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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NUMA DIREÇÃO INTERDISCIPLINAR:
POSSIBILIDADES E LIMITES Rita
de Cássia de Alcântara Braúna Prof.ª
do Departamento de Educação da UFV-MG Introdução
e Objetivos Este
trabalho de pesquisa é fruto das minhas inquietações com a prática
de formação continuada desenvolvida com professores do ensino
fundamental - 1ª a 4ª séries -, na área de Ciências. A partir da
minha experiência na Universidade Federal de Viçosa, de 1992 a 1995,
com inúmeros cursos de Ciências oferecidos para professores desse nível
de ensino, comecei a me dar conta da dificuldade existente no processo
de mudanças nas suas práticas pedagógicas. Elaborei naquela ocasião
minhas primeiras indagações sobre o tema: o que levar em consideração
numa prática de formação continuada quando pretendemos que ela favoreça
mudanças na prática pedagógica dos professores? Por que os
professores não respondem de maneira homogênea a um mesmo processo de
formação? Por que resistem às mudanças? É possível minimizá-las?
Para responder as questões senti a necessidade de um aprofundamento teórico,
indo buscá-lo no Curso de Doutorado em Educação na USP, em 1996.
Durante algum tempo, debrucei-me sobre a obra de alguns autores
nacionais e estrangeiros (Candau (1997), Davini (1995), Goodson (1995),
Gouveia (1992), Nóvoa (1995), Perrenaud (1997), Santos (1998), Tardif.
M., Lessard, C. e Lahaye. L. (1991), dentre outros) que me ajudaram a
redimensionar a questão da formação continuada de professores, ao
considerarem diferentes aspectos sobre a mesma: a relevância da prática
profissional como elemento constitutivo da formação continuada, a
influência das dimensões pessoal e coletiva na configuração da prática
docente, os aspectos da profissão e da carreira no desenvolvimento do
saber docente e, também, a importância do contexto institucional em
que são desenvolvidas as práticas de formação continuada. A vivência
durante um ano –1996, em um Projeto[1]
Interdisciplinar de Formação Continuada, me permitiu alinhavar algumas
possíveis respostas às referidas questões e formular outras. A pertinência
de me apropriar do Projeto como objeto de estudo foi se delineando aos
poucos, à medida que vivenciava o processo e ia percebendo os efeitos
provocados na prática pedagógica das professoras. A natureza
interdisciplinar do Projeto também foi outro fator decisivo para a
escolha. A necessidade e até mesmo a urgência de uma educação
integral humanizadora é defendida atualmente em diferentes partes do
planeta, norteando reformas educacionais em inúmeros países. De
acordo com Severino (1989) a interdisciplinaridade nas diferentes práticas
sociais, dentre elas a atividade de ensino, é “algo
pressentido, desejado e buscado, mas ainda não atingido. Por isso todo
o investimento que pensadores, pesquisadores, educadores, profissionais
e especialistas de todos os campos de pensamento e ação fazem, no
sentido de uma prática concreta da interdisciplinaridade, representa um
esforço significativo rumo à constituição
do interdisciplinar.” (p.68) Partindo
do pressuposto de que os professores são os sujeitos do processo de
formação, este estudo pretende buscar o entedimento do processo de
formação continuada desenvolvido pela USP sob a ótica das professoras
envolvidas. Dessa forma, objetiva analisar como as suas vivências no
Projeto articulam-se às suas práticas docentes e ao contexto escolar
mais amplo. Nesse sentido, foram levantadas algumas questões
norteadoras para a pesquisa: Como traduziram para as suas práticas
pedagógicas a perspectiva interdisciplinar que norteou o projeto? Houve
mudanças nas suas práticas pedagógicas? Em caso positivo, de que
natureza? Tais mudanças permanecem ainda hoje na prática pedagógica
dessas professoras? Quais as dimensões envolvidas no processo de mudanças?
