O Amor e a Procura
Desejais que, mais uma vez, vos fale sobre o Amor.
E, assim, não percebeis que é ele que fala pela minha boca e busca derramar-se sobre vós.
Como não percebeis que o Amor está em vós, e é a razão de todos os vossos atos e pensamentos. Em verdade, o menor gesto de cada homem é ditado pelo amor; ainda que seja a si próprio.
Eis que buscais o Amor, por toda a vossa vida; e, cegos pelos vossos conceitos, o procurais onde não está. Mesmo assim, não podeis deixar de sentir a sua presença.
Vedes o Amor nas flores, e ele está no perfume;
Vedes o Amor no sexo, e ele está no prazer;
Vedes o Amor na posse, e ele está na entrega.
O Amor não é o sol, mas o calor; como não é a lua, mas o encanto que em vós desperta a sua beleza.
Eu vos tenho visto a derramar lágrimas amargas, ou a sorrir sem motivos; e dizeis que o fazeis em nome do Amor.
Errais, entretanto, em cada um destes casos. Pois não é o Amor que vos provoca as lágrimas ou os sorrisos; antes, a frustração ou a esperança.
O Amor apenas existe; e vos preenche. Está em vós, como a inocência na criança e o desencanto no idoso; e mesmo a inocência e o desencanto resultam de como cada um vê o Amor.
Pois a criança o encontra em seus brinquedos, em seus pais, em toda a sua volta; enquanto o idoso o culpa por seus próprios erros e sofrimentos passados.
Vivei o Amor.
Não o questioneis, nem procurai explicá-lo. Como tudo que vos pode fazer felizes, ele é natural em vós.
Deixai, apenas, que se liberte e vos fale ao coração. Que vos traga a ternura e o desejo, as sensações da entrega e companhia.
Assim, vos libertareis das suas ânsias. Que, na verdade, não são as ânsias do Amor, mas as dos vossos próprios desejos.
E ninguém mais precisará falar-vos sobre o Amor. Nem mais precisareis buscá-lo.
Porque o encontrareis na beleza de um instante, no som de uma música, no desabrochar de uma flor.
E o encontrareis no sol e na lua, nos rios e nos mares, na terra que vos suporta o peso e no céu que vos parece envolver.
Sim; encontrareis o Amor a todos os instantes, em tudo que vos cerca, depois que o tiverdes encontrado onde realmente está:
dentro de vós!