Campanha do Brasil em Copas
1930 - 1962 / 1966 - 1982 / 1986 - 1994


Uruguai
Copa do Mundo de 1930

Primeira Fase - 1o Jogo:


Brasil 1 x Iugosl�via 2

Data: 14/Julho/1930
Local: Central Parque Pereira
Cidade: Montevid�u (Uruguai)
�rbitro: A. Tejada (Uruguai)
T�cnico: P�ndaro
Brasil:
Joel; Brilhante e It�lia; Herm�genes, Fausto e Fernando; Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Te�philo.
Gol: Preguinho


Primeira Fase - 2o Jogo:


Brasil 4 x Bol�via 0

Data: 22/Julho/1930
Local: Est�dio Centen�rio
Cidade: Montevid�u (Uruguai)
�rbitro: J. Badway (Fran�a)
T�cnico: P�ndaro
Brasil:
Velloso; Z� Luiz e It�lia; Herm�genes, Fausto e Fernando; Benedicto, Russinho, Carvalho Leite, Preguinho e Moderato.
Gols: Preguinho (2) e Moderato (2)


Itália
Copa do Mundo de 1934

Oitavas-de-Final:


Brasil 1 x Espanha 3

Data: 27/Maio/1934
Local: Stadio Comunale Marassi
Cidade: Floren�a (It�lia)
�rbitro: A. Birlem (Alemanha)
T�cnico: Luiz Vinhares
Brasil:
Pedrosa; S�lvio Hoffmann e Luiz Luz; Tinoco, Martim Silveira e Canalli; Juiz M. Oliveira, Waldemar de Britto, Armandinho, Le�nidas da Silva e Patesko.
Gol: Le�nidas da Silva


França
Copa do Mundo de 1938

Oitavas-de-Final

Brasil 6 x Pol�nia 5

Data: 5/Junho/1938
Local: Stade de la Meinau
Cidade: Estrasburgo (Fran�a)
�rbitro: I. Eklind (Su�cia)
T�cnico: Adhemar Pimenta
Brasil:
Batatais; Domingos da Guia e Machado; Zez� Proc�pio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Romeu Pellicciari, Le�nidas da Silva, Per�cio e H�rcules.
Gol: Le�nidas da Silva (3), Per�cio (2) e Romeu Pellicciari.
Obs.: tempo normal, 4 x 4; prorroga��o, Brasil 2 x 1


Quartas-de-Finais


Brasil 1 x Tchecoslov�quia 1

Data: 12/Junho/1938
Local: Parc de Leseure
Cidade: Bordeaux (Fran�a)
�rbitro: P. Hertzka (Hungria)
T�cnico: Adhemar Pimenta
Brasil:
Walter; Domingos da Guia e Machado; Zez� Proc�pio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Romeu Pellicciari, Le�nidas da Silva, Per�cio e H�rcules.
Gol: Le�nidas da Silva
Obs.: prorroga��o, 0 x 0


Quartas-de-Finais - Jogo-Desempate


Brasil 2 x Tchecoslov�quia 1

Data: 14/Junho/1938
Local: Parc de Leseure
Cidade: Bordeaux (Fran�a)
�rbitro: G. Capdeville (Fran�a)
T�cnico: Adhemar Pimenta
Brasil:
Walter; Ja� e Nariz; Britto, Brand�o e Argemiro; Roberto, Luiz M. Oliveira, Le�nidas da Silva, Tim e Patesko.
Gol: Le�nidas da Silva e Roberto.


Semifinais


Brasil 1 x It�lia 2

Data: 16/Junho/1938
Local: Stade Olympique
Cidade: Marselha (Fran�a)
�rbitro: H. Wuthrich (Su��a)
T�cnico: Adhemar Pimenta
Brasil:
Walter; Domingos da Guia e Machado; Zez� Proc�pio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Luiz M. Oliveira, Romeu Pellicciari, Per�cio e Patesko.
Gol: Romeu Pellicciari.


Decis�o do Terceiro Lugar


Brasil 4 x Su�cia 2

Data: 19/Junho/1938
Local: Parc de Leseure
Cidade: Bordeaux (Fran�a)
�rbitro: J. Langenus (B�lgica)
T�cnico: Adhemar Pimenta
Brasil:
Batatais; Domingos da Guia e Machado; Zez� Proc�pio, Brand�o e Afonsinho; Roberto, Romeu Pellicciari, Le�nidas da Silva, Per�cio e Patesko.
Gols: Le�nidas da Silva (2), Per�cio e Romeu Pellicciari.


Brasil
Copa do Mundo de 1950

Primeira Fase - 1o Jogo

Brasil 4 x M�xico 0

Data: 24/Junho/1950
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: G. Reader (Inglaterra)
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Ely, Danilo Alvim e Bigode; Maneca, Ademir Menezes, Baltazar, Jair R. Pinto e Fria�a.
Gols: Ademir Menezes(2), Baltazar e Jair. R. Pinto.


Primeira Fase - 2o Jogo

Brasil 2 x Su��a 2

Data: 28/Junho/1950
Local: Est�dio do Pacaembu
Cidade: S�o Paulo (Brasil)
�rbitro: R. Azon (Espanha
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Rui e Noronha; Alfredo, Maneca, Ademir Menezes, Baltazar e Fria�a.
Gols: Alfredo e Baltazar.


Primeira Fase - 3o Jogo

Brasil 2 x Iugosl�via 0

Data: 1/Julho/1950
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: B. Griffiths (Pa�s de Gales)
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir Menezes, Jair R. Pinto e Chico.
Gols: Ademir Menezes e Zizinho.


Turno Final - 1o Jogo

Brasil 7 x Su�cia 1

Data: 9/Julho/1950
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: A. Ellis (Inglaterra)
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir Menezes, Jair R. Pinto e Chico.
Gols: Ademir Menezes(4), Chico (2) e Maneca.


Turno Final - 2o Jogo

Brasil 6 x Espanha 1

Data: 13/Julho/1950
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: R. Leafe (Inglaterra)
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Zizinho, Ademir Menezes, Jair R. Pinto, Chico e Fria�a.
Gols: Chico (2), Ademir Menezes, Jair. R. Pinto, Zizinho e Parra (contra).


