Doutrina Católica

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Tomismo e Criticismo Kantiano

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Conhecimento natural e sobrenatural

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A fé é a adesão intelectual do homem à mensagem sobrenatural revelada, através da virtude espiritual posta em nossas almas por Deus.

O homem , livremente , adere à verdade , sob os estímulos da graça. A fé e a graça só são possíveis em um ser racional. Sem a fé , sem a aceitação da verdade revelada , o homem não pode acolher a graça transformadora e não é acolhido pelo Autor da Revelação , não sendo , por via de consequência , regenerado neste ato.

Podemos, como dito , conhecer a natureza de Deus através da fé , que é uma virtude da alma racional concedida por Deus aos homens , mediante a qual acolhemos a Revelação divina e os mistérios nela contidos. E também podemos conhecer a natureza divina , por analogia , partindo da realidade criada e das perfeições nela existentes. É dogma católico a possibilidade de se elaborar um conhecimento de Deus , a partir do uso da razão natural , sem o concurso da graça.

Kant dizia que o homem de fé era aquele que afirmava sem saber , porque tentava ir além do que é autorizado pelos sentidos. Ocorre que o ato de crer não é apenas crer 'naquilo que não vê' - ou não sente - mas naquilo que é revelado aos nossos sentidos e que é alcançado pela razão ; mesmo para quem não conheceu a Revelação.

Crer é um ato intelectual ; é , portanto , um ato de conhecimento , uma ação do pensamento. E , por outro lado , conhecer é um ato de crer na capacidade da razão de penetrar no 'modo de ser dos entes naturais' e de prever seus desdobramentos. Crer é pensar e pensar leva à dimensão da fé ("entender a fim de que crer") Credo ut intelligam , creio para entender ; fides quaerens intelectum , a fé procura a inteligência. A fé que não procura entender é uma fé ociosa.

A verdadeira fé é uma fé operante que procura sempre entender. Por isso, a doutrina cristã rejeita o ceticismo , tanto em termos de conhecimento natural , quanto em termos de conhecimento metafísico. Quem tem fé não pode ser cético e quem crê na razão , como participação no dom divino , não duvida do poder da razão de conhecer realidades internas e externas , ainda que inferior à razão divina. Um homem de fé não é , portanto , apenas um indivíduo que sabe que crê , ele sabe que crê , porque a razão permite a ele , chegar a esse plano da consciência que é a dimensão transcendental.

A teologia pretende desenvolver um conhecimento de Deus, baseado em proposições de fé. Trata-se de uma linha cognitiva não exclusivamente racional , porque a natureza de Deus , transcende a capacidade humana de entendimento. Ela reconhece a transcendência da razão divina em face da razão humana.

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Limites do conhecimento

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Kant afirmou não ser possível elaborar um conhecimento racional do ' ser em si ' , ou de Deus. Para ele , Deus é apenas uma idéia da razão. Uma tentativa da razão para conhecer aquilo que vai além da experiência e que , por via de consequência , na formulação kantiana , constitui uma impossibilidade.

O conhecimento humano é fenomenológico, o sujeito cognoscente não tem acesso direto ao material empírico bruto , mas sim , ao material trabalhado pelas formas a priori da sensibilidade , sendo o conceito, uma elaboração mental a partir das categorias antinômicas do entendimento.

O conhecimento humano não é um conhecimento da 'coisa em si', ou da realidade em si , mas de sua representação , em conceitos universais e necessários , afirma o filósofo alemão.

Se o pensamento nada pode deduzir a respeito do que está fora dele , como pode conhecer os seus "limites", sem admitir que estes sejam necessários a priori , perguntamos nós ?

Sendo necessários a priori, são incondicionais; mas são também totais, abarcando o conhecimento humano como um todo , e não somente em algumas partes ; e o todo incondicional é evidentemente absoluto. A introdução dos limites do conhecimento como o novo absoluto , tem como conseqüência o fato do absoluto se tornar o definido não-humano.

Este abismo torna-se absoluto : Deus é tudo quanto está fora dos limites do conhecimento humano. As cinco vias do sistema aristotélico-tomista seriam extrapolações da experiência ; conclusão arbitrária, e, portanto, não autorizada pela experiência.

O argumento ontológico, não obstante , afirmamos nós , é um juízo sintético a priori. Uma verdade, dessa forma , anterior ao dados empíricos.

