Reações à Soroterapia Anti-veneno (SAV)
Reações Precoces (RP)  Tardias ou “Doença do Soro”
incidência variável, de 4,6% a 87,2%.  incidência real subestimada. 
ocorrência a maioria durante a infusão e nas duas horas subseqüentes.  ocorrem entre 5 e 24 dias após o uso do soro. 
manifestações
  • reação pirogênica (arrepios de frio e posteriormente calafrios, culminando com a febre)
  • urticária, tremores, tosse, náuseas, dor abdominal, prurido e rubor facial. 
  • raramente são observadas RP graves, semelhantes à reação anafilática ou anafilactóide.
    • são geralmente benignas
    • caracterizam-se por: febre, erupção eritematosa ou urticariforme, dores articulares, aumento dos gânglios e, 
    • raramente, comprometimento neurológico ou renal. 
    fisiopatologia
    • fatores que podem favorecer o aparecimento:
      • atopia;
      • sensibilização à proteína de soro de cavalo (utilização prévia de algum tipo de soro heterólogo, ou contato anterior com produtos eqüinos);
      • reações são mais freqüentes quando são utilizados soros de baixa purificação. 
      • soro é administrado em “bolus” por via IV.
    • reação pirogênica: interação do soro com os macrófagos do doente, que acabarão por liberar interleucina-1 (IL-1) que atuará sobre o hipotálamo anterior produzindo febre. 
    • reação anafilática: mediada pela IgE e ocorre em indivíduos previamente sensibilizados aos produtos derivados do cavalo, entre eles a carne, o pêlo e os próprios soros heterólogos. 
    • reação anafilactóide: não implica em sensibilização anterior. Mecanismo relacionado com a ativação do sistema complemento pela via alternada, sem a presença de anticorpos. Há liberação de C3a e C5a (anafilatoxinas), que degranulam mastócitos e basófilos. A conseqüencia é a liberação dos mesmos mediadores farmacológicos, responsáveis pela instalação de um quadro clínico semelhante ao da reação anafilática. A reação anafilactóide não é detectada pela prova intradérmica.
    • formação de complexo imune pela ligação do antígeno ao anticorpo. 
    • deposição desses complexos nos tecidos ou endotélio vascular pode produzir uma lesão tissuar pela ativação do complemento, formação de anafilotoxinas, quimiotaxia de polimorfo-nucleares.
    prevenção
    • teste de sensibilidade: tem sido excluído da rotina por apresentar baixa sensibilidade e baixos valores preditivos, além de retardar o início do tratamento. 
    • rotina antes da administração dos soros antivenenos: Garantir bom acesso venoso e deixar preparado: laringoscópio com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade; frasco de soro fisiológico (SF) e/ou solução de Ringer lactato; frasco de solução aquosa de adrenalina (1:1000) e de aminofilina (10 ml = 240 mg).
    • pré-tratamento, realizado de 10 a 15 minutos antes de administrar o anti-veneno com antagonistas, dos receptores H 1 e H 2 da histamina e corticosteróides na tentativa de antagonizar o efeito da histamina nos órgãos-alvo, assim como diminuir a freqüência de reações tardias à SAV, mas não previnem a liberação de histamina e nem a ativação de complemento.
      • Drogas anti-histamínicas: 
        • Antagonistas H 1: maleato de dextroclorofeniramina (farmácia de manipulação): 0,05 mg/kg por via intramuscular (IM) ou IV, aplicar no máximo 5,0 mg; ou prometazina (Fenergan ®): 0,5 mg/kg IV ou IM, aplicar no máximo 25 mg. A
        • Antagonistas H 2 : cimetidina (Tagamet ®): 10 mg/kg, máximo de 300 mg, ou ranitidina (Antak®): 3 mg/kg, máximo de 100 mg, IV lentamente.
      • Hidrocortisona (Solu-Cortef ®): 10 mg/kg IV. Aplicar no máximo 1.000 mg.
    • pré-tratamento, realizado de 10 a 15 minutos antes de administrar o anti-veneno com antagonistas, dos receptores H 1 e H 2 da histamina e corticosteróides na tentativa de antagonizar o efeito da histamina nos órgãos-alvo, assim como diminuir a freqüência de reações tardias à SAV, mas não previnem a liberação de histamina e nem a ativação de complemento.
