O Promissor Mercado
dos Filhos de Deus

Frater Vicente Velado, OSB

Estamos no limiar de uma nova era e as pessoas se encontram diante de uma incógnita: o que nos espera? Uma transformação radical e rápida se processa em todo o orbe terrestre e é preciso saber com exatidão qual o papel dos Rosacruzes no novo milênio.

Irmãos na Rosa+Cruz: Saudações em todas as pontas do Triângulo!

Quantos de vocês se acham realmente preparados para a Obra Rosacruz nesta nova etapa de evolução da Humanidade? Esta pergunta é dirigida a todos vocês, membros das diversas vertentes da Ordem Rosacruz, das várias organizações iniciáticas que se apresentam como Ordem Rosacruz, porque a Ordem Rosacruz, na verdade, é uma única Entidade Viva, à qual está reservado um papel preponderante nas transformações destinadas a elevar o nível de consciência da Humanidade.

Muitos de vocês estão efetivamente prontos para esta Obra, porque foram devidamente preparados. No caso específico da AMORC, seu reorganizador para o presente ciclo, Dr. Harvey Spencer Lewis, teve o cuidado de se certificar de que essa preparação seria realmente implementada. E foi assim que ele elaborou o mais bem organizado sistema de ascensão iniciática através dos planos de compreensão da consciência até hoje conhecido. Esse esquema, compreendendo o estudo persistente e sistemático através de 12 Graus (sucintamente expostos no Manual Rosacruz) seria capaz de conduzir o estudante ao Portal do Círculo Interno, algo que se encontra no mais recôndito interior da Hierarquia Esotérica, onde a própria Organização passa a ter outro nome, em uma outra Ordem. Pelo planejamento inicial do Dr. Lewis aquele que estudasse semanalmente em seu Sanctum, sem falhar uma só semana, em pouco mais de 20 anos atingiria a Ordem interna. São estes membros da Ordem Rosacruz que serão chamados, agora, para o trabalho de estudar a Nova Era.

Sempre que se fala em transformações há resistências muito fortes, porque as pessoas têm a tendência, inata - como que por um instinto de autoproteção - de se encastelarem em nichos já atingidos, mesmo porque o desenrolar da vida humana sempre tem sido baseado na competição, ou pelo menos na tentativa de ascensão na escala social. Mesmo em culturas declaradamente compartimentadas como a da Índia, com a divisão inexorável e ad aeternum em castas, essa tendência tem sido exercida. As transformaões, porém, são implacáveis e o processo de evolução as usa exatamente para a consecução de seus propósitos.

Se examinarmos a chamada Sociedade de Consumo na qual os seres humanos vêm vivendo há decadas, desde a Revolução Industrial, veremos que ela, principalmente por não ter sido planejada, atingiu um ponto de saturação tal em que a economia já não pode ser controlada com eficiência para que haja paz, saúde e prosperidade para todos. A Sociedade de Consumo não foi projetada, não evoluiu de um modelo harmonioso, preconcebido, mas sim tornou-se antes a decorrência de injustiças sociais e da má distribuição de renda. Assistimos neste Ano 2000 à marcha acelerada da desumanização do homem e alguns exemplos serão a seguir citados, porque às vezes só mesmo descendo a detalhes pode-se traçar um quadro geral:

- A dignidade do trabalho foi aviltada e multinacionais criam núcleos de moderna escravatura em países do Terceiro Mundo. Por exemplo: fábricas de computadores sediadas em nações desenvolvidas montam unidades em países pobres para decuplicar seus lucros arrancados da mais valia. Em Taiwan um montador de placas recebe menos de dez por cento do que um operário receberia nos Estados Unidos para realizar esse mesmo serviço. Os banqueiros internacionais planejam em seus gabinetes a recessão e a depressao em áreas escolhidas, para que sejam criadas as condições necessárias ao surgimento da mão-de-obra escravizada.

- Nas profissões liberais o mercantilismo e a cupidez mais nojentos substituíram a Ética, com a adoração declarada ao Bezerro de Ouro. Se antes um médico se tornara tal por vocação, vindo de uma família de classe média alta, no seio da qual recebera uma formação ética, agora a maioria dos médicos entrou nessa profissão visando exclusivamente aos lucros. Vemos, então, o quadro macabro e asqueroso das intervenções cirúrgicas absolutamente desnecessárias sendo realizadas, unicamente para que possam ser cobradas; de pessoas sendo friamente assassinadas para que seus órgãos possam ser vendidos como peças de reposição no mais dantesco o sinistro mercado negro já visto; dos medicamentos sendo fraudados e por aí afora. Sob a égide dessa distorção de valores engenheiros constroem prédios que irão cair por serem mais de areia que de cimento; advogados se vendem à parte contrária, traindo os clientes; policiais assaltam, estupram e matam; membros do Judiciário vendem sentenças e libelos; e os mais altos dirigentes de nações atraiçoam os interesses nacionais para servir ao capital internacional.

