biografia

Rodolfo Passaporte (1993)

 
 
 
 
 
 
 

Autoretrato (1954)

 
 
 
 
 
 
 

"Vitória Coroando o Condestável" (1958)

 
 
 
 
 
 
 

"O Fotógrafo" (1974)

 
 
 
 
 
 
 

Mural dos Correios - Covilhã

 

 

Numa rua castiça de Madrid, na "calle" Cardenal Mendoza, número 3, no bairro de Arguelles, nasceria a 12 de Junho de 1927 Rodolfo Leão Romero Passaporte, filho de pai português, António Pedro Carreta Passaporte, natural de Évora, e de mãe espanhola, Gregória Ascención Calleja Romero, natural de Madrid.
 
 A Guerra Civil em Espanha (1936-1939) marcou profundamente a sua infância e os momentos vividos durante aqueles três anos ficaram-lhe retidos na memória e modelaram-lhe, de certo modo, o seu carácter. 

 Em 1939, tendo já a Guerra terminado, Rodolfo Passaporte e família fixam residência em Lisboa. Nesta cidade, o pai improvisou um pequeno laboratório fotográfico e passou a dedicar-se à fotografia publicitária. Posteriormente, amplia o laboratório e inicia, com o auxílio da família, a edição de postais ilustrados.

 Aos treze anos, e atendendo às suas faculdades artísticas, frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, no curso de Habilitação às Belas Artes, onde aprendeu a técnica do desenho a carvão e obteve a média final de 16 valores.
 
Frequentou, posteriormente, o Curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, concluindo os seus estudos em 1959 com a média de 16 valores no Curso Especial de Pintura, 19 valores no Curso Superior de Pintura e 18 valores na Defesa da Tese, tendo sido o seu trabalho o quadro sobre as ceifeiras alentejanas que intitulou "O Pão Nosso...".
 
 Admirou, desde novo, a figura humana, que desenhava com perfeição, antes de ingressar no Curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes. Na sua inclinação pela representação da figura humana dá "bastante importância à captação psicológica das expressões dum rosto, das mãos ou das atitudes das pessoas retratadas ou surgidas da imaginação criadora" (Notícias da Covilhã, 01/12/1960).

 Tendo por base da sua obra o Homem, abordou diversos temas, de acordo com os seus períodos de predilecção ou inspiração. Inicialmente, os motivos escolhidos referem-se a casos por ele vividos e que o afectaram sentimentalmente. Mas, sempre na perspectiva de captar e poder estudar a figura humana, foi influenciado pela mitologia grega e, ainda, pela sua vivência em Elvas, onde se inspira no trabalho do campo, surgindo, então, as obras de teor regionalista, inspirados nas ceifeiras alentejanas.  
 
 Os temas históricos também o atraíram de forma simbólica, mas com a preocupação de os representar com o máximo de fidelidade histórica. Não desprezando a paisagem e as naturezas mortas, já que a paisagem surge integrada nas composições figurativas, a sua actuação, no entanto, concentra-se basicamente na figura humana, seja no retrato, tema que domina com mestria, seja na composição de figuras, tanto em desenho como a óleo, pastel ou aguarela.
 Muito observador, foi realista, numa primeira fase, na execução dos desenhos e pinturas, até que começou a estilizar algumas formas, influenciado pelos desenhos que realizou para as capas dos álbuns de postais do pai, e talvez pelo estilo do pintor Almada Negreiros e do escultor Leopoldo de Almeida. Na sua dedicação à figura humana, recebe influências de Henrique Medina e de Eduardo Malta.
A sua tendência artística já era conhecida quando tinha 9 anos. A sua origem espanhola, as visitas que fez aos museus del Prado e de Reproducciones Artísticas, e o factor hereditário, podem ter contribuído para o desenvolvimento artístico deste. O seu bisavô era marceneiro e desenhava os móveis que ia fabricar; o seu avô dedicou-se à fotografia de pessoas, tendo pintado algumas a óleo com uma técnica criada por ele e que foi segredo profissional, tendo sido transmitido ao seu filho António, que também se dedicou à fotografia, mas mais como paisagista. Antes de se dedicar à edição do postal ilustrado, o pai de Rodolfo foi actor de cinema, na sua juventude, tendo entrado num dos primeiros filmes mudos realizados em Portugal, com o título "A Estrela de Brilhantes". Ambos os fotógrafos, naturais de Évora, foram recentemente homenageados por esta cidade, numa exposição que juntou as fotos de pai e filho e que contou com a presença de Rodolfo Passaporte na inauguração. 
 
