O macaco e o fogo


Houve um tempo em que o macacos eram diferentes, quase não tinham pêlos, andavam de canoa, comiam milho e dormiam nas redes, iguais às gentes.  
 

Um dia, quando o macaco voltava da roça, de canoa, com a comadre preá, notou que ela não queria parar de comer o milho que haviam colhido. - Assim, você acaba o milho e termina por furar a canoa - disse ele.

A preá não lhe deu ouvidos. O macaco repetiu o que disse, e tanto discutiram por causa disso que ele ficou agitado, e a canoa virou.

Para sorte dele, passava um peixe. O macaco segurou nas nadadeiras dele e dirigiu-se, nadando com o peixe, até a margem do Grande Rio.

Chegando lá, ele encontrou a onça, que logo falou: - Belo peixe, compadre-, ao que o macaco respondeu: - Ei! Eu até que vim te convidar para jantar... mas...

O macaco já conhecia a fome devoradora da onça e, querendo ganhar tempo, pegou uns gravetos no chão e falou: - Eu já estava vindo te convidar, mas, onde está o fogo?, - Boa pergunta, disse a onça: - Onde está o fogo para preparar o jantar?

Naquele tempo ainda não havia fogo, mas o macaco se sentou e, riscando o chão com um graveto, falou: - Lá está ele - e apontou para o sol poente. - Veja suas labaredas vermelhas no horizonte. 
A onça não conversou. Correu naquela direção, mas nada encontrou. Ao voltar ao lugar onde estavam ainda encontrou o macaco, que lhe disse: - Comadre, você se enganou. Observe onde está a brasa branca - e mostrou o sol que nascia no céu. 
A onça foi e voltou muitas vezes na direção do nascer do sol e do pôr-do-sol, rodeando esses lugares de leste a oeste, de oriente a ocidente.


É
dessa forma que nasceu o fogo, girando, girando depressa um graveto sobre um toco seco - pra lá e pra cá -, como se fosse a onça correndo atrás do sol. Foi assim que o macaco criou o fogo, acendeu a fogueira e assou o peixe.


Quando a onça descobriu que estava sendo enganada, pensou: "Eu acabo com aquele bicho traidor". Ela foi atrás do macaco, que se escondeu em cima de uma árvore, onde até hoje vive, junto com os outros macacos da Amazônia.

A onça estava tão furiosa que sua ira provocou uma tempestade, raios e trovões. A ventania foi tanta que o macaco caiu, lá de cima da árvore, dentro da boca da onça.

A onça ficou satisfeita, engoliu o macaco, mas ele, inquieto, começou a se mexer lá dentro da barriga dela. Tanto fez, tanto se mexeu, que acabou por furar a barriga da onça e fugir. A onça morreu. O macaco ficou com fama de matador de onça. Até hoje a onça tem cisma do macaco.  

 

          Adaptado de lenda Bororo interpretada por Lévi-Strauss no livro O cru e o cozido (1991)

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