Trata-se de um conhecimento que antecede a experiência . A existência do ser necessário não está contida em sua mera definição , mas , a priori , sabemos que é exigida por ela . Deus é um dado necessário , um pressuposto pacífico. Se Kant afirma que a existência do ser absolutamente necessário não pode ser deduzida do conceito de sua necessidade , e se o real fenomênico está submetido as categorias lógicas do entendimento , podemos concluir que o único Juizo sintético a priori admissível , na proposta de Kant é o argumento ontológico. Ficando prejudicada a crítica kantiana às cinco vias para a demonstração racional da existência de Deus , segundo o sistema aristotélico-tomista.

A ' coisa em si ', para Kant, é admitida , apenas , no exercício de uma função negativa , ou seja como uma necessidade lógica para diferenciar as representações -- a construção dos fenômenos -- que seriam feitas sobre ele . Mas a intuição -- e esta é a divergência com Kant -- não é apenas a apreensão de algo estático , mas sim , a intelecção de um sistema limitado de possibilidades.

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Extensão do tempo e do espaço

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Os conhecimentos da física moderna (física relativista e mecânica quântica) , em conformidade com a exigência kantiana , são elaborações a partir da experiência , elas admitem a hipótese de um momento absoluto de criação do universo , consequentemente admitem que o tempo e o espaço foram criados com a Grande Explosão.

O universo , portanto , teve um começo e terá um fim. O Big-Bang foi um evento e um evento , como defende Kant , necessariamente, tem uma causa ; - não existe evento observável sem uma causa . Mas se antes do Big-Bang não existia nem o tempo nem o espaço , condições necessárias para o desenvolvimento de séries causais ; qual ser existente fora do tempo e do espaço , foi a causa do surgimento do cosmos ?

O único ser que existe fora do tempo e do espaço , cuja causa não é diferente dele mesmo , é Deus .

Chegamos a essa conclusão a partir da experiência , tal como exige Kant ; e dessa forma , atingimos a questão da extensão do tempo e do espaço , tema fundamental para afirmar ou infirmar , a proposição metafísica concernente às cinco vias para a demonstração racional da existência do ser em si , ou de Deus . Sem o ser em si , ou Deus , não há explicação para a origem do cosmos . Atingimos uma verdade para todas os sistemas de referência , unidade incondicional do sujeito pensante ; atingimos a unidade das condições de aparência ( fenômenos ) e de todos os objetos do pensamento em geral. A razão pura move o sujeito transcendental e este alcança , pela experiência , um conhecimento sobre o cosmos , que supera as supostas contradições afirmadas por Kant , na busca racional de um conhecimento sobre o ser em si.

A ciência, assim estabelecida, identifica um limite empírico, em termos espaço-temporais, para o universo observável. O universo teve um começo no tempo e terá um fim. Se a totalidade do ser do universo teve uma origem, que é a própria origem do tempo, antes dele havia algo que não tem tempo nem espaço, mas que é a causa necessária da totalidade do cosmos.

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Teologia Racional

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Segundo Kant, as cinco vias do sistema aristotélico-tomista , ainda que válidas , não nos permitem afirmar que este ser realíssimo e necessário , seja Deus .

Todos os três principais argumentos de Kant contrários à teologia racional foram refutados - não pela religião - mas pela própria ciência , pela razão , sem recurso à metafísica. Os argumentos de Kant contrários ao ser necessário - se não cairam por terra definitivamente - foram largamente desacreditados. O universo teve um começo , e essa origem está envolta numa esfera especulativa no campo da física.

A causação do universo foi livre de leis da física. O evento do Big-Bang teve uma causa fora do tempo. E o único ser que existe fora do tempo é Deus.

Se isso não é um renascimento da metafisica , o que é ? Principalmente , quando verificamos as insolúveis contradições entre as três físicas existentes , a newtoniana , a einsteniana e a física quântica.

Hoje , muitas décadas depois da Teoria da Relatividade, da Teoria do Big-Bang e das descobertas da física quânticas , essas verdades parecem não surprender. Mas o fato é que abalaram profundamente o canônes dos filósofos e cientistas de formação materialista e agnóstica . Tanto assim , que as principais teses de Kant que buscavam expulsar definitivamente o conhecimento metafisico do campo filosófico, foram contraditadas pela própria ciência. Reabrindo o debate metafisico no campo filosófico.

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Teses de Kant relevantes para a teologia racional de São Tomás de Aquino :

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Primeira - Tese : O mundo teve começo no tempo e é limitado no espaço -- Antítese: o mundo não teve começo no tempo nem limite no espaço. Inútil a antinomia kantiana, o universo teve um começo e possui limite na sua expansão pelo espaço.

