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Teologia Moral
Estudos bíblicos
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Doutrina Cat�lica

VOZ DO PASTOR

D. Eug�nio de Ara�jo Sales

26/01/2001

Ma�onaria

Desde o Papa Clemente XII, com a Constitui��o Apost�lica �In eminenti�, de 28 de abril de 1738 at� nossos dias, a Igreja tem proibido aos fi�is a ades�o � Ma�onaria ou associa��es ma��nicas. Ap�s o Conc�lio Vaticano II, houve quem levantasse a possibilidade de o cat�lico, conservando a sua identidade, ingressar na Ma�onaria. Igualmente, se questionou a qual entidade se aplicava o interdito, pois h� v�rias correntes: se � anglo-sax�nica ou � franco-ma�onaria, a at�ia e a de�sta, anti-clerical ou de tend�ncia cat�lica. Para superar essa interroga��o, o Documento da Congrega��o para a Doutrina da F�, com data de 26 de novembro de 1983, e que trata da atitude oficial da Igreja frente � Ma�onaria, utiliza a express�o �associa��es ma��nicas�, sem distinguir uma das outras. � vedado a todos n�s, eclesi�sticos ou leigos, ingressar nessa organiza��o e quem o fizer, est� �em estado de pecado grave e n�o pode aproximar-se da Sagrada Comunh�o�. Entretanto, quem a elas se associar de boa f� e ignorando penalidades, n�o pecou gravemente. Permanecer ap�s tomar conhecimento da posi��o da Igreja, seria formalizar o ato de desobedi�ncia em mat�ria grave.

A Congrega��o, no mesmo Documento de 26 de novembro de 1983, declara que �n�o compete �s autoridades eclesi�sticas locais (Confer�ncia Episcopal, Bispos, p�rocos, sacerdotes, religiosos) pronunciarem-se sobre a natureza das associa��es ma��nicas, com um ju�zo que implique derroga��o do quanto acima estabelecido�. O texto faz refer�ncia � Declara��o de 17 de fevereiro de 1981, que reservava � S� Apost�lica qualquer pronunciamento que implicasse em derroga��o da lei can�nica em vigor. Tratava-se do c�non 2335 do C�digo de Direito Can�nico de 1917, que previa excomunh�o �ipso facto� a quem ingressasse na Ma�onaria.

Reconhecer uma incompatibilidade doutrin�ria n�o implica fomentar um clima de hostilidade. Preservar a pr�pria identidade e defend�-la, n�o significa incentivar atritos. Ali�s, somente o respeito � Verdade facilita a paz e a busca da conc�rdia entre os indiv�duos.

O novo C�digo de Direito Can�nico assim se expressa: �Quem se inscreve em alguma associa��o que conspira contra a Igreja, seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associa��es, seja punido com interdito� (c�non 1374). No dia seguinte � entrada em vigor do novo C�digo, isto �, 26 de novembro, � publicada a citada Declara��o com a aprova��o do Santo Padre. Diz o Documento que a Ma�onaria n�o vem expressamente citada por um crit�rio redacional e acrescenta: �Permanece, portanto, inalterado o parecer negativo da Igreja, a respeito das associa��es ma��nicas, pois os seus princ�pios foram sempre considerados inconcili�veis com a Doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscri��o nelas.

Em 1997, a Livraria do Vaticano editou uma obra intitulada �A Ma�onaria nas disposi��es do C�digo de Direito Can�nico de 1917 e de 1983�, de autoria de Zbigniew Suchecki. O sucesso levou � tradu��o para o italiano de outro livro do mesmo autor.

Eu fazia parte da Comiss�o do novo C�digo, na parte final da elabora��o. Recordo-me bem. Houve uma emenda para fazer permanecer, de modo expl�cito, a condena��o � Ma�onaria, como foi obtido para o aborto, com excomunh�o �latae sententiae�. A vota��o, no caso do abortamento, alcan�ou os dois ter�os requeridos e foi inclu�do o termo. No que se refere � Ma�onaria, houve maioria em favor da explicita��o da mesma associa��o, mas n�o com o �ndice requerido. Nos debates pr�vios foi alegado n�o ser necess�rio, pois o texto j� continha uma proibi��o impl�cita.

Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra �Igreja e Ma�onaria: concilia��o poss�vel?� recentemente reeditado em 4� edi��o pela �Vozes�, trata profusamente deste assunto, no cap�tulo �Dos princ�pios do liberalismo religioso � ma�onaria brasileira�. E no cap�tulo XI, �O Ma�om perante a Igreja cat�lica � As raz�es da condena��o da Ma�onaria� � Frontal oposi��o de doutrinas�. Outra obra rec�m-publicada pela Editora �Santu�rio� � �Ma�onaria e Igreja cat�lica�, de Dom Jo�o Evangelista Martins Terra.

Permanecendo a proibi��o no ensinamento da Igreja, houve nesse per�odo p�s-conciliar uma profunda modifica��o no relacionamento entre pessoas, entre cat�licos e ma�ons. Embora permanecendo separadas, existe um clima de respeito m�tuo que permite um di�logo. O exemplo foi o aparecimento de reuni�es entre cat�licos e ma�ons para estudo como o de uma Comiss�o das Grandes Lojas reunidas da Alemanha e a Confer�ncia Episcopal Alem�, de 1974 a 1980. A Declara��o final do Episcopado alem�o evidencia a incompatibilidade, pois a ma�onaria n�o mudou em sua ess�ncia. A pesquisa acurada sobre rituais e os fundamentos dessa institui��o demonstra a exist�ncia de doutrinas que se excluem. Entre as causas dessa separa��o, enumera: a ideologia dos ma�ons, o conceito de Verdade, de Religi�o, de Deus, a Revela��o, sobre a toler�ncia, os ritos, a perfei��o do homem e a espiritualidade. De outro lado, a realidade alem� v� a possibilidade de colabora��o pastoral na �rea da Justi�a Social e Direitos Humanos.

O fato de existirem eclesi�sticos na ma�onaria prova que h� falhas na disciplina. S�o dadas explica��es, n�o justificativas, baseadas em situa��es hist�ricas, como no caso da Independ�ncia do Brasil. Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra examina o assunto e o reduz a dimens�es reais

O respeito m�tuo e a fidelidade aos ensinamentos da Igreja nos possibilitam uma conviv�ncia pac�fica com os irm�os ma�ons.

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