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VISCONDE DE MAUÁ 

Irineu Evangelista de Souza  

PATRONO DA CADEIRA Nº. 17 da AMLERS

                                     Acadêmico Moacir Padrão da Silva
                        

APRESENTAÇÃO

1 - INFÂNCIA E JUVENTUDE

2 - O BRASIL IMPERIAL

3 - O INDUSTRIAL E O BANQUEIRO

4 - O POLÍTICO

5 – HONRARIAS

6 - O HOMEM QUE ESCREVEU MUITO

7 - O EMPREENDEDOR

8 - TEMPOS DERRADEIROS

9 – BIBLIOGRAFIA  

APRESENTAÇÃO

Este trabalho foi realizado com a intenção de resgatar um pouco da historia e vida deste grande brasileiro que viveu no século XIX, no então Império Brasileiro. Sua historia mostra um homem que sempre pensou no melhor para o Brasil. Todos os seus esforços foram dirigidos à industrialização e equiparação do Brasil as nações de ponta do mundo do século XIX. Conforme mostra a historia o Irineu foi protagonista de grandes iniciativas com vistas a tornar nosso país uma terra de progresso, paz e prosperidade para todos. Irineu vislumbrava o crescimento futuro do Brasil, a partir de ações realizadas no presente. Quando do termino do trafico de escravos, ele percebeu o desatino dos então senhores do capital da época. Enquanto todos ficaram perdidos, sem saber o que fazer com seus recursos, Irineu ao contrario, fundou industrias e bancos para multiplicar os capitais, naquele momento sem destinação. Irineu acompanhava a trajetória dos paises da Europa e também dos Estados Unidos, e percebia que não havia tempo a perder. A revolução industrial estava em curso e tinha que ser aproveitado o rápido crescimento da industria e desenvolvimento do sistema financeiro. A historia de Irineu esteve repleta de fatos desagradáveis, sob o ponto de vista do tratamento que lhe foi dado pelos políticos da época, a começar pelo Imperador Dom Pedro II. Há relatos inacreditáveis, como exemplo citamos o caso de um banco idealizado por ele e jamais aceito no Brasil. Este banco pretendia fomentar o desenvolvimento do Brasil e dos paises da Bacia do Rio da Prata. Ao Irineu o governo do Brasil nada concedeu, mas sim a Inglaterra, dez anos depois de o Irineu ter lançado o projeto do banco. A elite política do Império vivia mais para agradar aos caprichos do Imperador e manter os privilégios da classe dominante, do que pensar no bem estar da população. O Brasil da época era grande em recursos naturais, mas pequeno em idéias e na condução da política. Os homens que decidiam quais projetos seriam apoiados, não o faziam à luz da razão, pois muitos não tinham aptidão e vivencia pratica e acabavam sempre optando por manter seus cargos e privilégios. Muitos dos problemas de nosso pais eram oriundos dos personalismos e da visão estreita dos fatos. No Brasil isto tem sido muito forte. Nós temos o mau hábito de confundir o bem coletivo com o bem pessoal. Muitos dos nossos políticos, quando no poder, imaginam que são os donos dos cargos e recursos a que tem acesso. Falta grandeza de compreensão para separar o público e o privado.

