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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

COMUNICAÇÃO

Órgãos Financiadores: CNPQ/CTA-ZM/IEF

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ESCOLAS E UNIDADE DE CONSERVAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO

AUTORES: Maria do Carmo Couto Teixeira (Professora Orientadora, Departamento de Educação/UFV) , Fátima Araujo Barbosa (Orientada do 5º período do curso de Pedagogia/UFV);, Willer Araujo Barbosa (Professor Co-orientador, Departamento de Educação/UFV).

I – INTRODUÇÃO

O mundo moderno transforma-se velozmente pautando-se na exploração irracional de recursos naturais ou ambientais. A histórica relação extrativista do ser humano com a natureza desencadeou uma crise ambiental sem precedentes que tem funcionado como um sinal de alerta de uma crise social onde a miséria, a fome, a violência urbana, o desemprego, enfim, a deterioração da qualidade de vida, são as marcas mais visíveis. Segundo CARVALHO, a sociedade capitalista "numa busca desenfreada pela acumulação de riquezas, representada através dos ícones do lucro e da mais valia, secundarizou e descartou a dimensão social do desenvolvimento técnico científico" (1998:54), tornando os resultados obtidos pelo desenvolvimento como verdades absolutas e inquestionáveis.

A partir da segunda metade do século XX, movimentos sociais e ambientais, "começaram a pressionar a própria razão científica quando em nome desta era permitido explorar, oprimir e destruir" (CARVALHO:1998:54). Dessa forma,

"o ser e o dever ser da ciência tem sido postos em questão quando se buscam explicações que devam dar conta de cada canto da realidade e de como educar ambientalmente o homem; isto , num momento em que cada recanto teima em esconder um mundo progressivamente mais complexo e reclamar olhares diferenciados"(MATA:1998:138).

A atual crise social e ambiental remete à necessidade de se repensar o modelo de desenvolvimento tido como único e inexorável e de construir uma nova ordem social plural e inclusiva, pautada na justiça social e ambiental e numa cultura ambiental que tenha como um de seus pilares fundamentais uma nova concepção de Educação Ambiental (EA):

"a complexidade que o termo Educação Ambiental encerra, abrange um conjunto de propostas de trabalho em linhas de ação bastante variadas, que vão desde uma atuação mais direta junto a associações comunitárias e desenvolvimento de projetos ambientais locais, até a luta pela reestruturação do currículo básico onde a educação ambiental não seja apenas mais uma disciplina a ser ministrada , e sim um elemento questionador que possa orientar as demais disciplinas no sentido de que seus objetivos e conteúdos sejam repensados, contribuindo para a construção de uma relação mais harmônica entre homem e meio ambiente" (CARVALHO:1998:53).

O foco de atenção da presente pesquisa é a EA nas escolas do entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB). A criação do PESB foi inédita na história das Unidades de Conservação. A diferença marcante foi a ampla participação dos moradores neste processo. O resultado mais concreto desse esforço foi a não desapropriação dos pequenos agricultores vizinhos ao Parque. O reconhecimento deste trabalho veio com a seleção para apresentação como "Projeto Global" na Expo 2000 em Hannover – Alemanha.

Gerou-se uma nova e interessante realidade. Se por um lado, evitou-se o traumático e oneroso processo de desapropriações, criaram-se novos desafios: aquelas pessoas, agricultores e agricultoras, possuem agora um "novo vizinho", portanto, sua relação com aquela natureza precisa ser repensada, refletida, enfim, reconstruída; em contrapartida, a instância do PESB – gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) também conta com vizinhos que sustentam uma relação histórica com essa mesma mata.

Considerando que a educação tem a responsabilidade de promover a motivação e a consciência ambiental; que, quanto mais cedo começa-se um trabalho de EA asseguram-se melhores resultados, e que a escola, é um local, por excelência, de transmissão e elaboração da cultura, acredita-se ser necessário inserir na prática escolar, o ambiente vivido como um tema gerador de conhecimentos e projetos pedagógicos.

II – OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo geral:

Þ Fazer um estudo sobre a relação de escolas do entorno do PESB com a problemática ambiental regional .

Para alcançar este objetivo, procuramos realizar as seguintes tarefas:

Fazer um levantamento sobre os níveis de conhecimento e representação que as escolas tem sobre o PESB e o ambiente vivido.

Fazer uma análise dos documentos que subsidiam a prática pedagógica das escolas do entorno do PESB a fim de verificar as possibilidades de uma educação ambiental com ênfase na problemática ambiental regional.

Identificar as atividades pedagógicas relacionadas com EA que já estão sendo realizadas pelas escolas do entorno do PESB, e sua relação com a problemática ambiental regional.

 

III – METODOLOGIA

A pesquisa está sendo realizada na Escola Estadual Bom Jesus do Madeira (EEBJM) que possui além da sede administrativa, mais três Turmas Vinculadas: TV Boa Esperança, TV Diogo e TV Baú. Funcionam em comunidades diferentes, tendo cada uma, sede própria e, todas ficam localizadas na Zona Rural do município de Fervedouro, norte da Zona da Mata.

A EEBJM conta com 4 professoras efetivas junto à Rede Estadual e outras 2 em regime de designação temporária; 2 acumulam cargo na Rede Municipal. Todas as classes são matutinas e uni-docentes, algumas de 1ª a 4ª séries, outras de 1ª e 2ª e, 3ª e 4ª e de Educação Infantil. Possui apenas 100 alunos, o que implica que não tem direito funcional a uma Direção, possuindo a figura da Coordenadora. Possui também 5 serventes que cuidam do preparo da merenda e da limpeza das escolas.

Para a concretização das tarefas propostas, a organização dos trabalhos está seguindo os seguintes procedimentos:

Visita à EEBJM, para reunião com as professoras, apresentando e discutindo a pesquisa e a articulação com entidades parceiras: Centro de Tecnologias Alternativas (CTA-ZM), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Fervedouro e o Instituto Estadual de Florestas-MG (IEF);

Reuniões mensais para fazer levantamentos sobre a concepção das professoras sobre educação ambiental e o PESB;

Realização de excursão pedagógica na área do PESB com caminhadas e paradas interpretativas, com registros, filmagens e fotografias;

Participação na organização e realização da festa do Jubileu que acontece tradicionalmente na Comunidade Bom Jesus do Madeira. Na festa foi trabalhada a questão cultural com interpretação ambiental. As atividades desenvolvidas foram exposição de brinquedos e utensílios domésticos feitos a partir dos recursos locais, comidas típicas e remédios caseiros, revelando traços da culinária, medicina, brinquedos e brincadeiras e artesanato regional; apresentação de pequenas peças teatrais e números musicais envolvendo temas ecológicos e culturais; e exposição da maquete do PESB feita por professores e alunos.

Participação de alunos e professoras das escolas pesquisadas no Encontro em defesa da vida e do meio ambiente de Espera Feliz, em novembro de 1999, promovido pelas seguintes entidades: Pólo Regional da FETAEMG, CTA-ZM, STRs e UFV.

Participação no IV Encontro "Em Defesa da Vida e do Meio Ambiente, EM ABRIL DE 2000, realizado em Muriaé. O encontro reuniu representantes de diversas entidades governamentais e não-governamentais, professores e moradores da região do entorno do PESB. Debateu-se os problemas ambientais mais frequentes na região, por exemplo, o uso de agrotóxicos, queimadas, desmatamentos e lixo.

Participação na organização e realização do Simpósio Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e Entorno – Contribuições para Elaboração do Plano de Manejo Integrado e Participativo. O Simpósio reuniu as entidades que desenvolvem trabalhos no PESB, técnicos, moradores e professores do entorno. Houve apresentação de todas as entidades envolvidas com o PESB e entorno, organização de grupos temáticos, e elaboração de diretrizes para o Plano de Manejo.

