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Os "rem�dios" homeop�ticos gozam de um status �nico na mercado da sa�de: Eles s�o a �nica categoria de produtos charlatanescos legalmente vendidos como drogas. Esta situa��o � o resultado de duas circunst�ncias. Primeiro, o Federal Food, Drug, and Cosmetic Act de 1938, que foi apadrinhado no Congresso por um m�dico homeopata que era senador, reconheceu como droga todas as subst�ncias inclu�das na Homeopathic Pharmacopeia of the United States. Segundo, o FDA n�o aplica aos produtos homeop�ticos os mesmos padr�es que aplica as outras drogas. Atualmente eles s�o comercializados em lojas de produtos naturais, em farm�cias, em consult�rios, por distribuidores de multin�vel [A], atrav�s do correio e pela internet.
Samuel Hahnemann (1755-1843), um m�dico alem�o, come�ou a formular os princ�pios b�sicos da homeopatia no final do s�culo XVIII. Hahnemann estava justificadamente angustiado com as sangrias, sanguessugas, purgantes e outros procedimentos m�dicos de sua �poca que traziam muito mais danos que benef�cios. Pensando que estes tratamentos pretendiam "equilibrar os 'humores' do corpo pelos efeitos opostos", ele desenvolveu sua "lei dos similares" -- uma no��o de que os sintomas das doen�as podem ser curados por quantidades extremamente pequenas de subst�ncias que produzem sintomas similares em pessoas saud�veis quando administradas em grandes quantidades. A palavra "homeopatia" � derivada das palavras gregas homoios (similar) e pathos (sofrimento ou doen�a).
Hahnemann e seus seguidores iniciais conduziam "provas" nas quais administravam ervas, minerais e outras subst�ncias em pessoas saud�veis, incluindo eles mesmos, e guardavam registros detalhados daquilo que observavam. Mais tarde estes registros foram compilados em longos livros de refer�ncia chamados materia medica, os quais s�o usados para encaixar os sintomas de um paciente com uma droga "correspondente."
Hahnemann declarava que as doen�as representam um dist�rbio na capacidade do corpo para se curar e que apenas um pequeno est�mulo � necess�rio para iniciar o processo de cura. Ele tamb�m alegava que doen�as cr�nicas eram manifesta��es de um desejo suprimido (psora), um tipo de miasma ou esp�rito maligno. Primeiramente ele usou pequenas doses de medicamentos reconhecidos. Por�m mais tarde usou dilui��es enormes e teorizou que quanto menor a dose, mais poderosos ser�o os efeitos -- uma no��o comumente referida como a "lei dos infinitesimais". Que, obviamente, � justamente o oposto da rela��o dose-resposta que os farmacologistas t�m demonstrado.
As bases para a inclus�o na Homeopathic Pharmacopeia n�o s�o os modernos testes cient�ficos, mas as "provas" homeop�ticas conduzidas durante o s�culo XIX e in�cio do s�culo XX. A edi��o atual (nona) descreve como as mais de mil subst�ncias s�o preparadas para o uso homeop�tico. N�o identifica os sintomas ou doen�as para os quais os produtos homeop�ticos deveriam ser utilizados, o que � decidido pelo terapeuta (ou fabricante). O fato de que as subst�ncias listadas na Homeopathic Pharmacopeia s�o legalmente reconhecidas como "drogas" n�o significa que a lei ou o FDA as reconhecem como eficazes.
Como os rem�dios homeop�ticos eram na verdade menos perigosos que aqueles da ortodoxia m�dica do s�culo dezenove, muitos m�dicos come�aram a us�-los. Na virada do s�culo vinte, a homeopatia tinha cerca de 14.000 praticantes e 22 escolas nos Estados Unidos. Mas como a ci�ncia m�dica e a educa��o m�dica avan�aram, a homeopatia declinou profundamente nos EUA, onde suas escolas fecharam ou converteram-se aos m�todos modernos. A �ltima escola homeop�tica pura nesta pa�s fechou durante a d�cada de 1920 [1].
