Ficha de Inscrição: Educação e o novo Milênio
Nome:
Lacy de Aguilar
Mello
Data de Nascimento: 07/02/1968
Identidade: MG 12.712.161
Endereço Completo: Condomínio Novo, casa 3
– Violeira – Caixa Postal 128 - Viçosa – MG - CEP:
36570-000
Telefone: (31) 9125-9061
Email: [email protected]
Instituição: Universidade Federal de Viçosa
- UFV
Vínculo com a Instituição: Estudante de
Graduação(bolsista PIBIC/CNPq)
Observação:
Seguem dois trabalhos para apresentação sob a
forma de comunicação. Segue, ainda, cópia do comprovante de
pagamento de inscrição.
Trabalho I: "O Uso da Literatura no
Processo de Formação Afetiva e Social do Aluno sob as Perspectivas
Antroposófica Tradicional e Construtivista". Autoria: Lacy de
Aguilar Mello e Maria Alba Pereira de Deus(Orientadora Dep.
Educação);
Trabalho II: "A Literatura no Processo de
Formação do Aluno da Escola Fundamental: Perspectivas Antroposófica
e Construtivista". Autoria: Lacy de Aguilar Mello, Maria Alba
Pereira de Deus(Orientadora Dep. Educação) Elis Cláudia Miguel,
Rosany Portugal e Maria Cristina Pimentel Campos(Orientadora Dep.
Letras)
O Uso da Literatura no Processo de Formação
Afetiva e Social do Aluno sob as Perpectivas Pedagógicas
Antroposófica, Tradicional e Construtivista.
Lacy de Aguilar Mello (Graduanda Pedagogia - UFV)
Maria Alba Pereira de Deus (Or. Departamento de
Educação – UFV)
Este resumo pretende apresentar os resultados da
pesquisa intitulada "O Ensino de Literatura como Elemento
de Formação Ética, Jurídica e Social do Aluno: da Educação
Escolar Básica à Universidade — Abordagens Pedagógicas" que
teve como objetivo estabelecer as implicações e aplicações
pedagógicas do uso da literatura como elemento auxiliar na formação
social e afetiva do indivíduo, em três escolas que apresentam
tendências pedagógicas distintas.
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, de
caráter descritivo da realidade, optou-se por sua realização
através de observações livres e sistematizadas, realização de
entrevistas semi estruturadas, e conversas informais, com os
profissionais das escolas e aplicação de questionários interativos
junto aos alunos, além da pesquisa bibliográfica . Buscou-se, na
análise dos dados observados, dar maior ênfase aos aspectos que
apresentassem real significado aos sujeitos da pesquisa.
Ao confrontarmos as diferentes abordagens enfocadas
verificamos que independente de suas particularidades e diferenças,
todas se apresentam como fornecedoras de rico material teórico e
metodológico para a construção do trabalho educativo no sentido de
se trilhar novos caminhos, seguros e concretos, na busca da formação
integra, completa, harmoniosa e que contribua para a inserção e
integração social, afetiva e cultural de nossos educandos.
(Resumo para apresentação sob a forma de
comunicação)
Fonte de financiamento: PIBIC/CNPq – Universidade
Federal de Viçosa
A Literatura no Processo de Formação do Aluno da
Escola Fundamental: Perspectivas Antroposófica e Construtivista.
Lacy de Aguilar Mello
Maria Alba Pereira de Deus MS
Elis Claudia Miguel
Rosany Portugal
Maria Cristina Pimentel Campos DS
O presente resumo vem apresentar os resultados
parciais alcançados com a pesquisa cujo objetivo maior é identificar
os procedimentos metodológicos que efetivam o uso da Literatura como
prática pedagógica em duas escolas, uma construtivista e uma
antroposófica, averiguando a coerência na utilização da literatura
como instrumental para um ensino interdisciplinar.
Para se alcançar esses objetivos, foi iniciado o
trabalho de campo, por meio de entrevistas, observações informais e
sistematizadas e um trabalho de questionamento junto aos alunos.