Terceira - Tese: Para explicar o mundo deve admitir-se uma causalidade livre -- Antítese: a causalidade livre é inadmissível. Errada a antinomia kantiana, na teoria do Big Bang há uma causa livre e na física quântica há eventos sem causa.

Quarta - Tese: ao mundo sensível refere-se ou como parte , ou como causa um ser necessário -- Antítese: em parte alguma existe um Ser absolutamente necessário.

Na hipótese do Big-Bang existiu um ser necessário antes do tempo do espaço. Fora do tempo-espaço, o único ser existente é aquele que está a salvo de modificações. Um ser que necessariamente é !

O Big-Bang foi um evento , todo evento tem uma causa ; mas para a ocorrência de uma série causal é preciso que o tempo exista. E antes do Big-Bang , o tempo não existia. Logo , a causa do Big Bang não poderia ser uma causa entre outras. O único ser que existe fora do tempo e do espaço, e que não tem causa, é Deus.

Kant não conseguiu demonstrar a existência dos juízos sintéticos a priori. As formas a priori ficam sendo puras formas do pensamento. As idéias do "mundo" ou de "Deus" são como princípios que estimulam à unificação do saber.

Para Kant , as cinco vias usadas por São Tomás, já partem do pressuposto da existência de Deus . Não existe, ou melhor não se pode conhecer, um ser que é substância simples, causa incausada, ser necessário, primeiro motor imóvel, a partir da generalização da experiência .

A idéia de um ordenador do cosmos, por sua vez, é bem vista por Kant , mas não indicaria necessariamente a existência de um ser criador.

Kant afirma que a questão do universo finito ou infinito não pode ser colocada. Poderia haver uma continuidade da regressão causal ad infinitum, e, desse modo, não haveria um ser necessário, como poderia haver ; mas não, necessariamente, Deus. Essa antinomia é insolúvel, conclui Kant.

O ser, eventualmente encontrado, não seria necessariamente bom , perfeito e justo.

A fé , entende Kant , é um "afirmar sem saber"

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Dependem da aceitação da existência do ser em si e do conhecimento da sua natureza , o argumento ontológico e cosmológico. O argumento ontológico se baseia no princípio segundo o qual aquilo que é necessário no plano lógico é também necessário no plano ontológico, tudo o que se constitui numa impossibilidade lógica é também uma impossibilidade no plano real. O real é inteligível porque sua própria essência é racional. O agnosticismo de Kant é um agnosticismo também afeto ao conhecimento natural do mundo porque este depende da causa primeira.

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O objetivo do conhecimento racional é unificar a diversidade sensível ! Esta, porém, é uma função puramente ideal , fazendo parte das chamadas idéias da razão. As idéias do “mundo”, da “alma”, de “Deus” são “princípios reguladores” que estimulam a unificação do saber A razão não é capaz de atingir o absoluto. Sobre as suas "idéias", ou formas puras, não podemos afirmar que correspondam a alguma realidade objetiva. Deus se acha fora do alcance da razão , entende I . Kant . Não é possível demonstrar a existência da 'coisa em si', substância simples e bem supremo. A razão mergulhará em paradoxos insolúveis na tentativa de conhecer aquilo que está além da experiência sensível. Não podemos demonstrar racionalmente a existência de Deus , exceto afirmá-la sem conhecer, e tampouco podemos negá-la , essa é a proposição agnóstica fundamental de Kant.

A razão não é uma faculdade capaz de atingir o absoluto. A tese epistemológica idealista de Kant , contrária às cinco vias , negadora da ontologia de referência das cinco vias ; conduz , não apenas , à impossibilidade de se conhecer o Ser (ou Deus) como também , de conhecer os entes , ou as substâncias em si. Só temos certeza daquilo que representamos em nosssa mentes, não podemos penetrar no conhecimento em si de , rigorosamente , nada. Se assim fosse realmente, o mundo seria absolutamente estranho ao conhecimento , haveria a impossibilidade de interação e de interferência eficaz no mundo conhecido. Se não podemos conhecer o ser em si , não podemos conhecer , rigorosamente , nada , porque o ser em si é a condição necessária para o conhecimento da realidade que dele depende .

O drama do kantismo é produzir um agnosticismo generalizado e o drama do realismo ingênuo é identificar , simplisticamente , o real com o conhecimento, sem maiores mediações e problematizações de natureza epistemológica .