Turno Final - Jogo Final

Brasil 1 x Uruguai 2

Data: 16/Julho/1950
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: G. Reader (Inglaterra)
T�cnico: Fl�vio Costa
Brasil:
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Zizinho, Ademir Menezes, Jair R. Pinto, Chico e Fria�a.
Gol: Fria�a.


Suíça
Copa do Mundo de 1954

Eliminat�rias

Brasil 2 x Chile 0

Data: 28/Fevereiro/1954
Local: Est�dio Nacional
Cidade: Santiago (Chile)
�rbitro: R. Vincenti (Fran�a)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Veludo; Djalma Santos, Pinheiro e N�lton Santos; Bauer e Brand�ozinho; Julinho, Didi, Baltazar, Humberto Tozzi e Rodrigues.
Gols: Baltazar (2)


Brasil 1 x Paraguai 0

Data: 7/Mar�o/1954
Local: Est�dio do Liberdad
Cidade: Assun��o (Paraguai)
�rbitro: E. Steiner (�ustria)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Veludo; Djalma Santos, Pinheiro e N�lton Santos; Bauer e Brand�ozinho e Didi; Julinho, Baltazar, Humberto Tozzi e Rodrigues.
Gols: Baltazar


Brasil 1 x Chile 0

Data: 14/Mar�o/1954
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: E. Steiner (�ustria)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Veludo; Djalma Santos, G�rson e N�lton Santos; Bauer e Brand�ozinho; Julinho, Didi, Baltazar, Humberto Tozzi e Rodrigues.
Gols: Baltazar


Brasil 4 x Paraguai 1

Data: 21/Mar�o/1954
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro(Brasil)
�rbitro: R. Vincenti (Fran�a)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Veludo; Djalma Santos, G�rson e N�lton Santos; Bauer e Brand�ozinho; Julinho, Didi, Baltazar, Humberto Tozzi (Pinga) e Maurinho.
Gols: Julinho (2), Baltazar e Maurinho.


Primeira Fase - 1o Jogo

Brasil 5 x M�xico 0

Data: 16/Junho/1954
Local: Stade des Charmilles
Cidade: Genebra (Su��a)
�rbitro: P. Wyssling (Su��a)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Castilho; Djalma Santos, Pinheiro e N�lton Santos; Bauer, Brand�ozinho e Didi; Julinho, Baltazar, Pinga e Rodrigues.
Gols: Pinga (2), Baltazar, Didi e Julinho


Primeira Fase - 2o Jogo

Brasil 1 x Iugosl�via 1

Data: 19/Junho/1954
Local: Stade La Fontaise
Cidade: Lausane (Su��a)
�rbitro: E. Faultless (Esc�cia)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Castilho; Djalma Santos, Pinheiro e N�lton Santos; Bauer, Brand�ozinho e Didi; Julinho, Baltazar, Pinga e Rodrigues.
Gol: Didi
Obs.: tempo normal, 0 x 0 ; prorroga��o, 1 x 1.


Quartas-de-Final

Brasil 2 x Hungria 4

Data: 27/Junho/1954
Local: Stadium du Wankdorf
Cidade: Berna (Su��a)
�rbitro: A. Ellis (Inglaterra)
T�cnico: Zez� Moreira
Brasil:
Castilho; Djalma Santos, Pinheiro e N�lton Santos; Bauer, Brand�ozinho e Didi; Julinho, Humberto Tozzi, �ndio e Maurinho.
Gols: Djalma Santos e Julinho


Suécia
Copa do Mundo de 1958

Eliminat�rias

O sonho numa folha seca

� um chute que, por muitos motivos, merece estar num lugar de honra na hist�ria do futebol brasileiro. Primeiro, pelo ineditismo do pr�prio chute, que faz a bola passar mansamente por cima da barreira formada pelos jogadores peruanos para, em seguida, despencar repentinamente, quase que em uma linha reta, dentro do gol do Peru. A �nica rea��o do perplexo goleiro Asca � acompanhar a queda abrupta da bola com os olhos. N�o h� nenhum exagero em dizer que essa surpreendente trajet�ria tra�ada pela bola lembra a traseira hatch back dos autom�veis modernos. Como em 1957, por�m, os tempos s�o mais rom�nticos e mais tecnol�gicos, esse novo tipo de chute criado pelo meia Didi acaba sendo batizado de "folha seca", por lembrar - segundo o estilo liter�rio utilizado pelos cronistas esportivos da �poca - "a queda indecisa de uma folha numa tarde de outono." Mas, nesta tarde de 21 de abril de 1957, o que os milhares de torcedores presentes ao Maracan� n�o podem imaginar � que este chute marca o passo inaugural da epop�ia do tetracampeonato mundial. Depois de ter empatado em 1 x 1 na primeira partida das Eliminat�rias contra o pr�prio Peru, em Lima, a Sele��o Brasileira, ent�o treinada pelo falecido Osvaldo Brand�o, precisa de um bom resultado neste segundo jogo disputado no Rio de Janeiro para garantir sua presen�a na Copa da Su�cia, no ano seguinte. E � justamente o que o chute genial desferido pelo p� direito de Didi proporciona: ainda n�o refeito do trauma provocado pela perda do t�tulo em 1950, em pleno Maracan�, e da decep��o sofrida em 1954, na Su��a, o Brasil volta a sonhar forte com a conquista do mundo. Essa "folha seca" que toca suavemente as redes peruanas anuncia, dessa forma, n�o o outono, mas o in�cio da primeira primavera do futebol brasileiro.

