biografia
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Numa rua
castiça de Madrid, na "calle" Cardenal Mendoza, número
3, no bairro de Arguelles, nasceria a 12 de Junho de 1927 Rodolfo
Leão Romero Passaporte, filho
de pai português, António Pedro Carreta Passaporte, natural de Évora, e de mãe espanhola, Gregória Ascención Calleja Romero, natural de Madrid.
A Guerra Civil em Espanha (1936-1939) marcou profundamente a sua infância e os momentos
vividos durante aqueles três anos ficaram-lhe retidos na memória
e modelaram-lhe, de certo
modo, o seu carácter.
Em 1939, tendo já a Guerra terminado, Rodolfo Passaporte e família fixam residência em Lisboa. Nesta cidade, o pai improvisou um pequeno laboratório fotográfico e passou a dedicar-se à fotografia publicitária. Posteriormente, amplia o laboratório e inicia, com o auxílio da família, a edição de postais ilustrados. Aos treze anos, e atendendo às suas faculdades artísticas, frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, no curso de Habilitação às Belas Artes, onde aprendeu a técnica do desenho a carvão e obteve a média final de 16 valores. Frequentou, posteriormente, o Curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes, em
Lisboa, concluindo os seus estudos em 1959 com a média de 16
valores no Curso Especial de Pintura, 19 valores no Curso Superior
de Pintura e 18 valores na Defesa da Tese, tendo sido o seu
trabalho o quadro sobre as ceifeiras alentejanas que intitulou
"O Pão Nosso...".
Admirou, desde novo, a figura humana, que desenhava com perfeição, antes de ingressar no
Curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes. Na sua inclinação pela representação da figura humana dá "bastante importância à captação psicológica das expressões dum rosto, das mãos ou das atitudes das pessoas retratadas ou surgidas da imaginação criadora" (Notícias da Covilhã, 01/12/1960).
Tendo por base da sua obra o Homem, abordou diversos temas, de acordo com os seus períodos de predilecção ou inspiração. Inicialmente, os motivos escolhidos referem-se a casos por ele vividos e que o afectaram sentimentalmente. Mas, sempre na perspectiva de captar e poder estudar a figura humana, foi influenciado pela mitologia grega e, ainda, pela sua vivência em Elvas, onde se inspira no trabalho do campo, surgindo, então, as obras de teor regionalista, inspirados nas ceifeiras alentejanas. Os temas históricos também o atraíram de forma simbólica, mas com a preocupação de os representar com o máximo de fidelidade histórica. Não desprezando a paisagem e as naturezas mortas, já que a paisagem surge integrada nas composições figurativas, a sua actuação, no entanto, concentra-se basicamente na figura humana, seja no retrato,
tema que domina com mestria, seja na composição de figuras, tanto em desenho como a óleo, pastel ou
aguarela.
Muito observador, foi realista, numa primeira fase, na execução dos desenhos e pinturas,
até que começou a estilizar algumas formas, influenciado pelos
desenhos que realizou para as capas dos álbuns de postais do pai,
e talvez pelo estilo do pintor Almada Negreiros e do escultor Leopoldo de Almeida.
Na sua dedicação à figura humana, recebe influências de Henrique Medina e de Eduardo Malta.
A sua
tendência artística já era conhecida quando tinha 9 anos. A sua
origem espanhola, as visitas que fez aos museus del Prado e de
Reproducciones Artísticas, e o factor hereditário, podem ter
contribuído para o desenvolvimento artístico deste. O seu
bisavô era marceneiro e desenhava os móveis que ia fabricar; o
seu avô dedicou-se à fotografia de pessoas, tendo pintado
algumas a óleo com uma técnica criada por ele e que foi segredo
profissional, tendo sido transmitido ao seu filho António, que
também se dedicou à fotografia, mas mais como paisagista. Antes
de se dedicar à edição do postal ilustrado, o pai de Rodolfo
foi actor de cinema, na sua juventude, tendo entrado num dos
primeiros filmes mudos realizados em Portugal, com o título
"A Estrela de Brilhantes". Ambos os fotógrafos, naturais
de Évora, foram recentemente homenageados por esta cidade, numa
exposição que juntou as fotos de pai e filho e que contou com a
presença de Rodolfo Passaporte na inauguração.
Considera que o início da sua carreira de pintor se verificou quando realizou a sua primeira
exposição individual, em 1951, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, onde apresenta
aguarelas com motivos figurativos e 100 pratos de madeira, nos quais pinta a óleo temas regionais, religiosos, tauromáquicos, mitológicos e nu artístico.