Como as professoras situam o projeto no contexto das suas trajetórias
pessoais e profissionais? Quais os limites e possibilidades desse
processo de formação? Metodologia Devido
aos objetivos desta pesquisa, que procurou compreender a natureza das
mudanças introduzidas na prática pedagógica de professoras das séries
iniciais do ensino fundamental, a partir da vivência em um Projeto de
Formação Continuada desenvolvido numa perspectiva interdisciplinar,
buscando identificar dimensões envolvidas no processo de mudanças e os
limites do Projeto, entende-se ser o estudo de caso qualitativo a
abordagem metodológica mais adequada a este tipo de investigação. De
acordo com Lüdke e André (1996), a preocupação central desse tipo de
pesquisa “é a compreensão de
uma instância singular”.
Em outras palavras, isso quer dizer que “o
objeto estudado é tratado como
único, uma representação singular da realidade que é
multidimensional e historicamnete situada.” (p.21) Para
além do entendimento das suas práticas pedagógicas, este estudo
procurou lançar um olhar sobre a pessoa do professor pois, como afirma
Nias (1991, apud. Nóvoa, 1995), “o professor é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor”
(p.15) e complementa Nóvoa (op.cit.), “a
maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino”
(p.17). A compreensão dos processos de mudanças na prática pedagógica
das professoras passa, portanto, pelo entendimento da forma como cada
uma delas constrói sua identidade profissional, concebida enquanto um
espaço de elaboração de maneiras de ser e estar na profissão. Os
principais sujeitos dessa pesquisa são sete professoras da Rede Pública
de Ensino de São Paulo, das séries iniciais do ensino fundamental que
participaram de todas as etapas do Projeto Interdisciplinar elaborado
pela USP, no período de junho de 1995 a dezembro de 1996. Como
instrumentos de coleta de dados foram utilizadas entrevistas
semi-estruturadas e análise documental. O pressuposto de que “a
prática profissional pode ser concebida como elemento
constitutivo da formação continuada dos profissionais” (Santos,
1998, p.124) e, particularmente, no nosso caso específico, em que a
experiência profissional das professoras variava de 13 a 26 anos de
magistério, nos orientou no sentido de apreender um pouco dessa vivência
profissional. Por isso, a entrevista foi conduzida de maneira bem livre.
Apesar da existência de um roteiro básico, houve a preocupação em
deixar vir à tona as lembranças e representações das professoras a
respeito das suas práticas pedagógicas. Dessa maneira, foi possível
apreeder o modo singular de cada uma exercer a docência, ou, segundo Nóvoa
(1997), sua “segunda pele
profissional.” (p.16) Com
o objetivo de reconstituir o estudo do meio[2]
realizado em São Sebastião – cidade localizada no litoral norte de São
Paulo – foram realizadas entrevistas com os quatro profesores doutores
envolvidos no projeto, responsáveis pelas áreas de Geografia, Física,
Química e Biologia. Além desses professores, foram entrevistados: uma
coordenadora da Rede Pública de Ensino que coordenou o trabalho de História,
um doutorando da Faculdade de Educação, co-responsável pelas
atividades desenvolvidas em Física, uma bolsista de iniciação científica
que coordenou em um segundo momento o trabalho de Química e um monitor
de Prática de Ensino de Geografia, que auxiliou as professoras do
ensino fundamental durante o desenvolvimento do Projeto. Objetivando
complementar os dados obtidos pelas entrevistas analisamos documentos de
diferentes naturezas: fitas de vídeo sobre o estudo do meio, registro
do estudo em fotos e slides, entrevistas realizadas com diferentes
moradores de São Sebastião, documentos coletados na Secretaria de
Cultura, textos produzidos pelas professoras do ensino fundamental e
material didático utilizado pelos professores coordenadores por ocasião
do aprofundamento de conteúdos por área de conhecimento[3],
entre outros. Para
a compreensão da tradução para a sala de aula da perspectiva
interdisciplinar desenvolvida pelo Projeto da USP e a apreensão do seu
significado na trajetória profissional das professoras, foram
analisados ainda os relatos escritos a respeito dos Projetos
Iterdisciplinares[4]
elaborados e desenvolvidos pelas professoras nas suas respectivas
escolas e fichas de avaliação produzidas em diferentes etapas do
Projeto. Resultados A
partir da análise das entrevistas e dos relatos escritos pelas
professoras sobre os Projetos Interdisciplinares desenvolvidos nas suas
escolas, envidencia-se que a tradução para a sala de aula da
perspectiva interdisciplinar trabalhada pelo Projeto-USP varia de acordo
com a trajetória profissional das professoras, suas preferências,
estilos de trabalho e o contexto institucional onde ocorre a prática
pedagógica. Foi possível identificar uma diversidade de práticas
desenvolvidas pelas professoras na direção da interdisciplinaridade,
onde inúmeras dicotomias comumente presentes nas atividades de ensino
foram superadas: teoria/prática, reprodução/construção de
conhecimentos, conteúdo/método, ensino/vida e obrigação/satisfação.
