Estudos bíblicos

Doutrina Cat�lica

HIST�RIA DA LITURGIA CRIST� - No cristianismo primitivo, liturgia e comunidade relacionam-se estreitamente como exig�ncia de fixar a profiss�o da religi�o e de manifestar seu conte�do em formas vis�veis. Uma sum�ria liturgia crist� j� est� contida nos Atos 2,46-47: conclui-se do texto que os primeiros crist�os de Jerusal�m costumavam participar ainda das ora��es israelitas do templo, enquanto tinham em casa os �gapes eucar�sticos. O termo liturgia reaparece nos escritos extrab�blicos de origem judeu-crist�, na Didach� 14, onde o voc�bulo refere-se claramente � celebra��o da eucaristia unida �s ora��es de agradecimento: "Todo domingo nos reunimos, partimos o p�o e damos gra�as...", e na primeira carta do papa Clemente, que explica o culto crist�o baseando-se no culto hebraico. Certamente, a primeira Igreja apost�lica, ao renovar totalmente o conte�do do culto lit�rgico, pois acontece na nova realidade do sacerd�cio de Cristo, n�o ficou sem sofrer influ�ncia de sua origem hebraica. Todavia, a primeira descri��o importante da liturgia crist� � fornecida por Justino em meados do s�culo II: j� est�o definidas as duas partes essenciais da missa, a dos catec�menos, com leitura dos textos sagrados, e a dos fi�is, que compreendia o sacrif�cio eucar�stico. "No dia do sol, todos se re�nem; l�em-se trechos dos escritos dos Ap�stolos e dos Profetas; seguem-se a homilia e ora��es de intercess�o; ent�o trazem-se p�o e vinho misturado com �gua e o presidente da assembl�ia pronuncia sobre eles, "do melhor modo que sabe", ora��es e agradecimentos, a que todos respondem com um AM�M; os dons assim "eucaristizados" s�o distribu�dos a todos" (Apol.I, 67). Ainda Justino, confirmado depois por Tertuliano e Hip�lito, d�-nos not�cias das primeiras liturgias crist�s a respeito da administra��o do batismo e da celebra��o da P�scoa crist�, j� totalmente separada da judaica. A "Tradi��o Apost�lica" de Hip�lito conhece, ao lado da ceia comum, uma esp�cie de "lucernarium" ou culto vespertino. Alguns anos antes, Tertuliano fazia refer�ncia a momentos cotidianos de ora��o, que n�s hoje chamamos de "liturgia das horas". A partir da segunda metade do s�culo II e, depois, no decurso do s�culo III, j� se celebram as mem�rias dos m�rtires no seu "dies natalis", com a celebra��o da eucaristia sobre a tumba deles, seguida de uma refei��o em comum. No decurso do s�culo IV, os termos b�blicos neotestament�rios passam, por simples translitera��o, do texto grego para o latino na Igreja oriental de l�ngua grega. Ao contr�rio, na Igreja latina isso n�o acontece: de fato, ela permanece estranha � linguagem lit�rgica latina e o termo "leitourgia" � traduzido por "officium, ministerium, munus...". A primeira reuni�o de f�rmulas lit�rgicas na Igreja ocidental remonta ao papa S�maco (498-514) e ao papa Le�o (440-461). Ainda no decurso do s�culo IV come�am a se formar as fam�lias lit�rgicas, que se diferenciam e se definem entre os s�culos IV e VII e podem ser agrupadas em liturgias orientais e liturgias ocidentais. O primeiro elemento diferenciador fundamental foi a l�ngua: do aramaico dos primeiros judeu-crist�os ao grego dos helenistas. As primeiras igrejas formaram-se nas grandes metr�poles do mundo de ent�o: em Jerusal�m e em Antioquia, onde os disc�pulos, pela primeira vez, foram chamados de "crist�os" (Atos 11,26), em Corinto e em Roma, em Alexandria e em �feso, bem como no norte da �frica latino, ou seja, Cartago. Tinham os Ap�stolos constitu�do nessas cidades a base da nova religi�o; seus sucessores, muitas vezes grandes figuras de bispos santos, contribu�ram para isso. As liturgias orientais conservaram fielmente o aspecto primitivo tirado das Igrejas de Jerusal�m e de Antioquia; o n�cleo dessas liturgias constitui-se da "an�fora", ora��o de obla��o, e do "pref�cio", em que o conte�do das f�rmulas varia de acordo com as solenidades e os tempos festivos; a elas juntaram-se os s�rios cat�licos e monofisistas, bem como os Maronitas que seguiram a liturgia antioquena interpolada com elementos do rito romano. A liturgia sir�aco-oriental teve seu centro em Edessa e foi depois adotada pelos nestorianos.

