Anjos e Demônios

Capítulo 3: Melodia Demoníaca


Olá pessoal!!! Aqui está pronto mais um capítulo! Espero que estejam gostando. *que coisa mais estúpida que eu escrevi... É claro que é mais um capítulo pronto...* Deixando meus pensamentos de lado, quero pedir que por favor manifestem a opinião de vocês, seja positiva ou negativa, no [email protected]. Boa leitura!

 

O despertador toca. Mãos femininas o desligam. Uma garota, de cabelos negros muito lisos, senta-se na cama, ainda de olhos fechados. Ela parece ainda sonhar, com um sorriso no rosto. Arashi estava feliz.

Os acontecimentos da noite anterior pareciam estar nítidos até um determinado ponto. Lembrava-se da cara de Kurama, de seu sorriso gentil, perguntando-lhe se estava tudo bem para ela em ser sua namorada. Claro que estava! Ela o amava desde que o conheceu! Depois não se lembrava com exatidão do que ocorrera. Sabia que tinha sido conduzida por Kagome até um carro e que esta havia lhe deixado em casa, dentro do quarto. Adormecera usando ainda o mesmo vestido branco com detalhes negros de ontem.

“Hoje vou à escola e todos ficarão sabendo que estou namorando o Kurama!!! Como estou feliz!!! Ele disse que passaria aqui para irmos juntos. Eu nem acredito!!!”

Ela se levantou e dirigiu-se o banheiro. Tomou um banho quente, escovou os dentes e penteou o cabelo. Não parava de tentar se ajeitar no espelho. Não que fosse muito vaidosa, mas queria estar bonita para ele. Foi até a cozinha e comeu algumas bolachas. Estava nervosa demais para comer muito. Ficou sentada esperando até que a campainha tocou.

Levantou-se de um salto e foi atender. Quando abriu a porta, corou.

- Bom dia, Arashi. Já está pronta? - Kurama estava em pé, uniformizado, com um sorriso.

- Claro. - A garota corou mais ainda, mas Kurama parecia não perceber.

Os dois fizeram uma caminhada até a escola. Kurama ofereceu seu braço para a menina, e uma Arashi muito corada e nervosa aceitou-o.

- Veja só os olhares dos outros alunos para nós dois. Não acreditam no que seus olhos vêem. - Ele sussurrou para ela.

- É que foi tudo muito repentino.

Continuaram andando até que encontraram uma Kagome com um sorriso enorme de satisfação no rosto.

- Bom dia, Kagome.

- Bom dia, Kurama. Vamos para sala?

Os três seguiram até as escadas e subiram. Kurama parecia divertir-se com os olhares dos outros alunos. Chegaram até a sala e dirigiram-se às suas carteiras. Michiru abordou Kagome e Arashi - Kurama sentava-se um pouco afastado delas duas.

- Arashi-chan! Você e o Minamino estão namorando?

- Sim, Michiru-chan. - ela corou novamente.

- Não sabia que vocês se gostavam! Foi depois que eu fui embora do parque, não é?

- É...

- Que bom para vocês! Parabéns! - Michiru deu um sorriso e se afastou.

- Arashi, o que foi que vocês conversaram?

- Nada, Kagome. Ele apenas foi me buscar.

- Você vai voltar com ele?

- Sim.

- Ah, então deve ter esperado até a volta...

- Hã?

- Ele deve fazer alguma coisa com você, afinal são namorados!

- É só um acordo, Kagome.

- Mas você não tem esperanças?

- Ah, claro que tenho!

- É, você está radiante...

- Bom dia, alunos. - o professor entra na sala.

- Bom dia, Kinomoto-sensei.

- Antes de começarmos, Naegino-san tem um recado para vocês.

Sora Naegino entrou na sala.

- Meus alunos, venho aqui fazer um convite. Amanhã à noite, às 20:00, acontecerá uma festa beneficente para arrecadar fundos para as vítimas da tsunami. Neste pequeno papel que estou entregando para vocês estão contidas informações sobre o local e o valor do ingresso. Gostaria muito que todos fossem para ajudar as vítimas. E também porque vou fazer uma apresentação. Conto com todos vocês. Arigatou gozaimassu, Kinomoto-san. - A professora sal com um sorriso gentil.

- Bem, agora que o recado foi dado, vamos a nossa aula de história, certo?

O dia transcorreu bem. Toda vez que Kurama lhe estendia o braço ou falava-lhe, ela corava com uma intensidade maior. Kagome parecia vibrar quando a última aula acabou.

- Tchau, Arashi-chan. Você vai à festa?

- Ainda não sei, mas acho que sim.

- Certo. Boa sorte! - Kagome saiu quase saltitando.

- Vamos, Arashi? - A voz de Kurama veio de algum ponto atrás da garota e ela se virou, visivelmente corada.

- Sim.

Ela segurou no braço dele e partiram. Foram andando pelo caminho normal em direção a casa de Arashi, mas ele parou no meio do caminho.

- Preciso te falar uma coisa, Arashi. Vamos entrar naquele bosque. - Kurama a conduziu.

O coração de Arashi parecia que ia saltar pela boca. Será...?

Andaram por alguns metros até que chegaram numa parte mais afastada, dentro do bosque. Kurama a soltou e ficou de frente para ela.

- Crie uma barreira aqui. - Kurama falou, sério.

Arashi obedeceu, sem entender.

- Você treinou kenjutsu, certo?

Arashi concordou com a cabeça.

- Agora me mostre o que aprendeu.

A decepção invadiu cada pedaço da mente de Arashi. Afinal, por que ela tinha esperanças? A força do verbo fingir, pronunciado por Eriol, só agora se mostrava. Já que não tinha seu amor, pelo menos não queria decepcioná-lo na espada. Mostrou-lhe tudo o que sabia.

- Vejo que você é realmente boa nisso. Fiquei preocupado quando vi a sua luta com Kamus. Mas quero que você treine melhor sua defesa, principalmente para ataques vindos de todas as direções. Faça isso agora de tarde. Preciso ir agora. Ah, amanhã vamos à festa, certo?

Arashi concordou.

- Então, tchau! - Kurama foi embora.

“Só não entendo uma coisa: como ele entrou na minha barreira se o poder que sinto emanando dele é menor que o de Kagome, que não consegue entrar na barreira?”

Arashi voltou a treinar, descontando a sua decepção na espada.

 

Chizuru estava em pé, de frente a uma estante cheia de livros, quando ele entrou.

- Chegou mais cedo que o costume hoje, meu caro. Caiu da cama?

- Sempre de bom humor, Chizuru. - o homem respondeu, sorrindo.

- Creio que hoje não poderemos continuar a minha história, tenho uma coisa importante para fazer. - Ela folheia um livro. O homem olha seu título na capa.

- Shijin Tenchisho? Mas este livro não é um encantamento?

- Sim, mas as quatro mikos já o usaram e o encantamento acabou. Sabe, uma vez eu entrei neste livro.

