MARIA JOSÉ DA CONCEIÇÃO

Filha do Coronel José da Costa Romeu e de Isabel Rodrigues de Faria

                    

Maria José da Conceição

natural da Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres, casada com Mateus Antônio Brandão - Sargento-mor, depois Capitão-mor - crismado, já velho, a 27 de dezembro de 1779, juntamente com vários de seus filhos. Ele era português de Santa Maria de Távora (às vezes aparece como sendo de Viana), filho de Domingos Luís Brandão e Esperança Maria de Sousa, naturais, também, de Santa Maria de Távora - ela, também, por vezes, de Rio Frio de Braga, do Arcebispado de Braga. O inventário do Capitão-mor Mateus Antônio Brandão se iniciou a 6 de dezembro de 1784, mas há uma dúvida relativamente à época de sua morte. Na primeira folha daquele documento, sua viúva Maria José da Conceição, no Anno do nascimento de nosso Senhor Jezus Christo de mil cette centos e oitenta e coatro, perguntada pelo Juiz Ordinário e de orfaons o Capam Joze Rodrigues da Costa que declarace o dia e mes e anno do falecimento de seu marido, respondeu que ele falecera a vinte e coatro de maio do anno paçado, isto é, de 1783. Entretanto, no inventário de Dona Ana de Faria Castro - que era, aliás, tia da mulher do Capitão-mor Mateus Antônio Brandão - consta ter sido este o Juiz de Órfãos que mandou se fizesse o citado inventário. Isto, em janeiro do ano de 1784. Entendemos que a declaração acima transcrita parcialmente está correta, havendo erro, com certeza, quanto à data do inventário de Ana de Faria Castro, de que trataremos, à sua vez, no seu subcapítulo próprio. Em 14 de dezembro de 1785, a viúva Maria José pediu ao Juiz que se fizesse novo inventário de seu finado marido, anulando-se o anterior. O Juiz atendeu. O motivo alegado pela viúva, para a anulação, acatada pelo Juiz, foi assim exposto, conforme sua ortografia – o colchete [ ... ] significa palavra ilegível no original:

Não há dúvida q o Sitio de alagoá nova q compriende em Simtas bem feitorias q são a Saber, caza de farinha, bolandeira, com todos os seus asesoros, e madeiras prontas p engenho de cána, foi avaliado por m diminuto preso, Como consta di inventario, como tão bem o gado vácum, no q tem prejuizo, os-em teresados poser mal avaliados, acrecentado mais terem ficado fora do inventario alguns gados, q agora apariceram deque tem noticia a-inventariamente por cuja [] pelo con vimos Seproceda nova avaliação e partilhas em todos os bens Sem embargo doq Vm mandará oqfor Servido.

O Juiz, então, deu o seguinte despacho, aquiescendo ao solicitado:

Vista a Resposta da Inventre Mieyra Seo filho Mayor e do Dor. Coro ser aSim q intentão pa AuMento dos Orfãos aSim No q Mais tem pa Lançar. Como Na diminuttas Ovalluacoins. Mando Se proceda Novo Inventro. Povoação Em 4 de Dezro de 1785.

Quem assinou este despacho foi Bento da Costa Vilar. No citado inventário, a viúva confirma que seu defunto marido havia falisido a vi-nte e quatro de Mayo do anno de mil Sete Sentos e oitenta e tres Sem testamento. Do segundo inventário transcrevemos, abaixo, a conta dos serviços religiosos do funeral:

Conta do funeral do defunto o Capam mor Matheus Anto Brandam que importou trinta e quatro mil Seis Centos o que passo na verde Matris do Cariry 20 de Agosto de 1783.

Ano Roiz Pires Pro-Parocho.