A liturgia eg�pcia, muito antiga, conservou-se entre os monofisistas e cat�licos coptas. Na �sia Menor, nasceu o rito bizantino, que foi depois substituindo as liturgias orientais e � hoje o rito dominante; a ele pertencem todas as Igrejas ortodoxas. Esse rito passou tamb�m, traduzido nas respectivas l�nguas, para os eslavos cat�licos e descendentes, para os melquitas sir�acos e �rabes, para os georgianos e para os romenos. A liturgia arm�nia deve ser considerada � parte. As liturgias ocidentais que tiveram suas matrizes em Cartago e Roma mudaram, depois do s�culo VI, sob a influ�ncia do ano eclesi�stico. No lugar do formul�rio �nico das liturgias orientais, constituiu-se no ocidente o "sacramentarium", um livro completo que continha as missas de cada dia, e o "missal". Nascem os diversos ritos: o "galicano" do qual se separou na Espanha a liturgia mo�ar�bica; na It�lia setentrional, o rito galicano teve influ�ncia sobre o rito romano e o encontro das duas liturgias fica evidente no rito "ambrosiano". O rito romano conservou invari�vel o "c�non", que, por conte�do e forma, difere da an�fora oriental. A reda��o definitiva do c�non romano foi feita somente por S�o Greg�rio Magno; sobre as partes vari�veis da missa romana t�m-se diversas cole��es dos tempos mais antigos. O "Sacramentarium Gregorii" foi enviado a Carlos Magno pelo papa Adriano I. Desse modo a liturgia romana adquiriu muitos elementos galicanos e dessas misturas nasceram variedades locais, suprimidas depois pelo conc�lio de Trento. No s�culo VII, busca-se uma certa uniformidade nos ritos, mas a exuberante infiltra��o de devo��es populares altera a linha s�bria e tradicional da liturgia romana. A Idade M�dia carrega o peso de um forte obscurantismo, inclusive lit�rgico. Pio V ser� o papa que, em 1570, pondo em pr�tica os decretos do conc�lio de Trento (1545-1563), empreender� a reforma lit�rgica, que levar� seu nome e ser� continuada por seus sucessores at� Paulo V (1614). A reforma protestante rompeu decididamente com a liturgia tradicional, procurando simplificar sua estrutura e tornar o culto mais popular, com a introdu��o da l�ngua vulgar e uma participa��o mais direta dos fi�is no rito. Lutero, propondo-se a purgar a missa latina de qualquer acess�rio, manteve seu esquema geral, mas tirou o ofert�rio e transformou o c�non, embora tenha deixado as per�copes e as coletas; manteve as vestes sacras, o altar com os candelabros, o acesso � comunh�o e sua administra��o, mas deu nova interpreta��o � eleva��o.