Na Academia de Belas Artes alcançou o Prémio "Ferreira Alves" e realiza algumas exposições
individuais que são muito bem recebidas pela crítica, designadamente, no Museu Municipal da Figueira da Foz, em 1952; em Lisboa, numa 2ª Exposição dos seus trabalhos na Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1955; em Elvas, no Hotel Alentejo, voltava a expôr a sua obra, em 1957; e na Covilhã, após ali fixar residência, em 1960, 1961, 1963, 1965, 1971 e em 1990, na Galeria de Arte da A.P.A.E., Campos Mello, com uma retrospectiva da sua
obra. Recentemente, em Maio de 2001, realizou uma exposição no
Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior.
A nível colectivo esteve representado na 1ª Exposição de Sintra, em 1947; no Secretariado Nacional de Informação, na Exposição "Um Americano em Paris", em 1952; no Salão de Primavera, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1954; e na Praça Príncipe Real, em Lisboa, em 1956. Leccionou Desenho
na Escola Industrial Marquês de Pombal, na Escola Preparatória Francisco
de Arruda, na Escola Industrial Afonso Domingues, em Lisboa, e na Escola
Comercial e Industrial de Elvas, onde se inspira para o trabalho da sua Tese final,
sobre ceifeiras alentejanas.
Por motivos de saúde, concorre para a Guarda e para Covilhã, tendo sido colocado como professor na Escola Comercial e Industrial Campos Melo, na Covilhã, em 1959. Fixa residência nesta cidade, e lecciona, igualmente, no Colégio do Sagrado Coração de Maria e no Colégio Moderno. Criou na Covilhã, em 1973, um novo estilo de desenho e pintura a que chamou de Curvilinismo,
cuja apresentação pública começou através dos murais que
realizou, e
que deu a conhecer em Junho de 1988, através de um texto escrito
a que chamou de "Manifesto Curvilinista", e que obteve enorme aceitação.
Em Maio de 2001, realizou pela primeira vez uma exposição
inteiramente dedicada a este estilo, no Museu de Lanifícios da
Universidade da Beira Interior, a qual foi inaugurada pelo
Ministro da Educação em cargo.
Depois de ter leccionado, durante cerca de 25 anos, na Escola Comercial e Industrial Campos
Melo, transfere-se para a Escola Secundária de Frei Heitor Pinto, na Covilhã, de onde se aposenta em 1992, tendo desempenhado cargos directivos na primeira das escolas e pedagógicos em
ambas. Foi alvo de uma grande e calorosa homenagem por colegas e
funcionários das várias escolas da cidade em que leccionou, tendo recebido
palavras de apreço pela sua grande contribuição no ensino e na arte na
cidade da Covilhã.
Foi homenageado pela Escola Secundária de Frei Heitor Pinto e pela Câmara Municipal da Covilhã. Por solicitação de várias instituições culturais e educativas, do Lyons da Covilhã, do Rotary Club, da A.P.A.E., entre outras, foi orador em diversos colóquios, onde abordou temas relacionados com as Artes Plásticas e a História de Arte. Também o Presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, o homenageou publicamente, numa cerimónia realizada nos Paços do Conselho, pelo seu contributo para o enriquecimento cultural não só da Covilhã mas de toda a região. Foi ainda colaborador assíduo do "Notícias da Covilhã" e do "Jornal do Fundão", nos quais publicou diversos artigos sobre temas ligados à arte e cultura, tendo, igualmente, concedido várias entrevistas, quer à imprensa regional, quer às rádios locais e regionais. São da sua autoria algumas obras de arte localizadas na região, que incluem intervenções no âmbito da pintura no tecto de alguns edifícios religiosos (nomeadamente do tecto do altar-mor da Capela da Nossa Senhora do Carneiro, em Aldeia de Souto); do restauro, em diversas obras; da pintura mural, tanto de interiores, como de exteriores (exemplo: mural do edifício principal dos Correios da Covilhã) e, ainda, da produção de desenhos para medalhística e de cartazes e panfletos comemorativos e publicitários. Inúmeras obras da sua autoria integram várias colecções particulares e instituições da Covilhã e região, onde se encontram incluídos retratos e conjuntos figurativos e temas relacionados com a Serra da Estrela, com a Covilhã e sua principal indústria, a dos lanifícios. Vários dos seus trabalhos estão representados no Museu Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz. Actualmente, mantém a sua actividade como pintor e criativo em Lisboa e na Covilhã, tendo
sido da sua autoria o estudo da estátua sobre o trabalhador têxtil para aquela
cidade, monumento que viu ser inaugurado em 1 de Maio de 2000.. |
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