Harmonia
e Coerência nas Ações
Fernando
Mariani
GOESUL
À
Glória do Grande Arquiteto do Universo.
O
Secretariado do GOESUL, liderados pelo Grão-Mestre, está seriamente empenhado
em assenhorear-se das rotinas administrativas em todos os setores que lhes são
afetos. O objetivo imediato é eliminar os focos de resistência à implantação
de uma forma mais econômica, ágil, eficaz e moderna de gerenciamento. O esforço
inicial recai sobre a varredura do entulho burocrático, a promoção de medidas
facilitadoras para a vida das Lojas e o bom relacionamento destas com o GOESUL.
O
objetivo é ousado. Porém, a rapidez de sua implantação supera as
expectativas mais otimistas. As visitas e viagens do Grão-Mestre e Secretariado
às Lojas estão dizendo tudo. Estão aproximando Irmãos, de parte a parte, na
visão da realidade vigente. A transparência, sob todos os pontos de vista,
produzindo seus efeitos salutares. E a grande maioria dos Irmãos demonstrando
marchar unida, de olhos abertos e com os pés no chão no mesmo rumo.
Tudo
isso, praticamente, sem nenhum custo para as Lojas. Diga-se de passagem que
todas as despesas estão sendo custeadas pelo bolso dos titulares dos cargos. Até
o tempo está sendo economizado em proveito da Ordem. Pois, é o único meio de
se poder estar em toda parte, quase ao mesmo tempo, para atender as necessidades
da Obediência.
O
Secretariado está regiamente recompensado por sua dedicação. Não só pelo
modo como o Grão-Mestre está sendo recebido nas Lojas em que visita; mas,
sobretudo, através dos pronunciamentos favoráveis às providências que estão
sendo tomadas. E, principalmente, através da disposição voluntária dos Irmãos
em manter vigilância para que não haja desvios nas metas traçadas. Atitudes
como essas, estão sendo interpretadas como a presença, em elevado grau, de
harmonia entre Grão-Mestrado, Lojas e Irmãos.
Para
o atendimento aos Irmãos, as rotinas estão sendo agilizadas de modo palpável.
São provas evidentes: os Boletins Administrativos que dobraram sua
periodicidade e o surgimento do Boletim Informativo a cargo da Secretaria de
Interior e Relações Públicas. Além disso, a Grande Secretaria da Guarda dos
Selos, também se adiantou: encontra-se seriamente empenhada na informatização
de seus afazeres. Brevemente, estará pronta para dirimir dúvidas sobre a situação
de qualquer Irmão.
No
entanto, é bom que seja divulgado que o nosso atual Grão-Mestre não visa
reeleição. Por isso mesmo, ele nada faz com objetivo de angariar a simpatia
movida por projetos pessoais. Tudo que faz ou deixa de fazer é em virtude da
Lei. Tanto que nem todas as suas decisões são simpáticas, embora justas e
necessárias.
Segue
um exemplo a título de ilustração. O Boletim Informativo número 001,
divulgou o não atendimento a pretensão de algumas Lojas de se isentarem de
taxas. A explicação das Lojas para os pedidos, via de regra, refere-se à
manutenção ou reparação dos seus templos.
Muito
embora essas explicações agucem o espírito de solidariedade de qualquer maçom,
não havia condições sequer de discutir o assunto por uma razão muito
simples: o GOESUL está sem dinheiro para se permitir qualquer generosidade ou
para atender qualquer pedido. Se tal informação estivesse à disposição dos
Irmãos, na época dos pedidos, eles, certamente, teriam sido evitados. Esse é
o nosso entendimento. No entanto, nada impede de se analisar, a luz da prudência,
pedidos dessa natureza, com vistas ao futuro.
Sob
o ponto de vista maçônico, a reflexão deve incidir sobre o seguinte ponto básico:
até que ponto uma Obediência pode ou deve ajudar, financeiramente, uma Loja
para esses propósitos? Deixando de lado julgamentos em causa própria, que, a
princípio, são parciais, buscamos uma resposta racional e justa para elaborar
uma diretriz válida para todos os casos.
Naturalmente
poderá haver muitas respostas racionais e justas, além da nossa. Por isso
mesmo, nosso objetivo é o de incentivarmos a reflexão visando o debate e o
consenso. Procuramos a verdade evidente por si mesma e não impor a nossa
verdade. Exemplificaremos nossa opinião valendo-nos de hipóteses.