Esse sistema enfraqueceu durante a guerra dos Trinta Anos. Tamb�m Zwingli suprimiu todas as partes integrantes latinas, abandonou todo o esquema da missa e separou, por princ�pio, a pr�dica da comunh�o. Calvino, por sua vez, no regulamento por ele introduzido em Genebra, mostra-se dependente de Lutero e de Zwingli, mas sobretudo de M. Butzer. Constituiu um servi�o religioso diferente do romano e do luterano: uma mesa no lugar do altar; separa��o entre a pr�dica e a comunh�o e, nesta, o pensamento n�o deve se fixar no p�o e no vinho, mas os cora��es devem se elevar ao alto, onde Cristo vive na gl�ria do Pai, para sermos nutridos de sua subst�ncia e tornarmo-nos part�cipes do Reino de Deus. H�, al�m disso, o ritual do servi�o divino pr�prio da Igreja anglicana indicado no "Book of common prayer" (1549), em que se sente a influ�ncia luterana, oriental e cat�lico-romana e que foi reformado em 1662. A partir do final do s�culo XIX, o movimento lit�rgico suscita id�ias novas no conhecimento lit�rgico, exige aprofundamentos teol�gicos, tanto da parte protestante como da cat�lica. Entre os protestantes, o movimento lit�rgico foi promovido por F. Spitta e J. Smend e depois por R. Otto e F. Heiler, todos animados pelo desejo de fazer reviver o sentido da ora��o comunit�ria e a ativa participa��o dos fi�is no culto. Entre os cat�licos, o retorno a formas de liturgia antiga, em que esteja presente toda a comunidade, entrela�ou-se com a obra dos beneditinos de Solesmes, com o abade P. Gu�ranger, morto em 1875, e, na Alemanha, com a dos beneditinos Mauro e Pl�cido Wolter, fundadores da congrega��o de Beuron. Da liturgia, L. Beauduin d� uma defini��o t�o breve quanto eficaz: "A liturgia � o culto da Igreja": "Igreja" absorve o sentido comunit�rio e ao mesmo tempo cristol�gico, sendo a continua��o de Cristo no mundo. O beneditino alem�o O. Casel de Maria Laach (1886-1948) insistiu sobre o valor da liturgia como "celebra��o" do mist�rio salv�fico de Cristo, que se torna presente no rito, a ponto de a assembl�ia poder louvar e adorar a Deus "em esp�rito e verdade". O papa Pio X acolhe esse grande novo impulso que se localiza principalmente na B�lgica na universidade cat�lica de Louvain, depois na Holanda, na Alemanha na abadia de Maria Laach, e na �ustria em Klosterneuburg. Todos esses fermentos de renova��o e de aprofundamento lit�rgico introduzem tamb�m "novidades" que incidem sobre os aspectos doutrinais, incorrendo em infra��es disciplinares. Por meio da enc�clica Mediator Dei, promulgada em 20 de novembro de 1947, o papa Pio XII interveio nessa situa��o de confus�o, movido por preocupa��es pastorais e ao mesmo tempo de adapta��o �s exig�ncias religiosas e culturais modernas. Nessa enc�clica, a liturgia � definida em rela��o ao conte�do como "a continua��o do of�cio sacerdotal de Cristo", ou mesmo "o exerc�cio do sacerd�cio de Cristo". Quanto � sua realidade completa de celebra��o, "� o culto p�blico total do corpo m�stico de Cristo, cabe�a e membros". A liturgia, portanto, por sua natureza interna, � sacramental, sendo sempre sinal de uma efetiva presen�a de Cristo.