Pôde-se, a partir desses procedimentos, alcançar algumas
informações preliminares que destacam a existência de procedimentos
metodológicos que efetivam a utilização da literatura como prática
pedagógica, em ambas as escolas, no entanto, com objetivos distintos.
O objetivo maior da escola construtivista é o uso
interdisciplinar da literatura para fixação e aprofundamento de
conteúdos curriculares, procurando-se desenvolver o hábito e o
prazer da leitura aliado ao desenvolvimento do educando no espaço
escolar. Enquanto na escola Antroposófica, os objetivos de seu uso
vão além do repasse de conteúdos e se ampliam não somente no
sentido de uma educação interdisciplinar como também no sentido de
se alcançar a formação integral do aluno.
Podemos destacar, como resultados parciais, que
tanto os pressupostos quanto as práticas metodológicas, para o uso
da Literatura, de ambas as escolas, apresentam-na como potencial
elemento auxiliar no processo de formação e integração social,
afetiva e cultural de seus educandos.
Resumo para apresentação sob a forma de
comunicação
Fonte de financiamento: PIBIC/CNPq – Universidade
Federal de Viçosa
A Literatura no Processo de Formação do Aluno da
escola Fundamental Perspectivas Antroposófica e Construtivista
Lacy de Aguilar Mello
Maria Alba Pereira de Deus (MS)
Elis Cláudia Miguel
Rosany Portugal
Maria Cristina Pimentel Campos (DS)
Apresentação
O
presente resumo visa a apresentar os
resultados, parciais, alcançados com a pesquisa intitulada: A
Literatura como Elemento de Formação do Aluno da Escola Fundamental:
Perspectivas Antroposófica e Construtivista, (em realização
pela equipe acima citada). Este trabalho objetiva investigar
como estas abordagens educacionais se utilizam da Literatura durante o
processo de formação do aluno na escola de nível fundamental. De
cunho exploratório, a pesquisa pretende identificar, num universo de
duas diferentes escolas que adotam essas abordagens, a forma como
utilizam a Literatura no processo de formação de seus alunos,
verificando seus objetivos e empregos em relação aos diferentes
conteúdos programáticos.
Procedimentos Metodológicos
P
or ser uma pesquisa de orientação
qualitativa, as metodologias utilizadas na pesquisa de campo,
envolvem: a prática de observação (livre e/ou sistematizada) das
atividades envolvendo o uso da Literatura, o trabalho com entrevistas
semi-estruturadas com os profissionais das escolas e a utilização de
questionários interativos junto aos alunos.
Pretende-se dar um tratamento descritivo às
informações através da análise qualitativa dos dados coletados,
tendo como ponto de partida sua importância e sua relevância para os
sujeitos da pesquisa. Pretende-se, ainda, dar um tratamento
estatístico, utilizando-se amostragens simples, a alguns dados, afim
de se identificar aspectos que possam ser tomados como
referência/padrão para possíveis generalizações.
Introdução
O que aqui se pretende demonstrar é como as
referidas teorias pedagógicas orientam o trabalho das escolas,
envolvidas na pesquisa, para a utilização da Literatura enquanto
instrumento de formação de seus alunos. No entanto, por estarem
ainda em processamento, os dados referentes à escola Waldorf não
serão aqui apresentados, nos restringiremos, então, aos resultados
alcançados com a escola Construtivista.
A Importância da Literatura na Formação do
Indivíduo
A
Literatura assume, hoje, um papel de
fundamental importância na formação da criança e do adolescente.
É essencial, portanto, cultivar seu uso na escola objetivando
colaborar no desenvolvimento cognitivo e social da criança. Essa
atitude além de seu efeito pedagógico, contribui para manter viva
uma arte que não tem idade, preço ou proprietário particular, uma
vez que é patrimônio da humanidade.