Brasil 1 x Peru 1

Data: 13/Abril/1957
Local: Est�dio Nacional
Cidade: Lima (Peru)
�rbitro: W. Rodriguez (Uruguai)
Brasil
T�cnico: Osvaldo Brand�o
Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Z�zimo e N�lton Santos; Roberto Belangero e Didi; Joel, Evaristo, �ndio e Garrincha.
Peru:
T�cnico: Calder�n.
Asca; Benitez e Fleming; Salas, Lazon e Calder�n; Bassa, Mosquera, Rivera, Terry e G�mez S�nches.
Gol:�ndio e Terry


Brasil 1 x Peru 0

Data: 21/Abril/1957
Local: Est�dio do Maracan�
Cidade: Rio de Janeiro (Brasil)
�rbitro: E. Marino (Uruguai)
Brasil:
T�cnico: Osvaldo Brand�o
Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Z�zimo e N�lton Santos; Roberto Belangero e Didi; Joel, Evaristo, �ndio e Garrincha.
Peru:
T�cnico: Calder�n
Asca; Benitez e Rovai; Fleming, Lazon e Calder�n; G�mez S�nchez, Mosquera, Rivera, Terry e Seminario.
Gol:Didi

Oitavas-de-Final

A Derrota do racismo

S�o 5 horas da tarde de 24 de maio de 1958. A delega��o brasileira que estrear� na Su�cia dentro de duas semanas inicia discretamente sua viagem para a Europa. N�o fosse a pol�mica envolvendo alguns de seus componentes, o sil�ncio que envolvia o embarque seria ainda maior. Nos �ltimos meses, a imprensa gastara rios de tinta questionando a presen�a - luxo, invencionice, bobagem - de dentista e psic�logo junto aos jogadores. Depois dos fracassos de 1950 e 1954, nunca a ci�ncia mergulhara t�o fundo no futebol para descobrir porque o Brasil n�o conseguia se impor em campo. Sigilosos relat�rios m�dicos circulavam pela antiga Confedera��o Brasileira de Desportos (CBD) diagnosticando que o maior problema estava na alma dos jogadores, principalmente dos negros - nost�lgicos, emocionalmente vulner�veis. N�o � mera coincid�ncia, portanto, que o time que estr�ia na Copa seja o mais branco poss�vel. Dos 11 escalados contra a �ustria, apenas dois s�o negros - Dida e Didi, que coincidentemente t�m reservas (Pel� e Moacir) de pele ainda mais escura. A sele��o ganha bem: 3 x 0, com dois gols de Mazzola e um de N�lton Santos, que desobedecendo as ordens gritadas do banco pelo t�cnico Feola ("Volta, N�lton. Fica na defesa"), avan�a, tabela com Mazzola e marca. Na segunda partida, um suado 0 x 0 com a Inglaterra. Deixa claras as defici�ncias da equipe. Mazzola, por exemplo, est� vizivelmente preocupado com as propostas milion�rias que lhe chegam da It�lia. Ao perder um gol contra os ingleses, tem uma crise de choro que s� passa quando o capit�o Bellini lhe d� um tapa no rosto. No meio-campo, Dino Sani � um volante cl�ssico, por�m frio. Por fim, Joel � um bom ponta-direita, aplicado e ra�udo, mas de futebol previs�vel. Bellini, N�lton Santos e Didi, os l�deres do time, concluem que assim n�o vai dar para ganhar a Copa e reunem-se com Feola para pedir mudan�as. O treinador resolve atend�-los e o Brasil come�a a vencer seu primeiro Mundial.

Oitavas-de-Final - 1o Jogo

Brasil 3 x �ustria 0

Data: 8/Junho/1958
Local: Est�dio Rimnersvallen
P�blico: 21.000
Cidade: Uddevalla (Su�cia)
�rbitro: Maurice Frederic Guigue (Fran�a)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; De Sordi (Djalma Santos), Bellini, Orlando e N�lton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazzola, Dida e Zagalo.
�ustria:
T�cnico: Karl Argauer
Szanwald; Hanappi, Happel, Halla e Swoboda; Koller, Horak e Senekowitsch; Schleger, K�rner e Buzek.
Gols: Mazzola aos 38 do primeiro tempo; N�lton Santos aos 4min e Mazzola aos 44min do segundo.


Oitavas-de-Final - 2o Jogo

Brasil 0 x Inglaterra 0

Data: 11/Junho/1958
Local: Est�dio Nya Ullevi
P�blico: 40.895
Cidade: Gotemburgo (Su�cia)
�rbitro: Her Albert Dusch (Alemanha Oc.)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e N�lton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazzola, Vav� e Zagalo.
Inglaterra:
T�cnico: Walter Winterbottom
McDonald; Wright, Howe, Banks e Clamp; Slater, Douglas e Robson; Kevan, Haynes e A'Court.


O mundo em tr�s minutos

O t�cnico sovi�tico Gavril Katchaline est� otimista neste 15 de junho de 1958. Al�m de acreditar na for�a de seu time - atual campe�o ol�mpico -, ele tem informa��es de que os brasileiros, apesar de bons jogadores tecnicamente, s�o individualistas, temperamentais, imaturos. Ao visitar a concentra��o brasileira no dia anterior, Katchaline tivera outro motivo para se alegrar: soube que o Brasil entraria em campo sem tr�s titulares (Dino Sani, Mazzola e Joel), que seriam subst�tuidos, respectivamente, por um tal de Zito, por um garoto de 17 anos chamado Pel� e por um ponta com nome de passarinho, Garrincha, torto como um caminh�o tombado. Por todas essas raz�es, o treinador n�o pode deixar de sorrir quando o franc�s Maurice Guigue apita o in�cio da partida. O Est�dio Nya Ullevi est� lotado: 50.928, o recorde de p�blico no Mundial. Vav� toca para Didi, que lan�a Garrincha. O lateral Kuznetsov corre. Man� ginga o corpo para a esquerda, mas sai pela direita. Kuznetsov desaba de traseiro no ch�o. A educada torcida sueca n�o sabe se ri ou se aplaude. Na d�vida deixa o queixo cair. Sete segundos depois, Garrincha tem de novo Kuznetsov � sua frente. De novo, balan�a o corpo para direita e passa como uma flecha para a esquerda. Repentinamente pisa na bola e estanca. O lateral sovi�tico volta � carga. Leva outro drible. E mais outro. A torcida fica de p�, at�nita. Man� invade a �rea perseguido por Kuznetsov, Voinov e Krijevski. Dribla os tr�s. Pel� est� livre na pequena �rea. Mas Garrincha, mesmo sem �ngulo dispara a bomba. Abola explode na trave direita de Yashin e se perde pela linha de fundo. Um minuto de jogo. O est�dio inteiro ri e aplaude com entusiasmo. Garrincha volta para o meio campo com seu trote desengon�ado. A defesa brasileira intercepta o tiro de meta sovi�tico e a bola vai aos p�s de Man�. Que pass para Didi. Para Pel�. Para Garrincha. Para Pel�. Outra bomba estoura contra as traves de Yashin. Dois minutos de jogo. Garrincha est� de novo com a bola. Corre em ziguezague. Finge que vai, e n�o vai; finge que vai, e vai. Os sovi�ticos v�o ficando estendidos no ch�o. Um a um. Didi lan�a Vav�. Gol do Brasil. O rel�gio marca tr�s minutos. "Foram os tr�s minutos mais fant�sticos da hist�ria do futebol e a mais assombrosa apari��o na ponta-direita desde Stanley Mathews", escreveu deslumbrado o jornalista franc�s Gabriel Hannot. O t�cnico Katchaline n�o sorri mais. Aqueles tr�s minutos s�o suficientes para ele entender que seua equipe n�o tem qualquer chance no jogo. Perder de pouco, honradamente, j� poder� ser considerado uma vit�ria. Garrincha e o Brasil continuam dando um show de futebol mas o segundo gol s� sai no segundo tempo. De novo Vav�. A Sele��o Brasileira deixa o mundo boquiaberto e vira o prato-do-dia da imprensa internacional. Esse, por�m era apenas o come�o de tudo. Muitos dribles ainda iriam rolar por baixo daquelas pernas.