- Mas por que você não se tornou uma miko?

- Com a minha essência? Não poderia. Mas fiz um bom amigo lá. Era um seishi de Seiryuu. Deixei com ele algo que o ligasse a mim neste mundo. - ela tira uma pena de dentro do livro - Acho que é a hora de chamá-lo.

O homem observa.

- Amiboshi?

Chizuru sorri. Parece estar ouvindo uma resposta, mas o homem não é capaz de escutá-la.

- Meu amigo, acho que preciso de você aqui. Poderia me fazer este favor? - ela espera um pouco e continua - Muito obrigada. Concentre-se.

O homem observa. O poder de Chizuru se eleva lentamente te que um homem sai de dentro do livro. Era loiro, vestia uma armadura, tinha uma faixa amarrada na testa e trazia consigo uma flauta e uma pena idêntica a de Chizuru.

- Amiboshi, meu amigo! Há quanto tempo! Você está ótimo!

- E você também. Mas você está diferente...

- É, eu perdi a minha essência...

- O quê? - Amiboshi exclamou.

- Mas não quero falar sobre isso, meu amigo. Quero pedir-lhe um favor.

A porta bate.

- Sim? - Chizuru pergunta.

- Sou eu. - uma mulher responde.

- Pode entrar.

Uma mulher entra no aposento e se posiciona de frente para Amiboshi.

- Agora que os dois estão aqui, deixe-me dizer o que quero que façam. - Chizuru começou - Minha cara, quero que leve Amiboshi com você. Amiboshi, tudo o que quero que faça é o seguinte: caso ela sinta que um amuleto que tanto procuro está no ambiente, ela te avisará. Assim, você tocará a sua música infalível, forçando a saída do artefato, certo?

- Claro. - Amiboshi responde.

- Tem mais uma coisa. Amiboshi, não quero que você se machuque de jeito nenhum. Caso sinta perigo ou uma luta comece, retorne imediatamente ao livro, quer tenha feito o que lhe pedi ou não. Portanto, levem o Shijin Tenchisho com vocês. - ela estendeu o livro e a mulher o pegou - E o traga de volta para mim, a salvo. Amiboshi, acho que esta é a última vez que nos vemos. Dê-me esta pena para que eu a destrua.

- Não, isto é uma lembrança sua.

- Então destruirei a minha. Não quero que você se arrisque mais fora do seu mundo. Muito obrigada, Amiboshi.

- De nada. - Amiboshi sorriu e saiu, acompanhando a mulher.

- Você acha que ele é confiável?

- E por que não seria, meu caro? Confiaria a Amiboshi a minha vida.

 

Kagome saiu da escola, passou em casa para pegar o seu arco e foi direto para o templo Tsukimine treinar, como havia combinado com Kaho. Chegou e encontrou uma Kaho muito contente, olhando para a árvore central do templo, uma cerejeira em flor. Quando se aproximou, Kaho começou a falar, fazendo-a tomar um pequeno susto.

- Estas sakuras não são lindas, Kagome?

- São sim. Pena que a árvore sagrada lá de casa não floresça...

- Ela florescerá quando algo muito importante estiver para acontecer. Preste atenção nos avisos da natureza, Kagome. - Mizuki se virou para a garota - Vamos praticar? Você precisa melhorar logo!

- Certo.

As duas andaram em direção ao espaço onde Mizuki deixara os alvos e começaram a treinar. Kagome evoluíra rapidamente da noite para o dia, surpreendendo até mesmo Mizuki, que apenas murmurou um “Eu devia ter imaginado...”. Num determinado ponto da tarde, Kaho pareceu mais inquieta, o que chamou a atenção de Kagome, mas logo ela voltou a se concentrar nos alvos à sua frente. Kagome treinou exaustivamente até perto do entardecer.

- Agora preciso ir, Mizuki. Ainda tenho que estudar!

- Não se preocupe, você não vai só pra casa. - Kaho riu apontando para o lado de fora, onde Trunks estava parado, dentro de seu carro, acenando.

- Trunks? O que ele tá fazendo aqui? - Kagome se perguntou.

- Calma, minha querida. Você evoluiu muito no arco e já não tenho mais nada a lhe ensinar. Você apenas precisa aprimorar a sua mira. Adeus, Kagome-chan!

- Tchau, Kaho-chan!

Kagome começou a correr em direção a Trunks quando ouviu Kaho gritar:

- Ah, eu ia me esquecendo. Meus parabéns!

Kagome se virou para perguntar pelo quê, mas Kaho havia desaparecido.

 

Eriol estava em sua mansão, sentado na mesma poltrona da biblioteca. Havia chegado da escola a pouco e parecia impaciente. Tentava distrair-se lendo um livro de capa preta em cima da mesa. Dentro de poucos minutos, Kurama abriu a porta do aposento.

- Ah, olá Clow!

- Olá, Kurama.

- Que mau humor!

- Onde está Arashi?

- Deixei-a treinando com a espada no bosque. - ele se sentou e, ao ver a cara feia de Eriol, completou - Dentro da barreira, é claro.

- Ah, bom. Você realmente acha que há necessidade deste treinamento?

- Sim. Algo me diz que a espada de Arashi será necessária.

- E como vai indo o relacionamento de vocês?

- Relacionamento? Que relacionamento? Esqueceu que tudo não passa de fingimento?

- Sim, mas as pessoas estão acreditando?

- Ah, estão, não se preocupe.

- O que você está sentindo?

- Por...?

- Ela. - Eriol marcou a página que estava lendo e fechou o livro.

- Ah, claro... Você sabe que eu a odeio mais do que tudo e está cada vez mais difícil fingir que está tudo bem, Clow.

- Sei, mas tente superar isso. - Eriol batia nervosamente com os dedos na capa do livro.

- Mas você está muito impaciente hoje!

- Bem, eu estaria se soubesse que vamos ser atacados. - Kurama fez uma cara de “e daí?” - Além do mais, estou esperando uma pessoa que irá me ajudar, já que você não vai lutar.

- Posso saber quem é?

- Digamos que seja meu anjo da guarda...

- Você não chamou o...

Batidas na janela. Eriol afasta as cortinas e abre a mesma. Um homem muito bonito está voando do lado de fora. Cabelos e olhos prateados, roupas brancas, cabelos longos e de uma frieza sobrenatural. O céu azul parecia mais lindo às suas costas. Possuía asas de anjo. Ou melhor, era um anjo.

- ...Yue. - Kurama completou, baixinho.

Yue recolheu as asas e entrou no aposento com um baque surdo do encontro de seus pés descalços com o assoalho. Olhou friamente para os olhos de Kurama, que retribuiu com um olhar desafiador.

- Há quanto tempo, Youko. - Yue falou friamente.

Kurama pareceu gelar ao ouvir este nome.

- Meu nome é Kurama, meu caro. - ele replicou.

