RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: UMA EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO
EM UMA ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS
AUTOR: Janaína Andrade Ferreira e Penna - Pedagoga
INSTITUIÇÃO: Escola Municipal Renê Giannetti -
Ouro Preto
O trabalho que será relatado aqui mostra a
vivência da Escola Municipal Renê Giannetti, situada no bairro
Saramenha de Cima, em Ouro Preto, no período fevereiro de 1997 até
julho de 2000, no que diz respeito ao Sistema de Avaliação.
Em fevereiro de 1997, ao retornarmos das férias
escolares, fomos comunicados de que a organização do tempo das
escolas municipais de Ouro Preto fora alterada e que as três
primeiras séries do Ensino Fundamental formavam um ciclo contínuo:
CBA – Ciclo Básico de Alfabetização. Ou seja não haveria
reprovação nas três primeiras séries do ensino fundamental. A
ordem recebida foi que os alunos que haviam sido reprovados em 1996
fossem reenturmados nas séries seguintes como se o CBA tivesse sido
implantado um ano antes. Assim foi feito.
A partir de então, começou a construção de um
novo modelo de Avaliação. Nesse momento, as dúvidas eram muitas e o
que havia claro para os professores era que não poderia haver
reprovação, nem provas, nem notas. Para os pais havia a idéia de
que "sem bomba ninguém vai estudar" e "sem nota o
professor não vai conseguir controlar a turma". A incerteza do
que viria e de como seria o trabalho a partir daí era geral.
Os estudos sobre a gênese do conhecimento já nos
faziam refletir sobre as incoerências de um sistema de ensino seriado
que não respeitava as individualidades dos alunos e se baseava em uma
série de conteúdos que deveria ser repassada pelo professor. O
sistema de avaliação tradicional há muito tempo não estava
cumprindo seu papel, pois não deixava claro quais eram os avanços e
quais eram as dificuldades dos alunos. Diante disso, a idéia de um
novo modelo de organização do tempo escolar e, coerentemente, uma
nova proposta de Avaliação ia de encontro com a filosofia da escola.
Assim, começamos a reorganizar nossa vida escolar .
Se um dos objetivos do CBA era respeitar o ritmo de
cada aluno, precisávamos garantir que os alunos tivessem
oportunidades diferentes para aprender. O primeiro passo foi elaborar
um projeto de Aula de Reforço. O Projeto garante atendimento
extra-turno, durante uma hora por dia, aos alunos que precisam de um
tempo maior ou de um acompanhamento individualizado para elaborarem
seus conhecimentos. As aulas são ministradas pela professora eventual
(que passou a ser também Recuperadora). A partir de avaliação feita
pela professora regente é feito o planejamento das atividades a serem
realizadas com cada aluno. Os alunos são atendidos em grupos de 2 a
5, de acordo com as dificuldades de cada um.
Para garantir o sucesso do Reforço e a mudança de
mentalidade dos alunos (do "fazer para passar de ano" para o
"fazer para aprender") os pais foram chamados à escola em
18 de março para conhecerem as diferenças entre ciclo e seriação e
os objetivos das Aulas de Reforço. Na reunião procuramos deixar
claro que a partir de agora, como não haveria mais "nota para
segurar o aluno" era preciso desenvolver a responsabilidade de
cada um desde cedo. Mostramos as incoerências do Sistema de
Avaliação que era usado antes, onde muitas vezes quem sabia não
conseguia fazer e quem não sabia "colava" e conseguia boas
notas. Refletimos sobre os alunos da pré-escola que "se atiravam
de corpo e alma" nas atividades sem se preocuparem com notas ou
reprovação. Pedimos ajuda aos pais da 2ª, 3ª séries,
principalmente, para que cobrassem a responsabilidade dos filhos para
com os deveres e trabalhos extra-classe e mantivessem o discurso da
escola de que nós devemos aprender para melhorarmos nossa própria
vida.
