Acidente ofídico

 ACIDENTE
BOTRÓPICO
CROTÁLICO
LAQUÉTICO
 ELAPÍDICO OU MICÚRICO
COLUBRÍDICO
Família
Viperidae
Viperidae
Viperidae
Elapidae
Colubridae
Gênero
Gênero Bothrops (Bothriopsis e
Porthidium)
Crotalus
Lachesis
Micrurus
Philodryas e Clelia
Espécies
Cerca de 30 espécies: Bothrops jararaca, B. alternatus, B. jararacusu, B. neuwiedi, B. moogeni, B. bilineatus...
Crotalus durissus com várias subespécies
Lachesis muta com 2 subespécies: L. muta muta e L. muta rhombeata.
Cerca de 18 espécies.
P. olfersii, P. viridissimus e P. patogoniensis, Clelia C. clelia plumbea
Nomes 
populares
jararaca (B. jararaca), jararacussu (B. jararacusu), caiçara (B. moogeni), urutu (B. alternatus), jararaca-do-rabo-branco (B. neuwiedi), jarara verde (B. bilineatus) e outros nomes.
cascavel, cascavel-quatro-ventas, boiquira, boicininga, maracambóia, maracá
surucucu, pico-de-jaca, surucutinga, malha-de-fogo
coral, coral
verdadeira, ibiboca, ibiboboca, boicorá
cobra-cipó, cobra-verde, boiubu, boiobi, bojobi, tucanobóia ou parelheira (Philodryas) e mussurana ou cobra-preta (Clelia).
Habitat
Em todo o território nacional, principalmente zonas rurais e periferias de grandes cidades, locias úmidos onde haja proliferação de roedores.  Campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas das regiões sul, sudeste e centro do paíse raramente na faixa litorânea. Não ocorrem em florestas e no Pantanal. Áreas florestais, com densidade populacional baixa. Amazônia, Mata Atlântica e  enclaves de matas úmidas do Nordeste.  Em todo o Brasil, principalmente, do Sudeste ao Mato Grosso. Formações abertas (incluindo cerrado e áreas desmatadas).
Fosseta 
lateral
presente
presente
presente
ausente, assim como as não peçonhentas
ausente, assim como as não peçonhentas
Outras características
BOTRÓPICO
Cauda lisa. Podem apresentar comportamento agressivo quando ameaçadas. Podem dar o bote sem produzir ruídos. Hábitos noturnos ou crepusculares.
CROTÁLICO
Única das nossas espécies com cauda terminada em guizo ou chocalho. Não têm por hábito atacar e, quando excitadas, denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo.
LAQUÉTICO
Cauda em espinho, com escamas arrepiadas.  Maior cobra venenosa das Américas, atingindo cerca de 3,5m de comprimento.
ELAPÍDICO
Anéis coloridos com várias combinações de cores. Na região amazônica, há um tipo marrom com manchas avermelhadas. Pequeno e médio porte, com cerca de 1,0 m. Difícil distinguir se é verdadeira ou falsa. Hábitos noturnos e prefere viver em abrigos subterrâneos, 
COLUBRÍDICO
Dente inoculador no fundo do maxilar, o que pode explicar a raridade de acidentes com alterações clínicas. Para injetar o veneno, mordem e se prendem ao local. As do gênero Philodryas são verdes, compridas e delgadas e as Clelias são de coloração preta. 
% dos 
acidentes *
BOTRÓPICO
73,1%
O aumento do número de  acidentes relaciona-se com fatores climáticos e com o aumento da atividade no setor agropecuário. 
CROTÁLICO
6,2%
LAQUÉTICO
1,1%
ELAPÍDICO
0,3%
COLUBRÍDICO
(não coletado)
% de 
letalidade**
BOTRÓPICO
0,31%
CROTÁLICO
1,87%
LAQUÉTICO
0,95%
ELAPÍDICO
0,36%
COLUBRÍDICO
(não coletado)
Ação do 
veneno 
(clique para ver)
Os venenos  são produzidos em glândulas especializadas que sintetizam e secretam substâncias biologicamente ativas, compostas de proteínas e polipeptídeos. 
BOTRÓPICO