- Vocês dois, por favor, não vão brigar aqui! Sei que não se dão muito bem, mas estamos todos do mesmo lado! - Eriol interferiu - Yue, meu caro, você é um anjo e está aqui sob ordens de Koenma. Além do mais, somos amigos, certo?

- Sim, mas eu não quero protegê-lo. - Yue deu as costas para Kurama.

- Yue, por favor.

- Só estou aqui por você, Clow.

- Arigatou, Yue-sama.

- Eu vou ficar do lado de fora, se me permite, Clow-sama.

- Claro. Eu acho melhor assim mesmo.

Yue abriu as asas e saiu, pousando no telhado da mansão.

- Clow, você não tinha o direito de chamá-lo!

- Ah, Kurama, sinto muito Ele era o único que podia ajudar e eu não tenho nada a ver com o passado de vocês! Além do mais, a culpa foi sua.

- A culpa não foi minha, você sabe muito bem disso.

- Só não me venha dizer que você foi a vítima.

- Tudo bem, vamos parar, Clow? Vamos agir mais de acordo com as nossas idades e posições aqui.

- Concordo. Bem, pelo menos estou mais tranqüilo já que ele chegou. Você tem alguma pista do amuleto?

- Acho que sei quando ele vai aparecer...

- E quando é?

Ao terminar de mencionar esta frase, um vento muito frio entrou pela janela aberta, fazendo os dois correrem em direção a ela. Yue estava voando e havia uma pessoa em pé, numa das árvores. Era Kamus.

Kurama rapidamente se escondeu dentro do aposento. Kamus não poderia vê-lo ali ou desconfiaria dele. Eriol rapidamente tirou de dentro das vestes uma chave dourada, com um sol numa das extremidades, e disse:

- Chave que guarda o poder das trevas mostre seus verdadeiros poderes sobre nós e ofereça-os ao valente Eriol que aceitou esta missão. Liberte-se!

Um selo mágico se formou embaixo de Eriol e a chave se transformou num grande báculo mágico. Eriol tirou uma espécie de carta do bolso e a invocou, utilizando a ponta do báculo.

- Alada! - asas apareceram nas costas do garoto, que saiu voando em direção a Kamus.

Kamus, ao ver Eriol, lançou farpas de gelo em sua direção. Rapidamente o garoto sacou mais duas cartas.

- Escudo! - um escudo mágico o envolveu, protegendo-o das farpas - Fog...

Quando ele ia terminar de invocar a segunda carta, um poder atingiu a barreira em suas costas, fazendo-o perceber que Kamus não estava sozinho desta vez. Era Ryoko.

- Eu serei a sua adversária, Mago Clow...

Eriol ia fazer algum sinal em protesto, mas ao ver Yue e Kamus lutando, desta vez no telhado, resolveu luta com Ryoko. Esta começou a lançar golpes de energia com a palma da mão, mas, ao ver que não funcionavam contra a barreira mágica de Eriol, criou uma espada de luz. Eriol aproveitou o momento para sacar outra carta.

- Espada!

O báculo dele se tornou uma espada e Eriol decidiu por uma luta mais justa, corpo a corpo, no ar. Se precisasse, utilizaria sua magia. Assim os dois começaram a se enfrentar num combate duro.

Yue voava e atirava farpas de diamante contra Kamus.

- Seu idiota! Você acha que este truque vai mesmo funcionar contra mim, o senhor absoluto do gelo?

Kamus desviava-se com facilidade, mas Yue parecia não se importar. Kamus se irritou e ergueu os dois braços sobre a sua cabeça, segurando ambas as mãos.

- Execução aurora! - Kamus abaixou os braços e um ar congelante saiu de suas mãos em direção a Yue, que se desviou. Porém o golpe ainda o atingiu, congelando-lhe parte da asa esquerda e o obrigando a descer no telhado. Kamus riu.

- Agora já não pode mais voar, anjinho?

Yue não respondeu. Apenas observava esporadicamente dois pontinhos lutando mais acima.

Eriol lutava com Ryoko, mas parecia em desvantagem. Buscava uma oportunidade para se utilizar da magia, mas parecia não encontrá-la. Sempre que tentava se afastar, Ryoko teleportava-se para perto dele. Porém, num momento, Eriol conseguiu atingir Ryoko e aproveitou a oportunidade para utilizar a carta escudo, não em si, mas em Ryoko, deixando-a presa.

Kamus impacientava-se com a falta de atitude de Yue e veio para cima dele. Yue fez menção de tentar voar, então Kamus saltou muito alto, como que para impedi-lo, e preparou-se para atacar novamente. Os olhos de Yue cintilaram. Ele preparou uma flecha de energia, mirou e atirou. A flecha passou a muitos metros de Kamus.

- Em quem você pensa que está mirando???

A pergunta de Kamus foi respondida poucos segundos depois, quando um grito feminino cortou o ar. A flecha de Yue - que não era contida pela barreira mágica de Clow - trespassara o coração de Ryoko, que começara a despencar. Kamus ficou atordoado e correu em direção à mulher, segurando-a. Mas já era tarde. Ryoko estava morta.

Yue sentou-se na beira do telhado e limitou-se a observar a cena. Eriol desceu ao seu lado e também ficou olhando. Kamus tinha um ar revoltado, mas preferiu não atacar, sumindo subitamente com Ryoko.

- Será que fizemos bem em deixá-lo ir, Yue?

- Não se preocupe. Nunca mais atacarão Clow diretamente.

- Duvido que o líder saiba que eles vieram aqui hoje. - Kurama apareceu na janela - Quem quer que seja não seria tão estúpido a ponto de confrontar Clow diretamente.

- Adeus, Clow. Koenma deve estar precisando de mim no mundo espiritual.

- Adeus, Yue.

Yue voou para os céus, desaparecendo. Eriol voltou a entrar na biblioteca.

- Ainda bem que ele foi embora...

- Pare com isso, Kurama!

- Pelo menos um inimigo foi morto. Estamos em vantagem.

Eriol jogou seu corpo na poltrona.

- Ainda bem que não te descobriram aqui...

 

Chizuru parecia aflita. Andava de um lado a outro do aposento, sendo acompanhada por um par de olhos masculinos curiosos.

- Acalme-se, eles já devem estar chegando...

- Mas onde aqueles dois irresponsáveis foram sem me comunicar??? Estou com um péssimo pressentimento...

- Por favor, sente-se. Não vai adiantar nada ficar em pé, se cansando. - o homem sorriu. Chizuru acabou concordando e se sentou.

Passaram alguns minutos m absoluto silêncio até que ouviram batidas nervosas na porta.

- Por favor, entre de uma vez! - Chizuru falou.

Kamus entrou no aposento. Trazia em seus braços o corpo de Ryoko.

- Mas o que aconteceu? - Chizuru pareceu espantar-se.

- Desculpe-me, srta. Chizuru, tudo foi culpa minha. Acabei convencendo Ryoko de ir até Clow e...

