Isabel Rodrigues de Faria

   

Isabel Rodrigues de Faria

primeira filha do Capitão-mor Domingos de Faria Castro e de Isabel Rodrigues de Oliveira, esta, filha do Capitão Pascácio de Oliveira Ledo e de Isabel Rodrigues, ela era também conhecida como Isabel Rodrigues de Oliveira, conforme alguns documentos - talvez confusão com o nome de sua mãe. Isabel Rodrigues de Faria nasceu, em 1714, em Cabaceiras, então Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres do Cariri de Fora; ela faleceu nova, e com não muitos anos de casada, no início da década de 1750, porque, em 1753, seu viúvo estava celebrando seu novo matrimônio, com Isabel Bezerra de Melo, da qual, aliás, já estava viúvo novamente, em 1773, quando casou sua filha, havida deste segundo matrimônio, Ana José do Espírito Santo com José Pereira de Castro.

Foi seu marido o Coronel José da Costa Romeu, português de Lisboa (às vezes aparece como natural de Cheleiros, de Coimbra ou do Arcebispado de Braga, simplesmente), nascido em 1610, filho de Domingos Romeu e Eulália Ferreira, também Eulália Romeu, ambos naturais do Patriarcado de Lisboa, Freguesia da Vila de Cheleiros (corretamente, Cheleiros era freguesia de Mafra).

O casamento de Isabel Rodrigues de Faria e José da Costa Romeu foi realizado em Cabaceiras, em 1740, conforme o seguinte trecho que extraí do inventário da mãe dela:

DeClarassam dos Beins que em Sy tem a herdra Izabel Roiz de Faria cazada com Joze da Costa Romeu que lhe foram dados depois do fallescimto de Sua defunta May Izabel Roiz de Oliveira.

Aliás, é interessante o conhecimento dos Beins contidos na DeClarassam acima mencionada, assim registrada pelo escrivão e aqui fielmente reproduzida abaixo, nos seus principais tópicos:

Declarou mais o Inventariante acharse em poder da dita Sua filha e Genro huma Sorte de Terras de Criar gados no Certam do Cariry com suas cazas de vivenda chamado o Citio Curral do meyo que parte com a terra do Curral de Bacho … que foy avalliada em …

450$

… hu pedasso de terra Lavradia no lugar do Brejo …

450$

... Duzentas cabessas de gado vacum de criar …

320$

… trinta Cabessas de Gado cavallar …

120$

… o vestido com que a dita Cazou avalliado em …

104$400

… a quanthia de cem mil reis em dinheiro "…

E havia mais. Havia jóias de ouro, no valor de 118$000 (cento e dezoito mil réis) - destacando-se um cordão de ouro com o peso de 58 oitavas, avaliado cada oytava e mil e Seis Centos reis, mas lançado erradamente no valor de sua soma: 82$800 ao invés de 92$800 (noventa e dois mil e oitocentos réis); havia hu pente de ouro que Se achou ter de pezo tres oytavas; e hum escravo pretto do Gentio de Angolla de hidade de vinte e Sinco annos, valendo a quantia de 100$00 (cem mil réis); hu crioullo ... de hidade de nove annos e hua Crioulla de hidade de Catorze annos, valendo, respectivamente, as quantias de 50$000 (cinqüenta mil réis) e 65$000 (sessenta e cinco mil réis). O dote somou 1:540$035 (um conto, quinhentos e quarenta mil e trinta e cinco réis). Era uma boa fortuna e uma excelente ajuda para começo de vida do genro, que iniciava a atividade de criador já com praticamente uma boa fazenda pronta - terra, gado, cavalos, escravos e dinheiro. É verdade que o gado não tinha este valor todo - o vestido da noiva custou quase quanto valiam 62 reses, mais por serem caríssimos os panos e a confecção de roupas - cada rês valia 1$600 (mil e seiscentos réis), muito menos da metade do valor de um cavalo e tanto quanto uma oitava de ouro.

José da Costa Romeu multiplicou os seus bens, tornando-se homem rico e poderoso no Cariri, padrinho de muitas crianças, testemunha de muitos casamentos. E Coronel de Milícia. Foi Proprietário de muitas terras, de muitos escravos, de muito gado. Mas, a família era grande, muitos filhos, dois inventários por morte de esposas - foi distribuindo os bens entre os filhos e os genros, pois eles tinham que começar a vida com um bom cabedal, a fim de também se tornarem ricos. Quando faleceu, a 6 de outubro de 1803, com 73 anos (então uma avançada idade para a época), sem testamento, já tinha passado seus bens quase todos para a família. Por seu inventário, iniciado em dezembro de do mesmo ano em que se tinha dado seu falecimento, vê-se que lhe restavam apenas nove escravos, avaliados no conjunto por 745$000 (setecentos e quarenta e cinco mil réis), variando seu valor entre 20$000 (um, com sessenta anos de idade) e 140$000.