Al�m disso, Cristo prestou um culto perfeito ao Pai, glorificando-o na total ades�o � Sua vontade, na qual assumiu todos os redimidos, libertando-os das obras de morte. Por �ltimo, ela � exercida necessariamente nos ritos que realizam, por interm�dio dos s�mbolos, a obra santificadora de Cristo em rela��o a cada um de n�s. Em 1962, o conc�lio Vaticano II, convocado pelo papa Jo�o XXIII, oferece como seu primeiro documento justamente a constitui��o "Sacrosanctum Concilium", voltada para a reforma lit�rgica, que obteve na vota��o dos Padres Conciliares, dia 4 de dezembro de 1963, 2147 placet contra 4 non placet e foi aprovada definitivamente pelo papa Paulo VI. Com essa constitui��o, reafirma-se o significado de liturgia expresso na constitui��o anterior, "Mediator Dei", ressaltando, por�m, o aspecto "pascal", realidade e mist�rio, "lugar" coextensivamente teol�gico e lit�rgico: o mist�rio pascal n�o � "um dia" no calend�rio religioso, mas � o plano de salva��o divina tornado atual na revela��o em Cristo. A Igreja, portanto, � continuamente "profecia" que anuncia o mist�rio e atualiza-o na a��o lit�rgica. Essa constitui��o aborda, al�m disso, aspectos normativos das celebra��es festivas, dos santos, da administra��o dos sacramentos, da abertura �s l�nguas locais com o objetivo de ajudar a "concelebra��o do sacerdote com os fi�is".

LITURGIA AMBROSIANA - � oportuno antes de mais nada esclarecer que "rito ambrosiano" tem um sentido mais amplo de "liturgia ambrosiana". "Rito ambrosiano" indica o contexto peculiar da vida da igreja ambrosiana e abarca o conjunto de normas e usos cultuais, jur�dicos, administrativos pr�prios das igrejas locais que se reportam � igreja metropolitana de Mil�o. Esta, no �mbito do ocidente crist�o, gozou de autonomia jur�dico-eclesial a ponto de ter exist�ncia e atividade de escolas eucol�gicas que criaram, ou assimilaram de outras fontes, os formul�rios das ora��es e o conjunto das cerim�nias para a liturgia local. "Liturgia ambrosiana", portanto, � o conjunto do dep�sito eucol�gico e o modo de celebrar as a��es lit�rgicas espec�ficas das igrejas existentes no �mbito do territ�rio que atualmente se reduziu a quase toda a arquidiocese de Mil�o e a algumas outras localidades que fazem parte de outras dioceses. Do "Liber Notitiae Sanctorum Mediolani", escrito entre 1304 e 1311 e que usufruiu de fontes antigas, � poss�vel remontar �s origens dessa liturgia. Inicia ela com o bispo milan�s Santo Ambr�sio (374-397), continua com outro bispo milan�s, Simpliciano (+401) para terminar com outro bispo tamb�m milan�s, Eus�bio (+452). Portanto, denomina-se liturgia ambrosiana a que realmente, ou tamb�m apenas nominalmente, remonta a Santo Ambr�sio. Houve sempre a convic��o de que Ambr�sio, na igreja milanesa, foi o "primus, id est, maximus metropolitanam regens cathedram". Sua peculiaridade fundamenta-se tamb�m no n�cleo teol�gico de sua forma��o, que acontece sob a influ�ncia de fatores intr�nsecos e extr�nsecos: em primeiro lugar, o antiarianismo puro dos s�culos IV e V; o b�rbaro-lombardo dos s�culos VI e VII e seus seguidores nos s�culos VIII e IX. Isto lhe d� uma caracter�stica de forte cristocentrismo em solidariedade com a Igreja de Roma. Mil�o, por sua centralidade, foi lugar de interc�mbios culturais e comerciais desde a antig�idade. Isso teve influ�ncia sobre as origens h�bridas, sobre as diversas estratifica��es e contamina��es, sobre as m�ltiplas tonalidades teol�gico-lit�rgicas e lit�rgico-espirituais presentes na sua liturgia e na sua reda��o plurissecular. A renova��o p�s-conciliar que se seguiu ao conc�lio Vaticano II atingiu tamb�m a Igreja ambrosiana, obrigada a se perguntar se era leg�tima sua sobreviv�ncia ou se deveria canalizar-se para o rito romano. Concluiu-se que a liturgia ambrosiana tem em si valores t�o grandes que justificam sua perman�ncia no hoje eclesial: salva e incrementada, deve igualmente renovar-se, sem falsificar a pr�pria identidade. Da� o longo processo ainda em curso de redefini��o do ano lit�rgico, das festas, do missal, da Liturgia Eucar�stica, do Pontifical, da estrutura ling��stica, do rito. O certo � que a liturgia ambrosiana � uma concretiza��o da f� vivida pela "santa Igreja milanesa" dentro da tradi��o crist� e, por isso, est� em comunh�o com a Igreja apost�lica romana, que, por sua vez, concretiza-se e torna-se vis�vel em Igrejas locais. Trata-se de uma t�pica aplica��o da "lex orandi-lex credendi". A liturgia ambrosiana presta assim um servi�o valioso ao futuro lit�rgico da Igreja universal e, sob o ponto de vista ecum�nico, sua continua��o ajuda a perceber a presen�a do Esp�rito Santo na reforma lit�rgica p�s-conciliar.

