João Carneiro de Rezende - Dão
O Poeta da Saudade


João Carneiro de Rezende - Dão
Um dos Expoentes máximos de nossas letras

"...não sabíamos que entre nós existiu um homem que possuiu todas as qualidades de um grande poeta e escritor..."

   Nasceu no dia 21 de maio de 1898 na Vila de Pedra Branca. Filho de Mariana e José Santiago Carneiro, é o primeiro dos dez filhos do casal.  Casou-se com Maria Aparecida Osório  Rezende com quem teve três filhos: José Hélio Rezende, Martha Rezende e Maria Christina Rezende Medeiros Montenegro de Moraes. Faleceu em 6 de dezembro de 1955, em Pedralva.
    Não teve, sequer, o curso ginasial, mas seu amor aos livros lhe deu a glória de ser admirado pela suas obras. Foi co-fundador do “Pedra Branca Jornal”, do Jornal “Alvorada” e, do “Correio de Pedralva”
    Fundou, juntamente com a poetisa Ana Osório, o
Pedra Branca Jornal cujo  primeiro número circulou em 06/01/1938. foi também um dos fundadores do Jornal O Correio de Pedralva, este, em 1954. 
    Em 1946, no Jornal  A Noite,um dos mais conceituados jornais do Rio de Janeiro, ele fez notícia de Pedralva na primeira página. Também divulgava nossa região colaborando com freqüência em: A Noite Ilustrda; Carioca; O Estadão; O Jornal do Rio; Minas Gerais; O Diário de Belo Horizonte;  Rádio Tupi, entre outros...

Os critério humanos são falhos, e tão falhos, que é possível que muitos pedralvenses ainda perguntem: "Quem foi este homem?" E tantos outros na indiferença, na frieza, e na insensibilidade da memória que se apaga, ousem responder: "Não sei!"
fonte: Jornal "O Centenário" - Maio de 1998 
Jornal "A Semente" - Maio de 1959

SAUDADE 

Saudade! Lenços brancos me acenando
Numa clara manhã de despedida...
Além, na mata, um sabiá cantando
Dentro da noite de luar vestida.

Saudade! Pensamentos voando, voando,
Pela intermina estrada percorrida...
Desejo inútil de ficar lembrando
Fatos passados no correr da vida.
 
Saudade! Por do sol de minha terra...
Fazenda onde eu nasci, ao pé da serra,
Carros de bois, ao longe a rechinar...
 
Saudade! Quantas vezes, contrafeito,
Eu procuro conter dentro do peito
Meu pobre coração que quer chorar!

(Jornal Alvorada – Pedra Branca, 06/10/1935)

TORRÃO

Lembro-me bem: um largo arborizado
Todo gramado. Ao centro um chafariz,
Onde eu de calças curtas, descuidado,
Levava a vida a traquinar feliz.

A loja do Zezé: Chapéus, calçado...
A farmácia Huchard, a escola, a matriz,
Lá em baixo o rio Anhumas sossegado,
E um perfume subtil de bogaris.

Havia um homem gordo: o Mocotó...
O Juca Padre, o Luizinho, o Siqueira.
(Meu Deus! Quanto “recuerdo” num momento só)

Quantas saudades a minha alma encerra!
Porque tanta emoção desta maneira
Quando relembro a minha humilde terra?!

(Pedra Branca Jornal – 06/01/1938)

NOITE DE INSÔNIA

Vai alta noite, tudo dorme agora,
O universo parece estar vazio,
A lua vaga pelo espaço em fora,
Placidamente vai correndo o rio.
 
Rompendo este silêncio que apavora
Um mocho solta horripilante pio,
Tudo é tristeza, a insônia me devora,
A geada e o vento causam-me arrepio.
 
Penso em ti e esquecer-te não consigo,
Meu pensamento está sempre contigo,
Amo-te muito, o meu afeto é louco.
 

Continuo a vagar sem ter destino
Sentindo n’alma um fundo desatino,
Enquanto a vida foge pouco a pouco.
 
  *São Flores colhidas no meu canteiro de lembranças e nesta hora que o morto se faz presente, servirão para deixar na memória dos que ficaram a saudade imperecível do que partiu.

(Correio de Pedralva – 27/06/1954)

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