Muitos homeopatas defendem que certas pessoas t�m uma afinidade especial por um rem�dio em particular (seu "rem�dio constitucional") e responder� a ele por uma variedade de doen�as. Tais rem�dios podem ser prescritos de acordo com o "tipo constitucional" da pessoa -- designado pelo rem�dio correspondente de maneira semelhante ao signos astrol�gicos. O "Tipo Ignatia", por exemplo, � dito como sendo algu�m nervoso e freq�entemente triste, e tem avers�o a cigarros. A t�pica "Pulsatilla" � uma mulher jovem, com cabelos loiros ou castanhos claros, olhos azuis e uma apar�ncia delicada, que � gentil, medrosa, rom�ntica, emotiva e amig�vel por�m t�mida. O "Tipo Nux Vomica" � agressivo, belicoso, ambicioso e hiperativo. O "Tipo Sulfer" gosta de ser independente. E assim por diante. Isto parece uma base racional para diagn�stico e tratamento?
Os produtos homeop�ticos s�o feitos de minerais, subst�ncias bot�nicas e diversas outras fontes. Se a subst�ncia original � sol�vel, uma parte � dilu�da em nove ou noventa e nove partes d'�gua destilada e/ou �lcool e agitada vigorosamente; se insol�vel, � minuciosamente mo�da e pulverizada em propor��es similares com lactose (a��car do leite) em p�. Uma parte do rem�dio dilu�do � ent�o mais adiante dilu�do, e o processo � repetido at� a concentra��o desejada ser alcan�ada. Dilui��es de 1 para 10 s�o designadas pelo numeral romano X (1X = 1/10, 3X = 1/1.000, 6X = 1/1.000.000). Similarmente, dilui��es de 1 para 100 s�o designadas pelo numeral romano C (1C = 1/100, 3C = 1/1.000.000, etc.). A maioria dos rem�dios de hoje variam de 6X a 30X, mas produtos de 30C ou mais s�o vendidos.
Uma dilui��o 30X significa que a subst�ncia original foi dilu�da 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 vezes. Assumindo que um cent�metro c�bico de �gua cont�m 15 gotas, este n�mero � maior que o n�mero de gotas d'�gua que preencheriam um recipiente com 50 vezes o tamanho da Terra. Imagine colocar uma gota de corante vermelho em um recipiente deste tamanho de modo que ela fosse dispersa igualmente por todo o recipiente. A "lei dos infinitesimais" da homeopatia � o equivalente a dizer que qualquer gota d'�gua subseq�entemente removida daquele recipiente possuir� uma ess�ncia de rubor. Robert L. Park, Ph.D., um f�sico proeminente que � diretor executivo da American Physical Society, afirmou que uma vez que a quantidade m�nima de uma subst�ncia numa solu��o � uma mol�cula, uma solu��o 30C teria que ter pelo menos uma mol�cula da subst�ncia original dissolvida no m�nimo em 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 mol�culas d'�gua. Isto exigiria um recipiente de 30 bilh�es de vezes o tamanho da Terra.
O Oscillococcinum, um produto 200C "para o al�vio dos sintomas de gripes e resfriados", envolve "dilui��es" que v�o ainda al�m disso. Seu "ingrediente ativo" � preparado atrav�s da incuba��o por 40 dias de pequenas quantidades do f�gado e cora��o de um pato morto recentemente. A solu��o resultante � ent�o filtrada, congelada a seco, reidratada, repetidamente dilu�da e impregnada em gr�nulos de a��car. Se uma �nica mol�cula do cora��o ou do f�gado do pato tivesse sobrevivido � dilui��o, sua concentra��o seria 1 em 100200. Este n�mero gigantesco, que tem 400 zeros, � imensamente maior que o n�mero estimado de mol�culas no universo (cerca de 10100, que � o 1 seguido por 100 zeros). Em sua edi��o de 17 de fevereiro de 1997, o U.S. News & World Report apontou que somente � necess�rio um pato por ano para fabricar o produto, que gerou 20 milh�es de d�lares em vendas no ano de 1996. A revista conferiu a esta infeliz ave o t�tulo de "o pato de 20 milh�es".