LITURGIAS ORIENTAIS - Encontra-se a origem das liturgias orientais "na antiga ordem patriarcal", fen�meno de condensa��o administrativa eclesial baseada nas Igrejas locais dos primeiros s�culos, centralizadas, primeiro, ao redor de um grande n�mero de metr�poles e, depois, de um n�mero mais restrito de centros patriarcais. O chefe desses centros chama-se, dentro do Imp�rio Romano, "patriarca": em Alexandria, Antioquia, Constantinopla, Jerusal�m. Fora dele, "katolik�s": na Sel�ucia-Ctesifonte para os s�rios orientais, Arm�nia, Georgia. O sistema patriarcal � centralizador e determina unifica��o legislativa e disciplinar. Dentro das prov�ncias eclesi�sticas t�m origem as "prov�ncias lit�rgicas". Todavia, o sistema patriarcal dos s�culos IV e V permitiu vida lit�rgica influente, como em �feso e na Capad�cia, somente depois absorvidas pela predominante liturgia de Constantinopla. A Igreja de Jerusal�m, que se tornou patriarcado somente depois do conc�lio de Calced�nia de 451, influenciou a liturgia de v�rias outras Igrejas a partir do s�culo IV. Os testemunhos patr�sticos mais antigos para a regi�o de Antioquia e Jerusal�m encontram-se nas catequeses batismais, nas obras de S�o Jo�o Cris�stomo, nas catequeses batismais e nos mist�rios da salva��o de S�o Cirilo de Jerusal�m e outros. As l�nguas lit�rgicas predominantes s�o o grego e o aramaico. Dos raros documentos que temos sobre a liturgia eg�pcia arcaica deduz-se que os Padres alexandrinos n�o davam demasiada aten��o aos ritos lit�rgicos, ocupando-se, ao contr�rio, de modo especial com a doutrina; no Egito, gozava de grande popularidade a "Traditio apostolica" de Hip�lito. Do s�culo V em diante, temos a fase da definitiva estrutura��o das Igrejas orientais, que se diversificam sob o est�mulo de fatores doutrinais, culturais e sociais: os s�rios orientais rejeitam o conc�lio de �feso e isolam-se por oito s�culos na Mesopot�mia e na P�rsia, para al�m das fronteiras do Imp�rio Romano, e com intensa atividade mission�ria difundem-se em muitos pa�ses da �sia. Os s�rios ocidentais, os coptas e os arm�nios rejeitam o conc�lio de Calced�nia, apenas suportam o predom�nio pol�tico e intelectual do helenismo bizantino e criam uma tradi��o pr�pria com o uso progressivo das l�nguas nacionais. T�m extraordin�rio desenvolvimento mon�stico. Ressalta-se fortemente o papel do Esp�rito Santo, tanto que Severo de Antioquia considera os sacramentos, a imposi��o das m�os e a consagra��o mon�stica como comunica��es do Esp�rito. Caracterizam-se por importantes diferen�as, tanto no ano lit�rgico com tr�s �pocas lit�rgicas, como na semana, nos jejuns, nos livros lit�rgicos e numa longa e s�bria celebra��o eucar�stica. Al�m disso, as Horas mon�sticas praticam-se nos mosteiros e possuem uma rica salmodia. A obra enciclop�dica "L�mpada da escurid�o" do in�cio do s�culo XIV cont�m descri��es precisas e detalhadas das correntes lit�rgicas e dos usos locais. Os coptas s�o atualmente a mais numerosa comunidade crist� dentro de um pa�s isl�mico: pelo menos 6.000.000. O ambiente mon�stico � o eixo vital de sua coes�o. A liturgia et�ope, nascida de uma extirpe mista alexandrino-s�rio-jerosolimitana, � finamente popular e africana, com o uso ritmado dos tambores, do sistro e da