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O
bumba-meu-boi é uma das mais ricas manifestações do folclore
brasileiro, ou da nossa cultura popular, como preferem outros.
É
uma espécie de ópera popular, cujo conteúdo varia entre
os inúmeros grupos de bumba-meu-boi existentes mas, basicamente,
desenvolve-se em torno da lenda do fazendeiro que tinha um boi de raça,
muito bonito, e querido por todos e que, inclusive sabia dançar.
Na
fazenda trabalhavam Pai Chico, também chamado negro Chico, casado
com Catirina, os vaqueiros e os índios.
Catirina
fica grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Pai Chico
fica desesperado. Com medo de Catirina perder o filho que espera, caso
o desejo não seja atendido, resolve roubar o boi de seu patrão
para atender ao desejo de sua mulher.
O
fazendeiro percebe o sumiço do boi e de Pai Chico e manda os vaqueiros
procura-los, mas os vaqueiros nada encontram. Então o fazendeiro
pede para os índios que ajudem na procura.
Os
índios conseguem encontrar Pai Chico e o boi, que neste intervalo
havia adoecido. Os índios levam Pai Chico e o boi à presença
do fazendeiro, que interroga Chico e descobre porque ele havia levado
o boi.
Os
pajés (ou doutores) são chamados para cura-lo, e após
várias tentativas conseguem curar o boi, que se levanta e começa
a dançar alegramente.
Então
o fazendeiro perdoa Pai Chico e tudo termina em festa.
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SOBRE
O CICLO DO BUMBA-MEU-BOI
Os
ensaios iniciam por volta do mês de maio. Nessa época o "couro"
do boi, que na verdade é um veludo, já está sendo bordado,
e só pode ser visto pelas pessoas por quem está sendo bordado.
É um segredo guardado a sete chaves, até que o boi seja batizado
e consagrado a São João.
A
religiosidade está presente todo o tempo na brincadeira do bumba-meu-boi.
Os
ensaios continuam até 13 de junho, dia de Santo Antonio, quando ocorre
o último ensaio. Dia 23 de junho, véspera do dia de São
João, o boi é batizado e o novo "couro" bordado e
montado na armação de madeira em forma de touro, é mostrado
para todos.
A
partir daí, o boi passa a apresentar-se frequentemente até por
volta do mês de setembro.
Uma
vez convidado, o grupo apresenta-se defronte a casa de quem o convidou.
A apresentação começa um pouco antes da casa, quando o
amo do boi canta a toada inicial, chamada Guarnecer, organizando o grupo
para a apresentação.
Depois
do Guarnecer, é a hora do Lá Vai, que é uma toada para
avisar o dono da casa e demais que o boi já está indo. Depois
do Lá Vai, e cantada a Licença, quando o boi pede licença
para se apresentar.
No
decorrer da apresentação cantam louvores a São João,
São Pedro, ao boi, ao dono da casa e vários outros temas, como
a natureza, lendas da região, amores, política, etc. Em determinado
momento começa o auto, quando apresenta a história básica
de Catirina e Pai Chico, que no entanto pode variar muito de um grupo
para outro. Também é cantado o Urra do boi e a toada de despedida,
e a apresentação termina.
As
apresentações sucedem-se até por volta do mês de setembro,
quando ocorre a morte do boi. Para a morte do boi, é preparado um
grande mourão no centro do terreiro, todo enfeitado. Defronte ao
altar de São João, reza-se a Ladainha. A matança do boi
dura três dias ou mais, com muita festa e dança.
No
final o boi é morto simbolicamente, onde o vinho representa o seu
sangue. O "couro" que envolvia a armação de madeira
é retirado. Para o próximo ano, outro "couro" será
bordado, novas toadas serão compostas e o ciclo recomeça.
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