No dia 4-4-97, aconteceu um encontro da pedagoga
com as professoras com o objetivo de refletir sobre a necessidade de
uma nova proposta de avaliação. A partir da discussão das respostas
dadas às perguntas "É preciso mudar o modelo de avaliação que
temos? Por que?" "A manutenção das notas e provas é
garantia do efetivo acompanhamento dos alunos no seu processo de
aprendizagem?" "O sistema tradicional de avaliação
assegura um ensino de qualidade?" foi feita uma análise do
sistema de avaliação tradicional e listadas algumas características
essenciais a um novo modelo de avaliação.
No fim deste primeiro momento, verificou-se que
eram necessárias algumas reflexões sobre educação que mostrassem a
coerência entre a nova proposta de avaliação e o Projeto Político
Pedagógico da Escola. Então, em 9-5-97, um outro encontro foi feito,
com professores e pedagoga, onde identificamos e refletimos sobre
nossa concepção de Homem, Escola e Sociedade e as relações entre
elas; refletimos sobre as concepções de aprendizagem Empirista,
Inatista, Construtivista e as percebemos implícitas nas atividades de
sala de aula e nos sistemas de avaliação.
Nessa época, recebemos o novo modelo do boletim a
ser adotado pelas escolas municipais: "Registro dos Progressos e
Dificuldades do Aluno", e optamos por não utilizá-lo.
Elaboramos uma ficha de registro descritiva e individual, coerente com
as reflexões que vinham sendo feitas. Queríamos uma ficha que desse
uma idéia clara do que havia sido trabalhado em classe e de qual era
a situação do aluno diante disso.
A ficha é elaborada a cada fim de bimestre pela
professora da turma. As primeiras fichas traziam a lista dos
conteúdos trabalhados e a professora escrevia observações sobre o
desenvolvimento do aluno em cada disciplina. Como "escrever se
aprende escrevendo" os problemas encontrados foram muitos:
dificuldade para fazer as observações (falta de
clareza do que registrar),
observações presas a aspectos disciplinares
("é desatento, é inquieto,...") e não aos avanços e
dificuldades de cada aluno nos conteúdos
o tempo gasto preenchendo as fichas era muito
grande.
muitas vezes os conteúdos eram chamados pelo
nome da unidade trabalhada nos livros o que tornava difícil a
compreensão do que realmente havia sido tratado.
Acreditando que só a reflexão e o estudo poderiam
trazer avanços ao trabalho desenvolvido na escola, em agosto de 97,
organizamos a 1ª Semana de Estudos da E.M.Renê Giannetti onde,
durante três dias, refletimos sobre Educação e, dentre os assuntos
trabalhados, os temas Concepção Pedagógica, CBA e Avaliação foram
retomados.
As dificuldades encontradas para registrar o
desenvolvimento dos alunos faziam com que as discussões sobre o
assunto fossem freqüentes em situações formais (reuniões) e
informais (cafezinho) e, a partir delas, as Fichas começaram a sofrer
modificações.
Para diminuir o tempo gasto para preenche-las
optamos por deixar em branco as observações quando o aluno estiver
se desenvolvendo de acordo com o que o professor espera. Assim, só
são escritas observações quando o aluno apresenta alguma
dificuldade. Criamos um espaço para observações gerais (disciplina,
capricho, responsabilidade...) para que as observações de cada
disciplina se restringissem ao desenvolvimento do aluno.
Em maio de 99, a Secretaria Municipal de Educação
de Ouro Preto estabelece novas normas para a Organização de Tempo
Escolar e para o Sistema de Avaliação: 1ª e 2ª séries formam a
1ª fase do 1º ciclo do ensino fundamental e a 3ª e 4ª série
formam a 2ª fase do 1ºciclo do ensino fundamental; a passagem da 1ª
para 2ª etapa é automática, o aluno pode ser retido ao final de
cada fase, por determinação do Conselho de Classe, por um ano;
estabelece a criação do Conselho de Classe.
