Teorias da Persuas�o
O poder da palavra [logos] sobre a constitui��o do esp�rito pode ser comparado com o efeito das drogas no organismo: tal como as drogas, ao provocarem diferentes estados de �nimo no corpo humano, podem p�r fim �s doen�as ou � vida, assim tamb�m com o discurso: diferentes palavras podem induzir preocupa��o, prazer ou medo ou, atrav�s de um tipo de persuas�o mal intencionada, entorpecer ou enfeiti�ar o esp�rito.
(in Kathleen Freeman, Ancilla to the Pre�Socratic Philosophers)
O que � "persuadir"?
    Ora, persuadir (do lat. persuadere) � isso mesmo, convencer, levar algu�m a crer, a aceitar ou decidir, sem que da� decorra, necessariamente, uma inten��o de o iludir ou prejudicar, t�o pouco a de desvalorizar a sua aptid�o cognitiva e acional. Pelo contr�rio, o ato de persuadir pressup�e um destinat�rio que compreenda e saiba avaliar os respectivos argumentos. Pedro Miguel Frade diz que �o discurso persuasivo parte sempre, em primeira m�o, de uma desqualifica��o mais ou menos assumida das capacidades e dos prop�sitos do outro�; no entanto �intera��o a dois�  (Am�rico Souza; A Persuas�o), a persuas�o n�o tem que significar a desqualifica��o do persuadido mas sim um confronto de opini�es, onde os argumentos ou raz�es invocadas tanto podem merecer acolhimento como serem liminarmente refutados. Como em tantas outras situa��es comunicacionais, a manipula��o sempre pode instalar-se nos discursos persuasivos.  Por�m nao podemos condenar a persuas�o em abstrato, seria um ju�zo a priori muito semelhante ao de admitir uma ilicitude sem il�cito.A persuasao e uma estrat�gia, uma ferramenta que depende em que m�os est� sendo operada.
�Toda a argumenta��o deve n�o s� persuadir, mas convencer, ou  pelo menos, contribuir  para a convic��o porque sen�o o intelecto fica seduzido, mas n�o convencido�.
kant - Cr�tica do Ju�zo
No an�ncio ao lado utilizou-so recurso emocional:
COMOVER  gera uma perturba��o, um choque, o que amplifica a palavra.  Essa � a "tirania do afetivo". Aquele que quer persuadir visa � sensibilidade do persuadido.
1. Os Primeiros Profissionais da Persuas�o: Os Sofistas
Nascido da necessidade de se defender em tribunais p�bicos, na Sic�lia, fez daquela popula��o de imagina��o viva criar uma forma de articular a palavra com a finalidade de gerar a ades�o. Saber falar em p�blico tornou-se importante e foram criadas escolas. Foram criados tratados ensinando a arte de persuadir: a Ret�rica. Os fundamentos eram:
-
O Prov�vel (ou ainda o veross�mil, o plaus�vel) � mais digno de estima do que o verdadeiro;
-
Aquilo que parece a cada pessoa realmente � na medida em que trata dessa mesma pessoa ("o homem � a medida de todas as coisas").
Foi ent�o transplantada para a Gr�cia no s�c.V a.C e Prot�goras e G�rgias foram seus mestres mais c�lebres. Os sofistas gostavam do brilho e do fausto das palavras, vocabul�rio, estilo, porte e gesto. Combatidos por Plat�o e S�crates pois:
- O sofista desinteressa-seda rela��o entre discurso e objeto; n�o busca a verdade nem a justi�a.
- O sofista obt�m lucro imediato; vive dele e � um "profissional"; e ainda, estimula seus disc�pulos ao sucesso, a ganhar processo, acima de qualquer coisa.
Da ret�rica ficou o manejo da linguagem. Os pol�ticos continuam fi�is aos estilos da ret�rica. Os fazedores de discurso buscam antes de tudo COMOVER. Alguns exemplos aplic�veis em publicidade:

> pratica tautologia (eu sei, eu creio,)
> usar a meton�mia fazendo os fatos falarem (a crise nos obriga...)
> praticar a infla��o dos valores (justi�a, prosperidade, beleza)
> usar m�ximas (nem tudo � poss�vel...)
> fabricar met�foras (vamos juntos,)
> Criar frases feitas, estribilhos.
fazer referencia ao que j� foi dito.
> repetir as palavras para levar a crer em sua verdade.
> exprimir o definitivo (agora ou nunca...)
> preferir a consecutividade a causalidade ("� por isso" e n�o o "porque")
2. O Marketing e a Sof�stica.
    