Quando
uma Loja pede dinheiro, subsídios, isenções ou seja lá o que for, a pretexto
de manutenção ou construção, antes de tudo, por dever de justiça, uma
administração deve, fazer as seguintes perguntas. A primeira: o patrimônio da
Loja em questão pertence a quem? A segunda: na hipótese de tal
pedido ser atendido, alguém poderá ser prejudicado em sua boa fé, ou
no caso de nossa Obediência, no seu patrimônio material ou histórico, que é
inigualável em termos de Maçonaria no Brasil?
Duas
respostas são possíveis quanto à questão do patrimônio: ele é coletivo e
pertence a todos os Irmãos ativos, ou seja, o patrimônio está registrado no
nome do GOESUL ou, melhor ainda, do GOB, por exemplo; ou, pertence ao patrimônio
de uma Loja ou de alguma entidade a ela associada.
Se
o patrimônio pertence à Obediência, deveria haver um contrato, norma ou
regulamento que defina os encargos entre locadores e locatários de conhecimento
de ambas as partes. A resposta para a primeira possibilidade deveria estar
previamente traçada e, portanto, aplicada segundo os dispositivos legais. Não
deveria ficar ao bel prazer de uma das partes. Evitando, desta forma, desgastes
em pequenas causas, quando não demonstrações de prestígio, de autoridade, de
preferências veladas e até a ocorrência de possíveis equívocos ou injustiças.
A
outra resposta possível é quando o patrimônio do templo está registrado em
nome da Loja ou de outra organização. Neste caso esse patrimônio não
pertence à Obediência como um todo. Logo, os encargos administrativos dessas
Lojas que desfrutam de tais templos, sejam eles de manutenção ou de construção,
são de exclusiva responsabilidade dos proprietários ou usuários, na forma do
contrato com seus legítimos donos. Como não poderia ser diferente. Portanto,
sob o ponto de vista legal a Obediência nada tem a ver.
Por
que então uma Loja proprietária do seu templo, por exemplo, pede dinheiro a
Obediência para arcar diretamente com o ônus de sua construção, reparos e
manutenção ou, indiretamente, ao pedir descontos ou isenção de taxas para
carrear recursos para aquele fim?
Pedidos
dessa natureza, via de regra, são dirigidos as autoridades maçônicas
induzindo-as a violarem normas estabelecidas alicerçadas no princípio da
igualdade. Tais princípios visam o bem comum, logo, o interesse de todas as
partes envolvidas. Por uma questão de justiça a Maçonaria combate privilégios.
No entanto, é admissível entender que se o cumprimento de um determinado princípio
esta causando prejuízos maiores para a coletividade, ele deverá ser repensado
ou contornado, de modo justificado, para se evitar mal maior para todos. Porém
se a violação de um princípio pode, por outro lado, por em risco ou acarretar
prejuízos, tanto materiais como morais, para o patrimônio coletivo, seja ele
material ou histórico, de forma alguma deverá ser tolerada.
Em
princípio, “Insano não é quem pede é quem dá”. Assim apregoa a
sabedoria popular. Logo, é aquele que foi colocado na posição de possível
“doador” é que deve ter seus critérios estabelecidos. Não se pode guiar
apenas pelo coração e ser traído como estamos fartos de exemplos: Sansão foi
traído por Dalila depois de revelar o segredo de sua força, Esaú foi traído
por seu irmão Jacó devido à primogenitura, José também foi traído por seus
irmãos que o venderam como escravo e assim por diante.
Logo,
a razão e a justiça devem prevalecer. Uma vez que o ato de pedir é livre.
Entre maçons, que, em princípio, são bem intencionados até prova em contrário,
os pedidos devem incluir não apenas uma explicação de suas necessidades, mas
também uma justificativa moralmente aceitável dos possíveis prejuízos que
serão evitados para a coletividade com a sua concessão ou das vantagens que
esta obterá abrindo um precedente.
Enfim,
deve haver uma negociação limpa em que todos saiam ganhando. Que ninguém
fique maculado com a suspeita de estar se permitindo ser corrompido ao conceder
privilégios aqui e acolá com fins eleitoreiros. Como também, ninguém se
coloque na posição cômoda de amigo do rei, aproveitador, espertalhão ou
vigarista, em lugar de trabalhar fazendo promoções para arrecadar o que
precisa.
Guardadas
as devidas proporções, deixemos de lado, por um momento, nossos símbolos e
alegorias e vamos ilustrar nossa hipótese com um exemplo concreto, sem entrar
em maiores detalhes. Uma vez que objetivamos, na falta delas, destacar a
necessidade de cautela e transmitir os ensinamentos correspondentes. Não se
trata, pois, de ferir, por represália ou vingança, quem quer que seja, por três
motivos.
