H I S T Ó R I A    D E   P E D R A L V A
- c  h  i  n  h  o
Capítulo 4
GASPAR JOSÉ DE PAIVA
-  Nasceu em 18 de julho de 1838 na Campanha da Princesa  da Beira, importante cidade da província que, dada sua importância, aspirava, no passado, a ser a capital de Minas do Sul. Chegou a São Sebastião da Capituba para ser um simples caixeiro do Coronel Machado. Com o passar do tempo, granjeou a simpatia do patrão. Ouviu rumores de que Antônio José de Macedo estava com intenção de pedir a mão de Ignacia ao Coronel.  Ela era uma moça espirituosa, bonita, alegre e elegante. Pensou consigo :  " Antes que ele vá, vou eu ". E assim fez.  Mas o patrão tinha uma filha meio encalhada, já mais velha, e foi esta, Seá Donana, que ele ofereceu para o empregado desolado. Donana era quieta, retraída, sem nenhuma beleza e não despertava nem  atenção nem interesse. Silenciou-se no momento mas,  em casa, Gaspar queixou-se para sua mãe : " Com Seá Donana eu não quero. Não tenho nenhuma simpatia por ela..." Sua mãe, porém, objetou : " Vai casar sim, meu filho. E o casamento se realizou. Foi com pressa ao pote e perdeu o requebrado. Antônio José de Macedo,  com mais calma, conseguiu o seu intento.  Com isto, de simples caixeiro, passou a ser também importante figura no lugar. Mas seus olhos não se limitavam a contentar-se com a intimidade de seu leito conjugal. Às horas mortas, batia as asas discretas e aninhava-se em outros catres, de modo que os indivíduos mais estranhos não podiam garantir que não fossem seus descendentes. Foi este mesmo Coronel  que enfeitiçou uma das cunhãs da tribo indígena dos Puris Coroados. Mas era um homem extremamente bom e agradável. A Freguesia, em sua vida bucólica, com a Igreja Matriz dominando um espaçoso largo, onde árvores seculares enfeitavam a paisagem, com suas sombras protetoras, acolhia os animais que os sitiantes ali amarravam, enquanto procuravam fazer compras no bem abastecido  negócio do Coronel Gaspar. Outros recolhiam-se ao tempo para as orações de costume. O casarão do Coronel ali estava bem amplo, com um sótão habitável e seus donos, o querido chefe e a bondosa Seá Donana, com seus familiares e a criadagem amiga preparavam um almoço, variado e apetitoso, que ofereciam aos sitiantes, vindos a cavalo das herdades próximas. E todos se alimentavam como se estivessem em suas próprias casas. Na porta do cômodo do negócio, estava um sino que, à hora da refeição, bimbalhava sonoro, anunciando o momento do repasto. E Seá Donana, retirados os fregueses, após a refeição, sentava-se em uma cadeira de balanço, no amplo salão, junto a um armário. Dali se via, em uma das paredes, uma cena pintada, em que aparecia a erupção  do Vesúvio. A bondosa senhora, com o terço na mão e uma caixa de rapé do lado, aspirava o pozinho , espirrava, rezava, dormitava, como a usufruir da tranquilidade que as  boas ações  trazem à alma. Cel Gaspar foi tudo no lugarejo. Trabalhou pela emancipação do município. Fez um festão, com duração de três dias, em 6, 7 e 8 de maio. Empenhou-se para que o traçado da Rede Ferroviária passasse pelo Vale da Pedra Branca, mas   a influência política não permitiu. Quando morreu, em 10 de janeiro de 1910, toda a Vila chorou.. Tanto assim, que, no dia 23 de julho de 1916, houve uma festividade nunca  dantes realizada, tal o esplendor que a revestiu. O jardim público todo engalanado. As comemorações tiveram início com missa solene celebrada pelo Cônego  Antônio Gonçalves Braz. Em seguida, uma procissão rumou para o cemitério. À beira do túmulo discursou o Dr. Fausto Ferraz. De volta para o jardim mais discursos  e a inauguração do busto do Coronel e uma sessão de Câmara presidida pelo Sr. Antônio Machado de Abreu, cunhado e duas vezes genro do Cel Gaspar. Presença dos alunos do Grupo Escolar Cel Gaspar. Usou da palavra o Sr. James Fabris, de São José do Alegre e o Diretor do Grupo, o insigne professor Arcádio do Nascimento Moura. E as professoras Dona Cora Leal de Abreu, Francisca Flora de Faria e Amália Noronha. Dr. Francisco Rosa falou em nome do Forum de Itajubá. Antônio Cobra, em nome do jornal " Coração do Brasil" de Pedra Branca e o jovem Dermeval  de Boucherville, amigo da família, também de Itajubá, proferiu vibrantes palavras. Organizaram os festejos :  Estevam Carneiro de Rezende, James Fabris, Arcádio do Nascimento Moura e José Santiago de Paiva. ( Do livrinho : "Inolvidável Benfeitor")
 
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