- Vocês foram até Clow? Que tipo de idiota você é, Kamus? Nenhum de vocês tem poder suficiente contra Clow! - Ela foi até o corpo de Ryoko e estremeceu quando viu a ferida.

- O que foi, Chizuru? - o homem perguntou quando a viu estremecer.

Chizuru não respondeu. Apenas colocou sua mão sobre o ferimento e fechou os olhos quase que imediatamente. Subitamente seu corpo começou a brilhar numa intensidade enorme. Kamus e o homem se assustaram. Quando ela abriu os olhos, foi direta.

- Leve-a embora e lhe dê o enterro adequado. Não quero ouvir mais nada.

Kamus obedeceu. O homem não tirava seus olhos de Chizuru, que continuava a brilhar. A mulher levantou-se com um pouco de dificuldade. Estava muito corada e seus olhos mostravam que ela estava com alguma dor lancinante. Talvez fosse nas costas, pela maneira como se ergueu. Ela foi caminhando lentamente até a janela. Abriu as cortinas. O ocaso pintava o céu com uma cor rubra como o sangue. Sangue de Ryoko morta. Abriu o vidro e deixou que uma leve brisa percorresse o aposento. Ainda brilhando, murmurou baixinho:

- Isto foi um aviso, não foi Yue?

 

Kagome entrou no carro com uma cara engraçada.

- Trunks, o que você veio fazer aqui? Ou melhor, como você sabia que eu estava aqui?

- Calma, Kagome. Eu estava preocupado. Você não sentiu a magia do Eriol hoje à tarde? Fiquei preocupado e vim ver se estava muito bem. Foi u pouco difícil te achar, mas o teu poder cresceu um pouco e consegue te localizar.

- Ah, por isso Kaho se inquietou hoje à tarde... E o que foi que houve na casa do Eriol-kun?

- Não faço a mínima idéia, não fui lá. Primeiro vim saber como você estava, fiquei com medo desde aquele dia do parque.

Trunks deu um sorriso e desceu para colocar a bicicleta de Kagome no porta-malas. O coração de Kagome disparou. Passaram o caminho até a casa de Kagome calados. O único barulho além dos ruídos do carro era o som que, de uma maneira curiosa, estava sintonizado numa rádio exatamente num programa de canções românticas. Depois de algum tempo, chegaram até o templo onde Kagome residia.

Desceram do carro e foram subindo as escadarias, com Trunks fazendo a delicadeza de carregar a bicicleta da garota. Continuaram calados. Ao chegarem ao topo, dirigiram-se para debaixo da árvore sagrada que, como Kagome observara, não produzira flor alguma.

- Faz tempo que essa árvore não floresce, não é? - Trunks tenta puxar assunto.

- É, meu avô disse que nunca a viu colocar uma sakura sequer...

- É uma pena, as sakuras ficam muito bonitas no seu cabelo.

O coração de Kagome acelerou um pouco.

“É minha impressão ou acabei de levar uma cantada?”

Passaram mais tempo silenciados. Trunks parecia nervoso e impaciente. Seus olhos transpareciam uma terrível batalha interna que travava dentro de si. Nunca tivera medo de fazer isso antes, mas desta vez era diferente. A situação era diferente. Mas ele não queria estar ali e agir como um adolescente. Tinha de agir. E agiu.

Antes mesmo que Kagome pudesse perceber, Trunks a puxara por um dos braços e encostara seus lábios aos da garota. Os pensamentos se misturaram e se confundiram na cabeça dela. Não sabia o que fazer, não estava preparada para aquilo. O coração de Kagome parecia que ia sair pela boca. Trunks sentiu aqueles lábios macios e se preparava para levar um tapa. Um tapa que nunca veio. Mas a retribuição também não veio, o que o fez se afastar e virar de costas para a menina, envergonhado.

- Desculpe-me, Kagome, eu agi sem pensar... Faz muito tempo que eu comecei a gostar de você, mas tinha medo de não ser correspondido. - Kagome não conseguia acreditar que Trunks a amava. E Arashi? - Então nunca falei com você antes e...

A frase foi interrompida pelos lábios de Kagome, que selaram os de Trunks. Depois de ouvir àquela declaração, ela sentiu que devia agir também. Imitou Trunks; o puxou pelo braço e pousou sua boca na dele. Trunks assustou-se; afinal ela gostava ou não dele?

Não quis saber a resposta ainda. Preferiu aproveitar o momento. Os lábios de ambos se roçavam carinhosamente, sem malícia. Trunks sugava o lábio inferior de Kagome de um jeito que ela achou maravilhoso. Ele passou a língua pelos lábios dela, fazendo com que Kagome entreabrisse os lábios e permitindo a passagem da língua de Trunks para o interior de sua boca. Ele explorou a boca da garota como se fosse o seu primeiro beijo, carinhoso e calmo, do mesmo jeito que ela explorou a boca dele. Quando faltou o ar, separaram-se.

Kagome tinha suas faces rubras e, com o coração ainda disparado, perguntou:

- O que você sente pela Arashi?

- Pela Arashi? - Trunks ficou surpreso, afinal esperava que ela falasse deles - Eu confesso que já gostei dela, mas nada é comparado ao que sinto por você, Kagome.

- Ah, Trunks!!!!! - Kagome se pendurou nos braços de Trunks, dando-lhe um selinho.

- Kagome, aceita ser a minha namorada?

- Claro!

Os dois voltaram a se beijar debaixo da árvore.

 

Arashi chegou tristonha em casa. Olhou para o apartamento vazio e respirou fundo. Colocou suas coisas em cima da mesa, abriu a geladeira e comeu alguma coisa. Tomou um banho sem molhar os cabelos, prendeu os mesmos num coque e foi estudar.

Por mais que tentasse se concentrar, a imagem de Kurama não lhe saía da cabeça. Amá-lo do jeito que ela o fazia e saber que eram namorados, mas não poder tocá-lo era uma tortura que Arashi achava que não conseguiria suportar por muito tempo. O telefone tocou.

- Alô? - Arashi atendeu.

- Alô, Arashi-chan!!!! - uma voz animada respondeu.

- Oi, Kagome. O que houve? Algo relacionado ao poder que Eriol emanou hoje à tarde?

- Você também sentiu? Por que só eu que não sinto estas coisas???

- Calma. Se não foi isso, então o que foi?

- Prepare-se para a notícia.

- Já estou preparada. - Arashi disse secamente. Não estava com humor para pequenos suspenses.

- Credo, eu não te fiz nada, menina! Sei que está meio assim por causa do Kurama, mas eu tenho certeza que está situação há de se inverter, assim como aconteceu com a minha.

- Kagome, você está querendo dizer que...

- ...que eu e Trunks estamos namorando!!!!

- Então era você! - Arashi exclamou, um pouco mais animada.

- Como assim, era eu? Você já sabia?

- Sabia que Trunks gostava de alguém, mas não sabia quem era. Que bom! Pelo menos alguém deu sorte no amor por aqui!