Na verdade, as leis da qu�mica declaram que existe um limite para que uma dilui��o possa ser feita sem que ocorra a perda completa da subst�ncia original. Este limite, chamado n�mero de Avogadro, corresponde �s pot�ncias homeop�ticas de 12C ou 24X (1 parte em 1024). O pr�prio Hahnemann percebeu que potencialmente n�o havia nenhuma chance de que mesmo uma mol�cula da subst�ncia original pudesse restar ap�s dilui��es extremas. Mas ele acreditava que a agita��o ou pulveriza��o vigorosas em cada passo da dilui��o deixava para tr�s uma ess�ncia "como um esp�rito" -- "deixando de ser percept�vel aos sentidos" -- que cura por reviver a "for�a vital" do corpo. Os proponentes modernos asseguram que mesmo quando a �ltima mol�cula se foi, uma "mem�ria" da subst�ncia � retida. Essa no��o � sem fundamento. Al�m do mais, se isso fosse verdade, toda subst�ncia que entrasse em contato com uma mol�cula de �gua poderia imprimir uma "ess�ncia" que exerceria poderosos (e imprevis�veis) efeitos medicinais quando ingerida.
Muitos proponentes alegam que os produtos homeop�ticos lembram as vacinas porque ambos oferecem um pequeno est�mulo que dispara uma resposta imunol�gica. Essa compara��o n�o � v�lida. As quantidades dos ingredientes ativos nas vacinas s�o muito maiores e podem ser mensuradas. Al�m disso, as imuniza��es produzem anticorpos cujas concentra��es no sangue podem ser medidas, mas os produtos homeop�ticos intensamente dilu�dos n�o produzem nenhuma resposta mensur�vel. E as vacinas s�o usadas preventivamente, n�o para tratar sintomas.
Stan Polanski, um m�dico assistente que trabalha na sa�de p�blica perto de Asheville, Carolina do Norte, mostrou-nos insights adicionais:
- Imagine quantos componentes devem estar presentes, em uma mol�cula ou mais de cada dose de uma droga homeop�tica. Mesmo sob condi��es de higiene o mais estritas poss�vel, poeiras transportadas pelo ar no local da fabrica��o devem carregar milhares de mol�culas de origem biol�gica diferente derivadas de fontes locais (bact�rias, v�rus, fungos, got�culas respirat�rias, c�lulas escamadas da pele, fezes de insetos) bem como de fontes distantes (p�lens, part�culas do solo, produtos de combust�o), junto com part�culas minerais de origem terrestre ou mesmo extraterrestre (poeira de meteoros). Similarmente, os diluentes "inertes" usados no processo devem ter sua pr�pria biblioteca de microcontaminantes.
- O processo de dilui��o/potencia��o na homeopatia envolve uma dilui��o repetida levada a extremos fant�sticos, com um processo de "sucuc��o" entre cada dilui��o. O sucuc��o envolve o ato de sacudir ou agitar o conte�do de uma certa maneira. Durante cada uma das etapas do processo da dilui��o, como se espera que a droga que emerge da prepara��o saiba qual das incont�veis subst�ncias no recipiente � a que vai dar conta do recado? Como � que milhares (milh�es?) de compostos qu�micos sabem que eles precisam ficar quietinhos ali do lado enquanto o Composto Potente � ungido ao status de ser capaz de curar? Um cen�rio assim que pudesse levar a produtos distintos notavelmente adaptados para tratar uma doen�a em particular � mais que implaus�vel.
- Deste modo, at� que os apologistas da homeopatia consigam fornecer um mecanismo aceit�vel (n�o m�gico) para a "potencia��o" atrav�s da dilui��o de precisamente uma das muitas subst�ncias em cada um de seus produtos, � imposs�vel aceitar que eles tenham corretamente identificado os ingredientes ativos em seus produtos. Qualquer estudo alegando demonstrar a efic�cia de uma medica��o homeop�tica deveria ser rejeitado de imediato a menos que inclu�sse uma lista de todas as subst�ncias presentes em concentra��es iguais ou superiores ao ingrediente ativo proposto em cada est�gio do processo de dilui��o, junto com uma explica��o para rejeitar cada um deles como suspeito.