1- INFÂNCIA E JUVENTUDE

Irineu Evangelista de Sousa, nasceu de uma familia de pioneiros do extremo sul do Brasil, em 28 de dezembro de 1813 na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Arroio Grande, distrito de Jaguarão, (atual cidade de Arroio Grande), Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul.  Seus pais eram João Evangelista de Ávila e Sousa e Mariana de Jesus Batista de Carvalho. Seu avô paterno, Manuel Jerônimo de Sousa, foi o fundador da Freguesia. Em 1818 Irineu perdeu o pai quando tinha somente cinco anos de idade. Seu pai foi vítima de ladrões de gado, que na época infestavam aquelas paragens. Sua mãe ficou viúva com as duas crianças para criar. Alem de Irineu, havia uma menina mais velha. Esta menina se chamava Guilhermina. Em 1820 a viúva casou novamente, por sugestão de sua família, não havia como cuidar da propriedade e das crianças, estas ainda muito jovens. O padrasto, João Jesus, não desejava os filhos da viúva. A menina mais velha, Guilhermina, foi então casada aos onze anos de idade e o pequeno Irineu, com apenas sete anos foi confiado a um tio, José Batista de Carvalho, comandante de navio da marinha mercante, que levava couros e charque desde o porto do Rio Grande para o Rio de Janeiro. O tio José Batista de Carvalho, levou o pequeno Irineu para a Capitania de São Paulo e o colocou num internato, onde recebeu as primeiras letras. Neste período esteve sob os cuidados de outro tio, Manuel José de Carvalho. Passados dois anos Irineu então com nove anos, seguiu com o tio José Batista de Carvalho, para o Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil. Seu tio conhecia, por força de sua atividade muitas pessoas de negócios no Rio de Janeiro, assim escolheu um estabelecimento e ali deixou seu jovem pupilo. Irineu se ocupou como caixeiro deste armazém. Trabalhava das sete horas da manhã às dez da noite, em troca de moradia e comida. Passados dois anos, estava com onze anos de idade, já com alguma experiência e poder de autogestão, foi trabalhar no comércio do português Antônio Pereira de Almeida no ano de 1824. Este estabelecimento tinha maior porte e nele se vendiam desde produtos agrícolas até escravos - esta última a maior fonte de renda do comerciante. Em pouco tempo o pequeno Irineu tornou-se empregado de confiança. Em 1828 foi promovido à guarda-livros. Neste cenário se forjou muito de sua perspicácia para os negócios e também para a arte de conhecer e lidar com todo o tipo de pessoas. Passados alguns anos viria à falência de seu patrão, decorrente do cenário de então, que tinha como principal causa à crise do Primeiro Reinado. Após ajudar seu patrão a liquidar as dividas e a empresa, este o recomendou para o escocês Richard Carruthers, isto no ano de 1830, Esta empresa era uma importadora. Em seu novo emprego aprendeu inglês, contabilidade, comercio exterior e aperfeiçoou suas habilidades. Foi neste período de sua vida que Irineu foi iniciado na Maçonaria. Este fato foi determinante para consolidar a amizade e a confiança que Richard Carruthers já lhe tinha. Aos vinte e três anos tornou-se gerente e, logo depois, sócio da empresa. Em 1937 Irineu adquire sua primeira propriedade, uma chácara com casa de moradia, pomar, arvoredo e outras benfeitorias. Esta propriedade estava localizada no Morro de Santa Teresa, na época lugar ermo e sem infra-estrutura. Irineu atravessava toda a região sul do Rio de Janeiro para chegar até sua moradia. Ao longo dos anos de 1838 e 1839 Irineu ajudou os Farroupilhas. Estes eram presos no Sul pelo exercito Imperial e de lá conduzidos às prisões do Rio de Janeiro. Apesar de toda a discrição com que agia para ajudar seus compatriotas, foi identificado e acusado por artigos cada vez mais contundentes. A visibilidade de sua ajuda aos revolucionários Farroupilhas era incompatível com a sua posição de comerciante. Sua identificação com os revolucionários do sul começava a prejudicar sua imagem. Irineu precisava acomodar as coisas. Em nenhum momento deixou de ajudar os Farroupilhas, porem de forma bem mais discreta. Considerou que era chegado o momento de trazer sua família do sul para viver com ele no Rio de Janeiro. Assim vieram sua mãe e a irmã, ambas viúvas, trouxeram consigo a sobrinha de Irineu, Maria Joaquina, na época com treze anos. A casa então ganhou uma nova aparência, desta feita de moradia de uma família como qualquer outra. Com esta atitude a casa deixou de ser um local conhecido como abrigo de revolucionários e local de reuniões secretas.