Os homens de neg�cios da Gr�cia do s�culo V procuravam os sofistas para a prender a arte de persuadir. Os dirigentes e e os pol�ticos do s�culo XXI confiam sua compet�ncia e sua forma��o aos cuidados dos especialistas do marketing.
     � por essa raz�o que os fil�sofos de hoje, assim como Plat�o e S�crates a seu tempo condenavam os sofistas, acusam o marketing como uma t�cnica de n�o dizer a verdade. A publicidade, filha do marketing, apenas elabora belas mentiras para vender.
Na verdade, para o homem  de marketing, como para o sofista, �h� apenas a apar�ncia�; o homem � a medida de todas as coisas. O que importa � a percep��o das vantagens, a imagem da marca (a apar�ncia) do produto ante ao p�blico. � a sedu��o das apar�ncias que permite conquistar ades�o de cada cliente potencial, pois este s� existe em fun��o de sua percep��o sens�vel do mundo.
      Como a sof�stica, o marketing promove os lugares-comuns, frases f�rmulas, slogans, rodeios. N�o teme em �falar ao imagin�rio� e despertar os desejos mais rec�nditos do homem. Laufer e Paradeise mostram que na c�lebre f�rmula
AIDA (despertar a ATEN��O; provocar o INTERESSE; suscitar o DESEJO; conquistar a AQUIESCENCIA), ensinada h� mais de meio s�culo, est� calcada na t�cnica de Prot�goras e sua parte do discurso eficaz (o PEDIDO, a QUESTAO, a RESPOSTA, a ORDEM).
   
A persuas�o est� nas m�os dos novos peritos em opini�es, em necessidades e motiva��es. O marketing se coloca como intermediador entre produto e consumidor e transforma o homem natural mergulhado na sociedade. � a cultura que modela suas necessidades, determinadas pela busca contradit�ria da identidade e da singularidade.
     O persuador busca apenas estabelecer a superioridade de uma causa, e n�o a veracidade ou a virtude moral. Segundo Max Weber, a renova��o do interesse pela arte de persuadir corresponde ao recuo de tr�s legitimidades:
- CARISMATICA  (comunh�o dos esp�ritos em nome do sagrado );
-TRADICIONAL  (submiss�o e respeito pela lei, pelos costumes, pelos legados, pelas heran�as);
- RACIONAL (respeito pela evid�ncia, pelos fatos, pelas leis da natureza, da ci�ncia, sujei��o � regra, reconhecimento da individualidade).

     Os herdeiros da velha ret�rica voltam a cena para aconselhar governos e presidentes, homens de neg�cios, homens do direito, pais em rela��o aos seus filhos, vendedores em rela��o aos clientes.
     Os publicit�rios reconhecem que
a publicidade n�o consegue vender nada que n�o seja aceito pelo consumidor. Da� a grande import�ncia das sondagens e estat�sticas, pois a realidade majorit�ria avaliza o plaus�vel: �Como temos a maioria, estamos inclinados a acreditar que temos raz�o�.
     O marketing pol�tico � acusado de fornecer meios de persuas�o que deixam para segundo plano o debate de id�ias. O que vemos � um empenho em criar pensamentos pr�-fabricados, tornando tudo ass�ptico, contribui-se para viciar aquilo que simboliza: o pluralismo e a liberdade de express�o.
O ato da persuas�o s� se pode realizar gra�as a uma convivencia, talvez de uma cumplicidade do destinat�rio da mensagem em rela�ao ao seu emissor. (D. Huisman, 1983, op.cit.)
BELLENGER, Lionel - A Persuas�o | SOUZA, Am�rico - A Persuas�o | GORGIAS, trad. Manuel de Oliveira Pulqu�rio, Edi��es 70 (1991)
Hosted by www.Geocities.ws

1