Nepsi

Lpe

Monitores

Apresentação

Pesquisa

Brinquedoteca

Extensão

Fale conosco

Eventos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A construção do conhecimento através da literatura

Elis Cláudia Miguel

Graduanda Letras

Rosany Aparecida Portugal

Graduanda Letras

Lacy de Aguilar Mello

Graduanda Pedagogia

Maria Cristina Pimentel Campos-DS

Professora Departamento de Letras

Maria Alba Pereira de Deus-MS

Professora Departamento de Educação

 

 

Este resumo tem como objetivo apresentar os resultados obtidos com a pesquisa intitulada: A literatura no processo de formação do aluno da escola fundamental – perspectivas antroposófica e construtivista. Esta pesquisa, de cunho exploratório, visa a analisar como a Literatura, nos Currículos do Ensino Fundamental, não só funciona como instrumento de formação integral do aluno, como também influencia, positivamente, no desenvolvimento (social, moral, volitivo, espiritual, ético, intelectual, cultural, entre outros) da criança nas escolas que têm como base os pressupostos da Antroposofia e do Construtivismo.

Optou-se pela pesquisa qualitativa, em que foram desenvolvidas atividades como:

Identificação do tipo de literatura utilizada nos currículos e programas das escolas selecionadas;

Entrevistas junto aos profissionais da educação envolvidos com as disciplinas pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa;

Aplicação de questionários junto aos alunos;

Observação das atividades envolvendo o uso da literatura, tais como: uso da biblioteca e cantinho de leitura, apresentações e dramatizações, painéis, entre outras.

O objetivo da escola construtivista com a Literatura é levar o aluno a entender, desde pequeno, que existem características essenciais ao ser humano, entre elas, o respeito mútuo e o trabalho conjunto e igualitário, requisitos básicos para a construção de uma sociedade mais justa.

 

 

Fonte de financiamento da Pesquisa: PIBIC/CNPq – Universidade Federal de Viçosa

 

 

EFICIÊNCIA ALOCATIVA E CRESCIMENTO ECONÔMICO:

O PAPEL DO SETOR AGRÍCOLA

João Gonsalo de Moura

Samuel Façanha Câmara

Ricardo Chaves Lima

 

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo mostrar que o desempenho do setor agrícola é primordial para a performance das taxas de crescimento, principalmente de economias ainda em processo de desenvolvimento. A partir de uma versão adaptada do modelo proposto por Feder (1982), que leva em consideração a hipótese de um desequilíbrio estrutural, concluiu-se que, ao priorizar as atividades agrícolas como mola propulsora do crescimento econômico, um país estará optando por um grau mais elevado de eficiência na alocação de seus recursos.

Palavras-chave: crescimento econômico, desequilíbrio estrutural, agricultura

1. INTRODUÇÃO

 

Nos últimos dez anos o ramo da economia que trata do crescimento econômico tem passado por uma fase das mais produtivas. Com o surgimento das chamadas Teorias Endógenas do Crescimento, tem-se tentado demonstrar o papel de algumas variáveis que até então não eram sequer mencionadas na análise do problema dos elementos motivadores da expansão econômica. Esse é o caso, por exemplo, das políticas governamentais e das decisões individuais de investimento (Barro & Sala – i – Martin, 1995).

Diante dos fatos acima apresentados, os trabalhos de natureza empírica, que ultimamente têm surgido em grande quantidade, se inclinaram na direção de testar se a hipótese neoclássica da convergência se verifica na prática ou se a mesma representa apenas uma curiosidade teórica. Quando os resultados indicam que a convergência das rendas per capita é uma hipótese improvável, então admite-se que os proponentes da endogeneidade do processo de crescimento têm motivos suficientes para acreditarem nas suas proposições. É mais ou menos nessa direção que os trabalhos de natureza mais empírica têm se direcionado (Barro, 1997).

Um dos problemas mais comuns das economias, notadamente daquelas que ainda se encontram em estágios inferiores de desenvolvimento, é a questão do desequilíbrio estrutural. A teoria econômica não tem dado a devida importância a tal fenômeno, principalmente no que se refere aos trabalhos mais recentes. O problema não é que essa variável não seja importante. A questão é que algumas variáveis econômicas de relevância prática, como é o caso dos desequilíbrios estruturais, continuam de fora da discussão.