O Projeto do Conselho de Classe da Escola Municipal
Renê Giannetti, com justificativa, composição, normas de
funcionamento e objetivo, é elaborado em junho de 99 e a primeira
reunião acontece dia 2-7-99.
Hoje as Fichas estão muito mais claras, não
trazem a lista dos conteúdos trabalhados, mas os objetivos que o
professor procurou atingir ou as habilidades que espera ter
desenvolvido nos alunos, assim é mais fácil saber exatamente o que
foi feito e qual é a atual situação do aluno. As observações
trazem o registro do que os alunos não atingiram, o que, apesar de
parecer simples, diminui muito o trabalho de preencher as Fichas.
As reuniões do Conselho de Classe acontecem ao
final dos bimestres e o professor apresenta os alunos que não estão
se desenvolvendo de acordo com o esperado, falando das suas
observações e/ou mostrando atividades feitas pelo aluno. Os outros
professores colocam suas experiências sobre a situação ou sobre o
aluno: o Conselho reflete e determina o que deve ser feito para
minimizar os problemas. Ao final de cada fase cabe ao Conselho a
decisão sobre a retenção ou não dos alunos apresentados por cada
professora.
Este ano sairão da Escola os primeiros alunos que
não experimentaram a escola seriada. São alunos dedicados e
responsáveis que acreditamos estarem mais bem preparados que os que
estudaram tolhidos pelas regras de um Sistema de Avaliação
tradicional e que, muitas vezes, não davam o melhor de si porque
precisavam só de "60".
BIBLIOGRAFIA
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto Político
Pedagógico. Ouro Preto 1996.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto Aula de
Reforço. Ouro Preto 1997.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto Conselho
de Classe. Ouro Preto 1999.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Fichas de
Registro de Avaliação. Ouro Preto 1997, 1998, 1999, 2000.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: UMA EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO
EM UMA ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS
AUTOR: Janaína Andrade Ferreira e Penna - Pedagoga
INSTITUIÇÃO: Escola Municipal Renê Giannetti -
Ouro Preto
O trabalho que será relatado aqui mostra a
vivência da Escola Municipal Renê Giannetti, situada no bairro
Saramenha de Cima, em Ouro Preto, no período fevereiro de 1997 até
julho de 2000, no que diz respeito ao Sistema de Avaliação.
Em fevereiro de 1997, ao retornarmos das férias
escolares, fomos comunicados de que a organização do tempo das
escolas municipais de Ouro Preto fora alterada e que as três
primeiras séries do Ensino Fundamental formavam um ciclo contínuo:
CBA – Ciclo Básico de Alfabetização. Ou seja não haveria
reprovação nas três primeiras séries do ensino fundamental. A
ordem recebida foi que os alunos que haviam sido reprovados em 1996
fossem reenturmados nas séries seguintes como se o CBA tivesse sido
implantado um ano antes. Assim foi feito.
A partir de então, começou a construção de um
novo modelo de Avaliação. Nesse momento, as dúvidas eram muitas e o
que havia claro para os professores era que não poderia haver
reprovação, nem provas, nem notas. Para os pais havia a idéia de
que "sem bomba ninguém vai estudar" e "sem nota o
professor não vai conseguir controlar a turma". A incerteza do
que viria e de como seria o trabalho a partir daí era geral.
Os estudos sobre a gênese do conhecimento já nos
faziam refletir sobre as incoerências de um sistema de ensino seriado
que não respeitava as individualidades dos alunos e se baseava em uma
série de conteúdos que deveria ser repassada pelo professor. O
sistema de avaliação tradicional há muito tempo não estava
cumprindo seu papel, pois não deixava claro quais eram os avanços e
quais eram as dificuldades dos alunos. Diante disso, a idéia de um
novo modelo de organização do tempo escolar e, coerentemente, uma
nova proposta de Avaliação ia de encontro com a filosofia da escola.
