Ankh
original, a Chave da Imortalidade
Ordem
Rosacruz
Portal do Terceiro Milênio
Benedictus Deus Summum Bonum
"A Vida é
Eterna. As criaturas são transitórias."
Mestre Apis
D. Beda, OS+B (*)
Abade
Primaz da Ordo Svmmvm Bonvm
Benedictus Deus Summum Bonum.
Mesmo que se provasse que não existe Deus, tal qual os homens O concebem, a idéia de Deus continuaria a ser tão necessária que seria praticamente impossível a uma sociedade organizada viver sem ela. Deus representa a suprema aspiração, a Luz Maior buscada por todos, mesmo por aqueles que se declaram ateus.
O homem é um animal, evolução da ameba primordial, tendo alcançado um estado de consciência que lhe permite idealizar Deus. Esta, na realidade, é a única diferença entre o homem e os demais animais na Terra; ou seja, a diferença fundamental não está em ser racional - capaz de raciocinar -, pois muitos outros animais raciocinam; a diferença marcante é que o homem é capaz de criar mentalmente Deus.
Se Deus é Uno, Trino, se se desdobra ou não em emanações hierárquicas (como Semideuses - por exemplo: Brahma, o criador do Universo visível habitado pelo homem, segundo os Vedas) nada disso é tão transcendental que justifique glória para quem proclama esta ou aquela (sua) verdade a respeito. Tendo criado Deus à sua imagem e semelhança o homem também o interpreta e proclama de várias maneiras, conforme sua cultura e sua etnia, plasmando egrégoras emanadoras de leis.
A grande alavanca para a criação mental de Deus pelo homem é a morte. A estupefação diante da finitude parou, como um muro, toda a capacidade de raciocionar e ante este muro caíram todas as filosofias. O homem não se conforma em ser um evento como todos os demais eventos; ele não quer deixar de existir, subitamente, como uma bola de sabão colorida que se desfaz no ar. Nesse momento inventa Deus, para escapar da morte, inspirado pelo próprio Deus, que então deixa de ser abstração e assume formas.
Em cima daquela necessidade de provar a imortalidade individual, a perenidade da personalidade, mesmo com transformações subseqüentes, foram criadas numerosas teorias, como a da reencarnação, a da ressurreição dos mortos e sua ida para a Vida Eterna, a da existência de almas individuais imortais, o espiritismo, a do duplo etéreo e a da sublimação do ego em ser angélico, pela renúncia e pela purgação.
A Morte (a Grande Iniciação) toca tão fundo o homem que resultou na construção das pirâmides, na criação do Taj Mahal, no Livro dos Mortos do Antigo Egito, no Bardo Todol, na idéia de Céu e Inferno e na própria Rosacruz. A idéia central é a da Suprema Alquimia: a transformação crística, não como metamorfose, mas como salto na evolução, com o ser menor passando do plano da mortalidade para o plano da Eternidade, já ali como Ser Maior, diante do Pai Eterno. Uma transfiguração, pelo crisol da dor iniciática, a Noite Negra seguida do Áureo Alvorecer.
Tudo de bom que o homem conseguiu fazer até hoje foi feito em nome da idéia de Deus. Paradoxalmente, grande parte de todo o mal gerado pelo homem até hoje o foi com base nessa mesma idéia. Assim, a religião tem sido através das eras uma ponte para a ligação com Deus e também o pretexto para os mais terríveis atos. A religião sempre pretendeu ser o lado místico do poder temporal; em uns casos a fórmula deu certo, em outros não frutificou, e tudo sempre dependeu da condução dada ao tema pela alta hierarquia da casta sacerdotal.
A iniciação esotérica, ritualística, foi introduzida no imaginário místico como fórmula de propiciar a evolução da consciência por etapas, segundo um método, e não apenas baseada na fé, como a iniciação religiosa. Contudo, a certa altura as duas se confundem, ao ponto de se fundirem sem, no entanto, serem a mesma coisa. Dir-se-ia que a iniciação religiosa dá olhos para ver e que a iniciação esotérica abre esses mesmos olhos, que até então estavam vendados.
Se não houvesse a ideia de Deus seria impossível ao homem almejar a transcendência e a evolução de sua consciência se faria unicamente em função de referênciais materiais. Resultaria daí uma sociedade empedernida e norteada pela competição entre os seres, com a adoração e deificação de valores como dinheiro, poder e glória. E egoísmo seria erigido em Hierofante desse conglomerado de seres destituídos de ética (porque a Ética é um atributo direto da idéia de Deus, como Summum Bonum).
Não é preciso que se compreenda exatamente o que é Deus, mesmo porque a tentativa de entendimento nesse sentido lançaria o homem em um buraco negro de frustração do qual ele não se reergueria. Nesse mesmo buraco caem aqueles que professam o ateísmo e nessa condição criam o inferno no plano terrestre para todos os seres: animais, vegetais, minerais. Igualmente a consagração de uma particular idéia de Deus como "única e verdadeira" pode resultar em infernais tormentos para a humanidade, como tem resultado.
Por isso, dizem os místicos: Deus é Amor.
Onde está o Amor, ali está Deus. Onde não há Amor, não há Luz. Deus é o Amor e a Luz que mantêm a Vida Imortal, em contínua evolução, na grande, infinda, espiral da Manifestação, vestida pela túnica inconsutil do Conhecimento. E é neste sentido que a missão das instituições inciáticas esotéricas é exercida, tecendo a túnica.
Rituais e religiões cairão, porque a repetição de fórmulas não será mais necessária, em certa etapa da evolução. O Amor porém permanecerá, junto com a Luz, mantendo a Vida, que é Eterna. Os seres, estes sim, são transitórios: a Vida está infundida neles, mas eles não são a Vida: são os eventos que ela gera em todos os Planos e que se sucedem, com autopercepção, como no caso do homem. Mesmo carregando a imensa culpa de ter inventado o diabo o homem caminha permanentemente para Deus.
Benedictus Deus Summum Bonum.
(*) Nota dos Editores: Pronunciamento de Sua Eminência Reverendíssima Dom Abade Beda, Abade Primaz da Ordo Svmmvm Bonvm, relativo a acontecimentos na China Comunista, envolvendo sites Rosacruzes de Lingua Portuguesa.