- Arashi-chan!!! Não quero ouvir você dizer este tipo de coisa! Tenho certeza de que você e Kurama irão se acertar. Pode esperar. Agora preciso desligar, tenho que estudar. Beijinho!

- Tchau. - Arashi desligou. A conversa a animara um pouco, mas seus pensamentos continuavam confluindo para um rapaz ruivo de olhos cor de esmeralda.

 

Kagome estava sonhando.

Uma sacerdotisa está parada num vilarejo. Carrega consigo um grande arco, uma aljava e um objeto estranho, que Kagome não conseguia identificar. Estava distraída e parecia muito feliz. Subitamente, um rapaz de cabelos prateados e olhos dourados, vestindo um kimono vermelho, e com curiosas orelhas animais posicionadas no alto da cabeça, o que chamou a atenção de Kagome, se aproxima das costas da mulher. Kagome tenta avisar a mulher, mas não consegue se mexer. O rapaz atacou a sacerdotisa, rasgando-lhe o ombro. Ela caiu e ele parecia radiante ao ter nas mãos o objeto que a mulher carregava, ainda não identificado. Ele foi embora rapidamente e a mulher ficou caída, mas, com um esforço sobre-humano, conseguiu levantar-se e seguir o rapaz. A mulher parecia extremamente furiosa e decepcionada e...

Kagome acordou com o barulho do despertador.

“Essa mulher... Por que tenho sonhado tanto com ela ultimamente? Quem é ela?”

A garota se levanta e vai ao banheiro. Aproveita para lembrar-se dos beijos de Trunks. Ela estava encantada! Mal podia acreditar que estava namorando Trunks! Era toda sorrisos. Tomou seu café e saiu bem cedo pra escola, encontrando Arashi e Kurama juntos, com a garota segurando o braço do rapaz, no meio do caminho. Ela achou que eles pareciam um casal feliz de namorados, uma imagem completamente diferente daquela de Arashi lhe dissera pelo telefone.

- Ohayô, Arashi-chan! Ohayô, Kurama!

- Ohayô, Kagome! - Ambos responderam.

- Kurama, você sabe o que aconteceu ontem na casa do Eriol-kun? É que todo mundo pareceu notar, só eu que não... - Kagome perguntou.

- Sei sim, mas não precisam se preocupar. Apenas saibam que Ryoko está morta.

- Como? Você não me disse isso! Quem a matou? Foi o Eriol? - Arashi se espantou um pouco.

- Desculpe-me, mas eu queria dar a notícia de uma vez. Não, não foi Eriol quem a matou. - Kagome e Arashi olharam espantadas para o rapaz - Tampouco fui eu! Não me olhem assim! Apenas fiquei observando, pois não posso me revelar.

As duas se entreolharam, mas resolveram esquecer o assunto. Chegaram ao colégio e entraram na sala. Os três continuaram conversando mais um pouco, com Kagome sentada em sua cadeira, Arashi sentada em cima da mesa e Kurama em pé, de frente para as duas.

- Arashi, você vai à festa beneficente de hoje à noite? - Kagome perguntou.

- Vou sim.

- Que horas?

- Eu vou passar na casa dela de 19:30. - Kurama respondeu.

- Ah, menos mal. O Trunks vai passar lá em casa por volta desse horário também... - Kagome corou ligeiramente, mas Kurama percebeu.

- Você e Trunks são namorados? - O rapaz perguntou.

- Eh... Bem, a partir de ontem, somos.

- Eu não sabia, Kagome-chan!!! Meus parabéns!!! - uma quarta voz entrou na conversa. Era Michiru, que acabara de chegar.

- Ai, Michiru-chan! Que susto! Fala baixo, não quero sair por aí divulgando...

- Desculpa, Kagome-chan, é que eu me empolguei um pouco, não sabia que você gostava daquele rapaz que conheci no parque.

- Está perdoada. - Kagome deu um sorriso - mas agora é hora de aula de matemática... - Sua felicidade parecia ter se esvaído momentaneamente. Os outros três riram e foram se sentar.

O resto do dia transcorreu normalmente. Kagome saiu mais rápido para dar uma passadinha no templo Tsukimine e contar à Kaho o que acontecera. Chegou lá e entrou. Parecia vazio. Procurou por Kaho em toda parte e não encontrou rastro. Por fim, acabou achando um senhor que varria o chão do templo, tarefa que geralmente Kaho fazia.

- Meu senhor, com licença, onde poderia encontrar a Srta. Mizuki?

- Minha jovem, a Srta. Mizuki viajou hoje de manhã de volta para Inglaterra, para continuar seus estudos. Acho que só deve voltar no ano que vem.

- Muito obrigada.

Kagome ficou confusa. Se Kaho iria viajar, por que não lhe dissera nada?

Ah, eu ia me esquecendo. Meus parabéns!

A voz de Kaho ecoou na mente de Kagome. A mulher sabia que ela iria namorar com Trunks e a parabenizou antecipadamente. Kagome parecia ainda mais confusa e resolveu perguntar a Eriol o tipo de poder daquela mulher. Foi andando até a casa de Eriol.

- Mansão Hirasigawa.

- Alô, Nakuru. Aqui é Kagome.

- Ah, entre, Kagome.

Nakuru abriu a porta e Kagome entrou. Eriol não estava em casa. Kagome resolveu aguardá-lo na biblioteca e aproveitou para observar melhor o local. Encontrou um livro de capa preta em cima da mesa. Como não tinha título, resolveu abri-lo. Parecia um diário antigo manuscrito com uma letra bem caprichada. Ela se sentou e começou a ler na página onde havia um marca-página.

“Continuo a minha pesquisa sobre magia. Aqui, nesta época, é muito fácil achar artefatos mágicos, mas quero criar algo especial para mim, algo que misture vários tipos de magias. Pensei em cartas. Mas quero deixar isso para quando tiver conhecimentos suficientes.

Tomei conhecimento de um artefato interessante: shikon no tama. Parece que é guardado por uma sacerdotisa num vilarejo. Estou muito interessado nos poderes do shikon e vou procurá-la.”

Hoje eu cheguei ao tal vilarejo indicado. Um lugar bem simples, pessoas hospitaleiras com humanos, mas que temem muito os youkais. A sacerdotisa é uma mulher muito interessante, com um poder surpreendente. Chama-se Kikyou. Os habitantes daqui parecem confiar muito nela. Quando conversei, ela me disse que jamais daria a shikon no tama para mim, mas que me deixaria analisá-la. Contou-me que a shikon no tama surgiu através de uma batalha de uma sacerdotisa muito poderosa, Midoriko, que conseguia purificar as quatro almas dos youkais. Porém, nesta batalha, ela foi atacada por muitos youkais e não conseguiu purificar a todos, ficando suas almas presas na shikon no tama. Disse também que muitos youkais tentam roubá-la e corrompê-la, para intuitos maléficos, mas que, como não sentiu nada negativo em mim, decidiu deixar-me investigar.”

