Atualizada em 17 de setembro de 2000

"Viagem à Terra do Brasil" de autoria de Jean de Léry. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1980. 303p.

Comentário: Trata-se de uma descrição das terras brasileiras feita por um "não-católico", um huguenote e deve ser vista dentro da polêmica com a obra de Thevet. Afirma em seu prefácio sobre o "Quarto continente" e critica uma cultura de manutenção de heranças dos antigos, privilegiando a "experiência" e o testemunho ocular "Não se julgue que assim procure condenar as ciências que se aprendem nas escolas e nos livros; não é essa a minha intenção; mas quero apenas que jamais se aleguem razões contra a experiência" (p. 74). Trata-se não só de uma visão revisionista das fontes clássicas como aponta a questão climática (chuvas "fétidas" e o ar insalubre das calmarias no Equador e a saúde das pessoas) aponta provas da redondeza da terra (" ... só quem criou essa máquina redonda de água e terra miraculosamente suspensa no espaço". p. 254). Muito interessante a sua não associação do canibalismo às lendas da literatura de sua época.
 

"Duas Viagens ao Brasil", de autoria de Hans Staden, Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1974. 216p.

Comentários: O relato desse arcabuzeiro alemão extremamente azarado, que fazia parte da expedição Diogo de Sanabria, futuro governador da província do Rio da Prata, náufrago nas costas do atual estado de Santa Catarina), viveu entre os nativos na vila de Cananéia feito prisioneiro e, no Segundo Livro, sobre a terra e seus habitantes, elabora o "Pequeno relatório verídico sobre a vida e cosntumes dos tupinambás dos quáis (sic) fui prisioneiro". Ao contrário de Thevet, não há referências aos clássicos (nomáximo algo do imaginário popular europeu i. e. as Amazonas, monstros marinhos e sereias no mapa) ainda elaborou um mapa das costas do Brasil. Publicado em 1557.
 

"As singularidades da França Antártica", de autoria de André Thevet. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1978. 271p.

Comentário: Trata-se de uma obra que descreve os "antípodas", povo cuja existência era refutada durante a idade Média e início do Renascimento (século XV), além de ser um exemplo da manutenção dos Clássicos, principalmente geógrafos ou escritores do império romano, enquanto fontes ou referências. Não apenas trata das terras brasileiras, mas das costas mediterrânea (Etiópia) e ocidental da África, além do litoral sul da África. Em face da concepção medieval de que a África e a Ásia poderiam fazer parte de uma mesma massa de terra, sem a existência de um mar ao sul do primeiro continente citado, mas concebendo o Oceano Índico como um grande mar fechado, a obra é de fundamental importância na mudança de concepção da proporção entre terras e águas no globo. Além disso trata da descrição antropológicos e etnográficos da população da Guanabara, porém como cosmógrafo do rei Henrique II da França, frade e dono de uma vasta cultura clássica sempre procura relacionar o fato novo a alguma referência antiga. Sua contribuição mais interessante é a regionalização das "Índias Ocidentais" em três partes (Capítulo LXVI).
 

"O Nascimento do Purgatório", de autoria de Jacques Le Goff, Lisboa, Editorial Estampa, 1995. 448p.

Comentário: Obra bastante conhecida entre os historiadores e , em parte, por geógrafos. Le goff é um dos expoentes da Nova História e sua obra trata de um elemento do "imaginário" formalizado e criado pela Igreja no século XIII, analisando os elementos relativos ao habitat do que seria chamado posteriormente de Purgatório. Num breve item O espaço - é bom pensar nele trata especificamente da Geografia do Outro mundo, muito interessante para a linha que adotamos no programa em ver a relação entre o imaginário medieval e as representações acerca do espaço geográfico, além da representação dessa relação sob a forma literária. Neste programa de pós-doutorado também analisamos uma outra forma dessa relação - a cartográfica.
 

"Monstros, Demônios e Encantamentos no Fim da Idade Média", de autoria de Claude Kappler, São Paulo, Martins Fontes, 1994. 485p.

Comentáris: Obra que sistematiza toda a série de "monstros" presentes na literatura, e também, na produção geográfica dentro da literatura e das "enciclopédias" medievais. Muito clara quanto às fontes e inclui desenhos, e interessante quanto aos antípodas, blênios, pigmeus e cinocéfalos, incluindo análises da presença de monstros e lugares nas obras de Marco Polo, Mandeville, Colombo e Pigafeta, entre outros. Acompanha uma extensa bibliografia sobre o tema.
 

"Tratado das Coisas da China" de autoria de Frei Gaspar da Cruz, Lisboa: Cotovia, 1997. 285p.

Comentário: Trata-se de uma obra, redigida entre 1569 e 1570 (século XVI), na qual foram sistematizadas as informações acerca da China, além do testemunho do autor, o que em parte refuta e em outra mantém exemplos dos maravilhoso medieval. Porém o nosso interesse se prendeu à concepção dos limites que se tinha na época entre os limites entre a Europa e a Ásia, área na qual a Cítia estava localizada de acordo de acordo com Heródoto (desde a foz do rio Danúbio até o Mar de Azov), mas que no período renascentista designava as área mais remotas da Ásia Central. Observa-se também nessa obra a manutenção da divisão ptolomaica da Ásia nas Três Índias: a primeira ao longo do litoral industânico, desde o rio Indo até Mangalore, a Segunda estendendo-se desde o Malabar até o rio Ganges, e a terceira a leste da desembocadura do Ganges. O ponto mais importante dessa obra é o seu afastamento das mitificações até então comuns sobre as terras asiáticas, fruto das navegações e comércio português. Obra muito indicada para ser comparada às informações contidas no livro de Marco Polo (século XIV).
 

"Cartografia - Representações do Espaço e Unificação do Mundo" e autoria de Filipe Themudo Barata in Cadernos Geográficos. Belo Horizonte: vol. 7, nº 9., julho de 1997. P. 18-28.

Comentários: Artigo que trata da evolução da Cartografia e do conhecimento das terras no Renascimento.
"A Ilha de São Brandão: um percurso simbólico pelo Atlântico" de autoria de Maria Eurídice de Barros Ribeiro in Arquivos do Centro Cultural Calouste Gulbekian. Vol. XXXIV. Lisboa-Paris. P. 159-168.
Comentários: O artigo faz um resumo do texto da viagem de São Brandão.
 

"Geografia na Idade Média" Autor: George H. T. Kimble. Tradução: Márcia Siqueira de Carvalho. Londrina: EDUEL. 1999.

Comentários: Tradução da obra escrita em 1938 e sem re-edição na língua inglesa. Faz uma sistematização da situação da Geografia Medieval e identifica as influências filosóficas e religiosas. Há um capítulo sobre as teorias religiosas e a situação da Geografia Física, além de enfocar a contribuição dos geógrafos árabes neste período. A Cartografia medieval tem um capítulo próprio e analisa esta evolução de maneira completa e dadática. Imperdível.

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