Não se pretende com este trabalho explicar por completo o fenômeno da variabilidade das taxas decrescimento, nem também discutir questões como a hipótese da convergência. O interesse aqui é apenas demonstrar que a dinâmica de um setor específico tem sua importância relativa na determinação da expansão econômica de longo prazo de uma economia. Ou seja, sem sair do campo natural do economista, e sem pretender esgotar a discussão do que determina o crescimento econômico, objetiva-se apenas demonstrar que algumas variáveis específicas têm importância crucial nesse processo.

Desse modo, o objetivo do presente trabalho é mostrar que o desempenho do setor agrícola é primordial para a performance das taxas de crescimento, notadamente em economias ainda em processo de desenvolvimento. Para tanto, na seção dois será feita a apresentação do modelo. Na seção três serão feitas algumas considerações sobre o tratamento dos dados. A forma como as variáveis serão medidas será mostrada na seção quatro. Os resultados obtidos e sua análise representam o conteúdo da seção cinco. Finalmente, na seção seis serão feitas as considerações finais.

 

2. O MODELO

Embora decorridas três décadas de numerosos estudos sobre fontes de crescimento econômico, a função de produção continua sendo o instrumento mais utilizado pela grande maioria dos estudiosos do assunto. No entanto, desde o início, algumas críticas perduram com relação à sua utilização, a maioria já bem conhecidas. Problemas como os do grau de homogeneidade, retornos de escala, tipo de mercado e, principalmente, o problema da agregação, são sempre levantados tão logo alguém resolva fazer uso desse instrumento.

Como a discussão dos problemas relacionados à utilização da função de produção já é uma questão bastante explorada, qualquer espaço que fosse dedicado aqui a essa questão seria apenas para efeito de esclarecimento e não para trazer à tona qualquer novidade a esse respeito. Portanto, no âmbito deste trabalho, tal discussão torna-se dispensável. Ainda porque não se pretende discutir neste ensaio problemas de natureza metodológica.

Quando se pretende trabalhar com uma função de produção da qual fazem parte apenas insumos convencionais, tais como capital e trabalho, as maiores dificuldades se encontram no campo das definições das medidas que representem melhor o comportamento dessas variáveis. A partir daí o que se tem a fazer é apenas seguir os passos determinados pelas técnicas econométricas. No caso do presente trabalho, onde se pretende introduzir um insumo não convencional, como é o caso do desequilíbrio estrutural, torna-se necessário deixar bem explícito o mecanismo através do qual esta variável se relaciona com a variável dependente em consideração, que é o crescimento econômico.

Dessa forma, a apresentação do modelo a seguir justifica-se exatamente pelo fato de tornar visível o mecanismo de ligação entre a variável dependente e as variáveis independentes consideradas. O que será feito, na verdade, é uma adaptação do modelo de Feder (1982) de exportações à análise do problema em consideração.

Em primeiro lugar, a economia será dividida em dois setores, o setor agrícola (A) e o setor não agrícola (N), representados pelas seguintes funções de produção:

 

N = F (Kn, Ln, A) (1)

A = G (Ka, La) (2)

 

onde:

Ka, Kn = estoque de capital alocado para respectivo setor

La, Ln = força de trabalho alocada para o respectivo setor

 

A novidade que surge com as funções apresentadas acima, é o fato da produção agrícola aparecer como um dos determinantes da produção do setor não agrícola. Sem a necessidade de maiores explicações, cabe esclarecer que tal procedimento tem por objetivo demostrar que a agricultura gera um efeito benéfico para o resto da economia, através de mecanismo tais como, incentivo a uma maior utilização de capacidade produtiva; economias de escala; incentivo ao aperfeiçoamento das técnicas de produção, etc. Enfim, as atividades agrícolas conseguem emitir externalidades positivas para o resto da economia.

Aplicando o conceito de diferencial total às equações (1) e (2), tem-se:

 

dN = Fk . In + FLdLn + Fa . dA (3)

dA = Gk . Ia + GLdLA (4)

 

onde:

I = investimento líquido, ou, da mesma forma, a variação do estoque de capital, dK.

Fa = contribuição marginal da agricultura para o produto dos demais setores

 

Supondo que as produtividades marginais dos fatores sejam diferentes nos dois setores e que as razões entre as mesmas se desviem da unidade por um coeficiente a , temos que:

 

(5)

Sendo que, quando a = o temos a alocação de recursos que maximiza o produto da economia.

