VISCONDE
DE MAUÁ
Irineu Evangelista de Souza
PATRONO
DA CADEIRA Nº. 17 da AMLERS
Acadêmico
Moacir Padrão da Silva
APRESENTAÇÃO
1 - INFÂNCIA E
JUVENTUDE
2 - O BRASIL
IMPERIAL
3 - O INDUSTRIAL
E O BANQUEIRO
4 - O POLÍTICO
5 – HONRARIAS
6 - O HOMEM QUE
ESCREVEU MUITO
7 - O
EMPREENDEDOR
8 - TEMPOS
DERRADEIROS
9 –
BIBLIOGRAFIA
APRESENTAÇÃO
Este
trabalho foi realizado com a intenção de resgatar um pouco da historia e vida
deste grande brasileiro que viveu no século XIX, no então Império Brasileiro.
Sua historia mostra um homem que sempre pensou no melhor para o Brasil. Todos os
seus esforços foram dirigidos à industrialização e equiparação do Brasil
as nações de ponta do mundo do século XIX. Conforme mostra a historia o
Irineu foi protagonista de grandes iniciativas com vistas a tornar nosso país
uma terra de progresso, paz e prosperidade para todos. Irineu vislumbrava o
crescimento futuro do Brasil, a partir de ações realizadas no presente. Quando
do termino do trafico de escravos, ele percebeu o desatino dos então senhores
do capital da época. Enquanto todos ficaram perdidos, sem saber o que fazer com
seus recursos, Irineu ao contrario, fundou industrias e bancos para multiplicar
os capitais, naquele momento sem destinação. Irineu acompanhava a trajetória
dos paises da Europa e também dos Estados Unidos, e percebia que não havia
tempo a perder. A revolução industrial estava em curso e tinha que ser
aproveitado o rápido crescimento da industria e desenvolvimento do sistema
financeiro. A historia de Irineu esteve repleta de fatos desagradáveis, sob o
ponto de vista do tratamento que lhe foi dado pelos políticos da época, a começar
pelo Imperador Dom Pedro II. Há relatos inacreditáveis, como exemplo citamos o
caso de um banco idealizado por ele e jamais aceito no Brasil. Este banco
pretendia fomentar o desenvolvimento do Brasil e dos paises da Bacia do Rio da
Prata. Ao Irineu o governo do Brasil nada concedeu, mas sim a Inglaterra, dez
anos depois de o Irineu ter lançado o projeto do banco. A elite política do
Império vivia mais para agradar aos caprichos do Imperador e manter os privilégios
da classe dominante, do que pensar no bem estar da população. O Brasil da época
era grande em recursos naturais, mas pequeno em idéias e na condução da política.
Os homens que decidiam quais projetos seriam apoiados, não o faziam à luz da
razão, pois muitos não tinham aptidão e vivencia pratica e acabavam sempre
optando por manter seus cargos e privilégios. Muitos dos problemas de nosso
pais eram oriundos dos personalismos e da visão estreita dos fatos. No Brasil
isto tem sido muito forte. Nós temos o mau hábito de confundir o bem coletivo
com o bem pessoal. Muitos dos nossos políticos, quando no poder, imaginam que são
os donos dos cargos e recursos a que tem acesso. Falta grandeza de compreensão
para separar o público e o privado.
1- INFÂNCIA E JUVENTUDE
Irineu
Evangelista de Sousa, nasceu de
uma familia de pioneiros do extremo sul do Brasil,
em 28 de dezembro de 1813 na Freguesia
de Nossa Senhora da Conceição do Arroio Grande, distrito de Jaguarão, (atual
cidade de Arroio
Grande), Capitania de São Pedro do Rio Grande
do Sul. Seus pais eram João
Evangelista de Ávila e Sousa e Mariana de Jesus Batista de Carvalho. Seu avô
paterno, Manuel Jerônimo de Sousa, foi o fundador da Freguesia. Em 1818 Irineu
perdeu o pai quando tinha somente cinco anos de idade. Seu pai foi vítima de
ladrões de gado, que na época infestavam aquelas paragens. Sua mãe ficou viúva
com as duas crianças para criar. Alem de Irineu, havia uma menina mais velha.