  Considera que o início da sua carreira de pintor se verificou quando realizou a sua primeira exposição individual, em 1951, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, onde apresenta aguarelas com motivos figurativos e 100 pratos de madeira, nos quais pinta a óleo temas regionais, religiosos, tauromáquicos, mitológicos e nu artístico.
 Na Academia de Belas Artes alcançou o Prémio "Ferreira Alves" e realiza algumas exposições individuais que são muito bem recebidas pela crítica, designadamente, no Museu Municipal da Figueira da Foz, em 1952; em Lisboa, numa 2ª Exposição dos seus trabalhos na Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1955; em Elvas, no Hotel Alentejo, voltava a expôr a sua obra, em 1957; e na Covilhã, após ali fixar residência, em 1960, 1961, 1963, 1965, 1971 e em 1990, na Galeria de Arte da A.P.A.E., Campos Mello, com uma retrospectiva da sua obra. Recentemente, em Maio de 2001, realizou uma exposição no Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior.

 A nível colectivo esteve representado na 1ª Exposição de Sintra, em 1947; no Secretariado Nacional de Informação, na Exposição "Um Americano em Paris", em 1952; no Salão de Primavera, na  Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1954; e na Praça Príncipe Real, em Lisboa, em 1956.
 Leccionou Desenho na Escola Industrial Marquês de Pombal, na Escola Preparatória Francisco de Arruda, na Escola Industrial Afonso Domingues, em Lisboa, e na Escola Comercial e Industrial de Elvas, onde se inspira para o trabalho da sua Tese final, sobre ceifeiras alentejanas.

 Por motivos de saúde, concorre para a Guarda e para Covilhã, tendo sido colocado como professor na Escola Comercial e Industrial Campos Melo, na Covilhã, em 1959. Fixa residência nesta cidade, e lecciona, igualmente, no Colégio do Sagrado Coração de Maria e no Colégio Moderno.
 
Criou na Covilhã, em 1973, um novo estilo de desenho e pintura a que chamou de Curvilinismo, cuja apresentação pública começou através dos murais que realizou,  e que deu a conhecer em Junho de 1988, através de um texto escrito a que chamou de "Manifesto Curvilinista", e que obteve enorme aceitação. Em Maio de 2001, realizou pela primeira vez uma exposição inteiramente dedicada a este estilo, no Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, a qual foi inaugurada pelo Ministro da Educação em cargo.
 
Depois de ter leccionado, durante cerca de 25 anos, na Escola Comercial e Industrial Campos Melo, transfere-se para a Escola Secundária de Frei Heitor Pinto, na Covilhã, de onde se aposenta em 1992, tendo desempenhado cargos directivos na primeira das escolas e pedagógicos em ambas. Foi alvo de uma grande e calorosa homenagem por colegas e funcionários das várias escolas da cidade em que leccionou, tendo recebido palavras de apreço pela sua grande contribuição no ensino e na arte na cidade da Covilhã. 

 Foi homenageado pela Escola Secundária de Frei Heitor Pinto e pela Câmara Municipal da Covilhã. Por solicitação de várias instituições culturais e educativas, do Lyons da Covilhã, do Rotary Club, da A.P.A.E., entre outras, foi orador em diversos colóquios, onde abordou temas relacionados com as Artes Plásticas e a História de Arte. Também o Presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, o homenageou publicamente, numa cerimónia realizada nos Paços do Conselho, pelo seu contributo para o enriquecimento cultural não só da Covilhã mas de toda a região.

 Foi ainda colaborador assíduo do "Notícias da Covilhã" e do "Jornal do Fundão", nos quais publicou diversos artigos sobre temas ligados à arte e cultura, tendo, igualmente, concedido várias entrevistas, quer à imprensa regional, quer às rádios locais e regionais.

 São da sua autoria algumas obras de arte localizadas na região, que incluem intervenções no âmbito da pintura no tecto de alguns edifícios religiosos (nomeadamente do tecto do altar-mor da Capela da Nossa Senhora do Carneiro, em Aldeia de Souto); do restauro, em diversas obras; da pintura mural, tanto de interiores, como de exteriores (exemplo: mural do edifício principal dos Correios da Covilhã) e, ainda, da produção de desenhos para medalhística e de cartazes e panfletos comemorativos e publicitários.

 Inúmeras obras da sua autoria integram várias colecções particulares e instituições da Covilhã e região, onde se encontram incluídos retratos e conjuntos figurativos e temas relacionados com a Serra da Estrela, com a Covilhã e sua principal indústria, a dos lanifícios. Vários dos seus trabalhos estão representados no Museu Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz.
 Actualmente, mantém a sua actividade como pintor e criativo em Lisboa e na Covilhã, tendo sido da sua autoria o estudo da estátua sobre o trabalhador têxtil para aquela cidade, monumento que viu ser inaugurado em 1 de Maio de 2000..

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