      • Drogas anti-histamínicas: 
        • Antagonistas H 1: maleato de dextroclorofeniramina (farmácia de manipulação): 0,05 mg/kg por via intramuscular (IM) ou IV, aplicar no máximo 5,0 mg; ou prometazina (Fenergan ®): 0,5 mg/kg IV ou IM, aplicar no máximo 25 mg. A
        • Antagonistas H 2 : cimetidina (Tagamet ®): 10 mg/kg, máximo de 300 mg, ou ranitidina (Antak®): 3 mg/kg, máximo de 100 mg, IV lentamente.
      • Hidrocortisona (Solu-Cortef ®): 10 mg/kg IV. Aplicar no máximo 1.000 mg.
    tratatamento
    • reação pirogênica
      • diminuir o gotejamento do soro ou parar a infusão, dependendo da gravidade da reação;
      • verificar se o doente não está recebendo soro concomitante que eventualmente possa estar contaminado com toxinas bacterianas;
      • dipirona (Novalgina ®) 2 a 4 ml pela via IV. Em crianças utilizar 10 a 15 mg/Kg de peso corporal.
    • intensa reação urticariforme, pode-se indicar um anti-histamínico. Se não houver boa resposta, adrenalina milesimal, por via SC: 0,01 ml/kg, não excedendo 0,3 ml.
    • choque “anafilático” e a insuficiência respiratória obstrutiva: 
    • suspender temporariamente a infusão do soro
    • tratar as reações
    • tratamento do choque:
      • Adrenalina (1:1000) - diluída a 1:10 na dose de 0,1 ml/kg, até 3,0 ml por via IV ou intratraqueal ou subcutânea, por ordem de eficácia. Repetir, se necessário, até três vezes com intervalo de cinco minutos. É a droga de escolha para o tratamento inicial. Os  antagonistas H 1 e os corticosteróides devem ser usados associados à adrenalina e nunca para substituí-la.
      • Hidrocortisona - 30 mg/kg IV com dose máxima de 1.000 a 2.000 mg.
      • Prometazina - 0,5 mg/kg IV ou IM com dose máxima de 25 mg.
      • Expansão da volemia - soro fisiológico ou solu&ccediil;ão de Ringer lactato. Iniciar a infusão rapidamente na dose de 20 ml/kg peso.
    • tratamento da insuficiência respiratória
      • manter oxigenação adequada.
      • caso ocorra edema de glote, proceder a intubação pela via orotraqueal ou, se não for possível, cricotomia ou traqueostomia de emergência.
      • para uma crise asmatiforme, inalação com broncodilatador tipo beta b 2 , como fenoterol, ou aminofilina, por via intravenosa, na dose de 3 a 5 mg/kg por dose, em intervalos de seis horas numa infusão entre 5 a 15 minutos.
    • reiniciar a SAV: uma vez controlada a RP grave, a SAV deve ser reiniciada. O soro pode ser diluído em SF ou soro glicosado a 5%, numa razão de 1:2 a 1:5 e infundido mais lentamente.
    • tratamento conservador e expectante: doença auto-limitada 
    • dor articular: Aspirina
    • dermatite: Anti-histamínicos e esteróides tópicos
    • reações severas: especialmente glomerulonefrite e as associados com nefrose, neuropatia e outras manifestações de vasculite:
      • Corticosteróide (prednisona):1 mg/kg dia (máximo de 60 mg) por cinco a sete dias.

    Fontes:
    1 - Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª ed. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. http://www.funasa.gov.br/pub/pub00.htm
    2 - Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos http://www.botunet.com.br/cevap/portugues/centro.htm
    3 - Siqueira, JE; Higuchi, ML; Nabut, N; Lose, A; Souza, J; Nakashima, M. Lesäo miocárdica em acidente ofídico pela espécie Crotalus durissus terrificus (cascavel): relato de caso Arq. bras. cardiol;54(5):323-5, maio 1990.
    4 - Carvalho Júnior, AM; Alencar, VP; Costa, FG; Cabral, B; Dias, EPF; Arruda Júnior, ER. Acidentes ofídicos por surucucu (Lachesis muta rhombeata): relato de dois casos atendidos no HU. CCS;13(3):11-4, jul.-set. 1994.
    5 - Pires, MTB. Erazo Manual de Urgências em Pronto-Socorro. MEDSI,1993.
    6 - Kelley WN. Textbook of Internal Medicine. Lippincott-Raven, 3a edição.

    19/08/2002
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