As plantas carnívoras
intrigaram durante muito tempo os biólogos. Embora pouco
vulgares, estas plantas estão adaptadas a viver em solos
muito pobres em nutrientes. Para obter os nutrientes necessários,
especialmente azoto, as plantas carnívoras desenvolveram um
estilo de vida semelhante ao de muitos heterotróficos,
designadamente extraindo azoto da carne de outros organismos.
Existem cerca de 500 espécies de plantas carnívoras que
vivem sobretudo em solos úmidos, pantanosos e pauis. São
plantas com clorofila que fabricam alimento como outras
plantas verdes, podendo sobreviver sem consumirem matéria orgânica
mas quando podem dispor deste suplemento alimentar crescem com
mais vigor e são mais saudáveis.
As
suas adaptações são variadas. Freqüentemente são
coloridas e atraem insetos e outros animais que associam a
cores vivas com fontes de néctar. Umas segregam substâncias
odoríferas, outras (gênero Drosera) têm as folhas
cobertas de pêlos, cada um dos quais segrega um fluído
viscoso que prende os insetos. Os movimentos do animal para se
libertar estimulam os pêlos circundantes a dobrarem-se sobre
a presa (sismonastia). A planta segrega então uma enzima que
digere a presa deixando apenas as partes duras. As folhas de
outras plantas carnívoras (gênero Pinguicula) podem
enrolar-se, enclausurando a presa. Depois da presa digerida a
folha distende-se novamente ficando pronta a atuar de novo.
Outras (gênero Sarracenia) apresentam folhas tubulares
no fundo das quais se acumula água da chuva. No interior
encontra-se um friso de pêlos rijos inclinados para o fundo
que impedem que os animais saiam do recipiente formado pela
folha. A planta carnívora Dionea muscipula tem folhas
que se fecham como uma amêijoa. Nos bordos das folhas existem
espinhos fortes e no centro róseo das folhas estão colocados
três pêlos. Se um destes pêlos é tocado por um inseto, ou
outro animal atraído pela folha tocar em dois destes pêlos,
ou abane duas vezes um deles, as duas metades da folha
fecham-se aprisionando a presa. Só voltam a abrir-se depois
da presa ter sido digerida o que pode levar algumas semanas.
Se o mecanismo for disparado por matéria morta, as
extremidades da folha reabrem-se ao fim de cerca de meia hora.
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