Esta menina se chamava Guilhermina. Em
1820 a
viúva casou novamente, por sugestão de sua família, não havia como cuidar
da propriedade e das crianças, estas ainda muito jovens. O padrasto, João
Jesus, não desejava os filhos da viúva. A menina mais velha, Guilhermina, foi
então casada aos onze anos de idade e o pequeno Irineu, com apenas sete anos
foi confiado a um tio, José Batista de Carvalho, comandante de navio da marinha
mercante, que levava couros e charque desde o porto do Rio Grande para o Rio de
Janeiro. O tio José Batista de Carvalho, levou o pequeno Irineu para a
Capitania de São Paulo e o colocou num internato, onde recebeu as primeiras
letras. Neste período esteve sob os cuidados de outro tio, Manuel José de
Carvalho. Passados dois anos Irineu então com nove anos, seguiu com o tio José
Batista de Carvalho, para o Rio de Janeiro, então capital do Império do
Brasil. Seu tio conhecia, por força de sua atividade muitas pessoas de negócios
no Rio de Janeiro, assim escolheu um estabelecimento e ali deixou seu jovem
pupilo. Irineu se ocupou como caixeiro deste armazém. Trabalhava das sete horas
da manhã às dez da noite, em troca de moradia e comida. Passados dois anos,
estava com onze anos de idade, já com alguma experiência e poder de autogestão,
foi trabalhar no comércio do português Antônio Pereira de Almeida no ano de
1824. Este estabelecimento tinha maior porte e nele se vendiam desde produtos
agrícolas até escravos - esta última a maior fonte de renda do comerciante.
Em pouco tempo o pequeno Irineu tornou-se empregado de confiança. Em 1828 foi
promovido à guarda-livros. Neste cenário se forjou muito de sua perspicácia
para os negócios e também para a arte de conhecer e lidar com todo o tipo de
pessoas. Passados alguns anos viria à falência de seu patrão, decorrente do
cenário de então, que tinha como principal causa à crise do Primeiro Reinado.
Após ajudar seu patrão a liquidar as dividas e a empresa, este o
recomendou para o escocês Richard Carruthers, isto no ano de 1830, Esta empresa
era uma importadora. Em seu novo emprego aprendeu inglês, contabilidade,
comercio exterior e aperfeiçoou suas habilidades. Foi neste período de sua
vida que Irineu foi iniciado na Maçonaria. Este fato foi determinante para
consolidar a amizade e a confiança que Richard Carruthers já lhe tinha. Aos
vinte e três anos tornou-se gerente e, logo depois, sócio da empresa. Em 1937
Irineu adquire sua primeira propriedade, uma chácara com casa de moradia,
pomar, arvoredo e outras benfeitorias. Esta propriedade estava localizada no
Morro de Santa Teresa, na época lugar ermo e sem infra-estrutura. Irineu
atravessava toda a região sul do Rio de Janeiro para chegar até sua moradia.
Ao longo dos anos de 1838 e 1839 Irineu ajudou os Farroupilhas. Estes eram
presos no Sul pelo exercito Imperial e de lá conduzidos às prisões do Rio de
Janeiro. Apesar de toda a discrição com que agia para ajudar seus
compatriotas, foi identificado e acusado por artigos cada vez mais contundentes.
A visibilidade de sua ajuda aos revolucionários Farroupilhas era incompatível
com a sua posição de comerciante. Sua identificação com os revolucionários
do sul começava a prejudicar sua imagem. Irineu precisava acomodar as coisas.
Em nenhum momento deixou
de ajudar os Farroupilhas, porem de forma bem mais discreta. Considerou que era
chegado o momento de trazer sua família do sul para viver com ele no Rio de
Janeiro. Assim vieram sua mãe e a irmã, ambas viúvas, trouxeram consigo a
sobrinha de Irineu, Maria Joaquina, na época com treze anos. A casa então
ganhou uma nova aparência, desta feita de moradia de uma família como qualquer
outra. Com esta atitude a casa deixou de ser um local conhecido como abrigo de
revolucionários e local de reuniões secretas.