O
primeiro, é que, em nossa administração ninguém foi protagonista ou
figurante no episódio. Portanto, sem vínculos ou mágoas de qualquer natureza
pessoal, diferente da de qualquer Irmão ao tomar conhecimento dos fatos.
Em
segundo lugar, ainda que admitíssemos qualquer ressentimento de nossa parte, não
cremos que estivéssemos nos referindo a pessoas capazes de se sentirem
moralmente afetadas. Afinal, elas agiram livremente em consonância com seus
valores e suas consciências. Devem estar plenamente convictas de que agiram
corretamente e devem estar comemorando uma vitória.
Além
disso, não nos interessa julgar as pessoas e sim analisar o comportamento que
manifestaram enquanto Maçons. Se estes forem considerados reprováveis ou não
será uma questão de foro íntimo de cada um. Não haverá julgamento público
de pessoas, somente análise de comportamentos. Igualmente, ficará a cargo do
foro íntimo de cada um julgá-los ou não merecedores do título de Irmão.
Por
último, não é nosso propósito criamos polêmica ou inimizades em torno de
detalhes sobre fatos quando, no máximo, nos interessa apenas saber se
aconteceram ou não do modo com que nos foram transmitidos. Se não aconteceram,
devem ser consideradas meras lendas ou alegorias. O que nos interessa são
as lições que deles se podem extrair, visando diretrizes para procedimentos
futuros, independentemente de serem verdades ou ficções. Muito embora, se
forem realidades, sem dúvida, mais parecem ficções.
Consta
que uma certa Loja, pertencente ao GOESUL, que vamos resguardar o nome, pelos
motivos acima justificados, não podia ser caracterizada como fiel cumpridora de
suas obrigações, principalmente no referente aos pagamentos de metais à Obediência,
tanto no âmbito estadual como no federal. A propriedade do templo usado pela
Loja, era questionada, logo, estava isenta de aluguel. No entanto, solicitava
com freqüência, isenções de taxas e outros benefícios.
A
essa Loja foi concedida, inclusive, 5 anos de isenção de taxas do GOESUL. O Grão-Mestre
Estadual da época intercedeu a seu favor solicitando perdão das taxas cobradas
pelo GOB, no que foi atendido, e ainda a presenteou com um computador. Por último,
ela solicitou ao GOESUL uma ajuda para manutenção de seu patrimônio.
Inclusive, num período em que este estava, de corpo e alma, empenhado na
concretização do 5º Encontro de Maçons do Mercosul, amealhando recursos para
tal fim.
Diante
da impossibilidade de atender o pedido acima, o GOESUL foi literalmente
pressionado, para não mencionar outro termo, pela administração da referida
Loja. Inclusive, com ameaças de se desligarem do GOESUL e procurarem cobertura
em uma outra Instituição maçônica, dissidente do GOB, onde, segundo
afirmavam, o êxito já estava garantido no seu intento: era só aceitar uma
oferta.
Em
outras palavras, leiloavam o passe e o patrimônio histórico de uma Loja, cuja
carta patente foi emitida pelo GOB, com um só objetivo. Simplesmente, para se
furtarem a pagar as despesas miúdas, que se avolumaram com o descuido e o
passar do tempo. Despesas que
deveriam assumir como usufrutuários de um templo, o qual, não o construíram,
pois, sua propriedade foi conseguida através de usucapião, e que dele só se
beneficiaram sem lhe dar a devida assistência de sua obrigação. Um
procedimento considerado moralmente abominável a quem ostenta o título de maçom.
Pior
ainda, obtiveram êxito parcial na transferência das despesas e prejuízos
decorrentes da incúria, negligência e avareza para os demais Irmãos do GOESUL
e do GOB em dia com seus encargos. Quanto mais vantagens lhe concediam, mais
vantagens reivindicavam. Tudo isso na mais completa alienação aos objetivos
prioritários da Ordem.
Os
que, de boa fé, empenharam-se pessoalmente para lhes dar apoio, até o limite
de suas capacidades, sentiram-se vítimas
de inominável ingratidão. Amargam críticas e ficaram à mercê da compreensão
e da tolerância dos demais Irmãos também vítimas indiretas e muitas vezes
por eles preteridos. Além de tudo, essa Loja, até hoje, não pagou uma dívida
de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais) ao GOESUL, nem entregou a Carta Patente
que pertence ao GOB sendo, por isso mesmo, declarada irregular.
Segundo
consta, essa Loja teria recebido R$ 70.000,00 (setenta mil reais) para sair de
nossa Obediência. Judas Iscariotes, o mais famoso traidor de Cristo, segundo
consta, vendeu-o por trinta dinheiros. Tem a seu favor o fato de a história não
registrar, que, antes disso, com argúcia, tenha-lhe tirado dinheiro ou, dos
demais apóstolos com quem convivia, ou tenha deixado para trás qualquer outro
tipo de débito.
