AstroManual - Astronomia
Observacional Amadora
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Crateras Raiadas
Muitas vezes, lemos ou ouvimos que as noites de Lua em suas fases mais
brilhantes são perdidas para a observação celeste,
principalmente quando a bela Lua apresenta-se em sua Fase Cheia. O mesmo
aconteceria em relação à observação da
própria Lua quando em seu máximo brilho. Porém, uma
das características mais óbvias e belas que são
especialmente visíveis na Lua Cheia é o sistema de raios que
emanam de algumas crateras. Estes raios ou raias luminosas, por vezes, são
tão extensos que são melhor visíveis em telescópios
baseados na Terra que quando observados mais de perto por imagens
realizadas por astronaves.
A origem dessas raias lunares geralmente é tida como material
ejetado durante os impactos de objetos contra o solo lunar, isto é,
o material que foi lançado quando pedaços de rochas chocaram
contra a superfície lunar e formam as crateras, havendo indicações
que as crateras secundárias tiveram seu papel na produção
destas raias.
A imagem da lua cheia nos apresenta uma intrincada cadeia de raias que
cobrem a superfície lunar. Apesar da proeminência que elas
nos apresentam durante uma Lua Cheia, a maioria dos raios é pouco
visível quando o ângulo de iluminação solar é
baixo. Por outro lado, algumas podem ser vistas quando a elevação
do Sol é de apenas 20 graus. Curiosamente, os sistemas de raios nem
sempre são igualmente luminosos quando vistos de um ângulo de
iluminação semelhante ao amanhecer na Lua.
Usando espectros próximos ao infravermelho e radar as sondas das
missões Clementine e Galileo fizeram imagens onde foram encontrados
raias a oeste e sul do complexo da cratera Messier e do Mare Frigoris.
Também, análises de imagem e dados de radar indicam que as
raias da cratera Tycho que cruza uma boa parte do Mare Nectaris é
dominado por material local fresco escavado de crateras secundárias.
Porém, muitos aspectos adicionais das raias ainda não são
claramente entendidos, sendo que não há nenhuma explicação
satisfatória para os tipos diferentes de raias. Por exemplo, as
raias da cratera de Tycho são longas e estreitas em relação
aos da cratera Copernicus que são menos bem definidas e delgadas. É
pensado que algumas raias trocam ligeiramente de posição
durante uma lunação (29½ dias do ciclo lunar entre duas
Luas Nova). Sob esse aspecto as raias emanadas da cratera Proclus são
bastante notáveis. Algumas teorias sugerem que essas diferenças
são devidas a granulação da superfície lunar,
o que explicaria a natureza dessas diferenças de características
e a visibilidade a ângulos diferentes de iluminação
solar. Além disso, Muitas raias não apontam precisamente
para onde elas supostamente originaram.
Há cerca de 40 anos atrás, foi proposto que a orientação
não radial delas foi causada pela Lua que ao girar em seu eixo
durante o tempo que acontecia a ejeção de material estava
mais distante em sua trajetória balística. Material em
baixas trajetórias teriam caído mais cedo e teria menos
divergência radial. Um modelo dos raios da cratera de Tycho indica
que o padrão de divergências só poderia ser ajustado
se o dia " lunar " estivesse entre 0.5 e 6.8 dias da duração
do dia da Terra, e não os 29½ dias que temos atualmente.
Assim, alguns argumentaram que as crateras raiadas foram criadas quando a
Lua tinha aproximadamente 100 milhões de anos de idade. Isto foi
usado para explicar por que só algumas crateras têm raias -
porque elas teriam sido formadas quando a crosta lunar ainda era muito
jovem. Por outro lado, muitas das crateras que hoje não apresentam
raios são crateras muito antigas cujos raios foram apagados por
posteriores impactos e ejeta que esconderam seus raios luminosos.
Uma característica bastante interessante acontece na cratera
Aristarchus no sistema de raias luminosas que se projetam ao redor da
cratera. Este material que foi jogado para fora na hora do impacto que
formou a cratera é particularmente longo em um dos lados da cratera
e parece moldado em formato de uma ''vírgula''. Que tipo de impacto
faria o material ejetado ser distribuído desta maneira? Isto expõe
outro aspecto interessante a ser observado na fase de Lua cheia.
Os raios que emanam de certas crateras aparecem notavelmente delineados;
alguns deles estendem a distâncias longas sobre a superfície
lunar. Em certos casos, as raias são duplas em linhas paralelas. Às
vezes as raias se cruzam umas com as outras. Você pode determinar
qual é a mais recente e qual delas passa por cima da outra? Você
poderia tentar avaliar o ângulo de impacto baseado nas orientações
destes raios? De qual direção teria vindo o meteoro? Estas e
outras observações podem ser feitas aproveitando a total
claridade da Lua, pois são nessas ocasiões que as raias
ficam francamente expostas devido a seu alto albedo.
Com o fim do programa de Apollo os sistemas de raias foram amplamente
interpretados como as marcas de esguicho de crateras muito jovens, e as
divergências observadas não são consideradas
estatisticamente significantes. Mas, apesar das centenas de anos que a Lua
tem sido observada por telescópios de diferentes aberturas e através
de visões íntimas de veículos espaciais, dados
observacionais ainda são necessários para testar as teorias
da origem e a natureza das raias luminosas.
Com esse propósito, a Associação de Observadores
Lunares e Planetários (ALPO) está atualmente expandindo um
projeto para estudar as raias lunares. Eles aceitarão qualquer
observação de qualquer sistema de raia, mas estará se
concentrando inicialmente nas raias associadas com as crateras Proclus,
Messier A, Menelaus, e Birt; cujas localizações de sistemas
de raias e sua extensão serão eventualmente transferidos
para um mapa padrão. Esboços e imagens (fotográficas
ou eletrônicas) são necessários para adquirir os dados
dos detalhes exigidos para fazer um projeto que vale a pena. Se você
deseja participar deste estudo, esteja seguro de incluir a data, tempo e
tipo de instrumento em que as observações foram feitas. Isto
permitirá a ALPO calcular coisas como co-longitude e altitude solar
para determinar quando os raios são visíveis. E se você
observasse as crateras quando suas raias não puderem ser vistas,
também é de grande importância porque ajudará a
determinar quando elas não são visíveis. Com muitas
observações, podem ser reduzidas as vezes de visibilidade
consideravelmente. Suas observações podem ser submetidas ao
Coordenador de ALPO de Estudos Topográficos Lunares (ALPO
Coordinator of Lunar Topographical Studies): Bill Dembowski, 219 Old
Bedford Pike, Windber, PA 15963; e-mail: [email protected].
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