Teologia Moral
Estudos bíblicos
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Doutrina Católica

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SALVAÇÃO INDIVIDUAL E SALVAÇÃO COLETIVA

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A salvação oferecida por Cristo aos homens é sempre individual , somos julgados por nossas ações em face da lei moral , das leis de Deus e da Igreja. Somos cristãos , exatamente, porque assumimos , livre e conscientemente , a nossa fé . A fé imposta recebida contra a vontade , não tem valor ; e , sem a fé , nada é possível , em termos espirituais. Esta decisão é sempre individual e inalienável , tomada soberanamente pelos homens.

A fé é absolutamente necessária para a salvação , trata-se de um dom de Deus , uma virtude que os homens podem exercitar pelo uso livre da vontade , após o convide de Deus. Essa fé se realiza em comunhão com toda a Igreja e com a devida reverência à sagrada hierarquia.

Ninguém poderá nos substituir em nossa decisão de fé , em nossas ações sob a graça , e , consequentemente , no dia do nosso julgamento. Ninguém pode ser cristão em nosso lugar , recebendo punições por nós , ou méritos por nós . Somente Cristo pôde fazê-lo por todos os homens , porque é Deus. Cristo venceu a morte e transmitiu a todos essa vitória. Podemos , sim , orar e realizar obras revestidas de indulgência na forma da satisfação vicária , para que o amor e a caridade atinjam aqueles que vivem apartados da Igreja : ateus , pecadores em estado de pecado mortal , pagãos , e , também , para os que já morreram.

Podemos orar por todas as almas do Purgatório e receber os efeitos das orações das almas que lá se encontram ; quem está se purificando no Purgatório não cresce em méritos . Nossos méritos são adquiridos em vida.

As indulgências aplicadas aos mortos têm como objetivo facilitar-lhes a purgação dos pecados e não substituir a penitência que aquelas almas tenham a pagar.

A Igreja peregrina pode fazer penitência sacramental e extra-sacramental pelos mortos , na comunhão dos bens espirituais da Igreja.

Os homens não podem salvar-se individualmente sem a graça de Deus. Ninguém poderá salvar ninguém , ou salvar-se , com recurso , apenas , aos meios naturais , somente o Cristo e a Igreja , em união perpétua , podem nos salvar da morte eterna.

Podemos receber graças de Deus pela intercessão da Igreja - o Corpo Místico do Cristo - na dependência da vontade de Deus e da fé daquele que pede.

O pecado e o mérito são sempre individuais , ninguém obtém mérito por outros ou recebe culpas pelos pecados de outros . Nossas boas ações só podem ser consideradas em nosso julgamento , quando adotadas de forma livre e consciente , por cada um de nós , e com fundamentação doutrinária na mensagem cristã .

Fazendo boas obras , sem livre expressão da vontade , por mera obrigação externa , não temos méritos aos olhos de Deus.

Os homens possuem direitos e deveres uns para com os outros e para com a sociedade . Seremos julgados por nossas virtudes e por nossas faltas em relação ao próximo , à Igreja e a Deus.

Somente Deus sabe quem será salvo e pode emitir sentenças coletivas sobre a conduta de povos e grupos , jamais os homens. Após a morte seremos submetidos ao Juízo particular , Juízo que será confirmado no Dia do Juízo Final .

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Responsabilidade coletiva

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Existem pessoas investidas de poder para governar , fazer as leis e julgar em nome de outras , sobre essas pessoas , existe uma responsabilidade especial.

Zelar pela sobrevivência da sociedade civil e da sociedade religiosa é uma obrigação dos cristãos . Aplicar a lei é um dever dos governantes ; se preciso , o poder secular pode usar a força para impor a lei e , até mesmo , a pena capital em certos crimes - comuns ou religiosos.

Os homens devem governar segundo as leis , aplicá-las , julgar e decidir pelo bem de todos , em conformidade com às leis de Deus e com as leis da Igreja . As instituições laicas devem ser ministras da Igreja , conduzindo as almas no reto caminho da salvação.

A Igreja é a barca da salvação que leva as almas santas da terra ao céu ; fora dela , em sentido definitivo , ninguém poderá encontrar a salvação.

Os homens devem , sempre , precaver-se para não serem apartados do estado da graça pela prática do pecado ; o caminho é certo , mas a nossa conduta pode nos afastar desse reto caminho.

Deus propôs a salvação para todos os povos (Ap.7:9), tribos e nações ; tanto os sábios quanto os incultos podem alcançá-la. A receita é a fé em Jesus Cristo (At.16:31). Um ato da soberana vontade de Deus , não vem de nossa própria justiça ; a salvação é sempre pela graça divina (Ef. 2:8-9 e Tito 3:5).

O ato de crer no Filho de Deus conforme as escrituras significa ter a vida eterna (Jo.17:3). Lemos no evangelho de João : "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida" (Jo.5:24).

Não temos méritos , originalmente , em nossa justificação ; todos os méritos são de Deus , somente Ele pode nos justificar e nos santificar. Contudo , uma vez justificados , somos convidados a cooperar na obra de Deus , e a crescer na justiça e na santidade com aquisição de méritos.