Neste
cenário um fato novo viria ajudar a salvar a reputação de Irineu. A renuncia
do Regente Diogo Feijó deixou um vazio de poder, onde as intrigas e desmandos
palacianos acentuavam a crise estabelecida. Estava em marcha, nos bastidores
palacianos um golpe de Estado Legal. Os idealizadores do golpe começaram a
antecipar a maioridade do menino Dom Pedro II, então com apenas catorze anos. A
estratégia tomou corpo no palácio e ganhou as ruas, com grande apoio da população,
que voltava a ter a sensação de autoridade presente e governo visível. Ainda
em 1839 Richard Carruthers percebeu que seu pupilo estava pronto para assumir
seus negócios no Brasil. Resolveu retornar para a Grã-Bretanha. Com isto
Irineu assumiu os negócios da importadora, passando a comandar todas as operações
no Brasil. No ano de 1840, Irineu embarcou para a Inglaterra, aproveitou o
momento que o Brasil festejava a ascensão de seu jovem monarca. Esta era a
primeira viagem de Irineu a Inglaterra. Os motivos que justificavam sua viagem
eram visitar Richard Carruthers, seu patrão e protetor, e tirar suas primeiras
férias. Mas Irineu já tinha planos de dar um novo rumo a sua vida e aos seus
negócios. Não mais seria um comerciante, mas sim um industrial! Era isto que o
Brasil precisava! Esta era a sua visão de país. Estas idéias de Irineu viriam
a se consolidar depois do que ele teria visto na Europa, durante o ano em que
esteve viajando e fazendo contatos na Inglaterra e Escócia. Quando retornou ao
Brasil, anunciou sua intenção de casar e constituir família. E mais uma vez
Irineu surpreendeu a todos com a escolha de sua sobrinha para esposa. Sua decisão
foi tão inesperada que a própria nubente foi tomada de surpresa. Irineu trazia
consigo desde algum tempo um anel de noivado. Este anel já estava com o destino
traçado – a mão de Maria Joaquina! Destarte no dia 11 de abril do ano de
1841 tornou-se esposo da sobrinha, genro da irmã e neto da mãe. Na ocasião
Maria Joaquina contava quinze anos e Irineu vinte e sete anos. O casal teve doze
filhos. Irineu foi bom pai e chefe de família. Dispensava atenção a todos os
empregados e servidores de sua casa.
2 - O BRASIL IMPERIAL
O
cenário brasileiro na época de Irineu estava dominado por uma elite rural e
escravocrata. Esta elite mantinha seus previlegios a custa da subordinação da
sociedade aos seus caprichos feudais. O Brasil
plantava e criava gado e outros animais de maneira rudimentar. A
infraestrutura era precaria. Inexistiam quaisquer vias de transporte
pavimentadas, muito menos transporte
ferroviario e aproveitamento da generosa bacia hidrográfica navegável. Irineu
Evangelista de Souza, com suas idéias revolucionárias, sacudiu toda a
sociedade escravocrata. Suas iniciativas estavam voltadas para a valorização
do trabalho e dos trabalhadores, bem como com o fim da escravidão. Empregava
sempre a melhor tecnologia da epoca. No Brasil inexistiam profissionais
qualificados, entao Irineu os trazia da Europa a custa de altos salarios. Irineu
promovia o treinamento dos profissionais locais utilizando o saber e a
experiencia dos profissionais estrangeiros.
A sua trajetória como homem de negócios
foi orientada para a melhor gestão de recursos e pela administração
descentralizada, com isto responsabilizava individualmente seus empregados e ao
mesmo tempo valorizava a cadeia de comando.
Irineu nao temia concorrencia,
incentivava os seus empregados de maior confiança a fundar pequenas industrias
e a fazer negócios, segundo suas aptidões. Para tanto os auxiliava no que
fosse preciso, desde financiamento até apoio logístico. A
estratégia de administraçao empregada por irineu foi em grande parte a
responsavel pelo seu sucesso como comerciante, banqueiro, empresario e politico.
Estas posições arrojadas viriam a se opor à mentalidade então vigente e toda
a sua vida foi pautada por invejas, frustações, traições e infindáveis
conflitos. Em tempos em que a comunicaçao entre os continentes tinha como meio
mais rápido os navios, não é dificil imaginar que qualquer correspondência
para ir e vir da Europa demorava no minimo tres meses. Muito de sua biografia
chegou a conhecimento publico, ironicamente, através da Exposição aos
credores, peça literaria escrita e apresentada por ele aos credores e ao
publico em geral, quando de sua falencia em 1887.
3 - O INDUSTRIAL
E O
BANQUEIRO
Em
agosto de 1845 Irineu liquidou os negócios da Carruthers & Companhia,
empresa comercial que dirigia até então. Este acontecimento marcou o fim de
seus negócios com o comercio e a partir daí Irineu decidiu que seria um
industrial.
