ALGUMA
COISA
Chinho- 25/05/81
A
quem vou dedicar meus pobres versos?
As crônicas e os contos, são de quem?
Se eles todos se encontram tão dispersos,
Nos cantos das gavetas de ninguém???!!!...
E o violino? – tocá-lo não convém!
Talvez o aprenda noutros universos.
E ele soube chorar por mim também,
Nas angústias dos tempos adversos.
Se um dia alguém mexer nos meus guardados
E vir velhos papéis amarrotados,
Quem sabe possa até os ler à toa;
E antes de eliminá-los lentamente,
Consigo mesmo, diga, indiferente:
“Até que tinha alguma coisa boa!...” |
CASAS
VELHAS
Chinho – jun/1960
Com
a vista , agora, o meu torrão abraço
E vejo, ao longe, o demolir constante
Das velhas casas, das quais eu, radiante,
Passei a vida por bem logo espaço.
Sinto a saudade, brisa vigilante,
Me afagando, de leve, no seu laço,
Me afogando e oprimindo a cada passo
Vigília de um passado deslumbrante.
Mas,
entretanto, eu sei que é necessário
Descortinar, aqui, outro cenário,
Que siga o exemplo das mansões vizinhas.
Abaixo, pois, sombrios pardieiros!
Quero em Pedralva prédios verdadeiros,
Que as casas velhas são saudades minhas!...
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ORAÇÃO
Chinho – 29/05/60
Que Deus me ajude a
encaminhar meu filhos
Na perfeição que o mundo não consente;
Se sou errado em educar sem brilhos,
Jamais errei deliberadamente.
Eu sei da grave obrigação dos pais
Em educar, num sensurar prudente.
Eu sei também que já falhei demais,
Porém jamais deliberadamente.
Eu sinto pena em castigar um filho,
Dói-me por dentro a punição severa,
Mas quero crer que sigo um reto trilho.
Que Deus jamais de nosso lar se ausente,
Se foi frustrada esta intenção sincera,
Pois nunca errei deliberadamente. |