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A questão dos valores

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Além disso, verifica-se um problema ético ; sem uma fundamentação moral sobrenatural , sem Deus , qual , afinal , o critério para se escolher entre o fascismo , o liberalismo e o socialismo , por exemplo ? De onde se originariam os valores para os agnósticos e os ateus ? Da 'deusa natureza' ou da 'deusa história' ? Se não temos acesso ao conhecimento em si do homem e da vida social , os princípios éticos derivados desse conhecimento também não seriam absolutamente seguros.

Na perspectiva historicista do marxismo -- onde os valores se fazem e desfazem na história , nos moldes de um relativismo ético -- como definir princípios éticos para a vida social se tudo é fruto de uma construção cultural arbitrária do homem? Haveria alguma continuidade no processo histórico ?

A questão ética, em todo sistema agnóstico e racionalista , defronta-se com a problemática de sua própria fundamentação . E , diante da diversidade das culturas , a inclinação do racionalismo antropológico é o 'relativismo moral' , principalmente , quando suas teorias gerias sobre a funcionalidade da ordem social e do seu devir histórico se demonstram insuficientes. Uma outra tendência é a absolutização de realidades naturais a pretexto de suprir a ausência de valores transcendentais , considerados de um ponto de vista puramente formal.

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Hegel e o Absoluto

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Hegel retoma a questão de Santo Anselmo. O Ser Perfeitíssimo não pode ser reduzido a uma mera representação. O conceito do absoluto indica a 'existência' do absoluto. O conceito do absoluto é , portanto , uma identidade absoluta entre a realidade e a representação. O Ser infinito e necessário, não pode ser privado da existência, porque toda privação é uma limitação.

Para Santo Anselmo, podemos afirmar conhecer a existência do absoluto, porque podemos concebê-lo; - ainda que não tenhamos um conhecimento absoluto sobre Ele. Daí a necessidade da fé naquilo que transcende o conhecimento de Deus, acessível à razão . A aceitação da idéia do absoluto exige, intrinsecamente, a aceitação da sua existência absoluta. Kant afirma , por sua vez , não ser possível fazer a migração do plano lógico para a realidade empírica dessa idéia , sem autorização prévia da observação, ou seja, da experiência . A idéia do absoluto não pode sair do plano do pensamento , e tentar , arbitrariamente , unificar a percepção sensível. Não estamos seguros da existência real desse absoluto; sem uma demonstração que se origine da realidade experimental. Poderíamos dizer que o argumento de Santo Anselmo é ainda insatisfatório para Hegel, este compreendeu, plenamente, a necessidade da união entre Deus e a sua existência. Para Hegel é possível , não apenas , afirmar a existência do absoluto , mas também alcançar um conhecimento que o esgote .

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Kantismo e Tomismo

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A tese do Estagirita e do Aquinate é visivelmente mais condizente com o conhecimento objetivo ; pois os atos dos entes são inerentes às propriedades do Ato Puro que é a causa das causas e expressão completa da perfeição. A realidade metafísica e ontológica aparece como determinante no processo do conhecimento; - temos o intelecto crítico e lógico representando o fundamento da cognição .

A solução dessa dicotomia é possível através da afirmação de uma posição intermediária. O realismo crítico tem por objetivo realizar uma síntese entre o criticismo kantiano e a metafísica tomista, o objetivo é reformular o problema critico sem ser conduzido ao agnosticismo. Filósofos como Hegel e Husserl, tentaram unificar aquilo que Kant separou.

Em Kant , há uma rigorosa separação entre a consciência transcendental e a realidade e uma tensão desta com a exclusividade do conhecimento fenomênico. No tomismo a simplificação é a do realismo ingênuo que une plenamente intelecto e conhecimento. Versiani Vellôso , por exemplo , tenta resolver esse problema retornando ao realismo ontológico; para ele , tanto o realismo aristotélico como o realismo tomista afirmaram o princípio de que o conhecimento é uma equação da inteligência com a realidade; contudo , essa equação , no intelecto finito, é relativa e parcial; uma equação total é possível somente num intelecto superior. Versiani afirma que o realismo ontológico é totalmente capaz de fornecer uma resposta para esse problema mais satisfatória do que o idealismo absoluto de Hegel e a fenomenologia de Husserl.

S. Tomás aplica o pensamento de Aristóteles à teologia com sucesso. Tomás de Aquino afirma que podemos conhecer Deus pelos seus efeitos, Deus é o último em uma escala progressiva, a causa de todas as coisas.