Percebe-se, entretanto, uma dificuldade inicial em promover uma integração
mais ampla entre os conteúdos de ensino. No entanto, parace que a vivência
obtida durante etapas posteriores do Projeto -USP proporcionou um
amadurecimento sobre o sentido da interdisciplinaridì¥ÁI
Rita
de Cássia de Alcântara Braúna Prof.ª
do Departamento de Educação da UFV-MG Introdução
e Objetivos Este
trabalho de pesquisa é fruto das minhas inquietações com a prática
de formação continuada desenvolvida com professores do ensino
fundamental - 1ª a 4ª séries -, na
área de Ciências. A partir da minha experiência na Universidade
Federal de Viçosa, de 1992 a 1995, com inúmeros cursos de Ciências
oferecidos para professores desse nível de ensino, comecei a me dar
conta da dificuldade existente no processo de mudanças nas suas práticas
pedagógicas. Elaborei naquela ocasião minhas primeiras indagações
sobre o tema: o que levar em consideração numa prática de formação
continuada quando pretendemos que ela favoreça mudanças na prática
pedagógica dos professores? Por que os professores não respondem de
maneira homogênea a um mesmo processo de formação? Por que resistem
às mudanças? É possível minimizá-las? Para responder as questões
senti a neì¥ÁI
Rita
de Cássia de Alcântara Braúna Prof.ª
do Departamento de Educação da UFV-MG Introdução
e Objetivos Este
trabalho de pesquisa é fruto das minhas inquietações com a prática
de formação continuada desenvolvida com professores do ensino
fundamental - 1ª a 4ª séries -, na área de Ciências. A partir da
minha experiência na Universidade Federal de Viçosa, de 1992 a 1995,
com inúmeros cursos de Ciências oferecidos para professores desse nível
de ensino, comecei a me dar conta da
dificuldade existente no processo de mudanças nas suas práticas pedagógicas.
Elaborei naquela ocasião minhas primeiras indagações sobre o tema: o
que levar em consideração numa prática de formação continuada
quando pretendemos que ela favoreça mudanças na prática pedagógica
dos professores? Por que os professores não respondem de maneira homogênea
a um mesmo processo de formação? Por que resistem às mudanças? É
possível minimizá-las? Para responder as questões senti a neì¥ÁI
Rita
de Cássia de Alcântara Braúna Prof.ª
do Departamento de Educação da UFV-MG Introdução
e Objetivos Este
trabalho de pesquisa é fruto das minhas inquietações com a prática
de formação continuada desenvolvida com professores do ensino
fundamental - 1ª a 4ª séries -, na área de Ciências. A partir da
minha experiência na Universidade Federal de Viçosa, de 1992 a 1995,
com inúmeros cursos de Ciências oferecidos para professores desse nível
de ensino, comecei a me dar conta da dificuldade existente no processo
de mudanças nas suas práticas pedagógicas. Elaborei naquela ocasião
minhas primeiras indagações sobre o tema: o que levar em consideração
numa prática de formação continuada quando pretendemos que ela favoreça
mudanças na prática pedagógica dos professores? Por que os
professores não respondem de maneira homogênea a um mesmo processo de
formação? Por que resistem às mudanças? É possível minimizá-las? Para
responder as questões senti a neì¥ÁI
Rita
de Cássia de Alcântara Braúna Prof.ª do Departamento de Educação da UFV-MG
Introdução e Objetivos
Este trabalho de pesquisa é fruto das minhas inquietações com a prática de formação continuada desenvolvida com professores do ensino fundamental - 1ª a 4ª séries -, na área de Ciências. A partir da minha experiência na Universidade Federal de Viçosa, de 1992 a 1995, com inúmeros cursos de Ciências oferecidos para professores desse nível uma reflexão sobre novos caminhos da interdisciplinaridade. Serviço Social e Interdisciplinaridadade. São Paulo: Cortez, 1989.