- É precisamente nesse quadro lodacento e viscoso que vicejam os falsos profetas, os diversos anticristos, como bactérias amaldiçoadas se nutrindo do caldo de cultura criado pelas forças das trevas. As religiões, seitas e instituições de caráter esotérico se amoldam à Sociedade de Consumo em decadência -será melhor dizer: já podre- e nunca como nestes tempos se viu a suposta palavra de Deus ser tão deturpada, mercantilizada e achincalhada. Deus, como apresentação de uma idéia, foi reduzido à condição de objeto de consumo! "Consumam Deus a preços módicos! Deus é a solução para tudo! Este é o mais perfeito modelo de Deus até hoje fabricado!" -apregoam os sacripantas pela televisão, arrebanhando as massas desesperadas pelo desemprego e pela falência das instituições.

Qual seria, pois, a finalidade cósmica dessa choldra repugnante? Qual deve ser a posição de um Rosacruz inserido em tal contexto? Eis aí, irmãos, o nó górdio que deve ser desfeito pelos realmente preparados. E nesse particular existe a certeza de que aqueles que atingiram o Círculo Interno tiveram pelo menos a preparação adequada. A vocês, que conseguem enxergar nessa podridão as sementes de um amanhã melhor, estas palavras são dirigidas: Não se apeguem a nada a não ser às suas próprias consciências!

Todos os que estão preparados e que ora se vêem jogados nesse promissor mercado dos filhos de Deus saberão com discernimento e propriedade perceber os dois significados distintos da palavra "promissor": para uns, a conotação mercantilista, consumista; para outros, o reconhecimento de uma esperança, da certeza de que as leis cósmicas podem ser entendidas. Está a Humanidade no limiar de uma Era em que a Sociedade de Consumo será substituída por outro tipo de sociedade; as concepções de Deus serão totalmente revistas, prevalecendo a abstração; as religiões perderão seu papel catequético, porque isto não mais será necessário; os rituais quedarão realmente inúteis. Nessa nova etapa da evolução humana as próprias ordens iniciáticas perderão sua razão de ser, porque o significado iniciático da vida será mais amplamente reconhecido. Mecanismos de controle mais eficientes e menos cruéis que as guerras cuidarão para que o número de seres neste planeta não seja superior às capacidades de sustentação da vida.

Os membros da Ordem Rosacruz que foram devidamente preparados são justamente aqueles que entrarão com as idéias para tornar possível na Nova Era a harmonização de condições básicas para a constituição dos alicerces de uma nova sociedade humana. Uma sociedade com saúde e paz, em que a prosperidade - decorrente daquelas outras duas condições (saúde e paz) possa ser usada para promover a evolução das consciências a um plano realmente superior, a um nível efetivamente mais alto.

Ficará demonstrado que a Ordem Rosacruz não é apenas mais uma organização surgida da necessidade de perquirir as estruturas, mas sim algo que está muito além daquilo que as religiões conseguiram fazer até agora em prol do homem, porque se baseia no autêntico Espírito Crístico, o dinamizador da evolução da consciência humana. Sempre que esse Espírito é sufocado o sufocador cai e ele prevalece, como se pode ver na recente - e malograda - experiência socialista: Marx, copiando o modelo existente na Regra de São Bento (e na própria Regra do Mestre, que a antecedeu), tentou abolir a propriedade privada, declarando-a a raiz de todo o mal, como São Bento -só que fez isso baseado nas idéias de Hegel e abolindo concomitantemente a ideia de Deus. O resultado foi esse que se viu.

Na Nova Ordem, nessa nova sociedade humana que se solidificará ao longo do novo milênio, a idéia de Deus não será abolida, mas tornada mais clara, mais participante, interativa mesmo. E isto, essa clarificação da idéia de Deus, será talvez o principal trabalho a ser feito pelos Rosacruzes devidamente preparados.

Nota: O Frater Vicente Velado, eremita da Ordem Beneditina, integra a Hierarquia Esotérica da AMORC , da qual é membro vitalício. Este artigo representa opinião pessoal sua e não opinião oficial da AMORC

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