CROTÁLICO
LAQUÉTICO
ELAPÍDICO
COLUBRÍDICO
Estudo em animais
Manifestações
locais
BOTRÓPICO
Variam com a quantidade de veneno aplicada. 
Sempre há dor intensa no local, que pode ser o único sintoma, geralmente já chega com, ou desenvolve nas primeiras 6 horas,  edema indurado, acompanhado de calor e rubor,  na região atingida (em geral de caráter progressivo). 
Equimoses e sangramentos no ponto da picada são freqüentes. Grande quantidade de veneno inoculada, como nos acidentes pela jararacussu (B. jararacusu), podem tornar o sangue incoagulável e causar sangramentos (epistaxe, gengivorragias, sangramento de lesões recentes) que raramente são de grande repercussão clínica. 
Infartamento ganglionar e bolhas podem aparecer na evolução, assim como, alguns dias após, abcessos ou necrose de partes moles. 
CROTÁLICO
Sem dor, ou de pequena intensidade. Parestesia local ou regional, que pode persistir por tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. Às vezes o paciente só relata parestesia.
LAQUÉTICO
Dor viva, edema, calor e rubor, que podem progredir para todo o membro. Vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero- hemorrágico nas primeiras horas após o acidente. Na maioria dos casos, as manifestações hemorrágicas limitam-se ao local da picada
ELAPÍDICO
Queixa-se de dormência no local, dor discreta. Erupção escarlatiforme.
COLUBRÍDICO
Philodryas olfersii e Clelia clelia plumbea podem ocasionar edema local importante, equimose e dor intensa.
Manifestações sistêmicas
BOTRÓPICO
Variam com a quantidade de veneno aplicada.
Gerais: Náuseas, vômitos, sudorese.
Classificadas em:
Leve: forma mais comum, dor e edema local, manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com ou sem alteração do TC. 
Moderada: dor e edema evidente que ultrapassa o local picado, com ou sem alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas (gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria).
Cuidado! Há possibilidade de estar com um caso de gravidade moderada, sem sintomatologia e somente alteração do TC. É o caso de acidente por filhote, conhecido como jararaca-do-rabo-branco, com < 40 cm de comprimento e muitas vezes interpretado como sendo acidente não peçonhento.
Grave: edema local intenso que pode atingir todo o membro, geralmente acompanhado de dor intensa e, às vezes bolhas. Podem aparecer sinais de isquemia local por compressão dos feixes vásculo-nervosos.
Definem o caso como grave independente do quadro local - hipotensão arterial, choque, oligoanúria ou hemorragias intensas. 
Gestantes - risco de hemorragia uterina. 
CROTÁLICO
Gerais: mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência, inquietação e secura da boca podem aparecer precocemente.
Neurológicas: nas primeiras horas após a picada: fácies miastênica (fácies neurotóxica de Rosenfeld: ptose palpebral, flacidez muscular da face, alteração do diâmetro pupilar, oftalmoplegia, visão turva e/ou diplopia).
Outras menos comuns: paralisia velopalatina, com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato.
Musculares: mialgias generalizadas podem aparecer precocemente. 
Mioglobinúria (urina de cor avermelhada ou tonalidade mais escura). 
Coagulação:incoagulabilidade sangüínea ou aumento do Tempo de Coagulação, em cerca de 40% dos pacientes, observando-se raramente gengivorragia. 
 
