe originalmente em Yu Yu Hakusho. Foi apenas uma adaptação minha. E, mais uma vez, digo que, à exceção de Chizuru, o restante dos personagens não são meus, etc.

Capítulo 5

Capítulo 3

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