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Árvore Genealógica - Nanci
   
                                                          Sobrenome de origem Aragonesa.

       Escudo Romero

ESCUDO DE ARMAS
  O escudo apresenta, em um fundo dourado e dividido em quatro,  dois ramos de alecrim (romero em espanhol significa alecrim )  e dois leões.

         

A família Romero na Espanha

Texto de Nanci Romero

           Alhabia, pátria querida!

     No ano de 1676, uma doença contagiosa devastava tão violentamente a população de Alhabia que, quando uma pessoa contraía a peste, sua casa era fechada com todos os moradores dentro para que não contagiassem outras famílias. É claro que isso aumentava a possibilidade de contágio para os que eram obrigados a permanecer presos, levando-os quase sempre à morte. Diante desse desespero, os cidadãos e o padre, D. Diego Gil Palomino, decidem escolher um padroeiro que interceda por eles a Deus, fazendo um voto de realizarem todos os anos, para sempre, uma festa (com missa, jejum e procissão) em homenagem ao escolhido. Desse voto público permaneceu a tradição da festa em homenagem à Santíssima Virgem da Visitação e a Nossa Senhora do Rosário (as chamadas Festas do Voto, realizadas por volta do dia 2 de julho) e um documento assinado por vários moradores da época, entre os quais, Juan de Romero, nosso provável antepassado.

    Entre 1676 e aproximadamente 1780, não há registros que informem sobre a família Romero que morava nesse pequeno "pueblo", localizado em uma região montanhosa, distante aproximadamente 30 quilômetros de Almeria, cidade praiana de Andaluzia, sul da Espanha. Mas foi por volta desse ano, final do século XVIII, que nasceu Francisco Romero. Ele cresce e se encanta com Luisa Segura, que morava no pueblo vizinho chamado Alsodux. É ali que devem ter se casado, na época das invasões napoleônicas, mas foi em Alhabia que nasceram os filhos Francisco Romero Segura, por volta de 1815, e José Romero Segura, em 1822. Vale a pena lembrar a forma empregada pelos espanhóis para dar nome aos filhos: eles sempre usam dois sobrenomes, sendo o primeiro o sobrenome do pai e o segundo o sobrenome da mãe. Francisco Romero, marido de Luisa e pai de Francisco e José, morreu com 60 anos.

       José casou-se duas vezes, na segunda com Maria Gutierrez Pascal, 16 anos mais jovem do que ele. Desse matrimônio cresceram dois filhos: Luisa e José Romero Gutierrez.

        Francisco  casou-se por volta de 1839 com Bernarda Gomez Tápia, filha de Francisco Gomez e de Maria Tápia. No ano seguinte nasceu Francisco Romero Gomez, que ficou conhecido como "El hermoso", ou seja, o formoso! Nessa época também moravam em Alhabia Andrés Gil e Maria Martinez, pais de Mariana e de Margarita Gil Martinez. "El hermoso" apaixonou-se por Mariana, com quem se casou em 1869. No ano seguinte nasceu Francisco, o primeiro filho, que morreu com oito meses de idade. Mas logo nasceu Juan e, mais tarde, Francisco. Infelizmente Mariana morreu jovem e Francisco Romero casou-se novamente, desta vez com Margarita, irmã da esposa falecida. Dessa união nasceram Angeles, Juan Diego, Mariana e Julio. Nasceram ainda Andrés, Pedro, Maria Consolación e outra Angeles, mas morreram todos na infância.

        "El hermoso" faleceu em 30 de junho de 1911, vítima de uma hepatite. Alguns meses depois, seu filho Juan Romero Gil, que nessa época também já estava casado pela segunda vez, parte para o Brasil. Dois anos mais tarde é a vez de Júlio deixar Alhabia. No dia 14 de maio de 1914, morre Margarita, viúva há quase três anos de "El hermoso", deixando Mariana, a filha caçula, solteira. Como a vida dos irmãos estava estabilizada no novo país e a Europa enfrentava a Primeira Guerra Mundial,  Mariana também embarca para o Brasil e nunca mais revê sua terra natal.

            Juan Diego passa um ano no Brasil, mas volta para Alhabia, terra onde ficaram sua mulher e filhos e que seus irmãos, Angeles e Francisco, nunca deixaram.

A família Romero no Brasil

            Pertencem diretamente a este ramo da família Romero os descendentes de Juan Romero Gil (João Romero), Julio Romero Gil (Júlio Romero) e Mariana Bernarda Maria Romero Gil (Mariana Romero), os três irmãos que deixaram Alhabia, vieram para o Brasil, moraram e morreram em Poá, no estado de São Paulo.

           Adiós, Alhabia mía!