Levantamento e análise de informações disponíveis nos arquivos das escolas;

Elaboração e análise de instrumentos de coleta de dados;

Reunião com o Vice-prefeito e a Secretária Municipal de Educação do Município de Fervedouro

Primeira etapa do trabalho de campo junto às comunidades de Boa Esperança e Bom Jesus do Madeira: a) observação do modo de vida dos moradores e sua relação com o PESB. b) visita a algumas famílias de Bom Jesus do Madeira, inclusive membros do Colegiado Escolar, utilizando entrevistas semi-estruturadas. c) reunião com os pais dos alunos da turma de Boa Esperança, inclusive o Presidente do Colegiado Escolar, conforme a dinâmica seguinte: apresentação pessoal e conversas informais, elaboração participativa de Mapa da comunidade, e Travessia de análise e explicação da paisagem (técnicas do DRP);

Segunda etapa de trabalho de campo junto às comunidades da Escola Estadual Bom Jesus do Madeira, Baú e Diogo: a) observação em sala de aula de Educação Infantil; b) entrevistas semi-estruturadas nas comunidades; c) elaboração conjunta de roteiro para rotina de trabalhos em sala.

Para a realização desta pesquisa buscou-se os fundamentos teórico-práticos da pesquisa qualitativa. Esta apresenta cinco características básicas, quais sejam: o ambiente natural como uma fonte direta dos dados; o pesquisador como principal instrumento; a descrição dos dados incluindo transcrições de entrevistas e de depoimentos; a preocupação maior com o processo; a ênfase no significado que os participantes atribuem aos temas sugeridos e o procedimento indutivo de análise, sem procurar evidências para comprovar hipóteses previamente determinadas (Bogdan e Biklen citados por LUDKE E ANDRÉ. 1986:11-13)

IV – RESULTADOS E CONCLUSÕES

 

O tratamento dado à EA nesta pesquisa procura realçá-la numa perspectiva interdisciplinar, sendo os temas abordados nos vários aspectos: econômicos, políticos e socioculturais. Ressalta-se que a importância de se promover uma EA encontra-se no âmbito da formação de cidadãos protagonistas.

A partir da análise dos dados, de leituras e discussões, de idas e vindas nas escolas e comunidades, de contato direto e indireto com a realidade pesquisada, pôde-se fazer constatações no que diz respeito à estrutura física da EEBJM e turmas vinculadas, aos aspectos socio-ambientais das comunidades escolares, características dos alunos e suas famílias, bem como os níveis de percepção e conhecimento de professores e alunos sobre as questões ambientais e orientações da prática pedagógica das escolas em estudo.

A estrutura física da EEBJM, é privilegiada quando comparada à maioria das escolas localizadas na zona rural brasileira, encontrando-se em bom estado de conservação. Poderia ser melhor aproveitada: tem um espaço reservado para biblioteca mas existem poucos livros, e kits de livros didáticos; o espaço da escola é grande mas não é plenamente utilizado. A estrutura da escola poderia ser melhor aproveitada até com o funcionamento de 5ª a 8ª série, o que é reivindicação comunitária generalizada, mas atualmente é muito difícil fazer a extensão de séries, porque no distrito de São Pedro do Glória, distante 8 km, se oferece essa fase.

Já nas escolas de Turmas Vinculadas a situação se inverte. Todas se encontram em condições precárias de uso. No Diogo e no Baú a estrutura escolar se reduz em apenas uma sala de aula, um banheiro, uma cozinha e um pequeno pátio. Em Boa Esperança existem duas salas de aula, um banheiro, uma cozinha e um pequeno pátio.