Tanto no primeiro inventário, que foi anulado, como no segundo, indicaram-se as idades dos filhos herdeiros. No segundo, consta já estarem casadas as filhas Isabel e Teresa, ainda solteiras no primeiro, o que evidencia terem elas casado entre dezembro de 1784 e dezembro de 1785. Os bens deixados pelo falecido, no primeiro inventário, abrangiam jóias de ouro; talheres, salva e enfeites de prata, com o peso total de 489 oitavas. De cobre, havia huma basia e um coco tudo uzado com o peso de vinte livrasa quatro sentos reis a libra. A oitava de ouro foi avaliada a 1$400 (mil e quatrocentos réis), e a de prata a Sem reis cada oitava. Dentre os bens móveis, é interessante hum vestido inteiro de Cabaya azul e hum xapeo de galão houro, valendo 25$000 (vinte e cinco mil réis), caríssimo, se comparado com o valor do ouro. De gado, havia 500 reses bovinas, 101 eqüinos, entre bestas, poltros e cinco pais de Egoas. Escravos, havia-os em quantidade apreciável: 16, incluídos aí crioulinhos e crioulinhas, um negro de São Tomé, doente do pé, um outro, com a perna quebrada, e um quebrado velho. No primeiro inventário constam os mesmo 16 escravos, e muitas "qualificações" interessantes: o negro de São Tomé era doente de cravos nos pés, a negra conga Maria era axagada da madre e figado nas maons; o negro Pedro era cepilado, o negro quebrado velho mencionado acima tinha por nome Félix, fora reprodutor de muita estima, tendo tido em Luzia de Angola oito filhos, um dos quais já lhe dera o primeiro neto. Pois ele tinha, ainda, uma filha de sete anos de idade. Quanto aos bens de raiz, ficara a Barra da Filgueira, avaliada em 500$000 (quinhentos mil réis); um Citio na Alagoa nova (50$000 – cinqüenta mil réis), um outro nas cabiseras do Pajau (50$000), e um nas Cabiseras do rio desterro que fas estrema com o Pajau, com tres legoas … o qual sitio ouve por data que tirou o defunto, avaliado em 200$000 (duzentos mil réis). No segundo inventário, não foram incluídos móveis, mas, no primeiro, havia-os diversos, entre os quais hum caxam velho de pau e hum carro que ja foi concertado. O casal deixou uma larga descendência:

1 - Valério da Costa Brandão

crismado em 29 de dezembro de 1779; estava com 27 anos em 1785, devendo ter nascido em 1758; já era falecido em 1835, como consta do inventário de seu tio Domingos da Costa Romeu, filho do Coronel José da Costa Romeu e de Isabel Rodrigues de Faria. Não encontramos descendência sua; 

2 - Isabel Maria de Sousa

também, às vezes, Isabel Rodrigues de Sousa - casada com Antônio Pereira de Castro;

3 - Mateus Antônio Brandão (Júnior)

casado com Ana Maria de Araújo;

4 - Teresa Maria de Jesus

também Teresa de Jesus Maria - com 21 anos de idade no segundo inventário de seu pai, e já casada com seu primo em segundo grau Comandante Antônio de Barros Leira (Júnior), filho do Capitão-mor Antônio de Barros Leira e de Ana de Faria Castro. A descendência está indicada sob o marido;

5 - José da Costa Brandão

casado com Rita Maria do Espírito Santo, e, depois de viúvo, com Teresa Francisca de Brito;

6 - Josefa Maria de Sousa

também Josefa Maria da Conceição - nascida a 1º de abril de 1769, batizada a 15 seguinte, crismada a 4 de janeiro de 1780, e falecida a 12 de agosto de 1817, com 48 anos. Casou, a 12 de agosto de 1795, com 26 anos de idade, na Matriz de Nossa Senhora dos Milagres, com Inácio de Faria Castro (Júnior), filho do Sargento-mor Inácio de Faria Castro e de Ana Maria Cavalcante. Seus descendentes vão indicados sob o marido;

7 - Francisca Maria da Conceição

casada com Domingos José de Araújo;

8 - João da Costa Brandão

nascido a 23 de junho de 1777, foi batizado a 28 do mês seguinte e crismado a 31 de dezembro de 1779; faleceu antes de 1835, quando se fez o inventário de seu tio, Capitão-mor Domingos da Costa Romeu;

9 - Emerenciana Maria do Amor Divino

casada com Amaro da Costa Romeu;

10 - Alexandre de Sousa Brandão

casado com Ana Francisca de Oliveira.

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