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Ciência e Espiritualidade na Unidade e Dualidade e a contribuição da Maçonaria

  Acadêmico Ophir S. Dreger / Amlers - Cadeira Nº 3 

Em nossas pesquisas, deparamo-nos com o site “Somos Todos Um” e, nele, encontramos um artigo de uma colaboradora, Maria Guida, a qual, discorrendo sobre o tema Unidade e Dualidade, faz uma afirmação interessante: “Gostaria muito de poder dizer a todos os que me lêem que já consegui compreender e vencer o desafio da dualidade. Mas, infelizmente, como todos os que vivem neste planeta, estou mergulhada na matéria, e descobri que uma das conseqüências de estar encarnada é conviver com essa desconcertante tendência de dividir tudo o que é uno em dois opostos. O mais interessante, e digo interessante porque é algo que dá para entender intelectualmente, mas quase nunca aplicar no dia a dia, é que esses opostos em que costumamos ver dividida toda unidade, nem sempre precisam ser conflitantes.” Apreciamos a declaração  mesmo porque o tema é realmente interessante e complexo; é como adentrar num universo desconhecido, cujo conhecimento não pode, é claro, ocorrer num repente e sim de uma forma progressiva. É o que mostram os estudos a respeito dos opostos sob as mais diversas denominações, para só citar alguns:

Dualidade Gabriel-Lúcifer

Dualidade Cabalista

Dualidade Celeste

Dualidade do Ser

Dualidade Yang-Yin

Dualidade Onda-Partícula

Dualidade Absoluto-Relativo

Dualidade Absoluto-Liberdade

Dualidade Individual-Coletivo

Dualidade Poder-Liberdade

Dualidade de Jung

Dualidade Tidão

A existência material é dual e dentro desta realidade o Ser humano nasce, progride, degenera e retorna à origem; é o ciclo da vida durante o qual se procura, progressivamente, unificar a dualidade. Esse enfrentamento é saudável e, por isso, resolvemos ensaiar algumas linhas sobre o assunto. Claro está que não o esgotam e nem temos tal pretensão. Objetiva-se uma reflexão pelo leitor.

         Na antiguidade, a Unidade do Todo era nominada “En to Pan”, significando que o Todo é uno em sua realidade, substância, essência íntima e fundamental.[1] Tudo é oriundo da unidade, porque  nela tudo existe, vive, transforma-se. A exteriorização se processa sob a forma dual. A Lei da unidade do Todo, pois, consiste no  conhecimento e no discernimento  da diversidade material.

                   Esse diploma natural deve ser a bíblia do Ser humano e principalmente do maçom, porque o homem é uma unidade e, por isso, uno consigo mesmo; mas nessa unidade se encontra a dualidade.

         A Unidade é simbolizada pelo Ponto, do qual se originam todas as figuras geométricas e da dualidade e, nele, está contido o Mistério do Todo e do Infinito.

O Ponto sem dimensões é a imagem geométrica do Ser, da mesma forma que  número  um  é  o símbolo aritmético da Unidade. O ponto, assim considerado, produz um reflexo dual, que, partindo do ponto superior de um triângulo eqüilátero e ligando-se aos dois pontos do mesmo triângulo forma  um dos sinais da maçonaria: os três pontos. A propósito dessa figura geométrica, Zuleika Monteiro Bento [2] entende que  é “o “retrato simbólico de Deus, no qual o conhecedor, o conhecido e o conhecimento são um em três e três em um”. E, na mesma trilha, Magister[3] expressa que esses três pontos constituem o ternário  e resumem os mistérios da unidade, dualidade  e da trindade.  Ethiel Omar Cartes Gonzalez, da Loja Guatimozim do Estado de São Paulo, não difere,  e com muita propriedade [4]  afirma  que o ponto superior do ternário informa a existência do Princípio Fundamental, que é a Unidade: Deus, e desse ponto é gerada a dualidade, que se localiza nos dois pontos inferiores do ternário; uma vez unidos, retornam à origem, à unidade. Teobaldo Varoli Filho, igualmente, discorrendo sobre o Ponto, destaca sua importância, dizendo: “Ainda que se imagine ou afirme que o espaço seja o nada, nele sempre há um lugar que se exprime por um ponto (um). Se esse ponto se puser em movimento, formar-se-á uma linha (dois) e esta, por sua vez, forma uma superfície (três), mas a realização palpável está no sólido ou corpo”.[5] Os três pontos, pois, contêm o Mistério da Unidade, da Dualidade e da Trindade, o que equivale dizer: o mistério da origem de todos seres animados e inanimados. Parece claro que  a marcha do estudioso é partir dos pontos inferiores no sentido de chegar ao ponto superior, vale dizer, do Ocidente para o Oriente é que deve ser o caminhar,  na busca do reino do absoluto, da realidade, deixando para trás, o reino do relativo, da ilusão, simbolizado nas duas colunas maçônicas B e J, de cuja união resulta a multiplicidade dos fenômenos em nosso planeta. Ou, também, em outras palavras, penetrar no reino ilusório da dualidade, identificá-la somá-la ao já conhecido, eliminando, assim, a distância até a unidade. É oportuna a indicação do início do caminho por Teobaldo Varoli Filho:  “manda-se ao aprendiz meditar sobre esse tema, supondo o ponto como primeira manifestação”.E finaliza: “Esotericamente, o Mestre passará, então, a ensinar ao aprendiz o um, dois, três e quatro e sua correspondência com o princípio, verbo, atividade (trabalho) e substância” (ob.cit.) Correto, os reflexos duais do Ponto existem na diversidade material e, essa dualidade, que contém o ilusório, deve ser estudada para, uma vez conhecida, chegar-se à unidade, ao Todo, onde está a  realidade. Procedimento contrário é entrar no reino da ilusão como conseqüência da incapacidade do discernimento entre o real e o ilusório.