“Kikyou é uma mulher incrível. Quanto mais tempo fico aqui no vilarejo, mais ela se torna importante para mim. Não creio que esteja apaixonado; acho que as coisas do coração não gostam muito de mim. Mas sinto que há um clima entre ela e um hanyo que está morando por aqui, o InuYasha. Ele tem uma aparência curiosa. E uma personalidade também. Esbraveja que quer roubar o shikon no tama, mas não faz nada além de observar Kikyou. Torço pelos dois. Mas não posso demorar muito, ainda tenho muita pesquisa. Parto amanhã. Dói-me ter de deixar esta mulher, mas minha jornada está apenas começando.”

- Posso saber o que está fazendo mexendo nas minhas coisas, Kagome? - a voz de Eriol invadiu a leitura da garota.

- Ah, me desculpe, Eriol-kun! Eu vim aqui e você não estava, aí eu encontrei este livro, fiquei curiosa e comecei a ler.

- Não faça mais isso! Desta vez não faz mal.

- Que livro é este?

- É o diário do mago Clow. O que foi que você leu? - Kagome mostrou as páginas do diário - Interessante...

- Eriol, me diga, o que foi que aconteceu com esta sacerdotisa?

- Clow nunca mais voltou a vê-la. Descobriu que havia morrido assassinada e que havia lacrado InuYasha.

- Que triste...

- A que devo a honra de sua visita?

- Ah, sim. Primeiro queria dizer que estou namorando com Trunks! - a menina deu um grande sorriso - Segundo: Por que Mizuki não me avisou que iria viajar?

- Não achou necessário. Já havia lhe dito tudo o que precisava, então partiu.

- Ela possuía algum poder, certo?

- Você sentiu? - Eriol pareceu animado.

- Quando a vi pela primeira vez, tive uma sensação estranha, uma felicidade esquisita...

- Isso me soa estranhamente familiar... - Eriol deu um sorriso.

- Hã?

- Não é para entender, Kagome. Sim, Kaho possui o dom de prever o futuro às vezes.

Ah, tome cuidado com a roda gigante, viu?

A voz de Kaho ecoou novamente na cabeça da garota.

- Agora tudo se encaixa! - ela fez uma cara conclusiva. Eriol sorriu. - Preciso ir agora, Eriol, tenho uma festa para ir. Tchau.

- Tchau! - Eriol fitou a menina ir com um sorriso divertido.

“Quanto tempo mais você precisará, Kagome? Está tão difícil assim de enxergar o óbvio?”

 

Arashi chegou em casa. Não sabia o porquê, mas estava esperançosa em relação àquela noite. Afinal, a situação não era tão ruim assim. Mesmo sendo fingimento, ela ainda era a namorada de Kurama e, em público, precisariam agir como tal. Deu um sorriso e olhou a hora. 17:00. Deveria treinar, mas não estava com cabeça para isso.

Sentou-se e foi estudar um pouco. Ontem havia sido um desastre a sua tentativa e precisava resolver uns exercícios de física pendentes. Quando terminou, comeu um pouco e tomou um banho quente demorado. Saiu e se enxugou, ao mesmo tempo em que se olhava no espelho. Demorou um tempo escolhendo a roupa e optou por um vestido preto, de alças, com um pouco de decote na frente e um decote médio nas costas, com um entrançado de fios detalhando suas costas alvas. Colocou uma sandália preta e soltou os cabelos. Perfumou-se e pôs um colar com uma pedrinha azul-marinho e brincos com pedrinhas semelhantes. A campainha tocou e ela foi abrir. Ficou impressionada com o que viu.

Kurama estava vestindo uma camisa branca, de botões, e uma calça preta, com a camisa por fora da blusa. A calça tinha bolsos fundos e ele trazia uma mão em cada um deles, sorrindo para ela. Ela retribuiu o sorriso.

- Vamos?

- Sim, Kurama.

Nem Kurama e nem Arashi podiam dirigir, então foram andando até o lugar, que não ficava muito longe de onde Arashi morava. Kurama ofereceu novamente o braço à garota, que o aceitou.

- Você está muito bonita hoje, Arashi.

- Muito obrigada, Kurama. - Ela corou levemente. “Afinal, ele repara em mim! Já é alguma coisa...” - Você também está muito caprichado e perfumado.

Sim, Kurama estava muito cheiroso. Arashi gostava de sentir o perfume dele enquanto caminhavam.

- Sério? Não costumo usar perfume.

E foram conversando amigavelmente até o local indicado. Kagome e Trunks já estavam lá os aguardando. Kagome vestia uma blusa rosa bebê soltinha e uma calça azul claro e Trunks usava uma blusa verde-musgo e uma calça preta.

- Kagome! Trunks! Parabéns... - Arashi deu um belo sorriso para Trunks, que retribuiu.

- Parabéns, Trunks! - Kurama deu um sorriso; Trunks fechou a cara.

Arashi notou que Kurama parecia se divertir com a antipatia de Trunks, mas também riu quando Kagome brigou com ele. Havia um horário na porta.

 

Festa Beneficente Para As Vítimas do Tsunami

 

20:00 - Apresentação da peça “A Bela Adormecida” pelos alunos da 4ª série da Escola Tomoeda - Local: Auditório

21:00 - Apresentação dos acrobatas Leon Oswald e Sora Naegino - Local: Salão Principal

21:30 - Momento musical

21:45 - Encerramento com a apresentação da violinista Michiru Kaiou - Local: Salão Reservado

 

- A Michiru vai se apresentar??? - Kagome se espantou.

- Esta deve ser a festa para a qual ela tanto ensaiava! Não podia imaginar! - Arashi completou.

- Michiru é aquela garota que estava no parque com a gente? - Trunks perguntou.

- Exatamente. - Kurama respondeu.

Eles entraram. Era um lugar lindo, com duas escadas que davam acesso ao mesmo lugar: o auditório. Exatamente no local abaixo da porta havia outra, agora no térreo, que dava acesso ao salão principal. Subiram as escadas e cruzaram com o professor Kinomoto.

- Professor! - As duas garotas e Kurama exclamaram.

- Olá, meninas e meninos! Vieram fazer suas boas ações?

- É e também viemos ver a apresentação da Naegino-sensei.

- Pois saibam que a minha filha Sakura será a protagonista da peça que vai ser apresentada agora.

- Sério? Que legal, sensei! - Arashi exclamou.

- Vamos, sentem-se que já vai começar. Vou me sentar ali, com a mãe da amiguinha de Sakura, que é a narradora, e também minha cunhada, Sonomi. - Ele apontou para uma mulher de cabelos ruivos e curtos e de olhos violeta, que fazia uma careta para ele. Ele riu e foi.

Sentaram-se em quatro cadeiras mais à frente e apreciaram o espetáculo. Riram bastante ao ver que Sakura era o príncipe e que um garoto era a princesa. Depois do fim da peça - os alunos foram aplaudidos de pé - eles se dirigiram para o salão principal. Havia um palco montado com vários trapézios e arquibancadas montadas. Sentaram-se, mas perceberam que havia uma porta para o salão reservado.