Assim, começamos a reorganizar nossa vida escolar .
Se um dos objetivos do CBA era respeitar o ritmo de
cada aluno, precisávamos garantir que os alunos tivessem
oportunidades diferentes para aprender. O primeiro passo foi elaborar
um projeto de Aula de Reforço. O Projeto garante atendimento
extra-turno, durante uma hora por dia, aos alunos que precisam de um
tempo maior ou de um acompanhamento individualizado para elaborarem
seus conhecimentos. As aulas são ministradas pela professora eventual
(que passou a ser também Recuperadora). A partir de avaliação feita
pela professora regente é feito o planejamento das atividades a serem
realizadas com cada aluno. Os alunos são atendidos em grupos de 2 a
5, de acordo com as dificuldades de cada um.
Para garantir o sucesso do Reforço e a mudança de
mentalidade dos alunos (do "fazer para passar de ano" para o
"fazer para aprender") os pais foram chamados à escola em
18 de março para conhecerem as diferenças entre ciclo e seriação e
os objetivos das Aulas de Reforço. Na reunião procuramos deixar
claro que a partir de agora, como não haveria mais "nota para
segurar o aluno" era preciso desenvolver a responsabilidade de
cada um desde cedo. Mostramos as incoerências do Sistema de
Avaliação que era usado antes, onde muitas vezes quem sabia não
conseguia fazer e quem não sabia "colava" e conseguia boas
notas. Refletimos sobre os alunos da pré-escola que "se atiravam
de corpo e alma" nas atividades sem se preocuparem com notas ou
reprovação. Pedimos ajuda aos pais da 2ª, 3ª séries,
principalmente, para que cobrassem a responsabilidade dos filhos para
com os deveres e trabalhos extra-classe e mantivessem o discurso da
escola de que nós devemos aprender para melhorarmos nossa própria
vida.
No dia 4-4-97, aconteceu um encontro da pedagoga
com as professoras com o objetivo de refletir sobre a necessidade de
uma nova proposta de avaliação. A partir da discussão das respostas
dadas às perguntas "É preciso mudar o modelo de avaliação que
temos? Por que?" "A manutenção das notas e provas é
garantia do efetivo acompanhamento dos alunos no seu processo de
aprendizagem?" "O sistema tradicional de avaliação
assegura um ensino de qualidade?" foi feita uma análise do
sistema de avaliação tradicional e listadas algumas características
essenciais a um novo modelo de avaliação.
No fim deste primeiro momento, verificou-se que
eram necessárias algumas reflexões sobre educação que mostrassem a
coerência entre a nova proposta de avaliação e o Projeto Político
Pedagógico da Escola. Então, em 9-5-97, um outro encontro foi feito,
com professores e pedagoga, onde identificamos e refletimos sobre
nossa concepção de Homem, Escola e Sociedade e as relações entre
elas; refletimos sobre as concepções de aprendizagem Empirista,
Inatista, Construtivista e as percebemos implícitas nas atividades de
sala de aula e nos sistemas de avaliação.
Nessa época, recebemos o novo modelo do boletim a
ser adotado pelas escolas municipais: "Registro dos Progressos e
Dificuldades do Aluno", e optamos por não utilizá-lo.
Elaboramos uma ficha de registro descritiva e individual, coerente com
as reflexões que vinham sendo feitas. Queríamos uma ficha que desse
uma idéia clara do que havia sido trabalhado em classe e de qual era
a situação do aluno diante disso.
A ficha é elaborada a cada fim de bimestre pela
professora da turma. As primeiras fichas traziam a lista dos
conteúdos trabalhados e a professora escrevia observações sobre o
desenvolvimento do aluno em cada disciplina. Como "escrever se
aprende escrevendo" os problemas encontrados foram muitos:
dificuldade para fazer as observações (falta de
clareza do que registrar),
observações presas a aspectos disciplinares
("é desatento, é inquieto,...") e não aos avanços e
dificuldades de cada aluno nos conteúdos
o tempo gasto preenchendo as fichas era muito
grande.
muitas vezes os conteúdos eram chamados pelo
nome da unidade trabalhada nos livros o que tornava difícil a
compreensão do que realmente havia sido tratado.