Ele tinha sido grande proprietário de terras, não só no Cariri como também no Sertão, mas no seu inventário restavam apenas:

o bom Jesus o qual foi avaliado em

150$000

hum citio de Terras no Curral do meio

200$000

hum citio de Terras Chamado Jurema

160$000

Caxueira Terras de Cultura cujo sitiocom meia legoa

100$000

Há, no seu inventário, uma coisa curiosa - não aparecem os filhos de seu primeiro matrimônio, nem as filhas do segundo, tendo os seus genros apresentado termos de desistência de toda Erança que lhe houvece de tocar.

O Coronel José da Costa Romeu foi um dos homens bons do Cariri, como se chamavam àqueles que atendiam aos requisitos de renda para serem eleitos e eleitores. Dono de forte influência e liderança na sua região, juntamente com seu filho Domingos da Costa Romeu, seu cunhado Filipe de Faria Castro, seu sobrinho afim José Félix de Barros Leira, seu genro e sobrinho afim Inácio de Barros Leira e mais José Francisco Alves Pequeno e Francisco Dias Chaves, assinou e patrocinou o petitório para que a povoação de Nossa Senhora dos Milagres do Cariri de Fora se tornasse vila, com o nome de Vila Nova da Rainha - isto em 1786.

O Governador de Pernambuco, a quem estava sujeita a Capitania da Paraíba (a subordinação se estendeu no período de 1755 a 1799) determinou, em atendimento àquela solicitação, que o Ouvidor e Desembargador Antônio Filipe Soares de Andrada Brederodes, homem de sua confiança, fosse instalar a nova vila, ao mesmo tempo em que empreendia viagem para a elevação, também à mesma categoria, no Rio Grande do Norte, das então povoações que são hoje Caicó e Açu, que se chamariam Vila Nova do Príncipe e Vila Nova da Princesa, respectivamente. Lá se foi o Desembargador, com todas as instruções do Governador e com toda a sua autoridade pessoal. Mas, ao chegar à povoação de Campina Grande, foi aliciado pelos homens principais da localidade, à frente Paulo de Araújo Soares (Júnior) - e ali instalou a Vila Nova da Rainha. Evidentemente, o pessoal do Cariri reclamou. Mas de nada adiantaram as reclamações, porque o Governador de Pernambuco aceitou as rezões que ponderou o Senhor Desembargador, homologando sua decisão. Convém dizer que, naquele tempo, a sede da Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres do Cariri de Fora era, social e economicamente, muito mais importante que a povoação escolhida de Campina Grande, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição.

Não vamos julgar que o Desembargador Brederodes não tenha tido uma idéia feliz. O futuro, realmente, deu-lhe razão. Porém, um motivo que ele sopesou na sua tomada de decisão foi, inquestionavelmente, o envio de 200$000 (duzentos mil réis) que lhe fez Paulo de Araújo Soares, líder local de Campina Grande, o qual, aliás generosamente, fez a ferra de uma boa quantidade de gado para o Desembargador. O gado reproduziu-se satisfatoriamente, a ponto de ter sido suficiente para pagar um seu débito, no valor de 800$000 (oitocentos mil réis) contraído junto ao mesmo Paulo de Araújo Soares (Júnior), que era filho de Paulo de Araújo Soares e Teresa de Jesus Oliveira, também Teresa Pereira de Jesus, que era filha do Coronel Agostinho Pereira Pinto e de Adriana de Oliveira Ledo, e, portanto, por esta, bisneto do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo, e antepassado também, aliás, do autor deste trabalho - seu testamento, em que constam as cifras acima, foi publicado por Elpídio de Almeida, em sua História de Campina Grande

O Coronel José da Costa Romeu foi donatário de uma sesmaria:

No 270 em 18 de março de 1740

José da Costa Romêo, tendo seos gados sem terras onde os crear e situar, buscou logar acommodado em cima da serra com dois olhos d’agua, o qual sitio estava devoluto e por … e por isto requeria tres legoas na sobredita serra, pegando o comprimento de sua a norte e uma de nascente a poente, do sul testada do tenente coronel Domingos Dias Antunes e da parte do norte com terras que foram de Desiderio Ortiz e do seu irmão Estevão Ferreira e da parte do poente testada do Capitão Antônio Dias Antunes, em cima da mesma serra Borburema. Opinou o provedor por carta de editos na matriz da ribeira, onde é a terra. O supplicante replicando pedio dispensa, attenta a grande demora por distar desta cidade mais de oitenta legoas e despesas e demais elle já estava de posse e só faltavam os títullos da terra. O governador despresando o parecer do provedor fez a concessão na forma requerida, no governo de Pedro Monteiro de Macedo.

De Dona Isabel Rodrigues de Faria e seu marido, Coronel José da Costa Romeu, houve uma grande descendência (na qual se inclui o autor deste trabalho) a partir dos seus filhos que vão listados abaixo (para conhecer essa descendência, remeto os interessados para meu site "Genealogia do Cariri Paraibano", com o endereço www.persocom.com.br/cariri, que, aliás, está indicado na página inicial deste site):

1 - Domingos da Costa Romeu

casado com Ana de Brito Maciel;

2 - José da Costa Romeu (Júnior)

casado com Cosma de Brito Maciel e Câmara;

3 - Maria José da Conceição

casada com o Sargento-mor Mateus Antônio Brandão;

4 - Teresa Maria de Jesus

casada com o Capitão Domingos da Costa Souto.

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