Oitavas-de-Final - 3o Jogo


Brasil 2 x URSS 0

Data: 15/Junho/1958
Local: Est�dio Nya Ullevi
P�blico: 50.928
Cidade: Gotemburgo (Su�cia)
�rbitro: Maurice Frederic Guigue (Fran�a)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Pel� e Zagalo.
URSS:
T�cnico: Gavril Katchaline
Yashin; Kesarev, Kuznetsov, Voinov e Krijevski; Tsarev, A. Ivanov e V. Ivanov; Simonjan, Iljin e Netto.
Gols: Vav� 3min do primeiro tempo e 21min do segundo.


Quartas-de-Final


Um len�ol derruba o muro

Nos dias seguintes, � vit�ria contra a Uni�o Sovi�tica, a imprensa internacional mostrou como a magn�fica exibi��o da Sele��o Brasileira mexeu fundo em sua emo��o. Os adjetivos, escritos nas mais diversas l�nguas, s�o de fazer corar at� mesmo os mais imodestos: "futebol memor�vel", "tremenda velocidade de ataque", "absoluto dom�nio de bola", "time magn�fico". No Brasil - ent�o um pa�s que parece decolar definitivamente para o futuro, vivendo com intensidade a constru��o de Bras�lia e a montagem de um moderno parque industrial -, a euforia toma conta dos torcedores. Pa�s de Gales, equipe med�ocre, � o pr�ximo advers�rio e tudo indica que nova goleada est� a caminho. Desfalcada apenas de Vav�, machucado na partida com a URSS, a Sele��o Brasileira entra em campo. O Est�dio Nya Ullevi, em Gotemburgo, tem neste 19 de junho apenas 25.923 espectadores, pouco mais da metade de sua capacidade. Sa�da dada, Gales recua inteiro para a defesa. Seu homem mais avan�ado, postado na linha do meio do campo, � o centroavante Vernon. � uma partida mon�tona: o Brasil ataca, ataca, mas o gol n�o sai. (Ser�o, ao final do jogo, 67 ataques brasileiros contra apenas 3 galese). Acaba o primeiro tempo e o marcador permanece 0 x 0 continua l�. Vinte minutos... e nada. A torcida se impacienta. Gales agora se defende com todos os homens e todas as suas for�as � espera de um milagre. Aos 26 minutos, o que era t�o s�lido se desmancha no ar. Didi pega a bola, par�, v� Pel� livre no interior da �rea advers�ria e lhe d� o passe. Pel� mata no peito, d� um len�ol curto sobre o tronco de seu marcador e, antes que a bola toque no ch�o e que o outro zagueiro tenha tempo de fazer a cobertura, chuta rasteiro, no canto direito do goleiro Kelsey. O rel�gio marca 26 minutos. � sem d�vida a vit�ria mais dif�cil da Sele��o, em sua partida mais f�cil na Copa. O Brasil j� � semifinalista.

Brasil 1 x Pa�s de Gales 0

Data: 19/Junho/1958
Local: Est�dio Nya Ullevi
P�blico: 25.923
Cidade: Gotemburgo (Su�cia)
�rbitro: Hriedrich Speilt (�ustria)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Mazzola, Pel� e Zagalo.
Pa�s de Gales:
T�cnico: N�o dispon�vel
Kelsey; Williams e M. Charles; Hopkins, Sullivan e Bowen; Medwine, Hewitt, Vernon, Allchurch e Jones.
Gol: Pel� 26 do primeiro tempo