Acreditando que só a reflexão e o estudo poderiam
trazer avanços ao trabalho desenvolvido na escola, em agosto de 97,
organizamos a 1ª Semana de Estudos da E.M.Renê Giannetti onde,
durante três dias, refletimos sobre Educação e, dentre os assuntos
trabalhados, os temas Concepção Pedagógica, CBA e Avaliação foram
retomados.
As dificuldades encontradas para registrar o
desenvolvimento dos alunos faziam com que as discussões sobre o
assunto fossem freqüentes em situações formais (reuniões) e
informais (cafezinho) e, a partir delas, as Fichas começaram a sofrer
modificações.
Para diminuir o tempo gasto para preenche-las
optamos por deixar em branco as observações quando o aluno estiver
se desenvolvendo de acordo com o que o professor espera. Assim, só
são escritas observações quando o aluno apresenta alguma
dificuldade. Criamos um espaço para observações gerais (disciplina,
capricho, responsabilidade...) para que as observações de cada
disciplina se restringissem ao desenvolvimento do aluno.
Em maio de 99, a Secretaria Municipal de Educação
de Ouro Preto estabelece novas normas para a Organização de Tempo
Escolar e para o Sistema de Avaliação: 1ª e 2ª séries formam a
1ª fase do 1º ciclo do ensino fundamental e a 3ª e 4ª série
formam a 2ª fase do 1ºciclo do ensino fundamental; a passagem da 1ª
para 2ª etapa é automática, o aluno pode ser retido ao final de
cada fase, por determinação do Conselho de Classe, por um ano;
estabelece a criação do Conselho de Classe.
O Projeto do Conselho de Classe da Escola Municipal
Renê Giannetti, com justificativa, composição, normas de
funcionamento e objetivo, é elaborado em junho de 99 e a primeira
reunião acontece dia 2-7-99.
Hoje as Fichas estão muito mais claras, não
trazem a lista dos conteúdos trabalhados, mas os objetivos que o
professor procurou atingir ou as habilidades que espera ter
desenvolvido nos alunos, assim é mais fácil saber exatamente o que
foi feito e qual é a atual situação do aluno. As observações
trazem o registro do que os alunos não atingiram, o que, apesar de
parecer simples, diminui muito o trabalho de preencher as Fichas.
As reuniões do Conselho de Classe acontecem ao
final dos bimestres e o professor apresenta os alunos que não estão
se desenvolvendo de acordo com o esperado, falando das suas
observações e/ou mostrando atividades feitas pelo aluno. Os outros
professores colocam suas experiências sobre a situação ou sobre o
aluno: o Conselho reflete e determina o que deve ser feito para
minimizar os problemas. Ao final de cada fase cabe ao Conselho a
decisão sobre a retenção ou não dos alunos apresentados por cada
professora.
Este ano sairão da Escola os primeiros alunos que
não experimentaram a escola seriada. São alunos dedicados e
responsáveis que acreditamos estarem mais bem preparados que os que
estudaram tolhidos pelas regras de um Sistema de Avaliação
tradicional e que, muitas vezes, não davam o melhor de si porque
precisavam só de "60".