Sabendo que o produto total da economia (y) pode ser representado pela soma do produto dos setores não agrícola (N) e do setor agrícola (A) tem-se

y = N + A

 

Logo, pode-se deduzir que :

dy = dN + dA (6)

ou seja, a variação no produto total dy decorre da avariação do produto nos dois setores em consideração, dN e dA.

Substituindo (3), (4) e (5) em (6), temos que

 

dy = FkIn + FLdLn + FadA + (1 + a )FkIa + (1 + a )FLdLa = Fk(In + Ia) + FL(dLn + dIa) + FadA + a (FkIa + FLdLA) (7)

 

De (4) e (5) tem-se que

 

(8)

 

Substituindo (8) em (7) temos

 

(9)

 

A exemplo de Feder (1982), assumindo que existe uma relação linear entre a produtividade marginal do trabalho e o produto médio da economia, resulta que

 

(10)

 

Introduzindo (10) em (9), dividindo todo o resultado por y e multiplicando o último termo por , temos:

 

(11)

 

Veja-se que a equação (11), acima, atende perfeitamente ao objetivo proposto, qual seja, mostrar explicitamente os mecanismos através dos quais a agricultura pode influenciar as taxas de crescimento econômico. No caso, fica claro que isto se dá através de um possível diferencial de produtividade no setor agrícola (a ) e de extremidades positivas emitidas para os demais setores da economia (Fa).

Nos casos em que a = 0 e Fa = 0 a equação (11), acima, passa a representar o modelo tradicional neoclássico das fontes de crescimento. Quando > 0 então a utilização da hipótese de desequilíbrio estrutural passa a ser viável. Neste trabalho, espera-se que tal hipótese seja mais provável para países em desenvolvimento, do que propriamente para países considerados desenvolvidos onde as condições de alocação de recursos devem se aproximar dos níveis ótimos.

Dessa forma, pelo que foi visto acima, a taxa de crescimento da economia é composta pela contribuição da acumulação de fatores e pelos ganhos provenientes da realocação de recursos entre os setores produtivos.

3. OS DADOS

A grande maioria dos trabalhos empíricos sobre fontes de crescimento têm em comum o fato de tratar com dados do tipo cross-section [Barro (1997); Yotopoulos & Lau (1989); Kawogoe, Hayami & Ruttan (1985)].

As estimativas obtidas através de dados do tipo cross-section têm muito a dizer a respeito do processo de crescimento, especialmente quando o número de observações, do ponto de vista de cada país é reduzido. Contudo, existe evidência de que há uma acentuada variação paramétrica entre países no que se refere a estimativas de equações de crescimento utilizando dados de séries temporais (Ram, 1987).

A imposição de uma estrutura comum na forma de modelos cross-section pode até mesmo representar uma simplificação muito forte e, dessa forma, importantes diferenças paramétricas podem estar sendo desconsideradas. No entanto, a utilização de uma série histórica de um determinado país pode representar dificuldades ainda maiores em análises dessa natureza. Uma dessas dificuldades é que geralmente há pouco grau de variabilidade nos valores de algumas variáveis, ou, até mesmo, variações conjuntas em algumas delas, tornado assim bastante reduzida a aplicabilidade da função estimada. (Yotopoulos & Lau, 1989).

Assim, quando são utilizados dados cross-section em modelos de crescimento, uma das vantagens é que se torna possível uma diferenciação mais confiável do que representa efeito de mudança na quantidade física das variáveis e efeito de mudança qualitativa nas mesmas, pois aqui o grau de variabilidade da disponibilidade de insumos é bem mais acentuado. Mesmo assim, deve-se estar sempre ciente de que problemas de outra natureza devem permanecer quando se insiste na utilização de dados dessa natureza. Por exemplo, há diferenças nas definições de algumas variáveis entre países, bem como diferenças em relação à produtividade dos fatores de produção.

Entretanto, qualquer problema apontado acima não tem o intuito de viabilizar ou inviabilizar a utilização de qualquer tipo de dado. Ao contrário, o objetivo da discussão empreendida acima foi apenas evidenciar algumas restrições metodológicas que se deve ter em mente quando da interpretação dos resultados obtidos.

