"Mais vale preservar uma gota d'água que seja do
São Francisco hoje, do que derramar uma lágrima
por ele chorada amanhã, mesmo que sincera"
(poeta
penedense desconhecido)
O Rio São Francisco
e o Projeto de Transposição
foto Aldo Maranhão
O ambicioso
projeto de transposição do Rio São Francisco,
considerado estratégico pelo governo Lula,
pretende
fornecer água
a 12 milhões de pessoas, reduzindo os efeitos da
seca no Nordeste.
Números que impressionam
O
rio atravessa três regiões, banhando os Estados de
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e
Alagoas, ao longo de 2.700km. Sua bacia
hidrográfica, de 634km2, também inclui parte do
Estado de Goiás e o Distrito Federal.
Recebe água
de 168 afluentes.
O rio
sofreu degradação devido ao desmatamento de suas
margens, à construção de represas para
hidrelétricas e ao despejo de dejetos industriais
e das redes de esgotos de inúmeras cidades. Seus
peixes praticamente desapareceram.
O
plano de transposição
Investimento necessário: R$ 4,5 milhões de reais.
Prevê
desviar 26 mil litros de água por segundo do rio
para alimentar rios intermitentes e reservatórios
em regiões semi-áridas do Nordeste. O governo
afirma que, em média, será desviado apenas 1% do
fluxo do rio.
As obras
incluem a construção de 700km de canais, barragens
e estações de bombeamento, para levar a água a 9
milhões de pessoas.
Também
prevê a construção de 24 reservatórios para
armazenar a água.
O governo
espera gerar 5 mil empregos com as obras, além de
incentivar a produção agrícola e melhorar a
navegação no rio, otimizando o transporte de
grãos.
Aqueles que criticam o projeto dizem que o rio
será prejudicado pelas obras, que o meio ambiente
será afetado e que só os grandes agricultores
serão beneficiados.
extraido-Jornal do Brasil 08 / 10 / 2005
A
primeira coisa que é preciso saber sobre a
transposição é se há água suficiente e
principalmente para que ela será usada. Há também os
problemas ambientais do São Francisco, como o
assoreamento e poluição que ocorre em maior
intensidade em Minas e na Bahia. Para a execução do
projeto é necessário que haja um rigoroso
levantamento sobre a sustentabilidade da
transposição e principalmente que seja feito um
projeto consistente sobre os possíveis impactos
ambientais.
Erosões /Neopolis-SE
A Polêmica sobre as águas do Velho Chico
Abaixo,
conheça (na forma de perguntas e respostas) a
posição do Ministério da Integração Nacional sobre a
transposição das águas do Rio São Francisco e um
artigo sobre o tema, de autoria do pesquisador João
Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, instituto de
pesquisas sociais sobre o Nordeste brasileiro.
MINISTÉRIO DA
INTEGRAÇÃO NACIONAL
Muitos enganos são cometidos em relação ao
Projeto de Transposição de Águas do rio São
Francisco. Embora todos concordem com a necessidade
urgente de se buscar soluções para a falta de água
na região, o projeto é combatido a partir de vários
mitos e equívocos. A verdade sobre a transposição é
clara e transparente, e está baseada em estudos e
informações concretos e objetivos. Conheça algumas
das dúvidas mais freqüentes:
l
A transposição vai mudar o
curso do Rio São Francisco?
Nada mais equivocado. Não haverá nenhum tipo de
desvio do rio, mas apenas a utilização de uma parte
muito pequena de seu volume por meio de dois eixos
de canais adutores que terão suas tomadas de água
depois da barragem de Sobradinho, onde o São
Francisco tem vazões regularizadas muito superiores
às existentes antes da barragem, na estação seca.
l
A transposição vai baixar o
nível da água do São Francisco?