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O Aquinate apresentou a solução do problema das relações entre a razão e a fé. A filosofia aborda a questão do ser e do real , a partir do empírico e da razão ; - a teologia organiza , coerentemente , as verdades reveladas. São duas ciências independentes, mas que apresentam às vezes o objeto comum: a existência de Deus, a essência da alma, etc.

A filosofia necessita da demonstração empírica e da consistência lógica . A teologia , por seu turno , aceita o dado revelado como dogma , e estrutura esse conjunto doutrinário , harmoniosamente .

Teologia e filosofia não se contradizem, ambas procuram a verdade e esta é uma só. A razão é um dom de Deus e não pode se contrapor ao dom da fé. A razão conduz à fé e a fé só é possível num ser racional. A revelação é o critério da verdade para a teologia . No caso de uma contradição entre a razão e a revelação, o erro não será nunca da teologia, mas sim da filosofia, pois nossas limitações cogntivas racionais se desviaram e não conseguiram chegar à verdade.

O Doutor Comum afirma que todo o nosso conhecimento passa pelos sentidos , que nada está na inteligência que não tenha estado nos sentidos, razão pela qual não podemos ter de Deus, imediatamente, uma idéia clara .

Para São Tomás, o conhecimento tem dois momentos: o sensivel e o intelectual. São etapas de um processo que nasce com a generalização da experiência ao nível da abstração das idéias e conceitos. A epistemologia tomista enquadra-se no esquema aristotélico dos três graus de abstração.

O Dr Angélico comenta o gênero e a espécie, que pertencem à essência , pois o todo está no indivíduo. A essência tem dois modos , um é dela própria ; nada é verdadeiramente dela , senão o que lhe cabe como ela própria.

A inteligência possui potência e ato. O homem , por ser homem , será sempre racional. Algo se predica da essência , por acidente , daquilo que é específico. A diferença da essência da substância composta e simples , é que a composta é forma e matéria ; e a simples é apenas forma.

A fim de provar a existência de Deus, Tomás procede a posteriori, partindo não da idéia de Deus, mas dos efeitos . Aquino é um realista moderado. Sabemos que Deus é , mas não sabemos o que é Deus. O mundo sensível é o ponto de partida, cuja existência é dada pelos sentidos e utiliza a metafísica aristotélica.

A adequação da inteligência e do objeto que se realiza no juízo só é possível através de uma reflexão completa da inteligência sobre si mesma, sobre seu ato, que implica no conhecimento da estrutura deste ato como orientada para conformar-se intencionalmente com o real. Pela reflexão sobre si mesma a inteligência mostra sua dependência participada à Inteligência infinita - a intelecção infinita , que está presente no seio da inteligência criada. A dialética da afirmação do ser é , para Santo Tomás , uma dialética da participação do ato. O ser se apresenta no juízo como participação do ato e da Idéia , Santo Tomás vê a noção adequada de ser ; e formalmente constituído o objeto da ontologia como ciência. (Cfr. Escritos de filosofia VI Ontologia e história Pe. Henrique Cláudio de Lima Vaz S. J.)

Podemos compreender que Deus é eterno , infinito , onisciente , onipotente e , em suas relações com o mundo , é Criador e Providência.

Podemos demonstrar a existência de Deus, de cinco modos , que são as famosas cinco vias.

A teologia, não obstante , será , necessariamente , teogonia (criação), teurgia (evocação), teodicéia (justificativa moral ) e teofania (revelação) - logo uma disciplina intelectual, que não é suficiente , prescindindo da revelação , para fornecer os objetos acabados para a fé.

Pela razão, chegamos a Deus , mas sem a revelação e a fé , não teremos o conteúdo da doutrina ética e espiritual que Deus desejou manifestar aos homens.

A doutrina da Igreja afirma que a razão pode alcançar a objetividade no âmbito do conhecimento natural , e também pode atingir a objetividade do conhecimento sobrenatural através dos dogmas revelados livremente por Deus e confirmados pela autoridade do supremo magistério eclesiástico , sob a assistência do Espírito Santo.

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Prof Everton N. Jobim

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Bibliografia :

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Aquino , S. Tomás - A Suma Teologica

A Suma Contra os Gentios

Kant , Immanuel A Crítica da Razão Pura 1781

A Crítica da Razão Prática 1788

A Crítica do Juízo 1790.

Outros artigos - Coletânea de Textos Filosóficos - ACEEF - U.E.C.

Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos - S.E.Frost Jr

Textos do Pe. Leonel Franca e do filósofo Arthur Versiani Vellôso.

A ÉTICA , NO KANTISMO E NO TOMISMO
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