            Era Natal de 1911, quando o navio Espagne atracou no porto de Santos. Fora uma longa viagem desde Gibraltar. Mas para a família de Juan Romero Gil a viagem começara antes, na pequena Alhabia, província de Almeria. De lá ele partira acompanhado dos quatro filhos do primeiro casamento e da esposa Deocasta Aguilera Cobos, com quem se casara no dia 5 de março do mesmo ano, na Igreja Paroquial de San Juan Evangelista, em cerimônia celebrada pelo padre Dom Manuel Lopez.

           Uma grande família?

             E que família grande: 15 filhos! Em média a cada dois anos, Juan Romero tornava-se pai novamente. Mas, infelizmente, como era comum na época, de cada três crianças que nasciam, uma morria. Com sua primeira esposa, Luísa Ramos Rivera, teve seis filhos em doze anos de casamento. Duas meninas morreram ainda bebê: Otília e Margarita. Após a morte da primeira esposa, casou-se com Deocasta, com quem teve nove filhos, todos nascidos no Brasil. Destes, três morreram antes de completarem dois anos de vida: Progresso, Júlio e Máximo.

           Persistência

            Provavelmente algum descendente de Progresso ou de Máximo Romero vai dizer que a informação anterior está errada, afinal esse é seu antepassado! Na verdade, Juan Romero era um homem persistente e isso se fazia notar até na escolha dos nomes para os filhos. Ele havia escolhido o nome Progresso para seu filho, como a criança morreu, ele colocou o mesmo nome no filho que nasceu meses depois. Isso também ocorreu com o nome do Máximo. Também acontecera algo semelhante ainda na Espanha: duas filhas têm praticamente o mesmo nome, Dolores. Mas para esse fato há uma outra razão. Na Espanha era comum homenagear parentes, por isso os nomes ficavam muito compridos. Além disso, como ainda hoje é comum encontrar numa mesma família duas ou mais Marias (Maria Luísa e Maria Lúcia, por exemplo) também era comum repetir o nome Maria de los Dolores. Dessa forma, Lola era Maria de los Dolores e Luísa também, só que seu nome completo era Maria de los Dolores Mariana Luisa Romero Ramos! Ufa!!              

           Profissão: pedreiro

            Juan começou sua vida no Brasil como pedreiro. Ele e seu filho Paco (Francisco Romero Ramos) trabalharam na construção de um dos grandes monumentos de São Paulo: a Igreja de Nossa Senhora da Consolação! “Em 1907, o prédio original da igreja da Consolação foi derrubado. Com a vinda de novos moradores e a criação de novas ruas, o templo antigo já não suportava tantas pessoas. A construção de um novo projeto ficou ao cargo do professor de arquitetura da Escola Politécnica, Maximiliano Hehl, responsável pelas catedrais da Sé e de Santos. Erguida em estilo românico-bizantino, a igreja agora recebe traços da arquitetura gótica em sua fachada, enquanto o seu interior segue características românicas. A obra demorou cerca de 20 anos para ficar pronta.”

           Muitas moradas...

            Pelo que se pode acompanhar através das certidões de nascimento e óbito, a família mudou de endereço algumas vezes. A primeira residência documentada é na Rua Angélica, 320, onde moravam em janeiro de 1913. Um ano e meio depois, em julho de 1914,  moravam na Rua Paim, 10-A. Cinco meses mais tarde, dezembro de 1914, já moravam na Rua Frei Caneca, 36. Passado menos de um ano, em novembro de 1915, estavam morando no Largo do Arouche número 1. De maio de 1917 a, pelo menos, dezembro de 1919 o endereço era Rua Amaral Gurgel número 1. A família conservou ainda a memória de ter morado numa chácara que dava para a Bela Cintra. As várias mudanças terminariam com a vinda da família para Poá no início de 1920. Mas antes disso...

           A vida é uma loteria!

            Os jogos de azar podem dar sorte... Júlio Romero ganhou num jogo (loteria? jogo do bicho?) uma quantia considerável (algo em torno de 10 contos de réis) e um de seus primeiros investimentos foi a compra de um terreno em Poá, pelo valor de 750 mil réis (menos de um conto, que seria um milhão de réis), no dia 21 de setembro de 1915, conforme registro no Cartório de Mogi das Cruzes. Talvez seja difícil para uma pessoa de nosso tempo entender um fato interessante que se deu nessa compra: Júlio não comprou o terreno em seu nome apenas, mas também no de seus irmãos João e Mariana. Ainda não era um mundo de cada um por si e ninguém por todos. Essa atitude demonstra também uma forte ligação entre esses irmãos. Porém, apenas parte desse terreno, que hoje se chama Vila João Romero, ainda pertence aos seus descendentes. Já no ano de 1921, um ano depois do casamento de Júlio e estando Mariana também casada, foi feita a divisão em partes iguais, ficando cada irmão com um terço do terreno, conforme consta na escritura de divisão feita no Cartório de Poá. Mais tarde Júlio vendeu parte de sua propriedade para os Torlay, parentes de Pepina e outra parte para Walter Rocha, daí o atual nome de chácara Rocha, mas que pertence à Prefeitura de Poá. Mariana também vendeu sua parte, que hoje pertence, entre outros, à família Denobile.

