O Significado Místico da Rosa
e o Simbolismo da Cruz

 Frater Vicente Velado, OSB

Fratres e Sorores da Rosa+Cruz: Saudações em todas as pontas do Triângulo.

 Já foi dito aqui que a Ordem Rosacruz Verdadeira é invisível e se manifesta no Plano Terra e em outros planos físicos e não-físicos na forma de organizações e fraternidades que se dedicam a promover a evolução da consciência do ser humano.

 Para que se possa compreender a enunciação acima em seu pleno significado é preciso que se entenda antes, perfeitamente, o que vem a ser um Místico, o que é um Mestre, o que é a Rosa e o que é a Cruz.

 Místico é aquele ser, deste ou de outro Planeta, neste ou em outro Plano de Compreensão, que procura estabelecer uma ligação com um Plano Superior. O Mestre é justamente aquele Místico que conseguiu ligar esses dois Planos e pode, portanto, permanecendo em qualquer um deles, oferecer um espécie de ponte entre ambos aos buscadores; no caso específico da Ordem Rosacruz, essa ponte é justamente a Rosa e a Cruz.

 A Rosa, como sabem, é a personalidade que floresce na graça e na paz, em um ramo cheio de espinhos. Se fechardes os olhos ante uma Rosa desabrochada não vereis os espinhos nem mesmo a vereis a ela, a Rosa, mas ireis percebê-la pelo perfume que exala.

 E a Cruz, o que seria então a Cruz? A Cruz representa as provações sobre as quais o Místico desabrochará como Rosa, com seus espinhos. Sobre o Mestre o que se pode dizer, é que ele é a Rosa sem os espinhos.

 O que muitos dentre vós perguntariam é que importância tem, no contexto Cósmico, conseguir a ascensão a um Plano Superior àquele em que ora se está. Principalmente quando no plano em que se está existe a possibilidade da realização do ego e da satisfação dos desejos materiais. Várias são as explicações apresentadas para provam essa importância e uma das mais conhecidas é do Buda: quebrar a Rosa da Reencarnação.

 A reencarnação em um mesmo Plano de Compreensão, através da repetição de vidas constituídas de nascimento, sofrimento e morte é, no entanto, o objetivo de muitos estudantes de Misticismo, pois acreditam que o acúmulo de conhecimentos através das experiências pessoais propiciaria por si só uma suposta evolução, cuja finalidade última seria existir no Plano do Sofrimento dominando-o, isto é...sem sofrer! Eis que como também aqui já foi dito o estudante Rosacruz pode realmente passar pelo sofrimento sem sofrer. Mas, esta, notem, não poderia ser a finalidade última da existência, mas apenas uma de muitas conseqüências. Se assim não fosse, isso seria contra as Leis da Evolução, porque representaria estagnação. Assim, esse momentâneo domínio das circunstancias peculiares a um determinado Plano é, na verdade, apenas uma fase no processo evolutivo de uma criatura.

 Isto acontece porque quando uma criatura se compraz nas realizações efêmeras em um Plano liga-se de tal modo a este Plano que fica com a percepção praticamente tolhida para o Plano que lhe é imediatamente Superior -quem dirá para os demais, nas inumeráveis esferas do Cósmico Visível e Invisível. Realmente, se a morte sobrevêm ao estudante em tal estado a tendência natural, pelas Leis que regem a Manifestação, seria a repetição de vida no mesmo Plano; não para o acúmulo de mais conhecimentos, mas por falta de condições para a Ascensão. O Portal de um Plano para outro só pode ser transposto por aquele que ao menos percebe a sua existência, mesmo que como um vislumbre tênue, uma possibilidade remota.

 Do que foi dito acima logo se percebe que não é diretamente pela sujeição ao sofrimento que se evolui, mas pela mente aberta. É justamente aí que entra, principalmente no Plano Terra, o trabalho das várias organizações e fraternidades que representam a Ordem Rosacruz Invisível. O estudo Rosacruz abre as portas da percepção para quem tem a mente aberta e, note-se, não é de forma alguma um estudo acadêmico, mas antes um autêntico processo de osmose entre uma criatura momentaneamente manifesta e o Ser Total. Cabe ao próprio estudante decidir se repete o ano ou se passa para outra classe, onde os valores são outros, totalmente diferentes.

 Muitos avaliam que o Summum Bonum, o Bem Supremo, só pode ser auferido na Esfera da Divindade, e isso, inclusive, está dito claramente no livro "A Imitação de Cristo", em que Jesus, o Mestre dos Mestres, o Senhor dos Anjos, fala longamente ao autor, o monge agostiniano Tomás de Kempis, na qualidade de seu Mestre Interior. Naquele momento, Jesus é simplesmente o Eu Interior do monge Tomás, que consegue tê-Lo assim porque renunciou a todos os apegos que o Plano Terra lhe oferecia. Isso mostra, como bem disse op Buda, que a individualidade é apenas uma ilusão do Plano Material. Tomás de Kempis viveu entre 1380 e 1471, na Alemanha, tendo recebido as ordens eclesiásticas em 1412 e morrido aos 91 anos na função de Mestre dos Noviços.

 É importante notar -"e isso fica patente de forma inequívoca ao longo da leitura de "A Imitação de Cristo" - que Tomás de Kempis ascendeu a um Plano Superior mais pelo Amor a Cristo que propriamente pelo sofrimento disso decorrente.

 Vários podem ser os relacionamentos da criatura com o Criador e vice-versa, mas é certo que o Summum Bonum almejado pela Rosa+Cruz passa essencialmente pelo Amor. Para se dar idéia de um outro tipo de relacionamento Criador-criatura pode-se citar o caso do computador dotado de consciência, construído no final do século passado em Londres, por um grupo de cientistas empenhados no estudo da inteligência artificial. O chip dessa máquina, segundo foi noticiado pelas principais publicações da Comunidade Científica, era dotado de percepção não só do meio-ambiente (sua placa, os circunstantes etc.) como ia muito mais longe, possuindo a faculdade da autoconsciência, da autopercepção! Ou seja, aquele computador sabia que existia! E ainda segundo as publicações, uma das quais foi transcrita e amplamente divulgada no Brasil por um jornal de São Paulo, o chip em questão era capaz de se reproduzir, bastando para tal que lhe fornecessem o silício necessário. O projeto não foi implementado comercialmente por ter custo proibitivo, mas fica um tema para a meditação: O Criador e a criatura (haveria Amor ali?).

 Para os estudantes de misticismo meditar sobre temas como o mencionado acima pode vir a ser uma fonte de inspiração para a abertura da mente, condição tão importante para este novo Milênio, no decorrer do qual o homem poderá tornar-se mais mente do que corpo.   


Nota: O Frater Vicente Velado, eremita da Ordem Beneditina, integra a Hierarquia Esotérica da AMORC , da qual é membro vitalício. Este artigo representa opinião pessoal sua e não opinião oficial da AMORC

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