AS IDADES DA HUMANIDADE

A princípio, os homens criados pelos deuses gozavam de uma vida paradisíaca, muito próxima à dos Imortais, vivendo ao abrigo do mal, da fadiga e das doenças. A raça humana conheceu os infortúnios que hoje nos assolam devido à curiosidade de Pandora, que ao abrir a caixa que trouxera do Olimpo como presente de núpcias a Epimeteu, dela evolaram todas as calamidades e desgraças que existem atualmente.
Cabe aqui lembrar a semelhança dessa mitologia com a cristã, que assume os primeiros homens, Adão e Eva, como desprovidos de pecados, e por isso livres para viver no Éden, até que Eva caiu em tentação e comeu a maçã ofertada pela serpente. Expulsos do paraíso, eles levaram consigo a marca do "pecado original", que até hoje toda a humanidade carrega, tendo que pagar com sofrimento e misérias até o momento da morte...
Interessante (pero no mucho!!) a coincidência da figura feminina como a responsável pelas mazelas humanas atuais, ambas devido à curiosidade e fragilidade de caráter (sugerindo ser a mulher mais facilmente manobrável)...
Na mitologia grega, desde os homens originais até os atuais passaram-se cinco Idades, sendo quatro delas aparentadas com um metal, cuja hierarquia se ordena do mais precisos ao de menor valia: Ouro, Prata, Bronze e Ferro. Intercalada entre as duas últimas está a Idade dos Heróis.
Nas primeiras Idades (Ouro e Prata) há nítido predomínio da Dike (justiça); nas seguintes Idades (Bronze e Heróis) reina a Hýbris (violência). A última idade, a do Ferro, está vinculada a um mundo ambíguo, definido pela coexistência de contrários: o bem se contrapõe ao mal, o homem opõe-se à mulher, o nascimento à morte, a abundância à penúria, a felicidade à desgraça. Dike e Hýbris coexistem, oferecendo aos homens de Ferro duas opções igualmente possíveis, entre as quais compete à cada um escolher...

OURO
Os primeiros homens criados pelos deuses formavam a Geração de Ouro. Enquanto Crono reinava no Olimpo, esses homens viviam sem os sofrimentos do trabalho ou problemas rotineiros. A terra lhes oferecia todos os seus frutos em abundância, nos campos pastavam esplêndidos rebanhos e as atividades do dia eram feitas com tranquilidade. Esta geração também desconhecia os males causados pelo envelhecimento e, chegada a hora da morte, simplesmente adormeciam em um sono suave, tornando-se daimones (demônios, entidades intermediárias entre os deuses e os homens).

PRATA
Em seguida os Imortais, já sob o reinado de Zeus, criaram uma segunda geração de homens, a Geração de Prata, que não se assemelhava à primeira nem quanto as formas do corpo nem quanto a mentalidade. Por cem anos as crianças cresciam, ainda imaturas, sob os cuidados maternos e, quando atingiam a adolescência, só lhes restava pouco tempo de vida. Atos irracionais precipitaram essa raça na miséria, pois os homens não eram capazes de moderar as suas paixões e, arrogantes, cometiam crimes uns contra os outros. Os altares dos deuses não eram honrados com oferendas e por isso Zeus retirou essa geração da terra. Ainda assim, esses homens tinham tantas qualidades que, após sua morte também tornavam-se daimones. A diferença crucial é que, enquanto os daimones de ouro vigiavam a piedade dos reis, os de prata atuavam de baixo para cima, podendo vagar pela terra como demônios mortais.

BRONZE
Então Zeus criou a Geração de Bronze, cruéis e violentos, essencialmente militares e belicosos. Os homens dessa geração não comem pão, ou seja, não se ocupam dos trabalhos da terra, alimentando-se apenas da carne dos animais. Não são aniquilados por Zeus, mas sucumbem na guerra, uns sob os golpes dos outros. Filhos da lança, indiferentes à Dike e aos deuses, os homens de bronze após a morte eram lançados ao Hades, onde se dissiparam no anonimato da morte.

HERÓIS
A quarta idade é a dos Heróis, uma raça mais justa e mais brava, se autodenominando semideuses. Subdividiram-se em dois grupos: os heróis que seguem a Dike, e aos quais coube viver na Ilha dos Bem-Aventurados após a morte, e os heróis que se deixaram embriagar pela Hýbris, sendo lançados ao Hades após a morte. Bem como os homens de bronze, ali se tornavam nónymoi, os mortos anônimos...

FERRO
"Não tivesse eu que viver entre os homens da quinta idade; melhor teria sido morrer mais cedo ou ter nascido mais tarde, porque agora é idade de ferro..."(Hesíodo, Trab., 174).
Totalmente arruinados, essa raça não tem sossego, vivendo em meio a problemas, preocupações e misérias, queixosos de seu destino. Apesar dos deuses sempre lhe enviarem novas e piores provações, eles mesmos são a causa de seus problemas. O pai é inimigo do filho, bem como o filho o é do pai. Entre os homens já não existe o amor cordial e em toda parte só prevalece o direito da força. A necessidade de sofrer e batalhar pela terra para obter sustento é para o homem o mesmo sofrimento suportado pela mulher, em sua necessidade de gerar: ambos são condenados a suportar diariamente a angústia e a incerteza do amanhã.
Pandora cerrou na caixa apenas a Esperança, que é o que faz os homens de Ferro continuarem vivendo, esperando o dia em que seu sofrimento será recompensado... E assim é até nossos dias, pois que somos a raça de Ferro.
 
 
 
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