LAQUÉTICO
Síndrome vagal: hipotensão arterial, tonturas, bradicardia, cólicas abdominais, diarréia e escurecimento da visão.
ELAPÍDICO
Posteriormente às manifestações locais, apresenta ptose palpebral, diplopia, oftalmoplegia (fácies miastênica ou neurotóxica), progredindo para sialorréia, dispnéia e parada respiratória.
COLUBRÍDICO
-
Complicações locais
BOTRÓPICO
Síndrome compartimental (é rara; dor intensa, parestesia, diminuição da temperatura do segmento distal, cianose e déficit motor), necrose (devida a isquemia decorrente de lesão vascular, trombose arterial, síndrome compartimental, uso de torniquete e por efeito de infecção bacteriana ), gangrena (risco maior nas picadas em extremidades podendo decorrer de isquemia, infecção ou ambos, necessita de tratamento cirúrgico), infecção secundária, abscesso (em 10 a 20%, são bacilos Gram-negativos, anaeróbios e, mais raro, cocos Gram-positivos).
CROTÁLICO
As parestesias locais raramente são duradouras, são reversíveis após algumas semanas.
LAQUÉTICO
As mesmas que as do acidente botrópico: Síndrome compartimental, necrose, infecção secundária, abscesso, déficit funcional.
ELAPÍDICO
-
COLUBRÍDICO
Não são observadas.
Complicações sistêmicas
BOTRÓPICO
Choque: raro e aparece nos casos graves (patogênese multifatorial - liberação de substâncias vasoativas, seqüestro de líquido na área do edema e perdas por hemorragias.)
Insuficiência Renal Aguda: necrose cortical - patogênese multifatorial - ação direta do veneno sobre os rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou hipotensão arterial e choque .
CROTÁLICO
Insuficiência renal aguda, com necrose tubular geralmente de instalação nas primeiras 48 horas.
Menos freqüênte: Insuficiência respiratória aguda, fasciculações e paralisia de grupos musculares. Relato de lesão miocárdica.
LAQUÉTICO
Complicações tardias: Urina avermelhada ou escura, oligúria, insuficiênciarenalaguda.
ELAPÍDICO
Paralisia do véu palatino levando a dificuldade de deglutição. Paralisia flácida da musculatura respiratória pode levar a insuficiência respiratória aguda e precoce.
COLUBRÍDICO
Não são observadas.
Exames










