Carlos Eduardo Bleck
(resumido a partir da Hist�ria da For�a A�rea Portuguesa, por Edgar Pereira da Costa Cardoso)
Embora o seu pai fosse ingl�s Carlos Bleck optou pela nacionalidade portuguesa, no que sentia um sincero orgulho, sempre demonstrado nos seus actos de fervoroso patriotismo e como se verifica em v�rias afirma��es do seu primoroso livro Rumo � �ndia, publicado em 1962.
Apenas com 19 anos efectuou o seu baptismo de voo no Grupo de Esquadrilhas de Avia��o da Rep�blica, na Amadora, num curto voo de 15 minutos, no Br�guet n� 23, pilotado pelo tenente Pais de Ramos e de tal forma se entusiasmou que dias depois, a 21 de Novembro, foi admitido, na Escola Militar de Avia��o, como candidato, a fim de obter o seu "brevet" de piloto aviador civil.
E nesse dia como aluno piloto deu a sua primeira volta de "duplo comando" num Caudron G-3, tendo como instrutor o tenente Ant�nio Dias Leite.
Dias depois, por raz�es de ordem particular, teve que abandonar o curso. Mas n�o desistiria e voltaria a Sintra tr�s anos depois, para a 9 de Junho de 1925, obter no "Caudron G-3" n� 26 o seu diploma de piloto aviador civil, o primeiro conseguido no nosso pa�s, numa escola de Avia��o Militar.
Logo no ano em que se brevetou, pensou com um aviador militar realizar a liga��o Lisboa-Angola-Mo�ambique, com um Fairey III-D, mas n�o conseguiu deferimento para a sua pretens�o.
Em 1927 adquiriu o seu primeiro avi�o, um "Moth-Cirrus" a que p�s o nome de Portugal - o primeiro avi�o que recebeu uma matr�cula civil, o "CP-AAA", fazendo em Inglaterra um curso de aperfei�oamento em apenas em 40 horas de voo, fez a viagem Londres - Tancos - Lisboa.
Em 1928 descolou de Alverca com destino � �ndia, no dia 9 de Fevereiro, a bordo do seu de Havilland "Moth-Cirrus" de 90 CV, Portugal .
Infelizmente, uma avaria no motor obrigou-o a uma aterragem de emerg�ncia, em pleno deserto da Ar�bia, ficando o seu aparelho destru�do e com ele o seu sonho ardente de chegar � �ndia.
Carlos Eduardo Bleck tinha percorrido 7.300 km, ou seja, metade da dist�ncia que o separava do seu objectivo, tendo feito escala sucessivamente em Melilla, Oran, Alger, Bizerta, Tunis, Tripoli, Bengasi, Tobruk, Cairo e Gaza.
De car�cter intemerato e fibra de her�i, Carlos Bleck n�o era homem para desistir e assim logo nesse ano sonha realizar com um avi�o "Bellanc" a travessia do Atl�ntico Norte (de ocidente para oriente) em voo solit�rio, com partida de Nova Iorque. Todavia esbarrou com dificuldades materiais que superaram os seus recursos, e n�o encontrou o m�nimo apoio de outr�m para levar a cabo t�o ousado empreendimento, verdadeira r�plica � proeza de Lindbergh.
Em 1929, com Jorge Castilho, Pais Ramos e Manuel Gouveia preparou a liga��o Leste-Oeste do Atl�ntico norte. O avi�o escolhido era um Dornier-Wal, motores Lorraine e as escalas seriam A�ores e Bermudas. Dificuldades materiais e governamentais ainda, mais uma vez, o fizeram desistir.
Mas Carlos Eduardo Bleck n�o era homem para desanimar e, em 1930/1931 fez, com Humberto da Cruz, a liga��o Lisboa-Angola-Lisboa com um "de Havilland" "Moth-Gipsy II" de 120 CV a que puseram o nome de "Jorge de Castilho".
Carlos Bleck n�o parou. Em 1923 esteve quase a realizar Lisboa-Rio de Janeiro sozinho, com um "de Havilland" "Leopard-Moth"
Em 1934 teimou e, agora sozinho, voa de Portugal a Goa vingando-se dos azares sofridos em 1928.
E para fecho da sua actua��o de aviador de grandes raids ainda descolou, em 1935, com Costa Macedo, da pista de Sintra para tentar estabelecer o record Lisboa-Rio de Janeiro a bordo do bimotor "de Havilland" "Comet" mas uma avaria ap�s alguns metros de rolagem, obrigou-os a desistir.
Fez Carlos Bleck parte da direc��o do Aero Clube de Portugal que organizou a primeira escola de avia��o (1930) e exerceu a sua actividade, durante largo tempo, em sectores ligados � avia��o.
Assim, foi um dos fundadores da Companhia de Transportes A�reos e fez parte do Conselho de Administra��o dos Transportes A�reos Portugueses (TAP).
Carlos Bleck foi durante muitos anos o representante em Portugal da empresa "de Havilland" e o prestigiado editor ingl�s Putnam, no livro dedicado a este fabricante, faz refer�ncia � viagem a Goa, realizada a bordo de um DH 60 IIIG "Moth-Major", referindo ainda que Carlos Bleck possu�u, alternadamente, todos os diferentes modelos que a "de Havilland" �a concebendo.
