Nos
ofídios, as duas metades da sua mandíbula inferior são
articuladas por músculos e pele permitindo-lhe uma expansão
excepcional. Muitos dos ossos do crânio são também
livremente articulados pelo que o crânio pode flexionar
assimetricamente para se acomodar ao tamanho da presa.
Como
os ofídios podem parar a respiração durante o lento
processo de deglutição, a abertura traqueal (glote) é
retirada da frente das duas mandíbulas.
A
córnea dos olhos dos ofídios está permanentemente protegida
por uma membrana transparente que sempre que a mobilidade dos
olhos é reduzida permite a captação de luz. Os ofídios têm
em geral visão reduzida. Os ofídios que vivem nas árvores
das florestas tropicais são, neste pormenor, uma exceção.
Alguns ofídios que vivem nas árvores têm uma visão
binocular muito boa que os ajudam a identificar as presas
através dos ramos das árvores. Os ofídios não têm ouvidos
médio e externo, o que poderia levar a pensar que os ofídios
fossem surdos. Contudo, recentes trabalhos mostraram o ouvido
interno e demonstram claramente que os ofídios ouvem em baixa
freqüência (100 a 170 Hz). São também muito sensíveis a
vibrações do solo. Apesar de tudo para a maior parte dos ofídios
é um sentido químico que é utilizado para localizar a
presa. Em complemento da área normal de olfato no nariz, que
não é bem desenvolvido, possuem os órgãos de Jacobson, no
céu-da-boca. Estes estão ligados com o epitélio olfativo e
são muito enervados. A língua bifurcada, flutuando no ar,
capta as pequeníssimas partículas e transporta-as para a
boca. A língua passando nos órgãos de Jacobson
transmite-lhe a informação que, por sua vez, é transmitida
ao cérebro onde se encontram os centros de identificação.
A
locomoção é um problema óbvio para um animal sem membros,
e os ofídios descobriram várias soluções. O padrão mais típico
de movimento é a ondulação lateral.
A
maior parte dos ofídios são ovíparos embora existam algumas
víboras vivíparas.
Das
cerca de 2500 espécies de ofídios a maior parte vive nas
zonas tropicais e subtropicais, apresentando variedades
venenosas e não venenosas. Os ofídios não venenosos matam
as suas presas por constrição ou por deglutição. A sua
dieta é restrita. Muitos deles alimentam-se de pequenos
roedores, enquanto que outros se alimentam de peixes, rãs e
insetos. Alguns ofídios africanos, indianos e neotropicais são
comedores de ovos.
Os
ofídios venenosos são normalmente divididos em quatro grupos
ou famílias em função do tipo de veneno. As quatro famílias
são: Viperidae que incluem as víboras européias,
americanas e africanas; Elapidae a que pertencem as
cobras, mambas e cobra-coral; Hydrophiidae a que
pertencem os Ofídios mais violentamente venenosos e
finalmente a maior família Colubridae que inclui as
mais familiares cobras não venenosas mas inclui, também, as
duas cobras mais venenosas de África.
Normalmente
associa-se a selva com os ofídios. As serpentes gigantes que
por constrição são capazes de matar um antílope que engole
logo de seguida, a víbora rápida e de mordedura fatal, a
mamba que se desprende de um ramo de uma árvore e crava os
seus dentes na sua presa, são representantes típicos das
florestas, das selvas e dos mangais. A selva chuvosa
proporciona aos ofídios as três condições que permitem uma
boa vivência aos seres que ocupam um determinado meio:
alimento, proteção e clima adequado. Insetos, peixes, répteis,
roedores, aves, pequenos mamíferos e ovos, são alimentos
praticamente sempre disponíveis. Os esconderijos de onde
podem espiar as presas ou defender-se dos predadores
encontram-se em todo o lado e o clima com temperatura
constante quase todo o ano permite que estes animais de
"sangue frio" possam estar em atividade todo o ano.
Nestas
condições coexistem as espécies de ofídios mais variadas.
Caracteristicamente florestais mambas, serpentes arbocícolas-verdes,
coexistem com as pítons, víboras, cobra-cuspideira, etc.,
que são mais características das savanas e estepes.
Faltarão
apenas as que se encontram mais adaptadas às montanhas
sub-desérticas e planícies como a cobra do Egito.
Também
se encontram ofídios vivendo sob o solo como as pequenas
cobras-cegas que se alimentam de vermes, aracnídeos ou miriápodes
e as que vivem ou freqüentam as águas, cobras-aquáticas,
que se alimentam de peixes, rãs e insetos aquáticos.
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