2) Como
um isolante pode se transformar em um condutor ?
Um isolante pode tornar-se
condutor se existir alguma alteração que modifique a sua rigidez dieléctrica.
Por exemplo, o papel é uma
substância higroscópica (absorve a humidade) e, por isso, é condutor. No
entanto, o papel impregnado de óleo é muito usado como dieléctrico em condensadores
e como isolante em cabos eléctricos e em transformadores de óleo. Se houver
alterações nesta constituição que confere carácter isolante ao papel, ele
pode tornar-se condutor.
No caso dos gases, o
isolamento depende das suas condições de pressão, temperatura e humidade,
assim como da distância entre peças condutoras e da tensão entre elas. Por
exemplo, a rigidez dieléctrica do ar é 30 kV / cm. Para uma tensão de 120 kV,
o ar é isolante para distâncias entre condutores acima de 4 cm. Abaixo deste
valor, o ar torna-se condutor e estabelece-se uma corrente eléctrica no ar
(ar eléctrico) entre os condutores.
Casos há em que a perda
das propriedades isolantes do material, por aplicação de tensões que
provoquem a ultrapassagem da tensão de disrupção, conduzem à destruição dos
materiais. É o que pode acontecer numa instalação de pára-raios mal
executada. Se a corrente resultante dum raio não se escoar para a terra
através do condutor de protecção, ao fazê-lo através de parte do edifício
provoca a sua destruição.
Um caso interessante é o
dos supercondutores. Estes materiais diminuem a sua resistência eléctrica até
praticamente se anular, quando a sua temperatura baixa para valores muito
reduzidos. Esta propriedade, verificada normalmente em condutores, tem sido
observada também em materiais cerâmicos, normalmente utilizados como
isolantes.
Os polímeros são materiais
plásticos que nos habituámos a considerar isolantes eléctricos. São usados em
aplicações tão diversas como sacos plásticos, garrafas de água, na indústria
têxtil, como isolamento dos condutores eléctricos. Muitos cientistas químicos
tentaram alterar o comportamento dos polímeros para torná-los condutores, sem
o conseguirem. Foi o japonês Hideki Shirakawa que realizou esta façanha. Os
polímeros tornam-se condutores desde que se verifiquem certas condições
particulares. Este cientista trabalhava em Filadélfia, nos EUA, em equipa com
o americano Alan Heeger e com o neo-zelandês naturalizado americano Alan
MacDiarmid, que desenvolveram os trabalhos do cientista japonês. Pela
descoberta e pelo desenvolvimento dos polímeros condutores receberam os três
o Prémio Nobel da Química em Outubro de 2000, o que veio culminar 30 anos de
pesquisa.
Voltar
ao topo
|