A Literatura é uma Arte para todos e de todos, sem
distinção de raça, credo ou situação social. Sua carga de valores
simbólicos e arquetípicos permitem que se alcance, a uma só vez,
todas as representações de cooperação, solidariedade, modos de
conduta, valores morais e éticos, culturais e sociais, aceitas
universalmente.
A utilização da Literatura como meio de
aprendizagem e de apreensão de experiências, além de proporcionar
ao aluno a oportunidade de vivenciar, mesmo que abstratamente,
experiências que ele não poderia sequer imaginar viver, oportuniza-o
apropriar-se do sentido ético, moral, de valores e de auteridade que
são subjacentes às estórias e que lhes dão sentido, fornecendo ao
indivíduo a oportunidade de perceber e vivenciar os aspectos morais
relacionados à natureza humana, apresentando-lhe exemplos de
comportamento que lhe servirão como referencial na construção de
sua personalidade, dando-lhe material para análise e reflexão que
lhe será útil na renovação, correção ou melhoramento de suas
atitudes e posturas frente a vida e à sociedade.
Como nos afirma Bruno Bettelheim:
"Esta é exatamente a mensagem que os
contos de fada (e a literatura de um modo geral) transmitem à
criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades
graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da
existência humana - mas que se a pessoa não se intimida mas se
defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas
vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim,
emergirá vitoriosa."
A característica de agente do conhecimento,
própria da Literatura, uma vez que proporciona, muitas vezes, o
questionamento da realidade e dos valores que se configuram como
características culturais de determinadas sociedades, acaba por lhe
conferir um papel importantíssimo na tarefa educativa, qual seja o de
auxiliar no "alargamento dos horizontes cognitivos do leitor,
o que justifica e demanda seu consumo escolar", como bem nos
afirma Regina Zilbermann..
É nesse sentido que consideramos a Literatura como
parte essencial da formação do aluno. A Literatura, como fonte de
conhecimento, deve ser encarada como elemento auxiliar potencial nos
que diz respeito aos aspectos de formação de caráter, educação
formal e informal, maturidade e desenvolvimento social do indivíduo.
O Enfoque Construtivista
A escola Construtivista, que possui como
embasamento os pressupostos de Piaget, Vygotsky e Ferreiro, apresenta
um trabalho que se pauta pela perspectiva interacionista, onde a
relação homem-mundo é a base de construção do conhecimento.
De acordo com esta abordagem, o conhecimento é uma
construção contínua e essencialmente ativa, na qual o mundo,
durante o processo de aprendizagem, é constantemente reinventado,
recriado, pela criança.
Por seu caráter de formadora, informadora e de
preparadora de seus alunos para o convívio social, enfim, para a vida
em sociedade, a abordagem construtivista considera que o trabalho
educativo deve ser pautado em uma proposta que considera o respeito à
multiplicidade e à diversidade tanto cultural quanto de
interpretação, uma linha mestra e norteadora de suas atividades. A
escola, portanto, deve favorecer a socialização estabelecendo em seu
interior relações de cooperação e reciprocidade, condições essas
necessárias ao desenvolvimento, do indivíduo, na sociedade na qual
se encontra inserido.
Assim sendo, tendo a estimulação adequada, em um
ambiente apropriado, a criança irá a seu tempo, adquirindo os
hábitos, atitudes, valores e tipos de raciocínio que nortearão o
desenvolvimento de sua personalidade, no que se compreende como uma
das formas de estruturação básica de seu caráter.
De acordo com RIZZO:
"Todos os mecanismos de defesa do eu,
suas formas de adaptação, ajustamento, linguagens e suas
formas de reação frente a dificuldades, problemas e
contrariedades se estabelecem e fixam padrões de comportamentos
característicos e próprios de cada indivíduo"
Podemos, então, dizer que é a partir do momento
em que se inicia a escolarização que se consolidam as bases do
desenvolvimento do indivíduo enquanto "ser social". Deste
modo, o homem é concebido como um ser de ação que tem a capacidade
de dominar o meio e transformá-lo, no entanto, ao transformá-lo,
acaba por modificar a si mesmo, num processo ininterrupto de
reestruturação de si e do meio.
