O Último Dia

 

 

 

 

Eu vos admiro, pela vossa teimosia.

 

Eis que procedeis como se as pequenas coisas da vida fossem mais importantes que a própria vida. Como se não fosse o tempo o vosso maior capital, e as alegrias do dia-a-dia os juros que ele vos rende.

 

Deixais de alegrar-vos pelo que tendes, e por tudo de bom que vos cerca, para angustiar-vos pelo que vos falta e pelas contrariedades que vos aparecem.

 

Assim, desperdiçais o tempo que tendes para ser felizes.

 

 

 

Procedeis como o viajante que, em vez de deliciar-se com o fresco banho nas águas do rio, irrita-se com a grama alta que lhe dificulta um pouco o acesso.

 

E pareceis não saber que recebeis de volta o que espalhais. Como a roseira, ao oferecer à mão ansiosa o espinho que fere, apenas recebe a revolta do magoado; e quando, ao invés, oferece a rosa entreaberta, receberá o carinho que a beleza faz nascer.

 

Quantas vezes, ao realizardes um desejo, a vossa alegria é empanada por não terem as coisas acontecido exatamente como seria da vossa vontade? E não seria mais sábio que vos entregásseis à alegria de vê-lo realizado, que ao aborrecimento pelas pequenas diferenças?

 

Eu vos tenho dito e repetido que, embora a Vida não conheça a morte, é curto o tempo de cada uma das suas etapas.

 

E, desde que não podeis entender a viagem como um todo, é sábio que busqueis toda a felicidade que vos for possível, em cada uma das suas fases. Para que, quando vos surpreenda a mudança, o desperdício não pese em vossa consciência.

 

Assim, lamentais a falta de entes queridos que vos deixaram. Acaso aproveitastes o tempo em que convosco estiveram, para juntos serdes felizes? Ou o desperdiçastes em afligir-vos por coisas outras?

 

A verdade é que o tempo não vos pertence; marca, apenas, as etapas da vossa viagem. E, assim sendo, não vos é dado determinar ou,sequer, saber qual será o último dia de cada passagem.

 

Pois o homem não inventou o tempo, mas maneiras de medi-lo. Como não inventou o mar, e sim os navios; ou o vento, mas os moinhos que o aproveitam.

 

Eis que todas estas coisas já existiam, antes da vossa chegada a este mundo. E, se não as vedes como provas de que existe um Pai que vos ama, não sei como isto eu vos poderia provar.

 

Se, entretanto, assim as vedes, se acreditais na existência deste Pai, sabeis que a vossa primeira obrigação é a de serdes felizes. E a segunda é espalhar esta felicidade, semeá-la entre os vossos irmãos.

 

Pois, se o vosso maior desejo é ver felizes os vossos filhos, como poderia ser outro o anseio de um Pai melhor do que vós ?

 

Por isto, eu vos digo que tudo tendes para serdes felizes. Assim o quer o Coração do Universo, e a sua Divina mão tudo providenciou para suprir as vossas necessidades.

 

Entretanto, assim como tudo podeis dar aos vossos filhos, mas não lhes podeis outorgar a felicidade, que de seus próprios corações depende, assim também acontece entre vós e o Pai.

 

E, assim como às vezes os vossos filhos necessitam de castigos, assim também convosco acontece; porque, como eles, necessitais aprender, para que possais atingir ao conhecimento.

 

Percebei, entretanto, que fazeis os vossos próprios castigos.

 

E assim procedeis quando vos entregais à angústia da frustração, desprezando a felicidade de usufruir do que tendes; ou à irritação da contrariedade, esquecendo que só a calma constrói obras perenes.

 

Imaginai, por um instante, que este tenha sido o vosso último dia.

 

E deixai que eu vos pergunte: assim sendo, o teríeis vivido como o vivestes? Seriam as mesmas as vossas reações, do mesmo jeito teríeis tratado àqueles que vos são caros ao coração? Da mesma forma vos entregaríeis aos aborrecimentos que tivestes?

 

Ou teríeis aproveitado o tempo para sentir o calor do sol, a frescura da água, a beleza do mundo? Para desfrutar da companhia daqueles a quem amais, para envolvê-los em vosso carinho e sentir o seu amor por vós?

 

Deixai, agora, que eu vos pergunte: de que forma teríeis sido mais felizes? Como seria melhor usado o vosso tempo, qual destas maneiras seria mais grata ao vosso verdadeiro Eu?

 

Tentai, pois, viver da forma que melhor vos pareça; escolhei  a que mais vos possa fazer felizes. E fazei isto em todos os dias, para que não desperdiceis aquilo que vos deu o Pai.

 

 Quem vos garante que amanhã não será o vosso último dia?

 

 

              

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