- O processo de "provas" atrav�s do qual os homeopatas decidem qual rem�dio combina com qual sintoma n�o � mais razo�vel. As provas envolvem o uso de v�rias subst�ncias registrando cada espasmo, espirro, dor ou coceira que ocorrer ap�s a aplica��o da subst�ncia -- freq�entemente por v�rios dias. Os seguidores da homeopatia d�o como certo que cada sensa��o relatada foi causada por qualquer que tenha sido a subst�ncia administrada, e que doses extremamente dilu�das desta subst�ncia poderiam ent�o simplesmente ser o rem�dio exato para tratar qualquer pessoa com aqueles sintomas espec�ficos.
Dr. Park lembrou que para encontrar uma mol�cula sequer da subst�ncia "medicinal" alegadamente presente nos comprimidos 30X, seria necess�rio tomar cerca de dois bilh�es deles, o que totalizaria mais de mil de toneladas de lactose mais toda esp�cie de impurezas que a lactose possa conter.
Alguns fabricantes de produtos homeop�ticos comercializam produtos minerais altamente dilu�dos chamados "sais celulares" ou "sais teciduais". Esses s�o alegados como eficazes contra uma ampla variedade de doen�as, incluindo apendicite (supurado ou n�o), calv�cie, surdez, ins�nia e vermes. Seu uso � baseado na no��o de que defici�ncia mineral � a causa b�sica das doen�as. Entretanto, muitos s�o t�o dilu�dos que n�o poderiam corrigir uma defici�ncia mineral mesmo se houvesse uma. O desenvolvimento desta abordagem � atribu�da a um m�dico do s�culo XIX chamado W.H. Schuessler.
Alguns m�dicos, dentistas e quiropr�ticos usam aparelhos de "eletrodiagn�stico" para ajudar a selecionar os rem�dios homeop�ticos que eles prescrevem. Esses profissionais alegam que podem determinar a causa de qualquer doen�a atrav�s da detec��o do "desequil�brio energ�tico" causador do problema. Alguns tamb�m alegam que os aparelhos podem detectar se algu�m � al�rgico ou sens�vel a alimentos, vitaminas e/ou outras subst�ncias. O procedimento, chamado eletroacupuntura de Voll (EAV), eletrodiagn�stico ou rastreamento eletrodermal, iniciou-se no final da d�cada de 1950 com Reinhold Voll, M.D., um m�dico da antiga Alemanha Ocidental, que desenvolveu o aparelho original. Modelos subseq�entes incluem o Vega, Dermatron, Accupath 1000 e Interro.
Os proponentes alegam que estes aparelhos medem dist�rbios no fluxo da "energia eletromagn�tica" ao longo do "meridianos de acupuntura" do corpo. Na verdade, eles s�o galvan�metros extravagantes que medem a resist�ncia el�trica da pele do paciente quando tocada por uma sonda. Todo aparelho cont�m uma fonte de baixa tens�o. Um cabo vai do aparelho a um cilindro de bronze coberto por uma gaze �mida, que o paciente segura em uma m�o. Um segundo cabo est� conectado a uma sonda, com a qual o operador toca os "pontos de acupuntura" no p� ou na outra m�o do paciente. Isto fecha um circuito e o aparelho acusa a corrente el�trica. A informa��o � ent�o retransmitida para um medidor que fornece uma medi��o. O n�mero depende da for�a com a qual a sonda � pressionada contra a pele do paciente. Vers�es recentes, como o Interro, emitem sons e permitem a leitura em uma tela de computador. O tratamento selecionado depende da esfera de atua��o do profissional e pode incluir acupuntura, mudan�as na dieta e/ou suplementos de vitamina, bem como produtos homeop�ticos. Ag�ncias reguladoras apreenderam diversos tipos de aparelhos de eletroacupuntura mas n�o t�m feito um esfor�o sistem�tico para retir�-los do mercado.
Para maiores informa��es a respeito desses aparelhos e fotos de alguns deles, clique aqui. Se voc� encontrar um aparelho assim, por favor leia este artigo e relate o aparelho ao comit� de licenciamento estadual do profissional, ao procurador geral do estado, ao Federal Trade Commission, ao FBI, ao National Fraud Information Center e qualquer companhia de seguro para a qual o profissional enviou alega��es que envolvam o uso do aparelho. Para o endere�o destas ag�ncias, clique aqui. [Nos Estados Unidos]
Uma vez que muitos rem�dios homeop�ticos n�o cont�m nenhuma quantidade detect�vel de ingrediente ativo, � imposs�vel testar se eles cont�m o que seus r�tulos dizem. Ao contr�rio da maioria das drogas potentes, eles n�o provaram por meio de testes cl�nicos duplo-cego serem eficazes contra doen�as. Na verdade, a grande maioria dos produtos homeop�ticos sequer foram alguma vez testados.