Nesse sentido, a relação homem-mundo é
trabalhada, pela escola construtivista, de forma a levar o aluno a
compreender seu papel social e de agente no processo de constante
construção e reconstrução da sociedade.
Segundo Vygotsky, a socialização é uma
conseqüência da interação do homem com o meio, sempre mediada pela
linguagem. Segundo seus pressupostos, o conhecimento é construído
socialmente e a linguagem é o principal instrumento de
intermediação.
Estudiosos contemporâneos como Emília Ferreiro,
consideram que toda situação de socialização é um processo e,
como tal, deve ser vista como boa e útil. Assim sendo, esse processo
deve ser trabalhado a partir de situações que colaborem para a
socialização da criança como jogos, trabalhos em grupo,
discussões, rodas de leituras, dramatizações, exposições entre
outras atividades que contribuam para a integração entre a criança
e o grupo no qual ela está inserida. É um trabalho que implica no
desenvolvimento de relações de reciprocidade e de cooperação que
contribuirão para a formação ética e de valores em seus alunos.
Dessa forma, por meio de situações desafiadoras
ele, o aluno, será levado a potencializar suas capacidades de
análise, argumentação, experimentação e observação,
exercitando-lhe a inteligência e a capacidade construtiva,
encontrando-se apto, ao término de seu processo de escolarização, a
interagir com o mundo de modo a entender essa relação e
respeitá-la, ou até a modificá-la, se acaso se faça necessário.
É imprescindível que haja confiança nas
possibilidades das crianças se desenvolverem e que suas
manifestações sejam valorizadas. O que significa dizer que é
necessário que se respeite a crianças como seres que desabrocham,
promovendo situações para que se efetive seu desenvolvimento
cognitivo e afetivo, para que sejam, assim, melhor preparadas para o
convívio social.
Apresentação e análise de resultados
Os resultados alcançados até o presente
momento, apontam para a confirmação das hipóteses que sustentam
esta pesquisa, uma vez que pode-se verificar a existência de
métodos, práticas e objetivos para a utilização da Literatura. A
partir da observação das atividades bem como das entrevistas com os
profissionais da instituição, alcançamos dados de relevância para
o entendimento das questões práticas relacionadas ao uso da
Literatura.
A escola tem como base metodológica de trabalho, a
Pedagogia de Projetos.
Apoiando-se nos pressupostos da Pedagogia Ativa, a
escola busca realizar um trabalho onde a educação deixa de ser uma
preparação para a vida futura e passe a ser um processo de vida,
sendo que a escola deve representar a vida presente e, ao mesmo tempo,
ser o agente propulsor desse processo. O que justifica-se na
afirmação de John Dewey que diz: "Educação é um processo
de vida e não preparação para a vida futura e a escola deve
representar a vida presente – tão real e vital para o aluno como a
que ele vive em casa, no bairro ou no pátio".
A opção pela pedagogia de projetos, nasceu da
necessidade, sentida pela Coordenação Pedagógica juntamente com o
Conselho Pedagógico da escola, de se dar um novo significado ao
espaço escolar. "Era preciso que o ambiente escolar fosse
propício à interação necessária entre os alunos e o conhecimento,
tendo como ponto de partida o real e suas múltiplas dimensões"(Marilange
Santanna, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e dos dois
primeiros ciclos da Educação Fundamental).
Na pedagogia de projetos, o processo de
ensino-aprendizagem ganha nova dimensão, ensinar deixa de ser o
simples repasse de conteúdos e a aprendizagem passa a ser o resultado
da interação entre os aspectos cognitivo, afetivo e social do aluno.
Afinal a formação dos alunos é, necessariamente, um processo de
caráter global que vai além da atividade intelectual ou do
desenvolvimento exclusivamente cognitivo e ganha nuances de vivência.