BIBLIOGRAFIA
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto
Político Pedagógico. Ouro Preto 1996.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto Aula de
Reforço. Ouro Preto 1997.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto
Conselho de Classe. Ouro Preto 1999.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Fichas de
Registro de Avaliação. Ouro Preto 1997, 1998, 1999, 2000.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Relatório da
1ª Semana de Estudos da EMRG. Ouro Preto 1997.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: UMA EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO
EM UMA ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS
AUTOR: Janaína Andrade Ferreira e Penna - Pedagoga
INSTITUIÇÃO: Escola Municipal Renê Giannetti -
Ouro Preto
O trabalho que será relatado aqui mostra a
vivência da Escola Municipal Renê Giannetti, situada no bairro
Saramenha de Cima, em Ouro Preto, no período fevereiro de 1997 até
julho de 2000, no que diz respeito ao Sistema de Avaliação.
Em fevereiro de 1997, ao retornarmos das férias
escolares, fomos comunicados de que a organização do tempo das
escolas municipais de Ouro Preto fora alterada e que as três
primeiras séries do Ensino Fundamental formavam um ciclo contínuo:
CBA – Ciclo Básico de Alfabetização. Ou seja não haveria
reprovação nas três primeiras séries do ensino fundamental. A
ordem recebida foi que os alunos que haviam sido reprovados em 1996
fossem reenturmados nas séries seguintes como se o CBA tivesse sido
implantado um ano antes. Assim foi feito.
A partir de então, começou a construção de um
novo modelo de Avaliação. Nesse momento, as dúvidas eram muitas e o
que havia claro para os professores era que não poderia haver
reprovação, nem provas, nem notas. Para os pais havia a idéia de
que "sem bomba ninguém vai estudar" e "sem nota o
professor não vai conseguir controlar a turma". A incerteza do
que viria e de como seria o trabalho a partir daí era geral.
Os estudos sobre a gênese do conhecimento já nos
faziam refletir sobre as incoerências de um sistema de ensino seriado
que não respeitava as individualidades dos alunos e se baseava em uma
série de conteúdos que deveria ser repassada pelo professor. O
sistema de avaliação tradicional há muito tempo não estava
cumprindo seu papel, pois não deixava claro quais eram os avanços e
quais eram as dificuldades dos alunos. Diante disso, a idéia de um
novo modelo de organização do tempo escolar e, coerentemente, uma
nova proposta de Avaliação ia de encontro com a filosofia da escola.
Assim, começamos a reorganizar nossa vida escolar .
Se um dos objetivos do CBA era respeitar o ritmo de
cada aluno, precisávamos garantir que os alunos tivessem
oportunidades diferentes para aprender. O primeiro passo foi elaborar
um projeto de Aula de Reforço. O Projeto garante atendimento
extra-turno, durante uma hora por dia, aos alunos que precisam de um
tempo maior ou de um acompanhamento individualizado para elaborarem
seus conhecimentos. As aulas são ministradas pela professora eventual
(que passou a ser também Recuperadora). A partir de avaliação feita
pela professora regente é feito o planejamento das atividades a serem
realizadas com cada aluno. Os alunos são atendidos em grupos de 2 a
5, de acordo com as dificuldades de cada um.
Para garantir o sucesso do Reforço e a mudança de
mentalidade dos alunos (do "fazer para passar de ano" para o
"fazer para aprender") os pais foram chamados à escola em
18 de março para conhecerem as diferenças entre ciclo e seriação e
os objetivos das Aulas de Reforço. Na reunião procuramos deixar
claro que a partir de agora, como não haveria mais "nota para
segurar o aluno" era preciso desenvolver a responsabilidade de
cada um desde cedo. Mostramos as incoerências do Sistema de
Avaliação que era usado antes, onde muitas vezes quem sabia não
conseguia fazer e quem não sabia "colava" e conseguia boas
notas. Refletimos sobre os alunos da pré-escola que "se atiravam
de corpo e alma" nas atividades sem se preocuparem com notas ou
reprovação. Pedimos ajuda aos pais da 2ª, 3ª séries,
principalmente, para que cobrassem a responsabilidade dos filhos para
com os deveres e trabalhos extra-classe e mantivessem o discurso da
escola de que nós devemos aprender para melhorarmos nossa própria
vida.