 

4. MEDIDAS UTILIZADAS

No que se refere ao fator trabalho, da forma como a contribuição do mesmo aparece na equação 11, não há muito a se acrescentar. Neste trabalho, será levado em consideração apenas o seu aspecto quantitativo. Ou seja, não serão consideradas as mudanças qualitativas que possam vir a ocorrer dentro do período considerado pela amostra. Como se trata de um estudo do tipo cross-section, a opção a ser seguida não deve trazer qualquer dano significativo aos resultados.

Com relação ao capital, deveria aparecer na equação 11 a contribuição de sua taxa de crescimento para a expansão geral da economia, e não apenas a contribuição da participação do investimento no produto, como lá se encontra. Mas em algumas circunstâncias específicas a taxa de crescimento do estoque de capital (r) pode ser escrita como:

 

 

Veja-se que em sua forma original

 

 

em nada se modifica quando a escrevemos da forma

 

 

Sabendo que representa o inverso da relação capital-produto e denotando esta última relação por p , temos

 

 

Logo, para que seja possível escrever tem-se que fazer a suposição de que a relação capital-produto, p , permanece constante ao longo do período em análise. Como o presente estudo trata com dados do tipo cross-section e o período considerado nunca será muito extenso, tal hipótese torna-se bastante apropriada.

Pela própria natureza dos dados e pela eliminação de algumas dificuldades, como uma medida adequada para o estoque de capital, é tal definição vem sendo largamente utilizada em estudos que se deparam com tal problema (Hagen & Hawrylyshyn, 1969; Ram, 1987; Feder, 1982).

Por fim, ainda com relação à equação 11, resta analisar a medida que será utilizada para representar a variável representativa do papel da agricultura. Veja-se que da forma como lá se encontra tal variável deve ser medida como segue:

 

 

Com este formato fica evidente que a agricultura tem como influenciar as taxas de crescimento econômico, através de dois caminhos distintos. O primeiro se dá através da própria taxa de crescimento do setor e, o segundo, através de sua participação no produto da economia. Assim, por tornar tais mecanismos evidentes, esta será a medida utilizada na obtenção dos resultados na próxima seção. Tal medida é uma adaptação daquela utilizada por Feder (1982), Ram (1987) e Moura (1991).

 

5. ESTIMAÇÃO E ANÁLISE

A partir da equação 11 do modelo apresentado acima, foram obtidas algumas estimativas para os parâmetros, utilizando a técnica de mínimos quadrados ordinários. Os resultados são apresentados na Tabela 1, abaixo.

 

Tabela 1

Equações estimadas

Variável independente 1 2 3 4

Constante -3.00 -5.88 -4.93 -0.85

-(3.37) -(4.79) -(4.69) -(4.69)

 

Tcp 2.10 2.05 1.22 0.28

(5.68) (5.79) (3.73) (3.73)

 

I/y 0.13 0.14 0.28

(3.25) (4.04) (4.04)

 

(dA/A).(A/y) 0.02 0.49

(6.42) (6.42)

 

R2 23.10 29.60 35.03 35.03

 

Tamanho da amostra 104 104 104 104

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fonte dos dados: World Bank (1998)

 

A equação 1 representa a estimação do modelo levando em consideração apenas a taxa de crescimento da população (Tcp) como variável independente. Como se observa, os resultados obtidos são bastantes satisfatórios. Tanto o valor obtido para o termo constante como para o coeficiente da taxa de crescimento da população, são estatisticamente significantes.

A razão principal da obtenção de um resultado tão expressivo para o coeficiente da população é que está sendo utilizada a taxa de crescimento da população de 15 a 65 e não a taxa de crescimento da população como um todo. Como o período de tempo considerado não é tão amplo, a utilização daquela medida evita que os valores obtidos possam refletir determinadas anomalias, tais como altos índices de natalidade, elevadas taxas de envelhecimento, e outras mais que pudessem influenciar no processo de estimação dos parâmetros em análise.

Em resumo, pela equação 1 na Tabela acima, pode-se dizer que os valores obtidos para os coeficientes estimados estão em perfeita sincronia com o modelo neoclássico de crescimento econômico, que prevê um coeficiente positivo para a taxa de crescimento populacional.