Errar
é humano. Porém, de modo algum se deve persistir em erro. Gato escaldado tem
medo de água fria. Logo, precisamos evitar, sobretudo, sermos usados como
inocentes úteis, ou promover condições para a ocorrência de estelionatos de
avental em nossa Obediência. Acreditamos que a grande maioria de nossas Lojas não
veja com bons olhos esse procedimento. Da mesma forma, que venham a se por à
venda diante dos valores oferecidos. Pelos menos algumas Lojas no GOESUL afirmam
já terem recusado ofertas semelhantes.
Certamente,
também, não será por este rumo que se fará à unificação da Maçonaria.
Depois dessa decepcionante experiência, na hipótese absurda de repeti-la, onde
ficaria a coerência com nossos fins supremos se nos permitirmos priorizar o
coração em lugar de dolorosas experiências e continuarmos a distribuir nossos
parcos recursos a rodo?
O
princípio da Igualdade, por exemplo: teríamos que admitir que alguns Irmãos
ou Lojas seriam mais iguais do que os outros. Em nossa Obediência alguns
estariam fadados a usufruírem benefícios e privilégios de seus antecessores e
de seus contemporâneos, enquanto outros estariam predestinados a sustentarem a
si mesmos e ao direito de estola ou benesses outorgados pelos primeiros em causa
própria?
Onde
ficaria o princípio da Fraternidade se incentivássemos os que entrassem em
nossa Ordem a explorarem e a coagirem os seus semelhantes a pagarem suas obrigações?
Onde
ficaria o princípio da Liberdade se, a cada momento, fossemos instados a
modificar orçamentos ou pagar tributos como condição para evitarmos prejuízos
provocados por pessoas ou grupos que se julgam merecedoras de privilégios para
permanecerem dentro de nossa Ordem?
Onde
se esconderia o senso de justiça cultuado pelos maçons para admitir tais
propostas?
É
bom que todos saibam haver Irmãos contraindo empréstimos pessoais, em bancos
para socorrer o GOESUL. Como explicar, para esses Irmãos, que se arriscam para
deixar a folha de pagamento dos funcionários do GOESUL em dia, que uma das
causas de seu sacrifício se deve ao fato paralelo de se estar contemplando
solicitações nada urgentes e, de uma ética no mínimo discutível?
Por
acaso Irmãos desse gabarito, que felizmente os temos, não teriam razão de se
sentirem indignados se, por exemplo, descobrissem que as petições provêm dos
que colaboram de modo contrário aos seus e, aos apelos da Obediência? O que
diriam se examinassem as listas de presenças de seus representantes nas convocações
e nos empreendimentos da Ordem? Seus nomes constariam, por acaso, como inscritos
no 5º Encontro de Maçons do Mercosul?
O
que dizer se, por coincidência, nenhum de tais Irmãos tivessem comparecido ao
maior Evento Maçônico do Século realizado no Rio Grande do Sul? Enquanto
isso, contrariamente a estes, outros Irmãos tivessem vindo de Estados longínquos,
ou até alguém tivesse atravessado o Atlântico, para prestigiar o Evento? O
que dizer também se Irmãos residentes nas proximidades do local do Evento não
comparecessem, ainda que desobrigados de despesas com passagens e hotel?
Como
se sentiriam os Irmãos que estão se sacrificando financeiramente ou com
trabalho árduo pelo GOESUL, ou mantendo as obrigações com as suas Lojas em
dia, ao perceberem que outros não lhe dão a devida importância, nem a sua
histórica Obediência a não ser na hora de dela se servirem?
Diga-se
de passagem que todo recurso malversado pela Obediência, em proveito imerecido
foi tirado de outros Irmãos que honram seus compromissos. No mínimo esses Irmãos
se sentiriam moralmente prejudicados. Mais ainda, se sentiria prejudicada a
Obediência que deles muito necessita mais do que outros, lamentavelmente. Creio
ser o suficiente para, desta forma, dar por respondida a segunda pergunta,
inicialmente formulada.
Muitas
outras perguntas podem ser formuladas sobre uma questão de interesse coletivo
sem visar agressões a nenhuma pessoa ou grupo de pessoas em particular. As
questões acima, visam expor fatos reais ou imaginários que possam contribuir
para uma profunda reflexão coletiva com a finalidade de se encontrar uma
harmonia de grau superior, isto é: harmonia não apenas nas palavras e nos efêmeros
aplausos, mas harmonia nas ações concretas. São estas ações, estas
harmonias produzidas entre os discursos e as práticas, que cativam o respeito e
elevam o prestígio de uma Obediência. Cada Irmão deve velar para que isso
aconteça. Trata-se de uma negociação em que todos saem ganhando e todos se
tornam dignos de confiança sem reservas.