dan�a sacra. O imperador Hail�-Selassi� iniciou sua reforma, retomada hoje, mas em condi��es s�cio-pol�ticas muito dif�ceis. O cristianismo chegou ao povo arm�nio j� no s�culo I, gra�as aos esfor�os mission�rios de Greg�rio, o iluminador, e tornou-se religi�o de estado antes mesmo que no Imp�rio Romano. Esse povo, dividido entre o Imp�rio Romano e o persa, encontra na for�a lit�rgica sua identidade, resistindo �s mais diversas invas�es de outros povos. Sofreu influ�ncias latinas durante o per�odo das Cruzadas, quando esteve em contato com os francos, o que persiste na tradu��o arm�nia da "Summa Theologiae" de S�o Tom�s. As repetidas tentativas de uni�o com Biz�ncio e Roma durante a Idade M�dia deixaram no mundo lit�rgico arm�nio a marca de uma ecumenicidade antiga e s�lida, hoje bastante restrita ao �mbito nacional. A liturgia � coral e a participa��o popular chega a se transformar em magnific�ncia de aparato e fineza de execu��o. A m�sica est� entre as mais fascinantes do Oriente, cheia de doces melodias nas quais transparece a melancolia de um povo que sofreu de modo incr�vel.

As comunidades da di�spora abandonaram o c�mbalo, substituindo-o pelo harm�nio ou �rg�o. Seus cantos repetem a interpreta��o m�stica da liturgia como participa��o do louvor ang�lico e sublinham, como tamb�m todas as Igrejas orientais, o sentido do mist�rio na liturgia. Cap�tulo especial merece a liturgia bizantina pr�pria das Igrejas ortodoxas nascidas dos 7 conc�lios ecum�nicos, reunidas numa fam�lia de Igrejas aut�nomas difundidas em todos os continentes. O termo "bizantino" exprime a for�a de Biz�ncio e de Constantinopla no contexto imperial de que foi capital. Antigamente esse termo aplicava-se a todo o conjunto de tradi��es lit�rgicas da �rea bizantina: �sia Menor, Ponto, Tr�cia, Capad�cia, S�ria e Palestina com o Sinai. Do s�culo IV ao s�culo V foram patriarcas e arcebispos de Constantinopla seja personalidades s�rias, como Eud�xio, S�o Jo�o Cris�stomo, Net�rio, seja alexandrinas, como Anat�lio. Te�logos e hin�grafos famosos, como Romano, o Melodista, Santo Andr� de Creta, S�o Jo�o Damasceno e S�o Cosme, s�o s�rios lidos e apreciados em Biz�ncio; em prosa e em poesia, eles expressaram uma teologia da salva��o inspirada em Jerusal�m e nos lugares santos. Os monges, como S�o Sime�o, o Estilita, e os Santos S�rgio e Baco, na S�ria, foram um fator importante de difus�o lit�rgica, pelo car�ter cosmopolita do monaquismo oriental antigo, "lauras da Palestina", "mosteiros da S�ria", que favorecem as trocas e as peregrina��es � Terra Santa ou aos santu�rios do Oriente. A hist�ria da liturgia bizantina apresentou momentos de reformas fundamentais, conseq�entes �s vicissitudes hist�rico-pol�ticas dos territ�rios em que havia interesse por essa reformas, as quais foram sintetizadas no TYPIKON, o livro que resumiu as tradi��es e as regras de todas as celebra��es. Depois das tr�gicas experi�ncias de invas�es e destrui��es entre o s�culo VIII e o s�culo IX, sob a influ�ncia dos mosteiros do Monte Athos, recuperaram-se e reescreveram-se os numerosos manuscritos lit�rgicos, definitivamente codificados no Typicon de S�o Saba, que foi oficialmente consagrado como livro normativo para todos os ortodoxos e impresso em Veneza em 1546.