Em 1990, um artigo no Review of Epidemiology analisou 40 ensaios randomizados que tinham comparado o tratamento homeop�tico com o tratamento padr�o, com um placebo ou nenhum tratamento. Os autores conclu�ram que todos exceto tr�s dos ensaios tinham grandes falhas de metodologia e que somente um daqueles tr�s tinha relatado um resultado positivo. Os autores conclu�ram que n�o h� nenhuma evid�ncia de que o tratamento homeop�tico tenha qualquer valor superior a um placebo [2].
Em 1994, a revista Pediatrics publicou um artigo alegando que tinha sido demonstrado que o tratamento homeop�tico era eficaz contra casos brandos de diarr�ia entre crian�as nicarag�enses [3]. A alega��o foi baseada na constata��o de que, em certos dias, o grupo "tratado" teve menos fezes amolecidas que o grupo placebo. Entretanto, Sampson e Londom apontaram: (1) o estudo usou um diagn�stico e um esquema terap�utico n�o confi�veis e n�o comprovados, (2) n�o houve nenhuma prote��o contra a adultera��o do produto, (3) a sele��o do tratamento foi arbitr�ria, (4) os dados foram agrupados de maneira incomum e continham erros e inconsist�ncias, (5) os resultados tinham significado cl�nico question�vel, e (6) n�o trouxe significado algum em termos de sa�de p�blica porque o �nico rem�dio necess�rio para diarr�ias brandas na inf�ncia � a ingest�o adequada de l�quidos para prevenir ou corrigir a desidrata��o [4].
Em 1995, a Prescrire International, uma revista francesa que avalia produtos farmac�uticos, publicou uma revis�o de literatura que concluiu:
Como os tratamentos homeop�ticos s�o geralmente usados em condi��es que apresentam resultados vari�veis ou que mostram recupera��o espont�nea (da� sua sensibilidade a efeito placebo), muitos consideram que esses tratamentos t�m um efeito em alguns pacientes. Entretanto, apesar do grande n�mero de ensaios comparativos realizados at� esta data n�o h� nenhuma evid�ncia de que a homeopatia seja de algum modo mais eficaz que a terapia com placebo dada em condi��es id�nticas.
Em dezembro de 1996, um extenso relat�rio foi publicado pelo Homoeopathic Medicine Research Group (HMRG), uma mesa-redonda com especialistas convocada pela Commission of the European Communities. A HMRG incluiu pesquisadores m�dicos homeopatas e especialistas em pesquisa cl�nica, farmacologia cl�nica, bioestat�stica e epidemiologia cl�nica. Seu objetivo era avaliar trabalhos publicados e n�o publicados de ensaios controlados com tratamentos homeop�ticos. Ap�s examinar 184 trabalhos, os integrantes da mesa-redonda conclu�ram: (1) somente 17 foram suficientemente bem planejados e relatados para que valesse a pena lev�-los em considera��o; (2) em alguns desses ensaios, abordagens homeop�ticas podem ter exercido um efeito maior que o placebo ou que a aus�ncia de tratamento; e (3) o n�mero de participantes nestes 17 ensaios foi pequeno demais para que se possa tirar qualquer conclus�o sobre a efic�cia do tratamento homeop�tico para qualquer condi��o espec�fica [5]. Simplesmente colocado: A maioria da pesquisa homeop�tica � imprest�vel e nenhum produto homeop�tico comprovou efic�cia para qualquer prop�sito terap�utico. O National Council Against Health Fraud adverte que "a natureza sect�ria da homeopatia suscita quest�es s�rias a respeito da honestidade dos pesquisadores homeopatas." [6]
Em 1997, um distrito sanit�rio de Londres decidiu interromper o pagamento de tratamentos homeop�ticos ap�s concluir que n�o havia evid�ncia suficiente para apoiar seu uso. Os distritos sanit�rios de Lambeth, Southwark e Lewisham encaminharam mais de 500 pacientes por ano ao Royal Homoeopathic Hospital em Londres. Os m�dicos da sa�de p�blica daquele distrito revisaram a literatura cient�fica publicada como parte de um movimento geral voltado para que se adquira somente tratamentos baseados em evid�ncias. O grupo concluiu que muitos dos estudos eram metodologicamente falhos e que pesquisas recentes produzidas pelo Royal Homoeopathic Hospital n�o cont�m nenhuma evid�ncia convincente de que a homeopatia ofere�a benef�cio cl�nico [7].