No dia 4-4-97, aconteceu um encontro da pedagoga
com as professoras com o objetivo de refletir sobre a necessidade de
uma nova proposta de avaliação. A partir da discussão das respostas
dadas às perguntas "É preciso mudar o modelo de avaliação que
temos? Por que?" "A manutenção das notas e provas é
garantia do efetivo acompanhamento dos alunos no seu processo de
aprendizagem?" "O sistema tradicional de avaliação
assegura um ensino de qualidade?" foi feita uma análise do
sistema de avaliação tradicional e listadas algumas características
essenciais a um novo modelo de avaliação.
No fim deste primeiro momento, verificou-se que
eram necessárias algumas reflexões sobre educação que mostrassem a
coerência entre a nova proposta de avaliação e o Projeto Político
Pedagógico da Escola. Então, em 9-5-97, um outro encontro foi feito,
com professores e pedagoga, onde identificamos e refletimos sobre
nossa concepção de Homem, Escola e Sociedade e as relações entre
elas; refletimos sobre as concepções de aprendizagem Empirista,
Inatista, Construtivista e as percebemos implícitas nas atividades de
sala de aula e nos sistemas de avaliação.
Nessa época, recebemos o novo modelo do boletim a
ser adotado pelas escolas municipais: "Registro dos Progressos e
Dificuldades do Aluno", e optamos por não utilizá-lo.
Elaboramos uma ficha de registro descritiva e individual, coerente com
as reflexões que vinham sendo feitas. Queríamos uma ficha que desse
uma idéia clara do que havia sido trabalhado em classe e de qual era
a situação do aluno diante disso.
A ficha é elaborada a cada fim de bimestre pela
professora da turma. As primeiras fichas traziam a lista dos
conteúdos trabalhados e a professora escrevia observações sobre o
desenvolvimento do aluno em cada disciplina. Como "escrever se
aprende escrevendo" os problemas encontrados foram muitos:
dificuldade para fazer as observações (falta de
clareza do que registrar),
observações presas a aspectos disciplinares
("é desatento, é inquieto,...") e não aos avanços e
dificuldades de cada aluno nos conteúdos
o tempo gasto preenchendo as fichas era muito
grande.
muitas vezes os conteúdos eram chamados pelo
nome da unidade trabalhada nos livros o que tornava difícil a
compreensão do que realmente havia sido tratado.
Acreditando que só a reflexão e o estudo poderiam
trazer avanços ao trabalho desenvolvido na escola, em agosto de 97,
organizamos a 1ª Semana de Estudos da E.M.Renê Giannetti onde,
durante três dias, refletimos sobre Educação e, dentre os assuntos
trabalhados, os temas Concepção Pedagógica, CBA e Avaliação foram
retomados.
As dificuldades encontradas para registrar o
desenvolvimento dos alunos faziam com que as discussões sobre o
assunto fossem freqüentes em situações formais (reuniões) e
informais (cafezinho) e, a partir delas, as Fichas começaram a sofrer
modificações.
Para diminuir o tempo gasto para preenche-las
optamos por deixar em branco as observações quando o aluno estiver
se desenvolvendo de acordo com o que o professor espera. Assim, só
são escritas observações quando o aluno apresenta alguma
dificuldade. Criamos um espaço para observações gerais (disciplina,
capricho, responsabilidade...) para que as observações de cada
disciplina se restringissem ao desenvolvimento do aluno.
Em maio de 99, a Secretaria Municipal de Educação
de Ouro Preto estabelece novas normas para a Organização de Tempo
Escolar e para o Sistema de Avaliação: 1ª e 2ª séries formam a
1ª fase do 1º ciclo do ensino fundamental e a 3ª e 4ª série
formam a 2ª fase do 1ºciclo do ensino fundamental; a passagem da 1ª
para 2ª etapa é automática, o aluno pode ser retido ao final de
cada fase, por determinação do Conselho de Classe, por um ano;
estabelece a criação do Conselho de Classe.