         René Guenon,  discorre sobre a unidade como fonte da dualidade de uma forma cristalina e precisa: ”Alguns julgaram que deveriam admitir dois princípios distintos, opostos um ao outro, mas esta hipótese está descartada”. E continua: “Com efeito, estes dois princípios não podem ser ambos infinitos, porque então se excluiriam ou se confundiriam; se só um fosse infinito, este seria o princípio do outro; e, se ambos fossem finitos, não seriam verdadeiros princípios, já que dizer que aquilo que é finito pode existir por si mesmo, é admitir que algo pode sair do nada, posto que todo o finito tem um princípio lógico senão cronológico. Neste último caso, em conseqüência, um e outro, sendo finitos, devem proceder de um principio comum, que é infinito, o que nos leva a consideração de um Princípio único. A Dualidade é então necessariamente produzida pela Unidade, pois não pode existir por si mesma”.[6] É a unidade caracterizando o Ser em seu Todo e a dualidade exteriorizando a sua existência material numa multiplicidade de formas, dualidade essa que inicia no domínio da Consciência fazendo a distinção entre “EU” e “AQUILO”. Esse autor mostra, com muita propriedade, os cuidados que devemos ter quando penetramos nas teias do imenso universo dual, onde as nossas consciências se encontram mergulhadas, para conhecer e desbravar os véus que escondem a verdade que se encontra na unidade, pois como também alerta Jorge Adoum: “ Embora tudo seja um, em realidade e essência, tudo se manifesta e aparece como dois”.[7]               

Somente unificando os aspectos duais em nossa consciência interna, será possível conhecer a realidade contida na unidade, eliminando-se, assim, a  multiplicidade ilusória contida na dualidade, pois é quando o “Eu  identifica-se com Aquilo; o Sujeito com o Objeto; o Conhecedor com o Conhecido, afastando-se, afinal, os véus que encobrem os Mistérios dos olhares humanos.

O conhecimento ordinário, pois, consiste em distinguir o sujeito  conhecedor  do objeto conhecido e esse fato ocorre no plano da ilusão; é a dualidade. É necessário superá-la para obter o conhecimento do Uno, que é a realidade, “ o que é”. Eis  o objeto da ciência, da filosofia, das religiões.

O estudo da  Lei do Todo, pois, é importantíssimo, principalmente  para a Maçonaria, vez que ela ensina o discernimento, o que permite o conhecimento progressivo, iniciando do Ocidente até o Oriente,  do relativo para o absoluto. É como afirma Magister com sua costumeira sapiência: “Conhecer a unidade do Todo, é conhecer a realidade, ‘o que é’ verdadeiramente; e não reconhece-la, ou admitir implicitamente que pode haver dois princípios fundamentais e antagônicos” (ob. cit). No mesmo sentido o entendimento de José Laércio do Egito: “Embora tudo seja UM em essência e realidade, tudo, porém só se manifesta como DOIS. Unidade e dualidade estão assim intimamente entrelaçados indicando o Reino Absoluto, e segundo sua expressão aparente e relativa, sem que haja nenhuma separação verdadeira entre estes dois aspectos (ou distintas percepções) da mesma realidade". "Assim como a unidade caracteriza o Ser, igualmente a dualidade expressa a existência em suas múltiplas formas, os pares de opostos que constituem o selo que marca o mundo dos efeitos. É a lei que governa toda manifestação.[8]