Em
agosto de 1846 Irineu adquiriu o que viria a ser a sua primeira empresa
industrial, falamos do Estaleiro da Ponta de Areia. Irineu transformou o
Estaleiro da Ponta de Areia no
maior empreendimento industrial do país
de então.
Em
1849 iniciou a Companhia de Rebocadores Barra do Rio Grande. Em 1850 Irineu
promoveu o encanamento das águas do rio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro,
fornecendo a tubulação e os materiais necessários ao desenvolvimento da obra.
Em
1851 fundou a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, cujo controle
deteve até 1855.
Em
março de 1851 Irineu criou na cidade do Rio de Janeiro o Banco do Comercio e da
Industria do Brasil. Este banco nasceu grande e com muito capital para a época,
em três semanas foram vendidas todas as ações aos interessados. O seu único
concorrente era o Banco Comercial, que atuava no mercado – comparado os
capitais, o Banco criado por Irineu nascia com cinco vezes mais capital que
aquele.
Em
1852 obteve a concessão de exploração por trinta anos da navegação do rio
Amazonas e fundou a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas. Neste ano
Irineu criou mais duas empresas, sendo uma a Companhia Fluminense de Transportes
e a outra a Companhia de Estrada de Ferro de Petrópolis, sendo esta a primeira
ferrovia do Brasil.
Em
1853 tornou-se um dos principais investidores nas estradas de ferro dos estados
de Pernambuco e da Bahia .
Em
maio de 1853 o Imperador Dom Pedro II comparecia a sessão de abertura do
Parlamento e anunciava aos deputados seu desejo de que fosse criado um banco do
império que promovesse e financiasse as atividades do comercio e da industria
em todos os rincões do Brasil. Este banco foi criado com a intenção de
combater os bancos imperfeitos existentes. Na época existia um único banco no
Brasil com este perfil – o banco criado por Irineu. As acusações no
Parlamento contra os bancos imperfeitos eram as seguintes: promovem a idéia de
concorrência, estimulam a realização de negócios, buscam clientes,
distribuem dividendos aos acionistas, descontam títulos com facilidade,
praticam juros baixos, transformam os bons capitais paralisados em ações de
mercado. Este discurso chegou ao conhecimento do publico e dos acionistas e
todos passaram a ver Irineu como um herege especulador e destruidor da boa ordem
econômica existente. Foi uma corrida ao Banco do Comercio e Industria do
Brasil, tendo como conseqüência a quebra da instituição. Neste contexto o
recém banco criado pelo Imperador herdou todo o mercado do banco criado por
Irineu. A classe rica do Brasil nesta época considerava o trabalho e a
iniciativa para negócios algo degradante e imoral. O trabalho manual era
atividade indignas para elite. Segundo o pensamento da época era atividade para
escravos e a população pobre.
No
ano de 1854, exatamente no dia 25 de Março foram acesos os primeiros lampiões
a gás na cidade do Rio de Janeiro. Foi uma festa muito grande – o Rio de
Janeiro se igualava as capitais européias. Este momento foi possível graças a
Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, criada por Irineu em 1851.
Ainda neste ano, em 30 de abril Irineu inaugurou o primeiro trecho de
14 quilômetros
da Estrada de Ferro de Petrópolis, entre o porto de Mauá, na baía de
Guanabara, e a estação de Fragoso, na raiz da Serra da Estrela, atual município
de Petrópolis, na então Província do Rio de Janeiro.
Foram convidados para a inauguração o imperador Dom Pedro II e as
principais autoridades do Império e da sociedade brasileira de então. Nesta
data Irineu recebeu do Imperador o título de Barão de Mauá.
No
dia 30 de abril de 1855 o Barão reunido com 182 investidores formou a Mauá,
Mac Gregor & Cia., Instituição Financeira, que contou com filiais em várias
capitais brasileiras, Londres, Paris, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu.
Em
1857 o Barão de Mauá criou o Banco Mauá y Companhia do Uruguai. Foi
pessoalmente ao Uruguai convencer o presidente Gabriel Pereira, e apresentou ao
Parlamento Uruguaio o projeto do banco para os deputados.
Em
1862 organizou a Companhia Carris de Ferro do Jardim Botânico. No dia 04 de
abril de 1867 era inaugurada a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Este ano marcou
o início do processo de falência do Barão de Mauá.