Órgão Financiador: CAPES/PICD.
Resumo: A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NUMA DIREÇÃO INTERDISCIPLINAR: POSSIBILIDADES E LIMITES Rita de Cássia de Alcântara Braúna. Prof.ª do Departamento de Educação da UFV-MG
(Objetivos) Este trabalho busca compreender a natureza das modificações produzidas no fazer pedagógico de professoras do ensino fundamental – 1ª a 4ª séries, da Rede Pública de Ensino de São Paulo, após participação em Projeto de Formação Continuada desenvolvido pela USP numa perspectiva interdisciplinar, envolvendo conteúdos de Ciências Naturais, História e Geografia e utilizando o estudo do meio enquanto eixo metodológico, buscando identificar possibilidades e limites do processo. (Metodologia)A metodologia de pesquisa adotada é de natureza qualitativa, tendo sido realizadas entrevistas semi-estruturadas com as professoras, com os professores doutores da USP, com professores convidados e alunos de graduação e pós-graduação que participaram do projeto, além de análise documental. (Resultados) A vivência no Projeto possibilitou a superação de inúmeras dicotomias: teoria/prática, conteúdo/método e obrigação/satisfação. Alguns procedimentos metodológicos característicos das Ciências foram incorporados às práticas pedagógicas das professoras. Com relação aos aspectos pessoais as professoras sentiram-se valorizadas e estimuladas a desenvolver novos projetos numa direção interdisciplinar. (Conclusões) O estudo do meio pode representar, nas suas dimensões pedagógica e metodológica, importante estratégia para a formação continuada de professores do ensino fundamental. Os limites do Projeto relacionam-se à inserção da prática interdisciplinar no contexto mais amplo da escola e do sistema do ensino. Nesse sentido, estudo aponta para a importância decisiva de um projeto político-pedagógico da escola, enquanto elemento indispensável para o desenvolvimento e sustentação de uma perspectiva interdisciplinar de ensino-aprendizagem. (Órgão Financiador) CAPES/PICD. [1] Este Projeto, elaborado por professores doutores da USP e desenvolvido em parceria com professoras das séries iniciais do ensino fundamental da Rede Pública de Ensino de São Paulo, aconteceu no período de junho de 1995 a dezembro de 1996. Apresentava como principal característica a interdisciplinaridade, onde os conteúdos de Ciências Naturais foram articulados aos de História e Geografia sem a perda da especificidade de cada uma das áreas de conhecimento envolvidas. [2] O estudo do meio foi escolhido como eixo metodológico para o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar envolvendo os conteúdos de Física, Química, Biologia, História e Geografia. Este estudo ocorreu no período de 23 a 25 de junho de 1995. [3] No período de agosto a novembro de 1995, houve a reelaboração do material coletado e produzido por ocasião do estudo do meio e reflexão teórica por área de conhecimento sobre os conteúdos estudados. [4] Como contrapartida à bolsa recebida, as professoras deveriam participar das reuniões semanais que ocorriam na USP e implementar projetos interdisciplinares nas suas escolas. |