Neste cenário um fato novo viria ajudar a salvar a reputação de Irineu. A renuncia do Regente Diogo Feijó deixou um vazio de poder, onde as intrigas e desmandos palacianos acentuavam a crise estabelecida. Estava em marcha, nos bastidores palacianos um golpe de Estado Legal. Os idealizadores do golpe começaram a antecipar a maioridade do menino Dom Pedro II, então com apenas catorze anos. A estratégia tomou corpo no palácio e ganhou as ruas, com grande apoio da população, que voltava a ter a sensação de autoridade presente e governo visível. Ainda em 1839 Richard Carruthers percebeu que seu pupilo estava pronto para assumir seus negócios no Brasil. Resolveu retornar para a Grã-Bretanha. Com isto Irineu assumiu os negócios da importadora, passando a comandar todas as operações no Brasil. No ano de 1840, Irineu embarcou para a Inglaterra, aproveitou o momento que o Brasil festejava a ascensão de seu jovem monarca. Esta era a primeira viagem de Irineu a Inglaterra. Os motivos que justificavam sua viagem eram visitar Richard Carruthers, seu patrão e protetor, e tirar suas primeiras férias. Mas Irineu já tinha planos de dar um novo rumo a sua vida e aos seus negócios. Não mais seria um comerciante, mas sim um industrial! Era isto que o Brasil precisava! Esta era a sua visão de país. Estas idéias de Irineu viriam a se consolidar depois do que ele teria visto na Europa, durante o ano em que esteve viajando e fazendo contatos na Inglaterra e Escócia. Quando retornou ao Brasil, anunciou sua intenção de casar e constituir família. E mais uma vez Irineu surpreendeu a todos com a escolha de sua sobrinha para esposa. Sua decisão foi tão inesperada que a própria nubente foi tomada de surpresa. Irineu trazia consigo desde algum tempo um anel de noivado. Este anel já estava com o destino traçado – a mão de Maria Joaquina! Destarte no dia 11 de abril do ano de 1841 tornou-se esposo da sobrinha, genro da irmã e neto da mãe. Na ocasião Maria Joaquina contava quinze anos e Irineu vinte e sete anos. O casal teve doze filhos. Irineu foi bom pai e chefe de família. Dispensava atenção a todos os empregados e servidores de sua casa.

2 - O BRASIL IMPERIAL

O cenário brasileiro na época de Irineu estava dominado por uma elite rural e escravocrata. Esta elite mantinha seus previlegios a custa da subordinação da sociedade aos seus caprichos feudais. O Brasil  plantava e criava gado e outros animais de maneira rudimentar. A infraestrutura era precaria. Inexistiam quaisquer vias de transporte pavimentadas,  muito menos transporte ferroviario e aproveitamento da generosa bacia hidrográfica navegável. Irineu Evangelista de Souza, com suas idéias revolucionárias, sacudiu toda a sociedade escravocrata. Suas iniciativas estavam voltadas para a valorização do trabalho e dos trabalhadores, bem como com o fim da escravidão. Empregava sempre a melhor tecnologia da epoca. No Brasil inexistiam profissionais qualificados, entao Irineu os trazia da Europa a custa de altos salarios. Irineu promovia o treinamento dos profissionais locais utilizando o saber e a experiencia dos profissionais estrangeiros. A sua trajetória como homem de negócios foi orientada para a melhor gestão de recursos e pela administração descentralizada, com isto responsabilizava individualmente seus empregados e ao mesmo tempo valorizava a cadeia de comando. Irineu nao temia concorrencia, incentivava os seus empregados de maior confiança a fundar pequenas industrias e a fazer negócios, segundo suas aptidões. Para tanto os auxiliava no que fosse preciso, desde financiamento até apoio logístico. A estratégia de administraçao empregada por irineu foi em grande parte a responsavel pelo seu sucesso como comerciante, banqueiro, empresario e politico. Estas posições arrojadas viriam a se opor à mentalidade então vigente e toda a sua vida foi pautada por invejas, frustações, traições e infindáveis conflitos. Em tempos em que a comunicaçao entre os continentes tinha como meio mais rápido os navios, não é dificil imaginar que qualquer correspondência para ir e vir da Europa demorava no minimo tres meses. Muito de sua biografia chegou a conhecimento publico, ironicamente, através da Exposição aos credores, peça literaria escrita e apresentada por ele aos credores e ao publico em geral, quando de sua falencia em 1887.

3 - O INDUSTRIAL E O BANQUEIRO

Em agosto de 1845 Irineu liquidou os negócios da Carruthers & Companhia, empresa comercial que dirigia até então. Este acontecimento marcou o fim de seus negócios com o comercio e a partir daí Irineu decidiu que seria um industrial.