Os proponentes anunciam aos quatro ventos os poucos estudos "positivos" como prova de que a "homeopatia funciona." Mesmo se seus resultados puderem ser consistentemente reproduzidos (o que parece improv�vel), o m�ximo que o estudo de um �nico rem�dio para uma �nica doen�a poderia provar � que o rem�dio � eficaz contra aquela doen�a. N�o validaria as teorias b�sicas da homeopatia ou provaria que o tratamento homeop�tico � �til para outras doen�as.
O efeito placebo pode ser poderoso, � claro, mas o benef�cio potencial de aliviar sintomas com placebos deveria ser pesado contra o dano que pode resultar por confiar em -- e desperdi�ar dinheiro com -- produtos ineficazes. A remiss�o espont�nea tamb�m � um fator na popularidade da homeopatia. Acredito que a maioria das pessoas que d�o cr�dito a um produto homeop�tico por sua recupera��o teriam passado igualmente bem sem ele.
Os homeopatas est�o trabalhando duro para terem seus servi�os cobertos pelo seguro-sa�de dos EUA. Eles alegam proporcionar uma assist�ncia � sa�de que � mais segura, branda, "natural" e menos dispendiosa que a assist�ncia convencional -- e mais preocupada com a preven��o. Toodavia, o fato � que os tratamentos homeop�ticos n�o previnem nada e muitos dos l�deres norte-americanos da homeopatia s�o contras as vacinas. Tamb�m pouco elogioso, um relato da Confer�ncia de 1997 do National Center for Homeopathy que descreveu como um m�dico homeopata tem sugerido usar produtos homeop�ticos para auxiliar a prevenir e a tratar doen�as coronarianas. De acordo com o artigo, o palestrante recomendou v�rios produtos 30C e 200C como alternativas para a aspirina ou para drogas que reduzem o colesterol, sendo que os �ltimos reduzem comprovadamente a incid�ncia de ataques card�acos e derrames [8].
Em uma pesquisa conduzida em 1982, FDA encontrou alguns produtos sem receita sendo comercializados para doen�as graves, incluindo doen�as card�acas, desordens renais e c�ncer. Um extrato de tar�ntula estava sendo indicado para esclerose m�ltipla; um extrato de veneno de cobra para o c�ncer.
Durante o ano de 1988, o FDA agiu contra companhias que estavam vendendo "adesivos diet�ticos" [patches] com alega��es falsas que eles poderiam suprimir o apetite. A maior destas companhias, a Meditrend International, de San Diego, instruiu os usu�rios a colocarem 1 ou 2 gotas de uma "solu��o homeop�tica para o controle do apetite" em um adesivo e us�-lo todos os dias afixado em um "ponto de acupuntura" no punho para "bio-eletricamente" suprimir o centro de controle do apetite no c�rebro.