Em
01 de janeiro de 1867 fundou o Banco Mauá & Companhia que sucedeu a
organização financeira sediada
em Londres Mauá
, Mac Gregor & Cia.
No
ano de 1871 o Barão Investiu na Estrada de Ferro do Paraná.
Em
1872 iniciou a construção de novas colônias agrícolas na Província do Rio
de Janeiro.
Em
1874 organizou a Companhia de Abastecimento de Água do Rio de Janeiro, que
operou até 1877.
Em
1875 pediu moratória aos credores por três anos.
Em
1877 fechou as portas das instalações do Estaleiro Ponta da Areia.
Em
1879 redigiu a Exposição aos credores e ao público. Neste trabalho é possível
percorrer toda a trajetória da vida deste brasileiro notável.
Mas
o Barão não se entregava e no ano de 1883 viajou a Londres, onde tentou
encontrar solução para a sua situação financeira.
No
dia 26 de novembro de 1884 , contava o Barão 70 anos de idade, e após ter
liquidado as dívidas com os seus credores, recebeu carta de reabilitação de
comerciante na Junta de Comercio do Rio de Janeiro.
4 - O POLITICO
O
Irineu foi um homem de idéias políticas de caráter liberal e defensor do
abolicionismo. Apoiou e ajudou em muitos aspectos os conterrâneos durante a
Revolução Farroupilha, ocorrida na Província do Rio grande do Sul.
No
ano de 1850 o governo imperial do Brasil decidiu intervir nas questões platinas
e em 1851 negociou com Irineu o financiamento da libertação do Uruguai. Este
país estava sitiado pelos exércitos argentinos do General Rosas.
Em
1856 foi eleito deputado pela Província do Rio Grande do Sul, sendo reeleito
por varias legislaturas, ate o ano de 1875. Entretanto em 1873 renunciou ao seu
mandato para dedicar-se exclusivamente a seus negócios que estavam ameaçados
pela legislação vigente e pela crise bancaria que campeava desde 1864.
Nos
anos de 1859, 1860 e 1862 Mauá esteve negociando com os governos brasileiro,
uruguaio e argentino acordos para conter a crise que se avolumava desde 1850
pelo controle da Bacia do Rio da Prata. Mauá não gostava de guerras e entendia
que todas as dificuldades dos povos, especialmente dos vizinhos, poderiam ser
resolvidos pela via diplomática.
Nos
paises do Rio da Prata o Barão de Mauá era um associado do Governo Brasileiro.
A seguir veremos um exemplo disto em uma carta que o Barão escreveu em dezembro
de
1860 a
Andrés Lamas, embaixador do Uruguai no Brasil. Nesta carta ele descreve com
pormenores a filosofia de sua decisão de investir na região, porque acreditava
que os esforços econômicos evitariam as lutas entre os paises vizinhos:
“Compreendi
desde logo que aceita a base econômica, como ensaio, para firmarem-se em um
futuro não mui distante as relações entre o Brasil e o Estado Oriental,
cumpria estender a ação desta influencia ao outro lado do Rio da Prata, e daí
nasceu em mim à idéia de um banco na Confederação Argentina, obtendo as
concessões que pedi. Conheço ate onde pode entender-se a influencia destes
estabelecimentos quando bem organizados e bem dirigidos no trabalho, no
desenvolvimento da industria, no progresso e bem estar dos povos e finalmente na
criação de riquezas. Acreditei que fazendo mover esse mecanismo desde Montevidéu
até Paraná, ainda que em escala modesta, e sob bases mui seguras, eu faria o
maior de todos os serviços: a idéia nova que queríamos plantar, isto é,
preparar o terreno para que uma base econômica, ou os interesses dos povos do
Rio da Prata com o Brasil entrassem como o principal elemento da política dos
governos e entre povos vizinhos chamados a estreitar e desenvolver relações
entre si, assim de boa vizinhança como comerciais, industriais e monetárias de
que podiam fazer recíproca e vantajosa troca.”
O
Barão sempre foi contrario a Tríplice Aliança que dizimou o Paraguai de
1865 a
1870. Esta posição pessoal combinada com a instabilidade política da região
platina foi muito danosa para sua vida privada e publica. Mais uma vez foi alvo
da inveja, intriga e intolerância dos conservadores do Brasil.
5 – HONRARIAS
Em
30 de abril de 1854, durante a inauguração da Estrada de Ferro de Petrópolis,
Irineu recebeu do Imperador Dom Pedro II o título de Barão de Mauá.