 

BOTRÓPICO
O TC pode ser a única prova de coagulação disponível e permite avaliação diagnóstica e de acompanhamento. Sangue incoagulável = acidente grave. Coagulação inalterada até 30 min a 1 h da picada = acidente provavelmente benigno.
Hemograma: geralmente leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda.
Uréia e Creatinina: visando a detecção da insuficiência renal aguda.
VHS elevada nas primeiras horas do acidente. 
Plaquetopenia de intensidade variável.
Exame urinário: pode haver proteinúria, hematúria e leucocitúria. 
Imunodiagnóstico: técnica ELISA - detecção de antígenos do veneno botrópico no sangue ou outros líquidos corporais.
CROTÁLICO
O TC pode ser a única prova de coagulação disponível e permite avaliação diagnóstica e de acompanhamento.
CK (aumento precoce e pico máximo nas primeiras 24h após o acidente).
pedir AST, ALT e aldolase e LDH (aumento lento e gradual do LDH - para diagnóstico tardio).
Hemograma pode ter leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda, às vezes granulações tóxicas.
Fase oligúrica da IRA: elevação da uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio e hipocalcemia.
Sedimento urinário pode ter proteinúria discreta quando não há IRA. 
Mioglobinúria: teste de benzidina, tiras reagentes para uroanálise ou métodos imunoquímicos como imunoeletroforese, imunodifusão e teste de aglutinação de mioglobina em látex.
LAQUÉTICO
O aumento do TC auxilia no diagnóstico e seguimento. Outros: hemograma, uréia, creatinina e eletrólitos. ELISA não está disponível na rotina dos atendimentos.
ELAPÍDICO
Não há exames específicos para o diagnóstico. TC não está alterado.
COLUBRÍDICO
TC não está alterado.
Diagnóstico diferencial
 BOTRÓPICO
Envenenamentos laquéticos e por colubrídeos.
 CROTÁLICO
Envenenamentos elapídicos.
Única das nossas espécies com cauda terminada em guizo ou chocalho. Não têm por hábito atacar e, quando excitadas, denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo.
 LAQUÉTICO
Estudos com ELISA mostraram que acidentes referidos como laquéticos são botrópicos na sua maioria, pois tem a clínica muito semelhante , exceto pelos sinais de excitação vagal do acidente laquético.
 ELAPÍDICO
Envenenamentos crotálicos.
Difícil distinguir se é coral verdadeira ou falsa.
 COLUBRÍDICO
Envenenamentos botrópicos e laquéticos.
Tratamento específico
"Todos os pacientes que recebem soro devem ser mantidos em observação, no mínimo por 24 horas, para detecção de  reações que possam ser relacionadas à soroterapia."
A dose deve ser a mesma para adultos e crianças. 
Administração: Garantir bom acesso venoso, diluir o soro ½ a ½ em SG 5% e adm EV: em etapas de 2, 4 e 8 gotas/m por 5m, cada uma, e 32 gotas/m até acabar.
Deixar preparado: laringoscópio com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade; frasco de SF e/ou solução de Ringer lactato; frasco de solução aquosa de adrenalina (1:1000) e de aminofilina (10 ml = 240 mg).
Pré-medicação, administrar 10 a 15 minutos antes de iniciar soroterapia:
prometazina (Fenergan ®): 0,5 mg/kg IV ou IM, aplicar no máximo 25 mg. cimetidina (Tagamet ®): 10 mg/kg, máximo de 300 mg, ou ranitidina (Antak®): 3 mg/kg, máximo de 100 mg, IV lentamente. hidrocortisona (Solu-Cortef ®): 10 mg/kg IV. Aplicar no máximo 1.000 mg.
BOTRÓPICO
Retirar sangue para provas e aplicar o soro imediatamente
.
Avaliar a dose complementar pela evolução clínica e resultados dos exames.
.
Soro antibotrópico (SAB) ou antibotrópico-crotálico (SABC) ou antibotrópico- laquético (SABL), via intravenosa.
.
Ver reações à soroterapia
.
Manifestações locais intensas podem ser o único critério para classificação de gravidade. 
.
TC normal: até 10 min; 
TC prolongado: de 10 a 30 min; 
TC incoagulável: acima de 30 min. 
Se o TC estiver alterado 24 horas após a soroterapia fazer duas ampolas de antiveneno. 
.
A quantidade aproximada de veneno a ser neutalizado nos casos leves é de 100 mg de veneno, nos moderados 150-200 mg e nos graves 300 mg.
Achado
Leve
Moderado
Grave
dor
edema
equimose
ausente
ou
discreto
evidente
intenso
hemor- ragia grave choque anúria
ausente
ausente
presente
TC
normal
ou 
alterado
normal
ou 
alterado
normal
ou 
alterado
no ampolas
2-4
6-8
12
CROTÁLICO
A soroterapia deve ser realizada rapidamente.
.
Soro anticrotálico (SAC) ou soro antibotrópico-crotálico (SABC), via intravenosa.
.
Ver reações à soroterapia
.
A dose varia de acordo com a gravidade do caso.
.
Muitos autores não consideram o critério - acidente crotálico leve - (ver tabela abaixo), mesmo que o paciente  chegue ao atendimento assintomático (depende do tempo após a picada), classificam como gravidade moderada-grave.
.
A quantidade aproximada de veneno a ser neutalizado nos casos leves é de 100 mg de veneno, nos moderados 200 mg e nos graves 300 mg ou mais.
Achado
Leve
Moderado
Grave
Fácies mias-
tênica visão turva
ausente ou
tardia
discreta
ou
evidente
evidente
Mialgia
ausente
ou 
discreta
discreta
intensa
Urina escura
ausente
pouco
evidente
ou
ausente
presente
Oligúria
ou
Anúria
ausente
ausente
presente ou
ausente
TC
normal
ou 
alterado
normal
ou 
alterado
normal
ou 
alterado
no ampolas
5
10
20
LAQUÉTICO
Soro antilaquético (SAL), ou antibotrópico- laquético (SABL) por via intravenosa, 10 a 20 ampolas
.
Ver reações à soroterapia
.
Gravidade avaliada pelas manifestações locais e intensidade das vagais. 
.
Soro antibotrópico, na falta dos soros específicos (não neutraliza de modo eficaz a ação coagulante).
.
A quantidade aproximada de veneno a ser neutalizado 150 a 300 mg.
ELAPÍDICO
Todos os casos são considerados graves.
.
Ver reações à soroterapia
.
Soro antielapídico (SAE) dose de 10 ampolas, via intravenosa.
.
A quantidade aproximada de veneno a ser neutalizado 150mg.
COLUBRÍDICO
Há relatos do controle da ação hemorrágica do veneno de Philodryas com o soro antibotrópico. Faltam estudos.
Tratamento geral

"Todos os pacientes que recebem soro devem ser mantidos em observação, no mínimo por 24 horas, para detecção de  reações que possam
ser relacionadas à soroterapia."

Segmento picado elevado e estendido.
 

Anti-sepsia local com permanganato de potássio.

Ralizar profilaxia para o tétano

Alguns centros fazem de rotina, para todos os acidentes, cefuroxina (Zinnat ®) adultos: 250 mg e crianças 15mg/Kg, VO, b.i.d.