As comunidades pesquisadas são carêntes de infra estrutura básica: estradas precárias, não há saneamento básico (o esgoto sanitário é lançado aos rios), tampouco existe água tratada. Das comunidades pesquisadas, apenas Bom Jesus do Madeira possui um posto de saúde , também existe o poço artesiano e a caixa de água, só faltando encanamento nas casas, mas alguns moradores não concordam em pagar a taxa mínima, e esse é um dado que evidencia, segundo os próprios moradores, a dificuldade de união da população e que atrapalha o entrosamento dos membros da comunidade. Enfrenta também um problema sério com o lixo, não existe um lugar adequado para colocá-lo, e, observou-se que há um lixão a céu aberto em um terreno acidentado, ficando exposto e espalhando-se. Os moradores se queixam da falta de recursos e apoio da administração pública. Há também queixa de desnutrição e de sérios problemas de saúde pública. Famílias vivem miseravelmente, existindo crianças que recebem como alimentação mais nutritiva, apenas a merenda escolar.

A maioria dos alunos das escolas em estudo, é proveniente de famílias simples que trabalham em regime de agricultura familiar. Os pais que podem e querem que seus filhos continuem os estudos, enviam-nos para estudar fora.

Um dos problemas das comunidades de Boa Esperança e Bom Jesus do Madeira relatados por educadores da região é a desunião, a dificuldade de convivência entre as famílias. Acredita-se que este problema tem origem político-institucional devido haver divergências entre o poder local da região. A falta de costume de fazer reuniões, a dispersão geográfica existente, no caso específico de Boa Esperança, é analisado, em conversas com moradores, como falta de local onde se encontrar, "não existe nem igreja para o povo rezar juntos". Já no Baú, segundo relato da funcionária da escola, a população da comunidade é unida, animada, sempre participa e procura aperfeiçoar seus conhecimentos, haja visto a luta dos moradores da comunidade por um horário de aula noturno para que jovens e adultos possam ser alfabetizados. No Diogo ainda não foi possível contato com moradores.

De modo geral, os problemas vividos pelas famílias são levados para as escolas, como exemplo, a falta de higiene e de saneamento básico. Segundo os professores das escolas pesquisadas, estes problemas exigem uma atenção especial, sendo um dos maiores desafios da função docente.

No início da pesquisa as professoras se consideravam leigas no que diz respeito à EA, mas tinham interesse e, por isso buscavam conhecimentos sobre o assunto. Este fato, de certa forma, facilitou a aproximação dos pesquisadores e o contato com as escolas.

Observou-se que as professoras preocupam-se com os problemas sociais das comunidades, em função do seu reflexo no trabalho escolar. Especialmente a falta de higiene pessoal e familiar dos alunos; a falta de informação da comunidade sobre a importância de um ambiente saudável e o problema do lixo. Citaram também outros problemas como desmatamento, queimadas, poluição, caça predatória e o comodismo.

Quando questionadas sobre os temas que poderiam ser abordados, em um trabalho de EA, as professoras elegeram estes problemas anteriormente referidos, especialmente a questão do cuidado com a higiene pessoal e familiar. O grande desafio posto é trabalhar a EA a partir de temas que fazem parte do cotidiano dos alunos.

A partir da representação através de desenhos, observou-se que as crianças percebem o meio ambiente como espaço de habitação das plantas , dos animais e também do homem. Quando solicitadas a representarem o meio ambiente através de desenhos, as crianças expressaram as suas concepções, desenhando plantas, animais, casas, pessoas, revelando uma compreensão abrangente sobre o tema.

A criação do PESB tem causado transformações na vida dos moradores do entorno. Há expectativas de desenvolvimento da região, com o aumento do fluxo de pessoas atraídas pela bela paisagem natural, pela abundância de cachoeiras e pelo imenso relevo rochoso da região. Com a implementação do turismo, há a possibilidade de melhoramento das estradas, de incremento do comércio da região, de se criar empregabilidade e geração de renda.

Existe também um certo receio quanto a esse provável progresso. Segundo depoimentos, as pessoas têm medo dos problemas decorrentes do desenvolvimento (violência, ladrões etc), de que os investimentos para receber os turistas, sejam revertidos somente para as sedes dos municípios reduzindo os benefícios que deveriam permanecer nas comunidades vizinhas e de uma exploração predatória dos recursos naturais diminuindo o sossego das pessoas.