Em
26 de Junho de 1874 recebeu do Imperador Dom Pedro II o título de Visconde de
Mauá.
6 - O HOMEM QUE ESCREVEU
MUITO
O
Visconde de Mauá foi um grande escritor de cartas, bilhetes, contratos, relatórios,
projetos, artigos em jornais de diversos paises e outros tantos escritos. Sua
vasta correspondência pode ser encontrada em museus e instituições diversas
nas Américas, Europa e Brasil. Muito de sua correspondência se perdeu em um
incêndio ocorrido no Rio de Janeiro. Mauá escrevia em português, inglês e
espanhol. Naqueles tempos as cartas eram lidas não menos de um mês após
escritas, função das distancias e dos meios disponíveis de locomoção. Mesmo
assim o Visconde de Mauá dirigia seus negócios na Europa, Brasil e Região
Platina, com grande desenvoltura. Seu conhecimento dos paises e dos negócios o
levava sempre a prever situações que viriam a se confirmar no correr do tempo.
Seus comandados liam sua correspondência, não como algo escrito no passado mas
sim como previsões e providencias sempre muito atuais. Tudo que o Barão
previa, acabava se confirmando. Um dos seus maiores escritos foi sua conhecida
Exposição aos credores, quando da decretação de sua falência no ano de
1879.
7 - O EMPREENDEDOR
É
atualmente considerado como um simbolo para o empreendedorismo nacional. Foi
protagonista das principais iniciativas desenvolvimentista do seculo XIX. Suas
ideias são consideradas hoje como atuais e oportunas. Alguns autores consideram
Irineu como o precursor do atual Mercosul. Ao
longo de sua vida Irineu Evangelista de Souza fundou e controlou dezessete
empresas. Estas empresas estiveram distribuídas no Brasil, Uruguai, Argentina,
Estados Unidos, Inglaterra e França. Oito das dez maiores empresas do Império,
foram fundadas e controladas por Irineu. As duas empresas que não estavam sob
seu controle eram o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro Dom Pedro II, estes
eram empreendimentos sob o controle do Império do Brasil. Conforme registros
históricos sua fortuna no ano de 1867 estava estimada em 115.000 (cento e
quinze mil contos de reis). Neste mesmo ano o orçamento para o Império do
Brasil estava estimado em 97.000 (noventa e sete mil contos de reis).
8 - TEMPOS DERRADEIROS
Irineu
Evangelista de Souza, Barão de Mauá e Visconde de Mauá, faleceu
em Petropolis, estado do Rio de Janeiro em 21 de outubro de 1889, aos 76 anos . Foi
sepultado no mausoléu de sua família, no cemitério de São Francisco de
Paula, no bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro.
Seu falecimento aconteceu algumas semanas antes da Proclamação da Republica.
Foi um grande empresario, industrial, banqueiro, maçom e politico do Imperio
Brasileiro.
É
patrono do Ministério dos Transportes e pioneiro em várias áreas da Economia
do Brasil. Um de seus maiores feitos foi ter empreendido a construção da
primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Mauá, no estado do Rio de
Janeiro.
Algumas observações incomuns: Irineu nasceu com o Sol na constelação
de Capricórnio em uma terça feira de Lua nova, que passava pela constelaçao
de Peixes;
Morreu
com o Sol na constelação de Libra em uma segunda feira de Lua minguante, que
passava pela constelação de Virgem;
Irineu
viveu exatos 27.691 dias. Morreu 67 dias antes de completar 77 anos. Estava na
época com 76 anos, curiosamente o inverso do número de dias que faltavam para
seu próximo aniversario;
No
dia de seu falecimento estava Irineu com seus Biorritmos Físico e Emocional
negativos e seu Biorritmo intelectual estava positivo.
O
número síntese da data de seu nascimento ocorrido em 28/12/1813 é 8,
curiosamente é a síntese de minha Cadeira Nº 17, cuja síntese também é 8 ;
9 – BIBLIOGRAFIA e
FONTES DE PESQUISA
1. Caldeira, Jorge
Mauá: empresário do império;
2. Prefeitura de Arroio
Grande, RS;
3. Filme Brasileiro: Mauá
e o Imperador;
4. Enciclopédia conhecer,
Abril Cultural, Volume V;
5. Livros de historia em
geral;
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