Pôde-se perceber do contato com os professores a
intenção de utilização de obras literárias tendo como perspectiva
os pressupostos cognitivistas, oportunizando às crianças, o acesso a
situações ricas e complexas, visando a promover-lhes o
desenvolvimento cultural e a ampliação do conhecimento e da
criatividade na resolução de problemas, a partir das situações que
elas têm a oportunidade de experienciar através da Literatura.
Para os profissionais desta escola, presença do
livro deve estar sempre associada à noção, idéia e sentido de
prazer. Seu trabalho, refletido nas metodologias utilizadas, é
permeado pela idéia de que Literatura é arte, e, como tal, deve ser
plena de liberdade.
De acordo com a postura da escola, não há, na
utilização da Literatura, espaço para a linguagem autoritária.
Não há comprometimento com aspectos morais ou pedagogizantes. Desta
forma, os professores procuram oferecer a seus alunos a aproximação
com os mais variados tipos de textos literários, desde gibis a
artigos de jornais, passando por obras de autores clássicos, de
autores modernos, enfim, o acesso a toda uma gama de variedades de
obras literárias. O que importa, necessariamente, é que às
crianças seja permitido o acesso a textos que lhes ofereçam a
oportunidade de pensar e de admitir outras formas de visão de mundo,
que não as suas próprias; e, o mais importante, a possibilidade de
admitir diferentes tipos de respostas às indagações e questões
suscitadas pela leitura ou tratadas durante o transcorrer dos
episódios ou fatos tratados nos textos.
A Literatura, nesta escola, é tida como
coadjuvante na prática de ensino-aprendizagem. Sua utilização,
porém, não se atém a aspectos pedagógicos. Não há, inclusive,
uma ‘receita’ para a prática da Literatura. Seu uso vai depender
da criatividade e do conhecimento que o professor possui sobre o texto
e sobre os grupos de alunos, seus interesses e as necessidades dos
indivíduos com os quais trabalha.
O professor deve conhecer a sua realidade, a de
seus alunos e a importância da Literatura para um melhor
desenvolvimento do grupo e, a partir daí, buscar um melhor
aproveitamento dos meios de que dispõe para estimular a sensibilidade
Literária de seus alunos e alcançar os objetivos almejados quando da
escolha das obras a serem trabalhadas.
Pudemos observar, ainda, que as professoras têm na
Literatura um forte elemento coadjuvante no processo de
ensino-aprendizagem, haja vistas as inúmeras atividades realizadas na
escola envolvendo o uso direto ou indireto da Literatura.
Dentre as atividades julgamos pertinente destacar
algumas realizadas pela dinamizadora da biblioteca e incentivadora de
leitura, nas aulas de Literatura, realizadas na biblioteca da escola:
trabalho cotidiano: é um trabalho semanal
realizado pela incentivadora de leitura que engloba: o
"marketing" dos livros, onde ela faz uma verdadeira
propaganda das obras; leituras e releituras de letras de músicas,
poesias para discussões em grupo; discussões dos conteúdos dos
livros lidos pelos alunos; brincadeiras que facilitam o feedback;
trabalho com teorias literárias e análises de algumas obras;
seminários: este é um trabalho que demanda um
tempo maior de duração e um maior envolvimentos dos alunos. Os
livros são selecionados em comum acordo entre professor, alunos,
orientador e incentivador de leitura que é também o responsável,
junto aos alunos, pelos seminários. É um trabalho que normalmente
vai além das fronteiras da obra, extrapola seus limites e amplia o
universo de leitura do aluno, exigindo uma extra-leitura do mundo
enfocado na obra e suas características e, também, do mundo real do
autor, que é de onde ele retira o substrato para sua obra;
momento da estória: este trabalho acontece em
dois momentos distintos: um deles é realizado em sala de aula com a
professora de classe e um outro na biblioteca com a incentivadora de
leituras. De um modo geral, esta atividade se configura como um
momento de apreciação literária. É um momento onde se contam
estórias, textos são analisados e discutidos, utiliza-se alguma
atividade lúdica como uma brincadeira ou dramatização, enfim, é um
momento onde são trabalhadas as emoções e os aprendizados que se
pode alcançar através da Literatura.