Semifinal


Um time do outro planeta

O mundo inteiro espera com ansiedade o in�cio da Semifinal entre brasileiros e franceses, em Estocolmo. E h� realmente motivos para tanta espectativa. O ataque da Fran�a - Wisnieski, Kopa, Fontaine, Piantoni e Vincent - � uma das sensa��es do Mundial. Em suas quatro exibi��es anteriores marcara 15 gols, m�dia de 3,7 por partida. O Brasil, que ainda n�o mostrara todo o seu poderio ofensivo (seis gols em quatro jogos), tem em compensa��o a defesa menos vazada da competi��o: nenhum gol sofrido. Com base nesses n�meros, os analistas internacionais esperam que essa Semifinal seja o jogo mais bonito, movimentado e emocionante de toda a Copa. A outra Semifinal, entre Su�cia e Alemanha, em Gotemburgo, acaba, assim, relegada a um plano menor pela imprensa internacional, apesar de a Alemanha ser a atual campe� do mundo. Quando muitos dos 27.100 espectadores ainda est�o se acomodando em seus lugares, Vav� recebe um passe em profundidade e, sozinho dianto do goleiro Abbes, enche o p� para inaugurar o marcador. A Fran�a n�o se intimida e corre atr�s do empate, que chega aos 8 pelos p�s do artilheiro Just Fontaine. � uma partida para quem tem cora��o forte. Aos 14, Zagalo acerta um chute perfeito. Abbes sem alcan�ar a bola, que bate na parte inferior do travess�o, quica dentro do gol e volta para o campo. Marvyn Griffiths, o juiz, manda o jogo seguir. Todas as expectativas est�o sendo seguidas rigorosamente. Os dois times procuram o gol com coragem e vol�pia. Didi, aos 39, recebe a bola a cinco metros da grande �rea francesa, procura para quem passar, mas todos os atacantes brasileiros est�o marcados. Ent�o ele chuta. De folha-seca. A trajet�ria incial da bola indica que vai passar pr�xima � trave esquerda de Abbes e sair pela linha de fundo. De repente, por�m, faz uma curva para dentro e decai no �ngulo: Brasil 2 x 1. E o primeiro tempo terminam com a vit�ria parcial da defesa brasileira sobre o tem�vel ataque franc�s. Na segunda etapa, com um homem a menos (o zagueiro Jonquet sa�ra machucado), a Fran�a recua. "Decidimos ajudar a defesa. Hoje sei que sonhamos o �mpossivel: marcar jogadores imarc�veis", lembraria anos depois Raymond Kopa, o grande l�der do time franc�s. Se o jogo contra a R�ssia fora de Garrincha, essa partida � de Pel� - "um menino de 17 anos ainda sem idade para assistir aos filmes de Brigitte Bardot". � nesses 45 minutos finais que seu talento explode definitavente: marca tr�s gols bel�ssimos (Piantoni desconta para a Fran�a aos 40) e tem uma das atua��es mais completas de sua carreira. Na verdade o time inteiro faz uma exibi��o perfeita, inesquec�vel. Nesse 24 de junho de 1958 nenhum time � capaz de venc�-lo. No dia seguinte, o mundo de novo gasta todos os adjetivos das l�nguas existentes para falar da Sele��o. "Eles parecem vir de outro planeta", escreve o jornal esportivo franc�s L'Equipe. "O time do Brasil voa como o vento, com uma fria determina��o e o cora��o quente", descreve o matutino sueco Dagens Nyheter. O mundo sabia ent�o escrever bem o que via e sentia.

Brasil 5 x Fran�a 2

Data: 24/Junho/1958
Local: Est�dio Raasunda
P�blico: 27.100
Cidade: Estocolmo (Su�cia)
�rbitro: B. Mervyn Griffiths (Pa�s de Gales)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Pel� e Zagalo.
Fran�a:
T�cnico: Albert Batteux
Abbes; Kaelbel, Jonquet, Penverne e Lerond; Marcel e Kopa; Wisnieki, Fontaine, Piantoni e Vincent.
Gols: Vav� aos 2min, Fontaine aos 8min e Didi aos 39min do primeiro tempo; Pel� aos 8min, 19min, e 31min e Piantoni aos 40min do segundo tempo.


Final


A primeira vez para sempre

O favoritismo do Brasil � massacrante. Sua vit�ria na Final est� sendo cotade em 40 por 1 pelos apostadores de Londres. Ainda assim, os torcedores escutam seus r�dios apreensivos. As not�cias n�o s�o agrad�veis: o Brasil vai jogar de azul e o campo est� pesado por causa das chuvas. Ningu�m tem d�vidas de que, primeiro, a Su�cia obteve uma importante vit�ria psicol�gica ao obrigar o Brasil a trocar de uniforme e, segundo, que um gramado encharcado prejudica muito mais ao time canarinho, uma equipe leve e t�cnica. Esse segundo problema os pr�prios suecos at� procuram minimizar cobrindo o gramado com lonas gigantescas. A primeira quest�o, a do uniforme azul, o falecido empres�rio Paulo Machado de Carvalho, chefe da delega��o, resolve com genial habilidade. Chama os jogadores e, com um sorriso e a voz mais entusiasmada que consegue, d� a not�cia a eles: "Vamos jogar de azul como eu queria - a mesma cor do manto protetor de Nossa Senhora Aparecida." Com isso, o Brasil transforma a vit�ria psicol�gica da Su�cia em vit�ria sua. Mas n�o � s� a torcida que est� nervosa antes do jogo. Na concentra��o sueca, os jogadores gastaram a noite toda pensando em como marcar os atacantes advers�rios. Pelo lado brasileiro, o lateral De Sordi tamb�m n�o conseguiu dormir a noite inteira. Ele est� uma pilha de nervos. Informado da situa��o, o m�dico H�lton Gosling chama Djalma Santos ao seu quarto. O velho Djalma mostra-se tranquilo, pronto para jogar. Gosling vai ent�o conversar com De Sordi, que andara queixando-se de dores musculares. O m�dico pede-lhe mil desculpas, mas ter� que barr�-lo: "Pode ser um in�cio de distens�o, De Sordi. Sinto muito, mas n�o podemos nos arriscar. Infelizmente voc� est� fora." A torcida n�o se preocupa. Afinal, Djalma Santos s� n�o foi titular desde o �nicio por causa do relat�rio m�dico racista que acusva a vulnerabilidade emocional dos atletas negros pelas derrotas de 1950 e 1954. O veterano Liedholm faz 1 x 0 para a Su�cia logo aos 4 minutos de jogo. Didi coloca a bola debaixo do bra�o, caminha calmamente at� o meio do campo e, virando-se para os companheiros, diz: "Vamos encher esses gringos. N�s somos melhores." Na primeira oportunidade que tem, lan�a Garrincha, que p�ra � frente do lateral Gustavsson. Por segundos, os dois ficam im�veis. Man� ginga para a esquerda e passa pela direita. Dribla outro zagueiro e cruza para a pequena �rea. Vav�, aos 8, s� tem o trabalho de escorar para as redes. Aos 32, Garrincha repete a mesma jogada, como num v�deo-tape, e Vav� faz 2 x 1. A superioridade brasileira � indiscut�vel. E o cerco aperta na segunda etapa. Aos 11, Didi lan�a Pel�, que d� um len�ol em Axbon, finta Bergmark e marca o terceiro. Aos 23, Zagalo faz o quarto. Simonsson desconta aos 35, mas Pel�, de cabe�a, aos 44, encerra a goleada. Fim de jogo, o massagista Mario Am�rica tira a bola do juiz e corre para o vesti�rio. Pel� ajoelha-se e chora. Zagalo chora. Gilmar, N�lton Santos e Didi choram. O Brasil inteiro chora, grita, pula, se abra�a. Brasil, campe�o do mundo, Pela primeira vez. E para sempre sempre.