OS PLANOS MAÇÔNICOS

         Sabemos que a linha em si é infinita e, por conseqüência, também é o número UM. Sabemos, ainda, que no mundo das manifestações ela tem um começo e fim, logo três fatores: o ponto de partida, o ponto final, o ponto de/ intervalo entre os dois. Por isso, a linha Reta contém em si o número Três, ou seja três em um e um em três, que é o número chave para o mundo unidimensional, onde transita o Aprendiz Maçon. O comprimento, pois, é onde trabalha o Aprendiz Maçom e Três é o número do seu grau.

 

          1------------------------------------ 2------------------------------ 3

      Começo                                  Intervalo                                   Fim

 

Como a Linha Reta é constituída por uma série de pontos energéticos, cada um atuando com a mesma força e durante o mesmo tempo, todos saindo da primeira para a segunda dimensão, de cada um forma-se uma linha paralela e do conjunto dessas linhas surge uma superfície, um QUADRADO. E a morte do número UM, ou seja da UNIDADE

 

O Quadrado é quatro em um e um em quatro, resultando no surgimento de cinco Fatores. O primeiro é a linha de partida, o segundo a linha final, o terceiro é a linha do lado direito e o quarto a linha do lado esquerdo e o quinto a superfície não revelada entre as linhas. O número chave do mundo bidimensional é, portanto, o número cinco. Na superfície trabalha o Companheiro Maçom e cinco é o número do seu grau.

A Superfície consistindo em pontos energéticos, cada um atuando com a mesma força e ao mesmo tempo, todos passam para a terceira dimensão. Da superfície, pois, surge o Cubo, que nada mais é do que superfícies superpostas, sustentadas por outra linha energética denominada Altura. O cubo é, pois, seis em um e um em seis, consistindo em sete fatores, seis superfícies reveladas, o fato irrevelado e o conteúdo do cubo que é o sétimo fator. O número chave para o mundo tridimensional é, pois, o número sete, espaço este onde trabalha o Mestre Maçom.

 

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     A TRAJETÓRIA DOS GRAUS

Numa Loja Maçônica, onde se pratica o R\ E\ A\ e A\, podemos adiantar que o Ponto, que simboliza a Unidade do Todo, está no Oriente de onde se projeta de uma forma dual para o Ocidente, o mundo das imperfeições, as quais vão sendo escoimadas na medida da trajetória para o Oriente.

Essa Loja tem um formato retangular semelhante ao templo católico. Traçando uma diagonal nesse formato, surgem dois triângulos retângulos. Baixando uma perpendicular cruzando o vértice comum dos triângulos, teremos outro triângulo retângulo ligando as Luzes da Loja.

     FORMATO DA LOJA MAÇÔNICA  

1º Vig.

 

         A linha desse triângulo, que parte do Oriente para o Ocidente, na direção do 1° Vigilante, é o lado Norte, onde têm assento os Aprendizes. Igualmente, a linha que se dirige ao 2° Vigilante, é o lado Sul, onde têm assento os Companheiros. O espaço entre os vigilantes é a Câmara do Meio, onde transitam os MM.

 O Aprendiz, trabalhando, na Primeira Dimensão procura resposta "De onde viemos". O Companheiro, trabalhando na Segunda Dimensão, procura respostas " Para que viemos". O Mestre, trabalhando na Terceira Dimensão, procura resposta "Para onde vamos " ..


[1] Magister-Manual do Aprendiz

[2] “Renascendo na Luz”

[3] Magister-ob.cit.

[4] “Análise Simbólico e Histórico do Frontispício do Manual de Aprendiz”

[5] Curso de Maçonaria Simbólica

[6]  René Guenon - El Demiurgo-cap.I;parte I;Paris-1976-

[7] Citação de Jorge Laércio em “Simbolismo geométrico dos Números 0,1,2,3”

[8] “Simbolismo Geométrico dos Números 0,1,2,3”

 

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