O Projeto do Conselho de Classe da Escola Municipal
Renê Giannetti, com justificativa, composição, normas de
funcionamento e objetivo, é elaborado em junho de 99 e a primeira
reunião acontece dia 2-7-99.
Hoje as Fichas estão muito mais claras, não
trazem a lista dos conteúdos trabalhados, mas os objetivos que o
professor procurou atingir ou as habilidades que espera ter
desenvolvido nos alunos, assim é mais fácil saber exatamente o que
foi feito e qual é a atual situação do aluno. As observações
trazem o registro do que os alunos não atingiram, o que, apesar de
parecer simples, diminui muito o trabalho de preencher as Fichas.
As reuniões do Conselho de Classe acontecem ao
final dos bimestres e o professor apresenta os alunos que não estão
se desenvolvendo de acordo com o esperado, falando das suas
observações e/ou mostrando atividades feitas pelo aluno. Os outros
professores colocam suas experiências sobre a situação ou sobre o
aluno: o Conselho reflete e determina o que deve ser feito para
minimizar os problemas. Ao final de cada fase cabe ao Conselho a
decisão sobre a retenção ou não dos alunos apresentados por cada
professora.
Este ano sairão da Escola os primeiros alunos que
não experimentaram a escola seriada. São alunos dedicados e
responsáveis que acreditamos estarem mais bem preparados que os que
estudaram tolhidos pelas regras de um Sistema de Avaliação
tradicional e que, muitas vezes, não davam o melhor de si porque
precisavam só de "60".
BIBLIOGRAFIA
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto
Político Pedagógico. Ouro Preto 1996.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto Aula de
Reforço. Ouro Preto 1997.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Projeto
Conselho de Classe. Ouro Preto 1999.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Fichas de
Registro de Avaliação. Ouro Preto 1997, 1998, 1999, 2000.
ESCOLA MUNICIPAL RENÊ GIANNETTI. Relatório da
1ª Semana de Estudos da EMRG. Ouro Preto 1997.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: UMA EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO
EM UMA ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS
AUTOR: Janaína Andrade Ferreira e Penna - Pedagoga
INSTITUIÇÃO: Escola Municipal Renê Giannetti -
Ouro Preto
RESUMO
O objetivo deste relato é mostrar como se deu a
mudança do sistema de avaliação tradicionalmente utilizado no
ensino seriado para um sistema de avaliação coerente com a nova
concepção de educação que embasa a escola organizada por ciclos.
Este processo de mudança começa em fevereiro de
1997, quando as escolas são comunicadas, por correspondência da
Secretaria Municipal de Educação, da criação do CBA - Ciclo
Básico de Alfabetização. A partir daí foram criados, pela própria
escola, vários momentos de reflexão sobre Avaliação, Concepções
Pedagógicas e CBA que embasaram a criação de uma Ficha de Registro
do desenvolvimento de cada aluno.
Além destas reflexões, dois projetos foram
elaborados buscando efetivar a implantação do CBA: o Projeto Aula de
Reforço, que viabiliza o acompanhamento individualizado extra-turno
aos alunos que necessitam e o Projeto Conselho de Classe, que garante
que a avaliação dos alunos seja contínua e acompanhada por todos
professores da escola.
Durante estes três anos e meio, as Fichas de
Registro têm evoluído: antes registravam os conteúdos dados e o
professor descrevia o desenvolvimento de cada aluno. Hoje, ela
registra os objetivos ou habilidades que o professor pretendia
desenvolver e as observações só são feitas se o aluno não atingiu
o objetivo esperado.
A Avaliação Descritiva é novidade para todos
nós e, no começo, não é fácil de ser feita, mas com o passar do
tempo os professores aprendem a ser objetivos ao elaborarem e
preencherem as Fichas e incluem este tipo de avaliação ao planejar
seu trabalho.
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