Brasil 5 x 2 Su�cia

Data: 29/Junho/1958
Local: Est�dio Raasunda
P�blico: 49.737
Cidade: Estocolmo (Su�cia)
�rbitro: Maurice Frederic Guigue (Fran�a)
Brasil:
T�cnico: Vicente Feola
Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Pel� e Zagalo.
Su�cia:
T�cnico: George Raynor
Svensson; Bergmark, Axbom, B�rjesson e Gustavsson; Parling e Gren; Hamrin, Liedholm, Simonsson e Skoglund.
Gols: Liedholm aos 4min, Vav� aos 8min e 32min do primeiro tempo; Pel� aos 11min, Zagalo aos 23min, Simonsson aos 35min e Pel� aos 44min do segundo tempo.


Chile
Copa do Mundo de 1962

Oitavas-de-Final - 1o Jogo


Sob os efeitos da ressaca

O Brasil de 1962 n�o � o mesmo de 1958. Quatro anos ap�s a conquista do primeiro t�tulo mundial, o pa�s est� paralisado por uma esp�cie de ressaca. Da euforia vivida durante o Governo Juscelino Kubitschek e seu plano de desenvolvimento acelerado - os famosos 50 anos em cinco, que renderam a constru��o de Bras�lia a partir do nada e a implanta��o de um moderno parque industrial -, pouco resta. Ao contr�rio, o futuro parece incerto. J�nio Quadros renunciou um ano antes, jogando o pa�s no atoleiro pol�tico que acabar� com a tomada do governo pelos militares em 1964. � sob esse clima de ang�stia nacional que a Sele��o embarca para tentar o bicampeonato no Chile. A maioria dos 22 jogadores inscritos havia participado da campanha de 1958, com a diferen�a de que estavam quatro anos mais velhos. E isso tamb�m ajuda a esfriar o �nimo da torcida, pois � como assistir uma nova vers�o de um filme j� visto. Mesmo fora do Brasil, a Sele��o n�o empolga. "O Brasil joga bom futebol, mas sua equipe est� quatro anos mais cansada, quatro anos mais viciada num sistema de jogo que todos conhecem", diz Helenio Herrera, t�cnico da Espanha. A estr� contra o M�xico mostra que tanto a torcida como Herrera tinham raz�o em sua falta de entusiasmo. No primeiro tempo, com os mexicanos trancados na defesa, o Brasil mostra-se um time desentrosado, ap�tico, sem criatividade. Resultado: 0 x 0 tedioso. Na segunda etapa, por�m a equipe melhora, passa a for�ar mais. Garrincha, aos 11min, dribla dois advers�rios e d� para Zagalo marcar seu �nico gol naquele Mundial. Aos 27, Pel� engana quatro zagueiros e chuta para fazer 2 x 0. Com a vit�ria garantida, o time passa o resto do tempo tocando a bola. Ainda n�o era daquela vez que a Sele��o incendiaria a torcida.

Brasil 2 x M�xico 0

Data: 30/Maio/62
Local: Est�dio Sausalito
P�blico: 10.484
Cidade: Vi�a del Mar (Chile)
�rbitro: Gottfried Dienst (Su��a)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Pel� e Zagalo.
M�xico:
T�cnico: Ign�cio Trellez / Alejandro Scopelli
Carbajal; Del Muro, Cardenas, Sep�lveda e Villegas; Najera e Jasso; Del Aguilla, Reyes, Hern�ndez e Diaz.
Gols: Zagalo aos 11min e Pel� aos 27min do segundo tempo.


Oitavas-de-Final - 2o Jogo


Pa�s chora a dor de Pel�

Embora sofra as primeiras press�es para modificar a equipe ainda no vesti�rio depois da partida com o M�xico, o t�cnico Aymor� Moreira se mostra firme: "N�o mudaremos o time at� o final da Copa." �s v�speras do Mundial, ele barrara Bellini, o capit�o de 1958, poruqe MAuro deixara claro que n�o aceitaria a reserva de novo. � assim, com a mesma escala��o da estr�ia, que a Sele��o entra em campo para enfrentar a Tchecoslov�quia, que vencera a Espanha por 1 x 0 em seu primeiro jogo. Os tchecos formam uma boa equipe - t�cnica, forte, aguerrida. A partida come�a equilibrada, com os dois times preocupados principalmente em exercer uma marca��o eficiente por todo o gramado. O maior problema que a Sele��o Brasileira encontra no advers�rio chama-se Masopust, um meio-campista de grande talento na arma��o de jogadas de seu ataque. J� os tchecos temem, sobretudo, a genialidade de Pel� e Garrincha, jogadores que podem decidir o jogo em um �nico lance imprevis�vel. A marca��o sobre eles � limpa, mas implac�vel. Garrincha encontra grandes dificuldades para vencer o lateral Novak, que recebe a cobertura do zagueiro Popluhar. Pel�, sempre vigiado de perto por Pluskal e Masopust, tamb�m n�o consegue amea�ar o gol defendido por Schroif. Mas a Tchecoslov�quia tamb�m n�o consegue criar situa��es de perigo para Gilmar. Aos 28, num lance isolado, Pel� recebe passe de Didi, avan�a at� a entrada da �rea advers�ria e chuta forte. Enquanto a bola sai sem dire��o, Pel� leva as m�os � virilha. � uma fisgada que d�i no Brasil inteiro. Pel� est� fora da Copa. O jogo prossegue no mesmo ritmo e termina em 0 x 0. Mas a preocupa��o da torcida � muito maior: que ser� da Sele��o agora sem o Rei? � com essa pergunta na cabe�a que o pa�s vai para cama na noite de 2 de junho de 1962.

Brasil 0 x Tchecoslov�quia 0

Data: 2/Junho/1962
Local: Est�dio Sausalito
P�blico: 14.903
Cidade: Vi�a del Mar (Chile)
�rbitro: Pierre Schwinte (Fran�a)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Pel� e Zagalo.
Tchecoslov�quia:
T�cnico: Rudolf Vytlacil
Schroif; Lala, Pluskal, Popluhar e Novak; Masopust e Scherer; Stibranyi, Knosnak, Adamec e Jelinek.


