PEDRALVA APENAS ONTEM

Histórias intrigantes envolvendo a Pedra do Pedrão

O DIAMANTE DO PEDRÃO
(C h i n h o)

     Já faz muito tempo. Dizia-se que, na serra do Pedrão, nas proximidades da então Freguesia de São Sebastião da Capituba (depois Pedra Branca – hoje Pedralva), havia em um ponto daquela majestosa pedra, um brilho surpreendente, cheio de cintilação, que se destacava quando o sol lhe refletia, ou em noites de luar. E dispersou a curiosidade de muitas pessoas.
     Dois compadres atravessaram as matas fechadas – naquele tempo ainda havia matas – e se postaram ao pé da serra, encantados com tal luminosidade. Tentaram por todos os meios escalar os montes, a fim de descobrirem de que se tratava. Porém, os gigantescos blocos de pedras eram inacessíveis. Engendraram mil formas de lá chegarem. Um dos compadres, mais engenhoso, depois de perder noites e noites de sono, colheu com o travesseiro, que lhe abriu a inteligência, a maneira de se chegar lá: Fariam uma cesta, com duas alças laterais, bem resistentes. Nas alças prenderiam grossos cipós. Dito e feito. E, em segredo, à noite, iniciaram a empreitada. Um deles viria dentro do jacá, até o ponto em referência, alternando-se na tarefa. Levavam ponteira, talhadeira, um grande bornal com outras ferramentas e alimento para o dia. Assim foram broqueando a pedra com muito cuidado e esmero.
     Certa madrugada, um deles, o que descera na cesta, depois de alçado ao topo da pedra, disse ao compadre:
     __Amigo, está por pouco. Esta noite caberá a você a tarefa de acabar de extrair a pedra.
     Bem, cada um foi para sua casa. Aquele a quem caberia dar os toques finais e retirar a pedra preciosa, naquela noite esperou ansiosamente o dia passar. A tarde foi demorada. A noite das ilusões chegou preguiçosamente. O companheiro, porém, não apareceu. Foi preciso ir-lhe ao encontro. Mas o compadre nunca mais foi visto. Em parte alguma. E, também, jamais ninguém viu, na majestosa serra do Pedrão aquele brilho cintilante.

O fato aqui contado é tradicional. Não é invenção de quem escreveu.
(Informações de Abel Gomes Bustamante, Manoel Osório e José de Rezende Carneiro)

BARNAÍAS
(C h i n h o)

     Foi ali no Pedrão, com seu perfil de um elefante adormecido, que viveu o Barnaías que, fugindo do mundo, encontrou abrigo nas alturas. Sozinho. Lá construiu, ele próprio, sua casinha, com pedrinhas cuidadosa preparadas e sobrepostas umas às outras, com capricho invulgar. Em uma bica descia uma água pura cristalina, até à porta da casa, hoje em ruínas. A moradia enchia-se de um perfume silvestre e a música é constante no canto dos pássaros.
     Qual seria a razão de Barnaías viver como um eremita? Ninguém o soube explicar. O certo é que ele, embora fugindo do convívio dos homens, os recebia muito bem em seu abrigo. Ao redor da residência cultivava uma bela plantação de abacaxi, de cujos frutos oferecia fatias aos visitantes, amigos e curiosos. Barnaías amou aquele pedaço de chão e fez dele um jardim de encantamento e delícias. Ali estava a sua felicidade escondida, sem cobiça, sem inveja e longe da maldade do mundo.
     Em menino, ainda com a família, montava casinha em miniaturas, com salas, quartos, cozinhas, janelinhas, portas, telhados, numa perfeição admirável. Os tijolinhos, de barro cozido, os preparava em pequenas caieiras. Aquele garoto, vivo e inteligente, um artista consumado, descobrira na natureza todo o fascínio que os homens teimam ignorar. Cresceu amando o colorido das flores, o horizonte distante, a aurora reticente e o canto dolorido dos pássaros. E quis viver na intimidade das coisas. E assim foi até que a morte fechou seus olhos no profundo mistério. Mas quem por lá ainda hoje passa, tendo disposição para sentir, percebe pelo ar, pelo sussurro da brisa, a presença  incorpórea de seu antigo morador. Quem quiser ver, que veja!...

(Dados colhidos com Antero e Genésio Valério Fernandes, Abel Gomes Bustamante, Francisca Ribeiro Bustamante e João Carneiro de Rezende)


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