BOTRÓPICO
Hospitalização de no mínimo 3 a 5 dias, pois é o período que pode ocorrer a necrose cortical com conseqüênte insuficiência renal aguda.
Segmento picado elevado e estendido, para regressão do edema.
Analgésicos para alívio da dor. Não utilizar anestésicos locais com vasoconstritores.
Hidratação: com diurese entre 30 a 40 ml/hora no adulto, e 1 a 2 ml/kg/hora na criança.
Antibioticoterapia: indicada na evidência de infecção. As bactérias isoladas das lesões são Morganella morganii, Escherichia coli, Providentia sp e Streptococo do grupo D, geralmente sensíveis ao cloranfenicol. Dependendo da evoluçao usa-se clindamicina com aminoglicosídeo.
Fasciotomia: deverá ser realizada o mais rápido possível se houver síndrome de compartimento. 
Transfusão de sangue, plasma fresco congelado ou crioprecipitado - se necessário.
Debridamento de áreas necróticas delimitadas e drenagem de abscessos em condições de flutuação.
Cirurgia reparadora nas perdas extensas de tecidos.
CROTÁLICO
Hospitalização em UTI pelo risco de parada respiratória. Mesmo após a soroterapia e assintomático, deve permanecer internado.
Hidratação para prevenção da IRA e o paciente deve manter o fluxo urinário de 1 ml a 2 ml/kg/hora na criança e 30 a 40 ml/hora no adulto.
Induzir diurese osmótica com solução de manitol a 20% (5 ml/kg na criança e 100 ml no adulto).
Caso persista a oligúria, indica-se o uso de diuréticos de alça tipo furosemida por via intravenosa (1 mg/kg/dose na criança e 40mg/dose no adulto). 
O pH urinário deve ser mantido acima de 6,5 pois a urina ácida potencializa a precipitação intratubular de mioglobina. Alcalinação da urina deve ser feita pela administração parenteral de bicarbonato de sódio, monitorizada por controle gasométrico.
No caso de IRA, encaminhar o paciente ao CTI e instalação de processo dialítico em tempo hábil.
LAQUÉTICO
Mesmas medidas para o acidente botrópico.
ELAPÍDICO
Hospitalização em UTI pelo risco de parada respiratória.
Insuf. respiratória: Ventilação.  Internar no CTI.
Tratamento medicamentoso:
Teste da Neostigmina para verificar resposta aos anticolinesterásicos (1 amp = 0,5mg; dar 0,05 mg/kg em crianças ou 1 ampola no adulto, IV), com a melhora, manter  - 
Neostigmina (0,05 a 0,1 mg/kg, IV, de 4/4h ou intervalos menores), cada injeção deve ser precedida pela de Atropina (1 amp = 0,25mg; dar 0,05 mg/kg em crianças e 0,5 mg para aultos, IV), que antagonisa o efeito muscarínico da Ach.
COLUBRÍDICO
Analgésicos para alívio da dor.
Prognóstico
 BOTRÓPICO
Geralmente é bom. 
Há possibilidade de ocorrer seqüelas.
Letalidade nos casos tratados é baixa.
Mortalidade nos casos não tratados é de aproximadamente 8%.
 CROTÁLICO
Bom nos acidentes atendidos nas primeiras 6h após a picada, onde se observa regressão total de sintomas e sinais após alguns dias. 
Nos acidentes graves, vincula-se o prognóstico à existência de IRA. Mais reservado quando há necrose tubular aguda, pois nem sempre é possível a instalação de processo dialítico em tempo hábil.
Após o uso de doses elevadas do soro, a mortalidade cai consideravelmente de 72% dos não tratados para 11,89% dos tratados.
 LAQUÉTICO
O que define a gravidade são as alterações hemodinâmicas como hipotensão arterial persistente e choque e/ou a presença de oligoanúria.
 ELAPÍDICO
Todos os casos são considerados potencialmente graves. O prognóstico será favorável desde que haja atendimento adequado quanto à soroterapia e assistência ventilatória. 
COLUBRÍDICO
Bom