Em agosto de 1846 Irineu adquiriu o que viria a ser a sua primeira empresa industrial, falamos do Estaleiro da Ponta de Areia. Irineu transformou o Estaleiro da Ponta de Areia no maior empreendimento industrial do país de então.

Em 1849 iniciou a Companhia de Rebocadores Barra do Rio Grande. Em 1850 Irineu promoveu o encanamento das águas do rio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro, fornecendo a tubulação e os materiais necessários ao desenvolvimento da obra.

Em 1851 fundou a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, cujo controle deteve até 1855.

Em março de 1851 Irineu criou na cidade do Rio de Janeiro o Banco do Comercio e da Industria do Brasil. Este banco nasceu grande e com muito capital para a época, em três semanas foram vendidas todas as ações aos interessados. O seu único concorrente era o Banco Comercial, que atuava no mercado – comparado os capitais, o Banco criado por Irineu nascia com cinco vezes mais capital que aquele.

Em 1852 obteve a concessão de exploração por trinta anos da navegação do rio Amazonas e fundou a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas. Neste ano Irineu criou mais duas empresas, sendo uma a Companhia Fluminense de Transportes e a outra a Companhia de Estrada de Ferro de Petrópolis, sendo esta a primeira ferrovia do Brasil.

Em 1853 tornou-se um dos principais investidores nas estradas de ferro dos estados de Pernambuco e da Bahia .

Em maio de 1853 o Imperador Dom Pedro II comparecia a sessão de abertura do Parlamento e anunciava aos deputados seu desejo de que fosse criado um banco do império que promovesse e financiasse as atividades do comercio e da industria em todos os rincões do Brasil. Este banco foi criado com a intenção de combater os bancos imperfeitos existentes. Na época existia um único banco no Brasil com este perfil – o banco criado por Irineu. As acusações no Parlamento contra os bancos imperfeitos eram as seguintes: promovem a idéia de concorrência, estimulam a realização de negócios, buscam clientes, distribuem dividendos aos acionistas, descontam títulos com facilidade, praticam juros baixos, transformam os bons capitais paralisados em ações de mercado. Este discurso chegou ao conhecimento do publico e dos acionistas e todos passaram a ver Irineu como um herege especulador e destruidor da boa ordem econômica existente. Foi uma corrida ao Banco do Comercio e Industria do Brasil, tendo como conseqüência a quebra da instituição. Neste contexto o recém banco criado pelo Imperador herdou todo o mercado do banco criado por Irineu. A classe rica do Brasil nesta época considerava o trabalho e a iniciativa para negócios algo degradante e imoral. O trabalho manual era atividade indignas para elite. Segundo o pensamento da época era atividade para escravos e a população pobre.

No ano de 1854, exatamente no dia 25 de Março foram acesos os primeiros lampiões a gás na cidade do Rio de Janeiro. Foi uma festa muito grande – o Rio de Janeiro se igualava as capitais européias. Este momento foi possível graças a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, criada por Irineu em 1851. Ainda neste ano, em 30 de abril Irineu inaugurou o primeiro trecho de 14 quilômetros da Estrada de Ferro de Petrópolis, entre o porto de Mauá, na baía de Guanabara, e a estação de Fragoso, na raiz da Serra da Estrela, atual município de Petrópolis, na então Província do Rio de Janeiro.  Foram convidados para a inauguração o imperador Dom Pedro II e as principais autoridades do Império e da sociedade brasileira de então. Nesta data Irineu recebeu do Imperador o título de Barão de Mauá.

No dia 30 de abril de 1855 o Barão reunido com 182 investidores formou a Mauá, Mac Gregor & Cia., Instituição Financeira, que contou com filiais em várias capitais brasileiras, Londres, Paris, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu.

Em 1857 o Barão de Mauá criou o Banco Mauá y Companhia do Uruguai. Foi pessoalmente ao Uruguai convencer o presidente Gabriel Pereira, e apresentou ao Parlamento Uruguaio o projeto do banco para os deputados.

Em 1862 organizou a Companhia Carris de Ferro do Jardim Botânico. No dia 04 de abril de 1867 era inaugurada a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Este ano marcou o início do processo de falência do Barão de Mauá.