Quanto à isso, algumas iniciativas têm sido tomadas em termos de fazer um planejamento adequado do turismo que conjugue exploração com preservação do ambiente e da cultura local. Um zoneamento prévio já foi elaborado pelo IEF, bem como os escritórios locais da EMATER vêm desenvolvendo trabalhos nesta área, tais como: cursos de capacitação e treinamento na perspectiva do ecoturismo ou agroturismo,

O que se percebe é que a preocupação dos moradores alia a questão econômica com a necessidade de preservação da reserva de mata atlântica que lhe serve também como meio de vida. Eles utilizam a área do PESB para comunicação e relação entre comunidades através de trilhas, para extração de plantas medicinais, lenha, madeira para construção, entre outros. Para defender esses recursos, os moradores vêm se organizando através de associações, participando e procurando intervir nas decisões sobre o PESB. Este movimento de organização resultou na expressiva participação dos moradores das comunidades vizinhas ao PESB no Simpósio Parque Estadual Serra do Brigadeiro cujo objetivo foi elaborar diretrizes para o plano de manejo e gestão do PESB e seu entorno. Os moradores demonstraram interesse em conservar o Parque e estão conscientes de que não poderão utilizar os recursos naturais indiscriminadamente. O que os moradores desejam é utilizar, de forma sustentável, os recursos do Parque e que sejam implementadas alternativas viáveis para a sua utilização destes recursos no entorno. Algumas experiências já existem e precisam ser aperfeiçoadas e divulgadas, mas ainda são insuficientes. Um grande problema do entorno é a questão agrária. Com pouca área para plantar ou até mesmo sem terras, os agricultores são impelidos a utilizarem a área de reserva florestal. Nesse Simpósio ficou evidente que os moradores e os professores da região, que ali estavam, estão mais conscientes em relação ao PESB e sensibilizados da necessidade de ações voltadas para a sua conservação.

Existe hoje um movimento crescente em Defesa da Vida e do Meio Ambiente na região. Durante o IV Encontro, já referido, percebeu-se que as pessoas (agricultores, lideranças sindicais, professores, moradores dos municípios vizinhos ao PESB e seu entorno) além de estarem preocupadas com os graves problemas ambientais frequentes na região e com as consequências dos danos ambientais, estão conscientes de que, para mudar esse quadro é preciso construir uma nova relação do ser humano com o meio ambiente. Os participantes elaboraram várias propostas na luta Em Defesa da Vida e do Meio Ambiente.

Os documentos que servem de orientação para a prática pedagógica nas escolas do entorno, são materiais básicos como os livros didáticos distribuídos pelo MEC e SEE-MG, algumas professoras compram coleções como: ‘O Dia a Dia do Professor’, ‘Pintando o Sete’ e ‘O real do Construtivismo’. O Programa de Desenvolvimento da Escola (PDE) e, a partir deste ano (2000), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) orientam o planejamento das atividades docentes. Para um enriquecimento maior do ensino, as professoras procuram fazer pesquisas em jornais e projetos considerando a realidade dos alunos.

Algumas orientações também são adquiridas com a participação em cursos que permitem a formação continuada em serviço. No ano passado (1999) as professoras participaram de um Curso de Formação de Monitores Ambientais, patrocinado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), realizado na própria EEBJM, juntamente com outras pessoas da comunidade; porém, a avaliação feita indica a falta de inserção na realidade local. Neste ano (2000), também participaram de um curso de EA para Professores do Ensino Fundamental de Fervedouro, promovido pelo IEF e Prefeitura. A participação efetiva dessas professoras é um indicativo do empenho delas para melhorar seus conhecimentos e aperfeiçoar a prática educativa no que diz respeito à EA.