           1919: o ano

            Aos dois de janeiro de 1919, Deocasta Aguilera Cobo compra de Lindolpho de Oliveira Braz, por 380 mil réis, um lote de terra medindo 20 metros de frente por 197 metros de fundo, localizado na antiga estrada que vai a Itaquaquecetuba (atual Avenida Vital Brasil), no lugar denominado Poá Velho, conforme se encontra na escritura lavrada no 12º tabelião de São Paulo, livro 38, página 74 verso, e registrada em Mogi das Cruzes, no 1º cartório, em 8 de janeiro de 1919. Nesse terreno foi construída uma casa (onde nasceram os filhos mais novos) e um salão, que funcionava como armazém. Mais tarde esse salão abrigou uma escola. A construção existe até hoje (ano de 2005), mas não pertence mais à família Romero e no salão funciona uma casa de tintas.
            No dia 24 de março do mesmo ano, morreu, com quase dois anos de idade, Julio Romero Aguilera, filho de Juan e Deocasta, vítima de "pleuris purulenta", conforme atestado de óbito emitido pelo doutor Godofredo Wilhem. Como Julinho não aparece na foto da família de 1919, é muito provável que ela tenha sido tirada mais perto do fim do ano, pouco antes da mudança para Poá, que seguramente ocorreu antes de maio de 1920, nascimento de Germinal Romero, primeiro Romero poaense!

           Na foto estão, da esquerda para a direita, em pé: Lola, Glória, Paco e João Romero; e sentados, também da esquerda para a direita: Luísa, João Romero (filho), Progresso e Deocasta Aguilera Cobos. E também o Germinal... Tentem encontrá-lo!

           Esta foto foi tirada por volta de 1933. Estão sentados Mariana Romero, Francisco Ramos e a pequena Mariana (Nenê). Em pé, à esquerda, Angeles, no centro, Jandira, a filha mais velha, e Marina, à direita e de laço branco na cabeça, Lídia.

           Esta foto foi tirada em 1920, no dia do casamento de Julio Romero e Pepina Laterza.

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Poá e a família Romero

Texto de José Peres Romero

            A sorte ajuda a chegar a Poá.

            O tio Júlio ganha na loteria no ano de 1915 e compra alguns hectares na antiga estrada Bandeirante que, de Itaquera, na cidade de São Paulo, vai a Itaquaquecetuba, passando por Poá. O sonho vitícola do famoso Dr. Luís de Pereira Barreto e dos Romeros, que era plantar uva e fazer vinho para os imigrantes, começa a tornar-se realidade. O entusiasmo dessa atividade é interrompido pela calamidade da gripe de 1918, a Gripe Espanhola, quando Juan Romero e seu irmão Juan Diego salvam a família da morte, aplicando o naturismo do Dr. Luís Kuhne. Tomar sol em vez de cama, banhos frios e muito suco de frutas, em especial de laranja.

            Religião e o padre Eustáquio de Poá.

            Juan Romero era agnóstico, mas muito amigo desse querido padre, com quem discutia religião, afirmando que o homem de um modo geral é irracional, com vícios e crimes que os animais jamais fariam. E concluía: daí a necessidade da religião para pedir perdão de seus pecados.

            Uvas de Poá e Espanha.

            Juan Romero, com a ajuda dos filhos e também de seu irmão Juan Diego, que trabalha de sol a sol, fazendo, com enxadão, terraços de base larga  para plantar videiras, como na sua terra, cultiva uvas em Poá com grande êxito e torna-se também importador das famosas uvas de Almeria, na Espanha. A família progride bastante, mas infelizmente a guerra civil espanhola de 1936, seguida pela grande guerra mundial de 1939 a 1945, acaba com o sucesso comercial das uvas. Daí em diante só fazer vinhos branco e tinto torna-se mais viável. Juan Diego,que viera mais tarde, retorna à Espanha.

            Reminiscências.

            Criança ainda, me lembro das barricas de uvas importadas, preenchidas com rolha moída e de cachos de mais de meio metro da deliciosa "Golden Queen", que o avô Juan Romero teimava em produzir em Poá. Poá adquire fama, sendo visitada por gente apreciadora das uvas e vinhos.

            Anos de paz, do Clube Concórdia, de famílias unidas pela amizade e pelo casamento, fazendo com que o avô tomasse umas e outras cantando: "El dia que me muera tengo ya dispuesto en el testamento que me han de enterrar en una bodega, al pié de una cuba con un gajo de uvas".

         

Antonio Romero

Deocasta Aguilera Cobos

Durvalina Francisco Romero

Francisco Romero Gomes

João Romero Gil

Nanci Romero

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