Oitavas-de-Final - 3o Jogo


O Brasil decola para o bi

Nunca uma Sele��o Espanhola mereceu tanto ser chamada de Furia como aquela de 1962, formada por jogadores da mais fina linhagem: Santamaria, Del Sol, Puskas, Gento, Collar. E o Brasil tinha um encontro marcado com ela no Est�dio Sausalito, em Vi�a del Mar, no dia 6 de junho, quando sua classifica��o para as quartas-de-final seria decidida. Na v�spera, o t�cnico Aymor� Moreira confirmara que Amarildo seria o substituto de Pel�. Os dois times entram em campo e � como se aquele fosse o primeiro jogo do Brasil no Mundial. A torcida acorda, cola o ouvido no r�dio e escuta... Escuta um jogo tenso, dif�cil, dram�tico. A bola queima os p�s de um time t�o experiente como o brasileiro. A Espanha marca 1 x 0. N�lton Santos faz p�nalti em Collar, mas malandramente d� um passo para fora da �rea. O juiz cai na conversa. Se a Furia tivesse feito 2 x 0... A sele��o volta diferente para o segundo tempo. E vai para cima. Garrincha fica imposs�vel, enlouquece os espanh�is com seus dribles. Aos 27, numa jogada sua, Amarildo empata. Aos 40, em outra jogada sua, Amarildo marca o gol da vit�ria. A Espanha n�o tem nem tempo nem �nimo para reagir. A torcida sai de sua letargia e entra no clima da Copa. O Brasil finalmente decola para o bi.

Brasil 2 x Espanha 1

Data: 6/Junho/1962
Local: Est�dio Sausalito
P�blico: 18.715
Cidade: Vi�a del Mar (Chile)
�rbitro: S�rgio Bustamante (Chile)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Amarildo e Zagalo.
Espanha:
T�cnico: Hern�ndez Coronado / Helenio Herrero
Araquistain; Rodri, Echevarria, Pach�n e Gracia; V�rges e Peir�; Collar, Adelardo, Puskas e Gento.
Gols: Adelardo aos 35min do primeiro tempo; Amarildo aos 27min e aos 40min do segundo tempo.


Quartas-de-Final


O nascimento da lenda

Desde que o jogo contra a Tchecoslov�quia terminara, Garrincha vinha estranhando a defer�ncia com que passou a ser tratado por todos. Sempre que um membro da comiss�o t�cnica ou mesmo outro jogador cruzava com ele pelos corredores da concentra��o vinha a inevit�vel pergunta: "Tudo bem, Man�?" Garrincha podia ser ing�nuo, mas n�o ing�nuo, mas n�o era bobo. Percebia claramente que esse repentino interesse tinha como causa a contus�o de Pel�, at� entao o principal deposit�rio das esperan�as brasileiras de chegar � sua segunda conquista mundial. Quando lhe pergutavam "tudo bem, Man�?", ele sabia que na verdade estavam lhe dizendo "Pel� est� fora, agora � contigo, voc� precisa jogar por ele e por voc�." S� uma coisa Garrincha n�o conseguia entender: como ser tamb�m Pel� jogando fixo na ponta-direita? Para poder suprir a aus�ncia do Rei, ele precisava de liberdade para correr pela direita, pela esquerda e pelo meio - onde lhe desse na veneta. Essa era a principal preocupa��o de Garrincha antes do jogo contra a Inglaterra, pelas quartas-de-final: como fazer para jogar por ele e por Pel�? J� os jogadores e a comiss�o t�cnica achavam que o problema de Man� poderia ser facilmente resolvido com uma boa sacudidela psicol�gica. Para mexer ent�o com seus brios, disseram-lhe que o lateral ingl�s Flowers andara falando pelos jornais que n�o o deixaria fazer nada durante a partida. Foi uma maldade o que fizeram com o pobre Flowers e com toda a defesa inglesa. Porque Garrincha entrou em campo disposto a acabar com qualquer jogador de branco que surgisse a sua frente. Come�a o jogo e tome drible. Dribles em Flowers, em Norman, em Wilson, em Bobby Moore. Man� est� ensandecido. Corre pela direita, pela esquerda, pelo meio. Do banco o t�cnico Aymor� Moreira grita: "Fica na ponta para segurar o zagueiro." Garrincha finge que n�o � com ele. E tome drible. E tome gols. Aos 32, marca o primeiro de cabe�a - logo ele que desde menino detestava cabecear -, mas a Inglaterra empata seis minutos depois. Aos 8minm do segundo tempo, Man� cobra uma falta com tanta viol�ncia que a bola explode no peito do goleiro e sobra limpa para Vav�. Aos 14min, recebe passe de Amarildo pela meia-esquerda e enfia o p�, de primeira. A bola faz uma curva infernal e entra no �ngulo. Ao abra�ar Didi, Garrincha brinca: "Viu, n�o � s� voc� que sabe chutar assim." Falta ainda meia hora para acabar o jogo, e cada minuto tem o peso da eternidade para os zagueiros ingleses. Garrincha n�o sossega. Dribla, dribla, dribla. "Preparamos nosso rapazes durante quatro anos para enfrentar times de futebol. N�o esper�vamos um jogador como Garrincha", queixa-se o t�cnico ingl�s Walter Winterbotton no vesti�rio. � naquela tarde de inverno em Vi�a del Mar que Man� recebe o batismo da lenda e se torna um gigante, um terr�vel demolidor de defesas, um dem�nio que enlouquece os advers�rios com suas jogadas imprevis�veis. Para o Brasil, no entanto, ele continua apenas um anjo. Um anjo torto que faz a torcida rir e leva o pa�s a acreditar ser simplesmente imposs�vel n�o erguer de novo a ta�a de campe�o do mundo.