Nas palavras de Therezinha Casasanta, "a
função da literatura, é, antes de mais nada, recrear, desenvolver a
imaginação, a crítica e a reflexão".
De um modo geral, os objetivos ao se utilizar da
Literatura como instrumental no processo de ensino-aprendizagem são
os mais variados, sendo que os mais comuns são: desenvolver o hábito
e o gosto pela leitura; auxiliar interdisciplinarmente na aprendizagem
dos diferentes conteúdos curriculares; servir como fonte de
conhecimento e de informações, e, ser fonte de prazer e de
entretenimento para seus alunos.
Na seleção dos livros a serem utilizados, os
professores buscam contemplar a maior diversidade de títulos
possível. A multiplicidade de temáticas é importante para que se
alcance os objetivos acima citados. Os temas podem girar em torno de
crianças, animaizinhos, lendas folclóricas, histórias reais ou de
faz-de-conta. A escolha das temáticas e dos títulos ocorrerá em
função das necessidades e interesses dos grupos, levando em
consideração aspectos subjacentes à obra (como autonomia, amizade,
aceitação das mudanças físicas, preservação da natureza,
crítica aos valores sociais, crítica à delimitação dos papéis
masculino e feminino, questões de ajustamento), que se fizerem
pertinentes ao desenvolvimento dos grupos ou de indivíduos.
A Literatura, de um modo geral, vem sendo
trabalhada sem a preocupação de moralizar a criança, seu objetivo
é, antes, o de abrir-lhe a razão a partir dos sentimentos,
ajudar-lhe a levantar indagações, não trazer-lhe respostas prontas
e, por fim, ajudar-lhe a compreender a vida e situar-se diante dela.
Conclusão
Durante muitos anos a utilização da
literatura nas escolas se limitou ao pragmatismo pedagógico, servindo
como meio de controle do desenvolvimento intelectual da criança e de
manipulação de suas emoções. Hoje o que se busca é um trabalho
crescente de conscientização do fato de que a criança,
possibilitada pela literatura, tem na escola um espaço para refletir
sobre sua condição social e, até, buscar desenvolver condições de
superação dessa condição.
Sendo a escola, por sua vez, o espaço privilegiado
de formação do indivíduo para o convívio social, é necessário
que em seu planejamento, seja providenciado um levantamento de
estratégias metodológicas que auxiliem ao professor no
desenvolvimento de um trabalho que tenha como objetivo final a
formação de leitores compromissados com o entendimento do mundo sob
os aspectos ideológico, afetivo e cultural.
É necessário que se desenvolva um trabalho
coordenado que se inicie com o levantamento de estratégias, tendo
como base a caracterização de metodologias apropriadas à sua
consecução, passando pelo reconhecimento e adequação, se
necessário, da postura pedagógica do professor frente à leitura e
à importância da literatura no processo de formação de seus
alunos.
Tanto a escola quanto a Literatura possuem a
função de sintetizar a realidade. A Literatura falando do mundo da
criança, apresentando suas dificuldades e as possíveis soluções
para elas, e, a escola transformando a realidade em disciplinas de
forma a transmitir sinteticamente às crianças as informações
necessárias à sua inserção no convívio social. No entanto, apesar
de a função de sintetizadora da realidade ser uma prerrogativa comum
às duas instituições - Literatura e Escola - ambas acabam por se
distanciarem em termos de objetivos. Enquanto a escola consegue com
sua compartimentalização do conhecimento, afastar o aluno do
convívio social, isolando-o em uma sala de aula, a literatura por sua
vez permite que este extrapole os limites do ambiente em que se
encontra e o prepara para enfrentar e derrubar as barreiras que o
separam da coletividade, exercendo um papel ativo nesse processo de
transferencia que se torna possível quando se tem acesso a uma
Literatura que vai além do esperado e proporciona um prazer
libertário.
