Já durmi em baixo de árvore,
já passei um dia inteiro,
sem ter um pão pra come,
já tomei tanta pancada,
sem sabe me defende,
de tanto padecimento,
foi que aprendi a vivê.

Me apinxo em quarqué parada,
aconteça o que acontecê,
não tenho medo de nada,
nem sei quando vô morrê,
no lombo dum burro brabo,
eu sô um saci pererê,
só saio do lombo dele,
só depois que eu resorvê.

Já fiz tudo neste mundo,
o que eu cismei de faze,
só não fui um vagabundo,
o que ninguém deve sê,
tem um ditado que diz,
eu não posso me esquecer,
água mole em pedra dura,
faiz a pedra amolecê.

A minha vida é um romance,
tão grande pra gente lê,
tem folhas que são alegre,
tem outras de intrestece,
tem uma que eu não escrevi,
pra leva quando more.