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Pinhão-paraguaio


Nome científico: Jatropha curcas L.
Família botânica Euphorbiaceae
Outos nomes populares: pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, purgante-de-cavalo, manduigaçu, figo-do-inferno
Sinonímia botânica: Castiglionia indica A. Richard, C. lobata Rus et Pavon, C. purgans Endl., Curcas adansonii Endl., C. curcas Brett. et Millsp., Jatropha acerilifolia Salisb., J. condor Wall., J. moluccana Wall.

Arbusto com ca. 4m de altura, latescente. Folhas alternas, longo-pecioladas, cordiformes, levemente lobadas, com cinco lobos. Flores unissexuadas, pequenas, pentâmeras, amarelo-esverdeadas em panículas terminais ou axilares e com as flores masculinas ocupando as extremidades superiores dos ramos. Frutos cápsulas tricocas, coriáceas, lisas com três sementes lisas e escuras.

A espécie J. curcas está distribuída em regiões tropicais de todo o globo, inclusive no Brasil. Cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade (Makkar et al., 1998; Gandhi et al., 1995). Muitas vezes é cultivada como cerca viva, mas seu maior emprego está na medicina popular. As sementes, bem como o óleo retirado destas, são freqüentemente usadas como purgativo, no tratamento de afecções da pele, hidropisia, gota, paralisia e reumatismo, principalmente nos países tropicais (Gandhi et al.; 1995; Adolf et al., 1984, Scavone e Panizza, 1980). A planta apresenta uma grande importância econômica. Seu óleo é empregado como lubrificante em motores a diesel e na fabricação de sabão e tinta (Scavone & panizza, 1980; Gandhi et al., 1995).
Apesar de usadas na medicina popular, as sementes são altamente tóxicas. A ingestão destas e/ou o uso do óleo como purgativo pode causar graves irritações e envenenamentos. Por muito tempo se pensou que a atividade tóxica da planta era causada pela ação da lectina curcina abundante nas sementes. Contudo, vários trabalhos vêm contribuindo para demonstrar que a atividade tóxica das sementes, bem como do óleo de J. curcas, deve-se, na verdade, à presença de ésteres de forbol, e não da curcina. Aregheore et al. (1998) compararam a atividade da lectina para variedades tóxicas e não tóxicas de J. curcas, e observaram que o efeito da lectina é similar para ambas as variedades. Ghandhi et al. (1995) relatam que a atividade inibidora da síntese de proteínas da curcina é cerca de mil vezes menor que a da ricina e a da abrina (potentes fitotoxinas extraídas da espécie Ricinus communis L. e do gênero Aleurites, respectivamente) e, que para ela, esta atividade só foi demonstrada in vitro. Os mesmos autores realizaram ensaios de toxicidade aguda, via oral, em ratos e toxicidade tópica em coelhos, ratos e camundongos. Eles observaram que os efeitos tóxicos do óleo das sementes sobre estes animais é similar aos efeitos produzidos pelo óleo de tungue, extraído das sementes de Aleurites fordii Hemsley, o qual é tóxico devido à presença de ésteres de forbol. Já em 1984, Adolf et al. haviam isolado estas substâncias de quatro espécies do gênero Jatropha (J. podogrica, J. multifida, J. curcas e J. gossypifolia). Para as duas primeiras, os autores evidenciaram que o 16-hidroxiforbol é o éster de forbol presente no óleo, enquanto o 12-deoxi-16-hidroxiforbol-13-acilato está presente no óleo extraído das outras duas.
O diterpeno 16-hidroxiforbol é um éster de forbol do tipo tigliane, e apresenta atividades irritantes e promotoras de tumor. Makkar et al. (1998), trabalhando com variedades tóxicas e não tóxicas de J. curcas, isolaram lectinas, inibidores de tripsina, fitatos e ésteres de forbol das sementes. Inibidores de tripsina apresentam efeitos biológicos adversos em animais monogástricos como o homem (White et al., apud Makkar et al. e Hajos et al. apud Makkar et al., 1998). Os fitatos diminuem a bioutilidade de minerais, especialmente Ca e Zn, e também diminuem a digestibilidade de proteínas por formar complexos e interagir com enzimas como a tripsina e a pepsina (Reddy & Pierson, 1994, apud Makkar et al., 1998). Os autores observaram que os níveis de lectinas, de fitatos e de inibidores de tripsina são similares para ambas variedades, mas em contrapartida, os níveis de ésteres de forbol diferem drasticamente entre elas, podendo-se concluir que os ésteres de forbol são responsáveis pelos efeitos nocivos que as variedades tóxicas provocam nos seres humanos.
Os ésteres de forbol são uma complexa mistura de ésteres do forbol tetracíclico diterpeno. Eles apresentam atividades carcinogênicas e ação inflamatória. Experimentos in vitro indicam que os receptores que medeiam a atividade promotora de tumor são diferentes daqueles que medeiam a ação inflamatória. Na atividade inflamatória os ésteres de forbol mobilizam fosfolipídeos, liberam ácido araquidônico e causam a secreção de prostaglandinas, principalmente a PgE, levando a uma resposta inflamatória do tecido. A atividade promotora de tumor parece estar relacionada à habilidade apresentada pelos ésteres de forbol de substituir o diacilglicerol na ativação da proteína quinase C, e também a suas habilidades de estimular a síntese de proteínas, síntese de RNA e DNA, comportando-se como agentes mitogênicos e estimulando o crescimento celular, mesmo em doses muito baixas (Evans & Edwards, 1987).
Durante décadas, vários autores fizeram experimentos relatando a toxicidade de J. curcas para animais. Adam & Magzoub (1975) demonstraram a toxicidade desta planta para cabras. As sementes se mostraram tóxicas e com conseqüências fatais entre dois e vinte e um dias. Os sintomas foram diarréia profusa, desidratação e debilidade orgânica. A biopsia revelou extensas lesões nos intestinos, o que provavelmente causou a diarréia. Gandhi et al. (1995) estudaram a toxicidade aguda em ratos. Os animais exibiram diarréia e hemorragia nos olhos; a autópsia revelou inflamação do trato gastrintestinal. A toxicidade por aplicação tópica também foi analisada em camundongos, ratos e coelhos. Nos coelhos, a fração tóxica do óleo produziu eritema e edema da pele que mais tarde tornou-se necrótica e subseqüentemente regenerada. Camundongos exibiram inchaço da face, hemorragia nos olhos, diarréia e eritema da pele. Os ratos mostraram edema e eritema. A fração tóxica do óleo não somente teve um efeito irritante após a aplicação tópica, como também causou diarréia e mortalidade em animais, indicando que há uma absorção substancial dos componentes tóxicos do óleo através da epiderme. Todos estes sintomas são, provavelmente, conseqüências da ação irritante dos ésteres de forbol.
Não existem antídotos específicos. O tratamento tem sido sintomático e preventivo, a fim de se evitar complicações cardiovasculares, neurológicos e renais. A lavagem gástrica sempre deve ser tomada como medida preliminar.

Página Inicial Lista de Plantas Tóxicas Referências Bibliográficas

Sementes de Mamona Sementes de Plantas Ornamentais e Frutíferas

Rejane Barbosa de Oliveira
site: http://br.geocities.com/plantastoxicas

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