Faz-se necessária, então, uma ruptura nessa
determinação social imposta à escola que a distancia da Literatura
para que ambas se unam em torno de um objetivo comum, qual seja, o de
proporcionar ao indivíduo a possibilidade de enxergar criticamente
seu mundo social e afetivo de forma a poder, por si só, se
necessário for, aceitá-lo ou refutá-lo, criando, autonomamente,
condições de superação ou de conformismo frente sua própria
realidade.
A tarefa da escola deve ir além do simplesmente
ensinar a criança a ler corretamente, outrossim, deve permitir que a
criança tenha acesso e domine os códigos que permitem a dinâmica da
leitura e a apropriação não só das informações e mensagens
exteriorizadas, como também daquelas que se encontram inseridas de
forma subliminar nos textos. Desta forma seu trabalho será coroado
com o privilégio de se saber contribuinte para o processo de
formação de leitores críticos e conscientes. Leitores abertos à
interação ativa com o meio social e, ao mesmo tempo, iniciados na
difícil tarefa de assumir uma postura inquiridora frente o mundo e
frente a si mesmo.
BIBLIOGRAFIA
ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: Gostosuras e
Bobices. São Paulo:
Scipione, 1991.
BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos Contos de
Fada. 8º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
CASASANTA, T. Livros cedo ou nunca. AMAE
Educando. nº 222, Belo Horizonte: setembro de 1991
EDMAN, I. John Dewey, sua contribuição para a
tradição americana. Rio de
Janeiro: Fundo de Cultura, 1960
FERRERO, E. Los Sistemas de Escritura en el
Desarrollo del Niño. México: Siglo Veinteuno, 1979.
GROSSI, E. P. Construtivismo pós-piagetiano.
Petrópolis: Vozes, 1993.
LOPES, J. Centenário Jean Piaget: a lógica
própria da criança como base do ensino. Revista Escola Nova.
Ano XI, nº 95, agosto de 1996.
MACEDO, L. de. Os três métodos Piagetianos. Presença
Pedagógica. n° 11 Belo Horizonte:
set / out. 1996.
MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil.
3° ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.
MISUKAMI, M. das G. N. Ensino: As abordagens
do processo. São Paulo: EPU, 1986.
O universo dos contos de fadas In: O correio
da Unesco. Ano 10, nº 8, agosto, de 1982.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e
Desenvolvimento. Um Processo Sócio-
Histórico. São Paulo, Sapione, 1993.
PERRET-CLERMONT, Anne-Nelly. La Construction
de L'intelligence dans L'interaction sociale. Berne: Peter Lang,
1979.
PIAGET, Jean. Le Jugement Moral chez L'enfant.
Paris: Alcan/Presses Universitaires de France. 1932.
______. L'équilibration des Sctructures
Cognitives. Paris: Presses Universitaires de France, 1975.
PRETTO, M. Literatura Infantil: arte de abrir
espaço. Revista do Professor. n°
27. Porto Alegre: Julho a Setembro de 1991.
RAPPAPORT, C.R. Psicologia do Desenvolvimento:
teoria do desenvolvimento. Conceitos fundamentais. Vol. I. São
Paulo: EPU, 1981.
REGO, T. C. Vygotsky. Uma perspectiva
Histórico-cultural da educação. Petrópolis:
Vozes, 1996
RIZZO, G. Jogos Inteligentes. Rio de Janeiro: Bertrand, 1996
TODOROV, T. A Análise Estrutural da
Narrativa. Petrópolis: Vozes, s/d.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem.
Lisboa: Antídoto, 1979.
ZILBERMAM, R. A Literatura Infantil na escola.
9º ed. São Paulo: Global, 1994
Voltar