Depois de um tempo, apagaram-se as luzes e apenas o palco podia ser visto. Sora vestia uma roupa branca, assim como seu parceiro, Leon. Leon tinha longos cabelos prateados e era muito alto, principalmente se comparado à Sora. Leon subiu em um dos trapézios e Sora em outro. Sora fazia poses e acrobacias que lembravam um anjo, impulsionando-se em Leon quando necessário. Ele também tinha suas poses. Os dois uniram o coração do público num só. As pessoas ficaram boquiabertas com a apresentação e eles foram completamente ovacionados.

- Gostaria de dizer aos senhores, senhoras e senhoritas que faremos uma pequena pausa. Mas, no salão reservado, há música e um espaço para dança. Lá também se dará a última apresentação da noite. Muito obrigada. - uma voz feminina falou ao microfone.

- Vamos falar com a professora!!! Rápido!!! - Kagome falou e todos concordaram. Arashi notara que Kurama estava um pouco estranho, mas deixou para lá.

Alcançaram a dupla de acrobatas antes de eles entrarem no auditório.

- Naegino-sensei! Sua apresentação foi maravilhosa! - Kagome exclamou.

- Meninas e menino! Vocês vieram! Que bom! Muito obrigada!

Leon parecia avaliar os quatro.

- Sr. Leon, a professora é uma boa parceira? - Kagome perguntou.

- Claro que sim. Ela atende a todas as minhas expectativas. - Leon olhou fixamente para os olhos de Kagome.

- Que bom! Que técnica foi a que vocês apresentaram? - Arashi falou.

- A técnica angelical completa. - Leon respondeu olhando fixamente a garota que perguntou.

- É uma técnica complicada? - Trunks perguntou.

- Sim. E o único que pode criar um anjo é o demônio. - Leon fixou seu olhar em Kurama, que retribuiu com um olhar enigmático.

- Agora precisamos ir, meninos. Aproveitem o resto da festa! - Sora falou e entrou no camarim com Leoon.

- Vamos para o salão reservado? - Kagome convidou e todos aceitaram.

Chegaram ao salão. Era menor, mas havia várias mesas e uma grande pista de dança. Os quatro se sentaram, mas, depois de um tempo, Kagome e Trunks foram dançar, deixando Arashi e Kurama a sós. Começou a tocar uma música e Arashi sorriu.

- O que foi? - Kurama perguntou.

- Eu adoro essa música!

- Acho que nunca a ouvi, não tenho muito costume de ouvir músicas...

- É Iris, do Goo Goo Dolls. Preste atenção na letra, ela é linda. Eu sei que você é muito bom em inglês e não vai ter problemas.

- Quer dançar? - Arashi corou ao ouvir estas palavras - Precisamos ser mais convincentes de que somos namorados! - Notou-se uma nota de ironia nas palavras de Kurama. Arashi concordou e os dois foram.

 

And I'd give up forever to touch you

'Cause I know that you feel me some how

E eu desistiria da eternidade para tocar você

Pois eu sei que você me sente de algum modo

 

Arashi e Kurama dançam lentamente na pista. Ele está segurando a cintura dela e ela tem seus braços envolvendo o pescoço dele. Kurama ficou um pouco estranho, segundo a percepção de Arashi.

 

You're the closest to heaven that I'll ever be

And I don't want to go home right now

Você é o mais próximo que eu ficarei do paraíso

E eu não quero ir para casa agora mesmo

 

Kurama mirava fixamente os olhos de Arashi. Era um olhar que ela não conseguia decifrar e parece que isso a atraía ainda mais. Ele apertou a cintura da garota com mais intensidade, fazendo-a corar muito.

 

And all I can taste is this moment

And all I can breathe is your life

E tudo o que posso saborear é este momento

Tudo o que posso respirar é sua vida

 

Kurama colou o corpo da garota junto ao seu. Dançavam tão próximos que seus lábios quase se tocavam. Ele continuava a olhar fixamente para os olhos dela. Ela alternava olhares entre as enigmáticas esmeraldas de Kurama e seus lábios tentadores.

 

'Cause sooner or later it's over

I just don't want to miss you tonight

E mais cedo ou mais tarde acaba
Eu só não quero sentir sua falta esta noite

 

Os olhos de Kurama pareciam vidrados. Ele estava visivelmente perturbado. Abraçou Arashi pela cintura. Ela começou a acariciar os cabelos ruivos dele.

 

And I don't want the world to see me

'Cause I don't think that they'd understand

When everything's made to be broken

I just want you to know who I am

E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para ser quebrado
Eu só quero que você saiba quem eu sou

 

Kurama desviou o rosto, colando sua bochecha na de Arashi. Ela fazia carinhos na nuca do rapaz e ele alisava as costas dela de maneira muito carinhosa. Kurama aspirava o cheiro delicado de Arashi. O aroma dela parecia embriagá-lo.

 

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yet you bleed just to know you're alive

E você não pode lutar contra as lágrimas que não vêm
Ou contra o momento da verdade nas mentiras
Quando tudo dá a sensação de ser um filme
É, a gente sangra só para saber se está vivo

 

Arashi podia ouvir e sentir a respiração de Kurama em seu ouvido, assim como ele podia sentir a da garota em seu pescoço. O hálito dela era quente e o deixara arrepiado. Continuaram dançando até o fim da música. Então Kurama sussurrou em seu ouvido.

- Preciso ir ao banheiro. Volte para a mesa e tenha cuidado.

Arashi parecia não entender, mas sentou-se. Kagome veio correndo até ela eufórica, deixando Trunks sozinho - ela o mandara não vir.

- Você e Kurama se entenderam! - Ela exclamou baixinho.

- Não, Kagome.

- Como não? Eu vi a maneira como vocês dançaram!

- É, mas não sei bem o que foi aquilo...

- Não rolou nem um beijinho?

- Kagome!

- Onde ele está?

- Foi ao banheiro.

- Mas é muito mole mesmo... Em vez de te lascar um beijão no meio de todo mundo...

- Kagome Higurashi!

- A apresentação de Michiru Kaiou já vai começar. Por favor, queiram sentar-se.

Trunks sentou, mas Kurama não voltou. Momentos depois, Michiru entrou trajando um vestido de babados verde, acompanhada por um rapaz loiro. Ela carregava seu violino e deixou a caixa no chão, onde havia um livro. Começaram a tocar uma música belíssima. Arashi não parava de procurar Kurama, que ainda não voltara do banheiro.

- Arashi, estou me sentindo meio estranha.

- Como assim? - Trunks perguntou.

- Sinto uma presença esquisita.

- Eu não sinto nada. E você, Arashi? - Ela negou que estivesse sentindo qualquer coisa.

No palco, Michiru tocava seu violino. Ela olhou para o rapaz que tocava flauta e falou.

- Agora, Amiboshi.