 
* Distribuição dos acidentes ofídicos, segundo o gênero da serpente envolvido, Brasil, 1990 - 1993. Fonte FUNASA. Em 16,34% das 81.611 notificações analisadas, o gênero da serpente envolvida não foi informado em 13.339 casos, o que representa 16,3% . Os 2.361 casos de acidentes com não peçonhentos representam 3,0% dos casos de acidente.
** Letalidade dos acidentes ofídicos por gênero de serpente Brasil, 1990 - 1993. Fonte FUNASA. Dos 81.611 casos de óbito notificados, houve registro de 359 óbitos. Excluindo-se os 2.361 casos informados como “não peçonhentos”, a letalidade geral para o Brasil foi de 0,45%. O maior índice foi observado nos acidentes por Crotalus, onde em 5.072 acidentes ocorreram 95 óbitos (1,87%)
Observações:
  • 1U de soro neutraliza 1mg de veneno. 
  • Em função dos laboratórios porduzirem concentrações diferentes, verificar a concentração de soro anotada na bula. 
  • A administração do soro via SC leva cerca de 4 horas para penetrar na corrente sangüínea, por isso a preferência pela IV. 
  • Não deve ser administrado via IM.
  • A dosagem do soro depende do quadro clínico e não da idade ou peso do paciente.

  •  
    O que não fazer ... O que fazer ...
  • não colocar as mãos em buracos;
  • não manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. sem usar luvas de couro;
  • não deixar amontoar lixo;
  • não fazer torniquete ou garrote;
  • não cortar o local da picada;
  • não perfurar ao redor do local da picada;
  • não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
  • não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos;
  • não dar ao paciente substâncias depressoras do sistema nervoso central;
  • não deixar o paciente se movimentar. Deve ser levado ao hospital fazendo o mínimo de esforço possível;
  • não demorar a chegar ao hospital e informar imediatamente à equipe hospitalar do que se trata;
  • não injetar soro no local da picada;
  • não tardar o pedido das provas de coagulação e da soroterapia específica;
  • não deixar de perguntar sobre a vacinação anti-tetânica prévia do paciente;
  • não dar alta ao paciente antes de 24 horas após a soroterapia para detecção de reações que possam estar relacionadas a esta;
  • não administrar soro via SC (leva cerca de 4 horas para penetrar na corrente sangüínea);
  • não deve ser administrado via IM.
  • usar luvas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Onde há rato há cobra. Fechar buracos de muros e frestas de portas;
  • lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão;
  • manter o paciente deitado e com o membro afetado elevado;
  • procurar o serviço médico mais próximo, quanto mais rápido o atendimento, menores as complicações;
  • se possível, levar o animal para identificação;
  • manter o paciente imóvel, em decúbito dorsal e com o membro afetado elevado;
  • internar o paciente;
  • perguntar ao paciente sobre: problemas alérgicos, contatos com soros heterólogos e doenças hepáticas, como ocorreu o acidente, o tempo entre o acidente e o atendimento; 
  • tentar reconhecer a espécie ou o gênero, se o paciente levar, ou através de características descritas;
  • manter o paciente hidratado;
  • realizar as provas de coagulação imediatamente;
  • o teste de sensibilidade não é rotina na maioria dos serviços. Mesmo que seja positivo, o soro deve ser aplicado e, no caso de reação, diminuir o gotejamento;
  • preparar-se para um eventual choque anafilático tendo à mão: adrenalina aquosa sem vasoconstritor e seringa;
  • dependendo da espécie e do quadro clínico, preparar-se para uma eventual parada respiratória ou evolução para insuficiência renal aguda;
  • a profilaxia do tétano deve ser realizada.
  • o paciente deve ser orientado quanto à possibilidade de ocorrência da "doença do soro", de curso geralmente benigno e que os sintomas (febre, artralgia, adenomegalia, exantema) aparecem de 5 a 24 dias após a administração do soro antiveneno.

  •  

    Fontes:
    1 - Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª ed. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. http://www.funasa.gov.br/pub/pub00.htm
    2 - Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos http://www.botunet.com.br/cevap/portugues/centro.htm
    3 - Siqueira, JE; Higuchi, ML; Nabut, N; Lose, A; Souza, J; Nakashima, M. Lesäo miocárdica em acidente ofídico pela espécie Crotalus durissus terrificus (cascavel): relato de caso Arq. bras. cardiol;54(5):323-5, maio 1990.
    4 - Carvalho Júnior, AM; Alencar, VP; Costa, FG; Cabral, B; Dias, EPF; Arruda Júnior, ER. Acidentes ofídicos por surucucu (Lachesis muta rhombeata): relato de dois casos atendidos no HU. CCS;13(3):11-4, jul.-set. 1994.
    5 - Pires, MTB. Erazo Manual de Urgências em Pronto-Socorro. MEDSI,1993.



    28/02/2002
    Arquivo de Clínica Médica
     
     
     
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