Em 01 de janeiro de 1867 fundou o Banco Mauá & Companhia que sucedeu a organização financeira sediada em Londres Mauá , Mac Gregor & Cia.

No ano de 1871 o Barão Investiu na Estrada de Ferro do Paraná.

Em 1872 iniciou a construção de novas colônias agrícolas na Província do Rio de Janeiro.

Em 1874 organizou a Companhia de Abastecimento de Água do Rio de Janeiro, que operou até 1877.

Em 1875 pediu moratória aos credores por três anos.

Em 1877 fechou as portas das instalações do Estaleiro Ponta da Areia.

Em 1879 redigiu a Exposição aos credores e ao público. Neste trabalho é possível percorrer toda a trajetória da vida deste brasileiro notável.

Mas o Barão não se entregava e no ano de 1883 viajou a Londres, onde tentou encontrar solução para a sua situação financeira.

No dia 26 de novembro de 1884 , contava o Barão 70 anos de idade, e após ter liquidado as dívidas com os seus credores, recebeu carta de reabilitação de comerciante na Junta de Comercio do Rio de Janeiro.

4 - O POLITICO

O Irineu foi um homem de idéias políticas de caráter liberal e defensor do abolicionismo. Apoiou e ajudou em muitos aspectos os conterrâneos durante a Revolução Farroupilha, ocorrida na Província do Rio grande do Sul.

No ano de 1850 o governo imperial do Brasil decidiu intervir nas questões platinas e em 1851 negociou com Irineu o financiamento da libertação do Uruguai. Este país estava sitiado pelos exércitos argentinos do General Rosas.

Em 1856 foi eleito deputado pela Província do Rio Grande do Sul, sendo reeleito por varias legislaturas, ate o ano de 1875. Entretanto em 1873 renunciou ao seu mandato para dedicar-se exclusivamente a seus negócios que estavam ameaçados pela legislação vigente e pela crise bancaria que campeava desde 1864.

Nos anos de 1859, 1860 e 1862 Mauá esteve negociando com os governos brasileiro, uruguaio e argentino acordos para conter a crise que se avolumava desde 1850 pelo controle da Bacia do Rio da Prata. Mauá não gostava de guerras e entendia que todas as dificuldades dos povos, especialmente dos vizinhos, poderiam ser resolvidos pela via diplomática.

Nos paises do Rio da Prata o Barão de Mauá era um associado do Governo Brasileiro. A seguir veremos um exemplo disto em uma carta que o Barão escreveu em dezembro de 1860 a Andrés Lamas, embaixador do Uruguai no Brasil. Nesta carta ele descreve com pormenores a filosofia de sua decisão de investir na região, porque acreditava que os esforços econômicos evitariam as lutas entre os paises vizinhos:

 

Compreendi desde logo que aceita a base econômica, como ensaio, para firmarem-se em um futuro não mui distante as relações entre o Brasil e o Estado Oriental, cumpria estender a ação desta influencia ao outro lado do Rio da Prata, e daí nasceu em mim à idéia de um banco na Confederação Argentina, obtendo as concessões que pedi. Conheço ate onde pode entender-se a influencia destes estabelecimentos quando bem organizados e bem dirigidos no trabalho, no desenvolvimento da industria, no progresso e bem estar dos povos e finalmente na criação de riquezas. Acreditei que fazendo mover esse mecanismo desde Montevidéu até Paraná, ainda que em escala modesta, e sob bases mui seguras, eu faria o maior de todos os serviços: a idéia nova que queríamos plantar, isto é, preparar o terreno para que uma base econômica, ou os interesses dos povos do Rio da Prata com o Brasil entrassem como o principal elemento da política dos governos e entre povos vizinhos chamados a estreitar e desenvolver relações entre si, assim de boa vizinhança como comerciais, industriais e monetárias de que podiam fazer recíproca e vantajosa troca.”

 

O Barão sempre foi contrario a Tríplice Aliança que dizimou o Paraguai de 1865 a 1870. Esta posição pessoal combinada com a instabilidade política da região platina foi muito danosa para sua vida privada e publica. Mais uma vez foi alvo da inveja, intriga e intolerância dos conservadores do Brasil.