Brasil 3 x Inglaterra 1

Data: 10/Junho/1962
Local: Est�dio Sausalito
P�blico: 17.736
Cidade: Vi�a del Mar
�rbitro: Pierre Schwinte (Fran�a)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Amarildo e Zagalo.
Inglaterra:
T�cnico: Walter Winterbottom
Springett; Armfield, Bobby Moore, Wilson e Flowers; Normam e Haynes; Douglas, Greaves, Hitchens e Bobby Charlton.
Gols: Garrincha aos 32min, Gitchens aos 38min do primeiro tempo; Vav� aos 8min e Garrincha aos 14min do segundo tempo.


Semifinais


Ah, Garrincha, Garrincha...

Antes da Copa, computadores previam em Moscou que a URSS seria campe�. Como a infalibilidade daqueles novos prod�gios tecnol�gicos era inquestion�vel, os sovi�ticos passaram a ser os grandes favoritos. Assim, quando sua Sele��o desmontou o miot sovi�tico com uma vit�ria de 2 x 1, o Chile foi ao del�rio. Se seu time fora capaz de derrotar os "c�rebros eletr�nicos" de Moscou, n�o seria o Brasil que lhe barraria o caminho. Na tarde de 13 de junho, a delega��o brasileira entra no Est�dio Nacional, que recebe o p�blico recorde na Copa: 72.896 pessoas barulhentas, apaixonadas, certas da vit�ria. Para azar delas, por�m, Garrincha descobrira contra os ingleses as del�cias que existiam na parte central do campo. "� muito bom jogar por ali. A gente recebe um monte de bola", dizia. A partida come�a. Man� tem pelo menos tr�s chilenos na marca��o. Para escapar dessa vigil�ncia, ele n�o p�ra. Aos 9, faz 1 x 0 com um chute de perna esquerda, perna que sempre usou apenas para apoio. Mais tarde, Garincha explicaria o gol: "A bola veio para a esquerda, mas n�o dava para trocar de p� . Ent�o chutei de esquerda fazendo de conta que era de direita." O Chile tenta equilibrar o jogo � base do entusiasmo. � pouco. Apesar de marcado com viol�ncia pelo lateral El�dio Rojas, Garrincha faz uma das mais incr�veis apresenta��es individuais da hist�ria dos Mundiais. � dele tamb�m o segundo gol - de cabe�a, aos 32. O Chile desconta no final do primeiro tempo. Logo no rein�cio do jogo, Garrincha cruza para Vav� fazer 3 x 1. Mais uma vez os chilenos diminuem. E mais uma vez Vav� aumenta. Quatro minutos depois, cansado de apanhar, Garrincha aplica um chute no traseiro de Rojas. Mais que violenta, a cena foi c�mica. Mas Man� � expluso - pela primeira e �nica vez em sua carreira. O Brasil fica a um passo de seu segundo t�tulo.

Brasil 4 x Chile 2

Data: 13/Junho/1962
Local: Est�dio Nacional
P�blico: 76.594
Cidade: Santiago (Chile)
�rbitro: Arturo Yamazaki (Peru)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Amrildo e Zagalo.
Chile:
T�cnico: Fernando Riera
Escutti; Eyzaguirre, Contreras, Raul S�nches e Rojas; Rodr�gues e Tobar; Ram�rez, Toro, landa e Leonel S�nches.
Gols: Garrincha 9min e 32min, Toro aos 41 do primeiro tempo; Vav� aos 3, Leonel S�nches (p�nalti) aos 16 e Vav� aos 32min do segundo tempo.
Expuls�o: Garrincha e Landa


Final


A arte de ser brasileiro

Como ganhar da forte Tchecoslv�quia, na Final, sem Pel�, machucado, e sem Garrincha, suspenso? Essa era a pergunta que jogadores, comiss�o t�cnica e torcida se faziam quase � beira do p�nico logo ap�s a vit�ria sobre o Chile. Nos dias seguintes, os dirigentes convenceram a FIFA a absolver Man�. No entanto, um v�rus comum de gripe n�o p�de ser convencido pelos cartolas brasileiros. Assim, com 39 graus de febre, l� est� Garrincha em campo. Os tchecos n�o sabem disso e colocam tr�s homens de praxe para marc�-lo. � uma partida bonita, de alto n�vel t�cnico. Aos 15, Masopust faz Tchecoslov�quia 1 x 0. Amarildo, no entanto, empata no minuto seguint. N�o h� mais gols no primeiro tempo, mas ainda assim a torcida chilena gosta do espet�culo e aplaude os dois times. Sem poder contar com Garrincha em sua plenitude f�sica, o Brasil encontra dificuldades para chegar o gol de Schroif at� que, aos 24 do segundo tempo, Amarildo escapa pelo lado esquerdo, d� um drible seco em seu marcador e cruza para a testada de Zito. Liderada pelo not�vel Masopust, a Tchecoslov�quia n�o se entrega. Corre, luta, tenta jogadas ofensivas. Mas o time tem um problema de dif�cil solu��o: embora precise atacar com mais gente, prende at� tr�s jogadores sobre Garrincha. Man� diverte-se com o dilema Tcheco. Sem poder correr por causa da gripe, passara o jogo todo apenas balan�ando o corpo diante de seus marcadores, que chegavam a formar uma fila bem comportada � sua frente. "Fiquei fingindo o tempo todo", lembraria �s gargalhadas anos depois. Aos 33min, Djalma Santos d� um chute alto em dire��o � �rea advers�ria. Schroif, o bom goleiro tcheco, atrapalha-se e deixa a bola cair nos p�s de Vav�. � gol, � o bi. A torcid comemora quela hegemonia que parecia inabal�vel. Ser brasileiro era uma arte.

Brasil 3 x Tchecoslov�quia 1

Data: 17/Junho/1962
Local: Est�dio Nacional
P�blico: 69.089
Cidade: Santiago (Chile)
�rbitro: Nicolai Latishev (URSS)
Brasil:
T�cnico: Aymor� Moreira
Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Z�zimo e N�lton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vav�, Amarildo e Zagalo.
Tchecoslov�quia:
T�cnico: rudolf Vytlacil
Schroif; Tichy, Pluskal, Popluhar e Novak; Masopust e Schrer; Pospichal, Kadraba, Kvosnak e Jelinek.
Gols: Masopust aos 15 e Amarildo aos 16 do primeiro tempo; Zito aos 14 e Vav� aos 33 do segundo tempo.


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