Tra�os caracter�sticos da liturgia bizantina transparecem de suas origens orientais e se exprimem como "festa no �trio do Senhor, e a igreja, como edif�cio, assemelha-se a um novo para�so". O aspecto formal exprime com "o sentido da hierarquia, da ordem, da cerim�nia" a marca de origem imperial. Os conte�dos b�blico-lit�rgicos expressam-se com a linguagem pr�pria da teologia patr�stica grega. A liturgia � um caminho de inicia��o cognoscitiva "do Deus transcendente da Escritura: Luz, Sabedoria, Logos, Pneuma". Ao mesmo tempo, os hin�rios juntamente com o conjunto das ora��es lit�rgicas "s�o textos de aprendizagem dos dogmas da Igreja, da doutrina dos conc�lios" por meio de uma abund�ncia de formula��es teol�gicas dos s�nodos e do pensamento dos Padres da Igreja. O simbolismo tem objetivo teoc�ntrico e cristoc�ntrico. A liturgia tem a tarefa de transmitir "a suprema transcend�ncia de Deus que", para al�m de todas as teofanias lit�rgicas, "� e permanece sendo mist�rio impenetr�vel, tremendo e fascinante, e Cristo, como Kyrios, permite a transforma��o de todas as realidades. Ele n�o � jamais coberto 'pelo homem da dores', porque n'Ele vivem a for�a, o poder e a gl�ria". O tema da "doxa", ou seja, da gl�ria final de Deus, cuja obra-prima insuper�vel � a an�fora de S�o Bas�lio, transmite "o car�ter escatol�gico" da liturgia bizantina, particularmente na celebra��o eucar�stica: aqui tudo tem fun��o de sinal prof�tico da uni�o apocal�ptica entre o c�u e a terra. Os cantos repetem que a liturgia � servi�o pneum�tico-ext�tico, apari��o ic�nica do Reino. Tamb�m a pr�tica sacramental � sinal da epifania que vence o determinismo do mundo natural, mais que instrumento comunicador de gra�a. Sob essa luz, compreende-se tamb�m o alto valor teol�gico dos "�cones" pintados segundo crit�rios rigorosamente eclesi�sticos, capazes de suscitar uma espiritualidade autenticamente contemplativa. O �cone � um documento te�ndrico que anula a proibi��o veterotestament�ria de fazer imagens de Deus: ele sup�e a encarna��o; por isso, o fato cristol�gico � essencial para que Deus possa ser representado por meio da humanidade de Cristo. Ao �cone presta-se culto de venera��o, ou seja, "proskynesis", que de modo algum � adora��o, como afirmou S�o Jo�o Damasceno no II conc�lio de Nic�ia, "787", evitando a tenta��o monofisista. A figura de Cristo e as da M�e de Deus e dos santos s�o representadas n�o de um modo naturalista, mas nas semelhan�as de uma eternidade criada, imersa na luz do Tabor simbolizada pelo fundo dourado ou branco. O limite espacial que Deus assumiu em Cristo �, � luz da ressurrei��o, uma janela aberta para a eternidade. Tamb�m as cores, juntamente com a forma estilizada das figuras, acompanham a liturgia, significando a transfigura��o da cria��o subtra�da � corrup��o. Al�m disso, essa liturgia, j� ecum�nica em suas origens, o � tamb�m em sua dimens�o de Igreja local, em cuja assembl�ia representa-se toda a Igreja de Deus.

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