A retirada de água do rio será normalmente pequena,
e imperceptível visualmente. Nem mesmo os aparelhos
de mais alta precisão conseguiriam registrar essa
quantidade de água. Dos 90 bilhões de m3 de água que
o rio despeja em média por ano no mar, cerca de 1,5
bilhão serão efetivamente transferidos para outras
bacias pelo projeto. E essa reduzida parcela de
águas do São Francisco só será transposta para o
semi-árido na medida em que for necessário e
respeitando os demais usos do rio.
l
A transposição vai comprometer a capacidade de
geração de energia do São Francisco?
Não. No auge da utilização das águas do São
Francisco, após 2025, a redução na geração de
energia será de apenas 2% do sistema CHESF
(Companhia Hidrelétrica do São Francisco). Como todo
o sistema de geração de energia elétrica do país é
interligado, isso é facilmente compensável. Além
disso, as usinas térmicas a gás natural, abundante
no Nordeste, e que estão em fase de implantação na
região, compensam largamente as pequenas perdas
projetadas. Uma única termelétrica de 210 MW já
compensaria a pequena perda prevista com a
transposição. Só usina de Pecém (240 MW), que está
sendo implantada no Ceará (240 MW), por exemplo,
resolveria a questão. Há ainda o potencial de
geração de energia elétrica do Norte do país. Por
fim, é importante registrar que o Nordeste tem
grande capacidade de geração de energia eólica (que
usa a força dos ventos) - cerca de dez vezes
superior à pequena perda decorrente da transposição.
l
A transposição significará
grave impacto ao meio ambiente, especialmente para
as populações que precisarão ser removidas em função
das obras?
Não. As obras de engenharia necessárias à construção
dos dois eixos, comparável à abertura de duas
estradas, implicarão na realocação de apenas 3.500
pessoas do local onde estão, com impacto ambiental
pouco significativo diante dos benefícios que serão
gerados. Uma obra como a barragem do Castanhão, no
Ceará, por exemplo, significou a remoção de 10 mil
pessoas, para gerar uma vazão de 22 m3/s, enquanto a
transposição vai proporcionar uma vazão adicional de
90 m3/s. Ou seja, a transposição realocará cerca de
um terço das pessoas atingidas pelo Castanhão, mas
possibilitará uma vazão de água quase cinco vezes
maior. O Relatório de Impacto Ambiental da
transposição, já entregue ao IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) e que está à disposição de todos os
interessados no site www.integracao.gov.br, comprova
que nem antes nem depois dos eixos de captação de
água ocorrerão mudanças significativas no meio
ambiente. Muito pelo contrário: a transposição
produzirá, necessariamente, uma série de programas
ambientais, sociais e econômicos que mitigarão
pequenos impactos e beneficiarão a região onde serão
feitas as obras. Todo o cuidado foi tomado no
traçado das obras, evitando-se, inclusive, a
proximidade das áreas de proteção ambiental e das
reservas indígenas.
Desequilíbrio Ecológico:
foto: Antonio Biondi
A poluição das indústrias, os defensivos
agrícolas, os
detritos urbanos, a construção de grandes
barragens, a pesca desordenada, o desmatamento,
provocam o desaparecimento da fauna e flora do
rio. O maior reflexo da agressão ao Velho Chico
é a diminuição da população de peixes.
O assoreamento do rio está diretamente ligado
ao desmatamento da mata ciliar, já que esta
segura os barrancos impedindo que estes caiam no
rio e o soterrem (o que o deixa raso e mais
largo, prejudicando a navegação, favorecendo
enchentes).
As Usinas Hidrelétricas ao represarem o rio
impedem o curso normal das águas e impedem a
piracema (os peixes sobem o rio em direção a
nascente para desovar).
São lançados diariamente no São Francisco
esgotos domésticos e industriais sem tratamento,
poluindo suas águas. |
Greenpeace se posiciona sobre
a Transposição do rio São Francisco,
leia mais...
PESQUISA
http://www.fne.org.br/noticias/outras/not-59.htm
http://www.portaldosaofrancisco.hpg.ig.com.br/sfrancisco/transposicao.html
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