A presente pesquisa, juntamente com os trabalhos desenvolvidos no conjunto da parceria com o CTA e o STR, é percebido por elas como possibilidade de aperfeiçoamento de seus conhecimentos. Um exemplo de atividade de formação foi a excursão feita com as professoras no PESB, onde, pela primeira vez elas tiveram contato com aquele espaço. Durante esta atividade, percebeu-se a carência de informações a respeito das características do ambiente, o que inviabiliza qualquer proposta de EA com os alunos. Percebeu-se que, para trabalhar a EA a partir da escola é necessário trabalhar primeiramente com os professores os conhecimentos básicos em termos de conteúdo e metodologia. Conteúdos que digam das características do PESB e entorno: solo, água, fauna e flora, relevo, vegetação, clima, problemas ambientais, usos e potencialidades, entre outros. No que diz respeito à metodologia, é necessário desenvolver conhecimentos sobre as mediações necessárias entre a realidade ambiental e os conhecimentos escolares e o nível cultural e cognitivo dos alunos.

O que se observou em relação às atividades de EA na região, é que, apesar de existirem várias iniciativas nesse sentido, a ausência de um Projeto Político-Pedagógico para a EA na região, faz com que as iniciativas se tornem pontuais, isoladas e sem perspectiva de continuidade. Este problema foi debatido durante o Simpósio referido anteriormente, tendo sido incluída uma diretriz para o Plano de Manejo do PESB e seu entorno, que contempla esta problemática.

Ao final deste primeiro ano de pesquisa percebe-se que os agentes sociais envolvidos estão motivados e mobilizados em torno da EA. Este é um assunto novo, mas que aos poucos está se tornando familiar na vida de cada um. É evidente que a EA não acontece rapidamente, é um processo longo e que demanda força de vontade de todos para que haja realmente mudanças no pensar e agir das pessoas.

Em função do seu caráter multifatorial, ou seja, da influência dos fatores sociais, econômicos e políticos, para concretizar uma EA é preciso propiciar uma maior integração entre prefeituras (representando o poder local) entidades governamentais e não-governamentais que atuam na região, instituições educativas e moradores, de modo que se possa definir um projeto educacional compatível com a problemática socioambiental, ou seja que possa inserir definitivamente as escolas no contexto do movimento social mais amplo que envolve a região do PESB e seu entorno.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ESCOLAS E UNIDADE DE CONSERVAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO

AUTORES: Maria do Carmo Couto Teixeira (Professora Orientadora, Departamento de Educação/UFV) , Fátima Araujo Barbosa (Orientada do 5º período do curso de Pedagogia/UFV);, Willer Araujo Barbosa (Professor Co-orientador, Departamento de Educação/UFV).

O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro foi criado preservando 13210 ha de Mata Atlântica, seu entorno possui 54 comunidades (micro-bacias) com propriedades concentrando-se em até 100 ha. Esses habitantes, tradicionalmente ali instalados, ameaçados de desapropriação, mobilizaram–se a partir de Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Passaram a exigir sua participação. Daí, garantiram a não desapropriação de pequenos agricultores, e também um coletivo de entidades para apoiarem demandas locais das mais variadas ordens, tal como Educação Ambiental (EA).

Esta pesquisa tem como objetivo fazer um estudo das relações existentes entre as escolas e a problemática ambiental regional. Partiu-se do pressuposto de que a EA é imprescindível desde as séries iniciais do Ensino Fundamental em função de uma crise ambiental planetária. No entanto, especificamente, diz respeito às transformações ocorridas com a implantação do PESB e as novas relações sócio-ambientais decorrentes.

Revisando a literatura sobre Educação e EA e, confrontando com estudos empíricos, buscou-se perceber como as escolas têm trabalhado esta problemática, quais atividades educativas desenvolvem, quais são os níveis de compreensão e representação que educadores, alunos e familiares têm sobre o PESB e o ambiente vivido.

Utilizando fundamentos e técnicas da pesquisa qualitativa, obteve-se alguns resultados que indicam uma carência de EA, apesar de iniciativas isoladas, ao mesmo tempo, apontam uma "abertura’ dos programas oficiais de ensino, das educadoras e das comunidades para a realização de uma EA que possa contribuir para a construção de relações socioambientais mais harmônicas e sustentáveis.

 

 

 

 

 

 

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