O
primeiro passo para isso acontecer é nos unirmos e agirmos com vistas aos
nossos princípios éticos de Maçons. Antes de formularmos petições, devemos
por a mão na consciência e avaliar, antes de tudo, se estamos objetivamente
credenciados para tal através de ações. Lembrarmo-nos que todo auxílio
recebido de nossa Obediência foi repassado por outros Irmãos como nós. Cada
moeda recebida representa um símbolo da mútua confiança que deve existir
entre Irmãos; que se deve retribuir, de algum modo, na primeira oportunidade,
senão com dinheiro, com exemplos de fidelidade.
Quando um profano
é iniciado, primeiro ele faz o juramento e depois lhes é dada à luz. Primeiro
ele prova sua intenção de fidelidade aos compromissos, depois recebe os benefícios.
Esta é a seqüência normal e não o contrário: receber primeiro os benefícios
para depois escolher livremente se vai dar provas de fidelidade ou de traição.
Quando a Loja acima citada apropriou-se legalmente por usucapião do patrimônio
do templo, por exemplo, por que não assegurou seu direito de usufruto enquanto
existisse e colocado à propriedade no nome do GOB? Não seria uma prova de
fidelidade? Por que fez o contrário? Por acaso isso foi uma prova de
convencimento da dignidade da segunda maior Obediência do mundo, fundada em
1822, reconhecida mundialmente, com uma larga folha de serviços, inclusive,
comemorada por quem a ela não pertence, mas prestigiam seus feitos maçônicos?
Diga-se
de, por alto, que ainda que todas as Lojas existentes no Brasil fizessem parte
do GOB, nossa posição no pódio internacional ficaria inalterada tal é a
grandeza da Maçonaria Inglesa que ocupa o primeiro lugar. Logo, uma Loja a mais
ou a menos sob o ponto de vista quantitativo não provoca o mínimo abalo em
nossa Ordem. Porém sob o ponto de vista qualitativo, tanto pode acrescentar
quanto diminuir ou macular nossa Obediência em função dos princípios que norteiam suas ações.
Repetimos
o termo Obediência porque o GOB representa a Maçonaria Universal Regular e
Reconhecida no Brasil. O contrário de obediência é desobediência. E desobediência
é trair a confiança dos Irmãos ou retribuí-la com a ingratidão. Emprestar
dinheiro para amigos, como diz a sabedoria popular, é perder o dinheiro e
perder o amigo. Conceder isenções é o mesmo que doar. Compromete moralmente
muito mais o peticionário do que apenas receber emprestado.
Logo,
espera-se da parte deste último uma lealdade muito maior para com o doador
porque não há o compromisso da devolução da importância recebida. Quando
surge a perda de confiança, esta é muito dolorosa para o doador. Pois, este,
em nome dos compromissos fraternais que pensava vigorar, ressentia-se de não
poder sustentar a voracidade do peticionário. Por último, quando cai a máscara
do peticionário e se anuncia a ingratidão, a deslealdade e a traição; o
doador sente-se surpreso e humilhado em sua boa fé. Ainda mais quando o que foi
doado não lhe pertencia pessoalmente. Pertencia aos Irmãos. Estes o puseram em
suas mãos para aplicá-lo com discernimento e prudência, no que foi fraudado.
Para se evitar fatos dessa natureza, precisamos convocar os Irmãos para
nos unirmos e evitar qualquer tentativa de formar grupos distintos dentro de
nossa Ordem: os que devem servir de um lado e os que devem ser servidos de
outro. Nada melhor do que não repetir erros e não dar margens para se ensejar
sinais de desconfiança.
Como
dizia Bismarck: “Somente os tolos adquirem experiência às próprias custas,
eu prefiro adquiri-las as custas dos outros”. Façamos como Bismarck meus Irmãos.
Temas dessa natureza bem que mereciam a criação de uma nova lenda, à semelhança
da do terceiro grau, para que os ensinamentos pudessem ser divulgados, sem paixões,
a todos Irmãos da Maçonaria Universal. Quem sabe, com destaque na Internet,
para nos assegurar que fatos dessa natureza jamais pudessem novamente macular
qualquer Obediência, ou não. Reflitam sobre os temas citados e enriqueçam-no,
adicionando suas próprias observações, em benefício de qualquer Instituição
maçônica. Este é o meu apelo.
Liberdade,
igualdade e fraternidade para todos os povos.
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