Diz o Catecismo da Igreja de 1992

" 1993 A justificação estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a libertade do homem. Pela parte do homem se expressa no assentimento da fé à Palavra de Deus que o convida à conversão , e a cooperação da caridade ao impulso do Espírito Santo que o previene e o custodia (...)" e também Diz o Catecismo da Igreja : " (2002) A livre iniciativa de Deus exige a resposta livre do homem, porque Deus criou o homem à sua imagem concedendo-lhe, com a libertade, o poder de conhecê-lo e amá-lo. A alma só , livremente entra na comunhão do amor. Deus toca imediatamente e move diretamente o coração do homem. Pôs no homem uma aspiração à verdade e ao bem que só Ele pode acumular. As promessas de ‘vida eterna’ respondem , por cima de toda esperança, a esta aspiração ( ... ) "

O homem é um ser moral , dotado de uma alma imortal , apto a amar e conhecer a Deus , ele responde por todas as ações , tomadas , livre e conscientemente. Sejam as boas ações ou as más ações. O cristão deve obecer a um conjunto de normas , de regras , e de deveres morais , possuindo igualmente direitos - tanto perante à autoridade civil como em relação à autoridade religiosa. Ninguém pode salvar-se a si próprio sem a graça. Somos parte da Igreja que é santa , sempre santa , - a barca da salvação - que nos assegurará a justificação ; formamos o Corpo do Cristo , mas , individualmente , podemos nos afastar dessa porta que nos dá acesso ao céu.

Diz Dom Eugenio Sales na aula 55 sobre o Catecismo : " 55a. aula: Meus amigos, pela fé cada fiel responde amorosamente, com toda a sua pessoa a Deus que sempre inicia o diálogo com a humanidade. "Quem crer e for batizado será salvo", disse Jesus (Mc 16,16) . Hoje o Catecismo nos ensina que, embora pessoal, a fé não é uma atitude isolada. ARTIGO 2 (NOS CREMOS 166)

A fé é uma atitude pessoal: resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Mas a fé não é uma atitude isolada. Ninguém pode acreditar sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. Ninguém dá a fé a si mesmo, assim como ninguém dá a vida a si próprio. O crente recebeu a fé de um outro; deve também transmiti-la a outro. Nosso amor por Jesus e pelos homens nos impulsiona a falar de nossa fé. Cada fiel é assim como um elo na grande corrente dos fiéis. Não posso acreditar sem ser levado pela fé dos outros e, pela minha fé, eu contribuo para levar os outros à fé. (167) "Eu creio" (Símbolo dos Apóstolos) : é a fé da Igreja pessoalmente professada por cada fiel sobretudo no batismo. "Nós cremos" (Símbolo de Nicéia-Constantinopla, no original grego) : é a fé da Igreja confessada pelos Cardeais reunidos em Concílio ou, mais habitualmente, pela assembléia litúrgica dos fiéis. "Eu creio": é também a Igreja, nossa Mãe, que corresponde a Deus por sua fé e nos ensina a dizer: "Eu creio", "Nós cremos". Comentário: "Antes de ser uma adesão individual que liga diretamente a alma a Deus, a fé consiste numa adesão a Deus, vivida em comunhão com a Igreja viva. A fé de cada fiel passa pela mediação da Igreja: é a Igreja que como Mãe nos gera para a fé". A fé que professamos é a mesma que os apóstolos receberam de Jesus, e que a Igreja conserva fielmente graças à presença e ação contínua do Espírito Santo. "Sob o influxo do Espírito Santo, a comunidade professa a sua fé e aplica a verdade da fé à vida" (João Paulo 11- L'Osservatore Romano de 17/05/92) .

É desse modo que o cristão será fermento na massa, sal e luz do mundo como Jesus diz no Evangelho. "Tamanho vigor tem a fé que não só o que crê se salva mas também outros foram salvos pela fé dos que creram" (S. Cirilo de Jerusalém) . Basta ver no Evangelho a fé de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, que recorrem a Jesus mesmo após a morte do irmão. São Mateus relata que desceram um paralítico pelo teto para que Jesus o curasse. Jesus "vendo a fé daquela gente" (Mt 9,2) que o trazia, perdoou-lhe os pecados e em seguida o curou.

Resumo: 181 Crer é uma atitude eclesial. A fé da Igreja precede, gera, sustenta e nutre a nossa fé. A Igreja é a mãe de todos os fiéis. "Ninguém pode ter Deus como Pai se não tiver a Igreja como mãe" (s. Cipriano) . Para refletir: 1. Assim como recebemos de nossos pais e mestres uma herança cultural, recebemos da Mãe-Igreja a fé. Temos também a necessidade e o dever de transmiti-la. Amigo, à medida em que aprofundamos a experiência da vida com Deus percebemos que somos indignos de proclamar a Boa Nova. No entanto, seríamos ainda mais indignos se não a proclamássemos. 2. "Cada cristão deve 'reconhecer Cristo diante dos homens' (Mt 10,32) em união com toda a Igreja, e ter entre os não crentes "um comportamento irrepreensível", a fim de que cheguem à fé." (1 Ped 2,12) (João Paulo 11- L'Osservatore Romano de 17/05/92)(...) "

Autor: Prof Everton Jobim

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