A FELICIDADE
A felicidade é um estado constante, inalterável,
que não pode encontrar nem no que se deseja nem
no que nos falta, senão no que possuímos.
Os prazeres não são senão felicidades instantâneas
que não nos podem granjear aquela continuação e
permanecia, aliás tão necessária à nossa felicidade.
Da mesma maneira, os bens da fortuna, a glória e
todas as vantagens que dependem dos azares da sorte
e dos caprichos dos homens não pedem dar ao nosso
espírito aquela estabilidade de que depende a sua
felicidade, nem banir as inquietações que soem
perturbá-la. Os prazeres sensuais, esses ainda menos
capazes são de produzir o contentamento e a paz
d'alma, pois, por mais variados que sejam, afinal
sempre nos arremessam na languidez e no tédio.
Em uma palavra: Os objetos externos não podem
dar ao homem uma felicidade contínua, o que seria
impossível assim pela natureza do mesmo homem
como pela natureza das coisas.
Deve, pois, o homem estabelecer dentro de si mesmo
uma felicidade inalterável, a qual só pode ser
produzida pelas virtudes morais e, mormente, pelas
religiosas.
...Nenhum poder sobre a terra é capaz de roubar ao
homem virtuoso o prazer sempre novo, a consolação
de entrar em si mesmo e de contemplar com satisfação
a paz e harmonia de só'alma. Esta é a consolação e
felicidade que a moral propõe a todos os homens, ainda
nesta vida e seja qual for o seu estado e condição; e
por esta felicidade sólida e permanente, aconselha-lhes
sacrifiquem paixões cegas, caprichos indiscretos,
prazeres momentâneos; pelo que toda a vida do homem
virtuoso e benéfico não é senão uma serie de memórias
consoladoras e de deliciosos prospectos.
(O Carapuceiro, numero 21, de 11 de junho de 1842.)
Ramón Enrique Nazar
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