O comerciante de produtos homeop�ticos mais espalhafatoso da Am�rica parece ser a Biological Homeopathic Industries (BHI) de Albuquerque, Novo M�xico, que, em 1983, enviou um cat�logo de 123 p�ginas para 200 mil m�dicos por todo o pa�s. Seus produtos inclu�am o BHI Anticancer Stimulating, BHI Antivirus, BHI Stroke, e 50 outros tipos de tabletes com alega��es de que eram eficazes contra doen�as graves. Em 1984, o FDA obrigou a BHI a parar de distribuir diversos dos produtos e atenuar suas alega��es para os outros. Entretanto, a BHI continuou a fazer alega��es ilegais. Seu 1991 Physicians' Reference ("para uso somente por profissionais da �rea da sa�de") inapropriadamente recomendava produtos para insufici�ncia card�aca, s�filis, insufici�ncia renal, vis�o emba�ada e muitos outros problemas graves. O departamento de publicidade da companhia publica trimestralmente o Biological Therapy: Journal of Natural Medicine, o qual regularmente cont�m artigos com alega��es question�veis. Um artigo na edi��o de abril de 1992, por exemplo, listava "indica��es" para o uso dos produtos BHI e Heel (distribu�dos pela BHI) para mais de cinq�enta problemas -- incluindo c�ncer, angina pectoris e paralisia. E edi��o de outubro de 1993, devotada ao tratamento homeop�tico de crian�as, inclu�a um artigo recomendando produtos para infec��es bacterianas agudas de ouvido e am�gdalas. O artigo � descrito como sele��es dos semin�rios da Heel que ocorreram em diversas cidades proferidos por um homeopata de Nevada que tamb�m atuava como editor m�dico da Biological Therapy. Em 1993, a Heel publicou um livro em brochura de 500 p�ginas descrevendo como usar seus produtos para tratar cerca 450 problemas [9]. Doze p�ginas do livro cobrem "Neoplasias e fases neopl�sticas da doen�a." (Neoplasia � um termo m�dico para tumor.) Em mar�o de 1998, durante um conven��o osteop�tica em Las Vegas, Nevada, um expositor da Heel distribu�a c�pias do livro quando pediam por informa��es detalhadas de como usar os produtos da Heel .
Entre outubro de 1993 e setembro de 1994, o FDA publicou cartas de advert�ncia para quatro fabricantes homeop�ticos:
At� onde posso dizer, o FDA nunca reconheceu qualquer rem�dio homeop�tico como seguro e eficaz para qualquer prop�sito m�dico. Em 1995, entrei com um pedido pelo Freedom of Information Act que declarei:
Estou interessado em saber se o FDA: (1) recebeu evid�ncia de que algum rem�dio homeop�tico, agora comercializado neste pa�s, seja eficaz contra alguma doen�a ou problema de sa�de; (2) concluiu que algum produto homeop�tico agora comercializado nos Estados Unidos seja eficaz contra algum problema de sa�de; (3) concluiu que rem�dios homeop�ticos s�o geralmente eficazes; ou (4) concluiu que rem�dios homeop�ticos s�o geralmente ineficazes. Por favor me enviem c�pias de todos os documentos em sua posse que tratem dessas quest�es [10].
Um funcion�rio do Center for Drug Evaluation and Research do FDA respondeu que v�rias dezenas de produtos homeop�ticos foram aprovados muitos anos atr�s, mas essas aprova��es foram retiradas por volta de 1970 [11]. Em outras palavras, ap�s 1970, nenhum rem�dio homeop�tico tem a aprova��o do FDA como "seguro e eficaz" para seu uso pretendido.
Se o FDA exigisse que os rem�dios homeop�ticos comprovassem sua efic�cia de modo a permanecerem comercializ�veis -- usando o mesmo padr�o que � aplicado para outras categorias de drogas -- a homeopatia encararia a extin��o nos Estados Unidos. Entretanto, n�o h� nenhuma indica��o de que a ag�ncia esteja considerando isto. Os funcion�rios do FDA consideram a homeopatia como algo relativamente benigno (comparado, por exemplo, com os produtos sem fundamentos vendidos para o c�ncer e AIDS) e acreditam que outros problemas deveriam ser priorit�rios. Se o FDA atacasse a homeopatia com for�a demais, seus proponentes poderiam at� mesmo persuadir um Congresso suscept�vel a lobby a salv�-la. Apesar deste risco, o FDA n�o deveria permitir que produtos sem valor sejam comercializados com alega��es de que eles s�o eficazes. Tampouco deveria continuar a tolerar a presen�a de charlatanescos aparelhos de "eletrodiagn�sticos" no mercado.