Amiboshi alterou a melodia de sua flauta. De repente, todos no salão começaram a se sentir fracos e ter muita dor, obrigando todos a se abaixarem.

- Ini...migo. - Trunks sussurrou e desmaiou.

Michiru olhou atentamente.

- Amiboshi, volte para o livro. Vai começar uma luta aqui. Rápido.

Arashi não pensou duas vezes e ergueu a barreira bem na hora em que Amiboshi fugiu. Mas desta vez aconteceu algo estranho. Trunks não atravessou a barreira, afinal estava desmaiado. Mas três pessoas atravessaram: Kagome, Michiru e um rapaz de cabelos e olhos verdes, pele bem alva, que parecia estar sofrendo uma dor terrível. Arashi conseguiu se recompor e ficar de pé.

- Kagome? - Arashi perguntou para a amiga, que continuava abaixada.

- Arashi, não sei como consegui entrar em sua barreira, mas está ficando difícil suportar, acho que vou desmaiar... - ela falava baixinho.

- Michiru? - Arashi olhou para a violinista, que mantinha os olhos fixos no garoto.

De repente, aconteceu. Uma luz muito forte começou a emanar do garoto, que deu um urro de dor e acabou desmaiando, mas ainda permanecia na barreira. Uma luz brilhante começou a abandonar o corpo do garoto e a flutuar em cima dele. Tomou forma. Era um grande medalhão dourado de um chacal, com olhos de ônix.

- O amuleto de Anúbis. Finalmente. - Michiru exclamou.

- Michiru? Você é minha inimiga?

- Não tenho tempo para conversas, mas posso responder. Sim, sou. Na verdade eu era um elemento surpresa, afinal espionava você para descobrir mais sobre o amuleto e o seu grupo. Agora, com licença.

Michiru correu e direção ao amuleto. Arashi não perdeu tempo e foi também. As duas iam agarrar o amuleto ao mesmo tempo, o que despertou a atenção do objeto, que fugiu.

- Eu não acredito! Foi procurar outra alma! Já não bastava a alma de menino chamado Shun!

- Michiru, não posso te perdoar. - Arashi deu um tapa na cara de Michiru, que riu.

- Vai me bater? Você teria coragem de me matar? - Completou quando viu Arashi fazer menção de tirar a espada. Arashi ficou confusa. Era a oportunidade perfeita e Michiru a aproveitou: fugiu.

Arashi desfez a barreira. Kagome começou a recuperar as suas forças e se levantou. Todas as outras pessoas estavam desmaiadas, à exceção de um rapaz ruivo que se encontrava próximo ao palco, agachado.

- Kurama? Onde você esteve? Estivemos preocupadas, aconteceu...

- ... uma batalha aqui, eu sei. - Ele se levantou e carregava algo consigo.

- O que é isso? - Arashi perguntou.

- Algo muito interessante que deixaram cair. - Kurama colocou o objeto debaixo do braço - Agora precisamos ir embora antes que comecem a acordar. Deixe-me carregar Trunks.

Ele colocou Trunks nos braços e foram até o carro. Kagome recolheu as chaves e abriu. Todos entraram. Kurama ligou a ignição e conduziu o carro para um lugar afastado.

- Kurama, você não pode dirigir! - Arashi protestou.

- Calma, é melhor eu dirigir pra um lugar afastado do que permanecer lá. Vamos esperar um pouco, ele já vai acordar, não é tão fraco assim.

Quando Kurama terminou de falar, Trunks abriu os olhos.

- O que aconteceu lá?

Arashi e Kagome contaram tudo.

- O que você sentiu foi o amuleto, Kagome. - Kurama completou no fim - Parece que Michiru também foi capaz de sentí-lo. Trunks, leve as garotas para casa. Preciso fazer algo. Boa noite, Kagome. E boa noite, Arashi. - Ele pegou a mão da garota e a beijou.

Kagome deu uma vibrada e Arashi fez o mesmo, só que internamente.

 

Chizuru parecia ansiosa. O homem tentava acalmá-la, em vão.

- Meu caro, pare de olhar para mim e sorrir! Ficou mais angustiada ainda!

- Calma, Michiru já deve estar chegando.

A porta abriu e Michiru entrou.

- Desculpe-me por entrar sem bater, mas o amuleto acabou escapando por entre os meus dedos. Teremos de fazer uma nova busca.

- Isso gasta muito tempo... - o homem falou num tom infantil.

- E Amiboshi? - Chizuru perguntou.

- Entrou no livro a salvo, antes da batalha. E foi de grande utilidade.

- Certo. - As feições de Chizuru se soltaram - Agora devolva-me o livro.

A expressão que Michiru fez foi de terror. Chizuru compreendeu.

- Como você pôde esquecer o livro?!?!?!?! - Chizuru teve um ataque colérico, batendo com o punho na parede.

- Posso retornar e buscar, eu... - Michiru estava transtornada.

- Esqueça. Tenho certeza de que ele não está mais lá. Agora suma da minha frente! - Michiru foi embora.

O homem sorriu. Chizuru estava completamente enfurecida.

 

- Clow, me desculpe vir aqui agora, mas acho que você já sabe de tudo o que aconteceu.

- Sei sim, Kurama.

Eles estavam no quarto de Eriol.

- Então quero lhe mostrar isso. - Kurama entregou a Eriol o objeto que recolhera no chão do salão.

- Shijin Tenchisho?

- Sim. Vi Michiru chamar um rapaz loiro que tocava uma flauta por Amiboshi. Tenho certeza de que ele era um personagem do livro.

- Sim, há um seishi de Seiryuu chamado Amiboshi. Mas como pode ter certeza de que era ele, se você nunca sequer leu este livro?

- O rapaz não tinha sombra e nem reflexo. Acho que é o suficiente para se ter certeza de que ele não é deste mundo.

- Meu Deus! Koenma vai ficar atônito quando souber em que circunstâncias você encontrou este livro que estava perdido há tanto tempo!

- Pelo menos tenho certeza de uma coisa: a suspeita inicial de Koenma sobre isto tudo estava correta.

- E agora, o que vai fazer?

- Não sei, estou meio confuso. Tem muita coisa acontecendo ultimamente e numa velocidade incrível. Preciso pensar. - Disse isso e foi embora.

Eriol continuou sentado na cama.

- Shijin Tenchisho... Quem diria...


Comentário final da autora: Gente, eu sei que este capítulo ficou gigante, acho que nunca fiz um capítulo com 19 páginas! Bem, primeiro quero pedir aos fãs do Amiboshi que não me crucifiquem! Eu sei que ele perdeu a memória quando o Suboshi o fez beber a poção de Bokyakuso naquele beijo encantador, mas finjam que ele recuperou a memória ou então que ele nunca bebeu aquilo!

E, por fim, gostaria de dizer o de sempre: à exceção de Chizuru, todos os outros personagens não são meus, etc, etc, etc...

Capítulo 4

Capítulo 2

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