5 – HONRARIAS

Em 30 de abril de 1854, durante a inauguração da Estrada de Ferro de Petrópolis, Irineu recebeu do Imperador Dom Pedro II o título de Barão de Mauá.

Em 26 de Junho de 1874 recebeu do Imperador Dom Pedro II o título de Visconde de Mauá.

6 - O HOMEM QUE ESCREVEU MUITO

O Visconde de Mauá foi um grande escritor de cartas, bilhetes, contratos, relatórios, projetos, artigos em jornais de diversos paises e outros tantos escritos. Sua vasta correspondência pode ser encontrada em museus e instituições diversas nas Américas, Europa e Brasil. Muito de sua correspondência se perdeu em um incêndio ocorrido no Rio de Janeiro. Mauá escrevia em português, inglês e espanhol. Naqueles tempos as cartas eram lidas não menos de um mês após escritas, função das distancias e dos meios disponíveis de locomoção. Mesmo assim o Visconde de Mauá dirigia seus negócios na Europa, Brasil e Região Platina, com grande desenvoltura. Seu conhecimento dos paises e dos negócios o levava sempre a prever situações que viriam a se confirmar no correr do tempo. Seus comandados liam sua correspondência, não como algo escrito no passado mas sim como previsões e providencias sempre muito atuais. Tudo que o Barão previa, acabava se confirmando. Um dos seus maiores escritos foi sua conhecida Exposição aos credores, quando da decretação de sua falência no ano de 1879.

 

7 - O EMPREENDEDOR

 

É atualmente considerado como um simbolo para o empreendedorismo nacional. Foi protagonista das principais iniciativas desenvolvimentista do seculo XIX. Suas ideias são consideradas hoje como atuais e oportunas. Alguns autores consideram Irineu como o precursor do atual Mercosul. Ao longo de sua vida Irineu Evangelista de Souza fundou e controlou dezessete empresas. Estas empresas estiveram distribuídas no Brasil, Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra e França. Oito das dez maiores empresas do Império, foram fundadas e controladas por Irineu. As duas empresas que não estavam sob seu controle eram o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro Dom Pedro II, estes eram empreendimentos sob o controle do Império do Brasil. Conforme registros históricos sua fortuna no ano de 1867 estava estimada em 115.000 (cento e quinze mil contos de reis). Neste mesmo ano o orçamento para o Império do Brasil estava estimado em 97.000 (noventa e sete mil contos de reis).

8 - TEMPOS DERRADEIROS

Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá e Visconde de Mauá, faleceu em Petropolis, estado do Rio de Janeiro em 21 de outubro de 1889, aos 76 anos . Foi sepultado no mausoléu de sua família, no cemitério de São Francisco de Paula, no bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro. Seu falecimento aconteceu algumas semanas antes da Proclamação da Republica. Foi um grande empresario, industrial, banqueiro, maçom e politico do Imperio Brasileiro.

É patrono do Ministério dos Transportes e pioneiro em várias áreas da Economia do Brasil. Um de seus maiores feitos foi ter empreendido a construção da primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Mauá, no estado do Rio de Janeiro.

 

Algumas observações incomuns: Irineu nasceu com o Sol na constelação de Capricórnio em uma terça feira de Lua nova, que passava pela constelaçao de Peixes;

Morreu com o Sol na constelação de Libra em uma segunda feira de Lua minguante, que passava pela constelação de Virgem;

Irineu viveu exatos 27.691 dias. Morreu 67 dias antes de completar 77 anos. Estava na época com 76 anos, curiosamente o inverso do número de dias que faltavam para seu próximo aniversario;

No dia de seu falecimento estava Irineu com seus Biorritmos Físico e Emocional negativos e seu Biorritmo intelectual estava positivo.

O número síntese da data de seu nascimento ocorrido em 28/12/1813 é 8, curiosamente é a síntese de minha Cadeira Nº 17, cuja síntese também é 8 ;

9 – BIBLIOGRAFIA e FONTES DE PESQUISA

 

1. Caldeira, Jorge

         Mauá: empresário do império;

2. Prefeitura de Arroio Grande, RS;

3. Filme Brasileiro: Mauá e o Imperador;

4. Enciclopédia conhecer, Abril Cultural, Volume V;

5. Livros de historia em geral;

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