Em agosto de 1994, quarenta e dois cr�ticos proeminentes do charlatanismo e da pseudoci�ncia pediram para ag�ncia restringir a venda dos produtos homeop�ticos. A peti��o pedia que o FDA iniciasse o procedimento de estabelecimento de regras para exigir que todas drogas homeop�ticas vendidas sem prescri��o satisfizessem os mesmo padr�es de seguran�a e efic�cia que drogas sem prescri��o n�o homeop�ticas. Tamb�m pediram uma advert�ncia p�blica de que apesar do FDA permitir a venda de rem�dios homeop�ticos, n�o os reconhece como eficazes. O FDA ainda n�o respondeu a peti��o. Entretanto, em 3 de mar�o de 1998, em um simp�sio patrocinado pela revista Good Housekeeping, o ex-Comiss�rio do FDA David A. Kessler, M.D., J.D., reconheceu que os rem�dios homeop�ticos n�o funcionam mas que ele n�o tentou proibi-los porque sentia que o Congresso n�o apoiaria uma proibi��o formal [12].
Nota: Gostar�amos de localizar pessoas que adquiriram um produto homeop�tico durante o ano passado e concluiu que o produto n�o funciona como apresentado na embalagem ou em qualquer an�ncio. Por favor entre em contacto conosco (em ingl�s) se voc� teve tal experi�ncia. (ou em portugu�s)
Resposta do LeitorDe um californiano que realiza semin�rios ensinando pessoas "como reduzir o estresse encontrando seus padr�es respirat�rios naturais":Eu tenho minha mente muita aberta. Eu usaria drogas, cirurgia o que quer que fosse necess�rio . . . mas acho que o homeopatia tem valor e a palavra "embuste" � contraprodutiva e preconceituosa. Acho que voc� n�o tem pesquisado os muitos estudiosos ao redor do globo que est�o pesquisando a perspectiva biol�gica qu�ntica. Alguns biof�sicos importantes est�o chegando ao conhecimento de que existem campos subat�micos que interpenetram e estruturam o n�vel molecular. Estes campos podem diretamente estar relacionados com a maneira de como a homeopatia funciona. VOC� N�O PRECISA DE NENHUMA MOL�CULA DA SUBST�NCIA NO REM�DIO PARA AFETAR ESTES CAMPOS SUBJACENTES. UM CAMPO DE ONDAS SUBAT�MICAS QUE � TRANSPORTADA PELA �GUA OU A��CAR NO REM�DIO EST� INTERAGINDO COM OS CAMPOS SUBAT�MICOS SUBJACENTES A MAT�RIA F�SICA DO PACIENTE. O problema � que nossa tecnologia limitada somente pode medir uma banda limitada do espectro de energia. N�S N�O SOMOS T�O AVAN�ADO COMO CIVILIZA��O. FIQUE DE OLHO NAS NOT�CIAS. |
De um
entusiasta de homeopatia n�o identificado:
Homeopatia funciona e voc� simplesmente tem a mente muito fechada para entender que este mundo � constitu�do de mais coisas que as simples naturezas f�sicas e qu�micas. Voc� faz vistas grossas a natureza espiritual e energ�tica. Voc� � o charlat�o! |
De um
investigador criminal aposentado:
Pr�ticas homeop�ticas tendem a ser provenientes das ra�zes b�blicas da boa medicina natural. H� milh�es que lutar�o contra qualquer intromiss�o sobre a homeopatia e seus princ�pios. Deus tenha piedade de seus perseguidores. |
De
outro entusiasta da homeopatia:
Que triste monte de merda mascarada de ci�ncia � seu artigo. De que companhia farmac�utica voc� � testa de ferro? Voc� sabe quantas pessoas morrem a cada ano como resultado de drogas prescritas "cientificamente validadas"? Quantas pessoas voc� mata (quer dizer trata) a cada semana? Deve aborrec�-lo que a homeopatia est� fazendo um grande ressurgimento no mundo todo e tratando com seguran�a doen�as iatrog�nicas e "incur�veis". Devemos fazer um site para encorajar as pessoas a processarem m�dicos e companhias farmac�uticas por efeitos colaterais prejudiciais, mentiras e assassinatos. Ser� um gigantesco contra-golpe para o charlatanismo m�dico estabelecido. P.S. Oh, quase me esqueci -- FODA-SE!!! |
Este artigo foi revisto em 11 de dezembro de 2001
Atualizado em portugu�s em 21/11/03.