A equação 2 considera, além da taxa de crescimento populacional (Tcp), a variável representativa do investimento em capital fixo (I/y). Vê-se que o coeficiente obtido para a mesma é significante, do ponto de vista estatístico, e tem o sinal previsto pelo modelo neoclássico. Quando comparada com a equação 1, nota-se que a introdução do investimento como variável independente praticamente não afeta os resultados anteriormente obtidos para a taxa de crescimento populacional.

Ainda com relação à equação 2, pode-se observar que o coeficiente de determinação ajustado alcança um valor de 0,296. Tal valor representa, na verdade, um resultado bastante satisfatório, nem tanto pelo seu valor absoluto ou grau de significância, mas, muito mais, pelo ganho obtido em relação à equação 1, quando o mesmo não passava de 0,231. Isto significa que a introdução da variável investimento na equação 2 ampliou o poder de explicação do modelo, como era de se esperar.

A equação 3 representa a estimação da equação 11 no modelo por completo. Ou seja, introduz-se a variável representativa do papel da agricultura (dA/A . A/Y) para testar a possibilidade da realocação de recursos vir a representar um papel importante como fonte de crescimento, de acordo com as premissas do modelo em análise.

Os resultados constantes da Tabela 1 demonstram exatamente aquilo que anteriormente vinha-se afirmando. Obtém-se um coeficiente para a variável representativa da agricultura (0,02) que é altamente significativo, e tem o sinal esperado. Note-se ainda, de acordo com a equação 3, que há uma elevação substancial no poder de explicação do modelo. O valor do coeficiente de determinação ajustado passa de 0,296 na equação 2 para 0,495 na equação 3.

A introdução da variável agricultura na equação 3 causou uma pequena queda no valor do coeficiente da taxa de crescimento populacional, como também no valor da estatística "t" calculada para o mesmo. No entanto, este fato é perfeitamente normal tendo em vista as características da agricultura numa economia qualquer. Como se sabe, a atividade agrícola caracteriza-se como sendo altamente intensiva em mão-de-obra (considerando-se apenas os fatores de produção aqui tratado). Portanto, se este é o caso, a introdução desta variável, da forma como foi feita na equação 3, tende a absorver parte da responsabilidade do fator força de trabalho no processo de crescimento, donde se pode concluir que as mudanças ocorridas nos valores dos coeficientes na citada equação são absolutamente normais.

Assim, de acordo com os resultados apresentados na Tabela 1, acima, pode-se dizer que muito embora a introdução de maiores quantidades de fatores de produção, na forma de capital e trabalho, sejam importantes para o processo de crescimento econômico, não se pode deixar de levar em conta o fato de que alguns desequilíbrios prevalecem nas economias, de forma que a simples realocação dos recursos já existentes pode desencadear um processo de elevação do nível da produção global. Conforme os resultados acima, os efeitos positivos causados às taxas de crescimento da produção em decorrência da realocação dos recursos, de modo nenhum podem ser considerados como desprezíveis. Pelo visto, o incentivo às atividades agrícolas tem um papel dos mais importantes nesse processo.

Muito embora a análise acima deixe claro que todas as variáveis independentes propostas influenciem as taxas de crescimento do produto, muitas vezes torna-se necessária uma avaliação da importância relativa que cada uma das mesmas de fato representa. É claro que para tal tipo de avaliação a utilização dos parâmetros apresentados na Tabela 1 (Equações 1, 2, 3) não é um procedimento recomendável , pois os mesmos estão sujeitos a problemas relacionados com as unidades de medida a que estão submetidas as variáveis em análise.

O procedimento mais correto para tratar do problema proposto no parágrafo anterior é transformar os valores dos coeficientes em unidades de desvio padrão. Ou seja, as estimativas devem ser obtidas a partir da divisão dos valores das variáveis pelos seus respectivo desvio padrão, obtendo-se assim os chamados "Coeficiente de Regressão Parcial Padronizados" [Merril & Fox, 1980, p: 452-53].

A estimação da equação 11 através do procedimento descrito acima gera os resultados apresentados na equação 4 da Tabela 1. Note-se que o valor do coeficiente obtido para a variável representativa da agricultura (0,49) é bem superior ao valor dos coeficientes obtidos para as variáveis população e investimento (0,28). De fato, este resultado demonstra mais uma vez que a realocação de recursos entre determinados setores pode muitas vezes ter maior influência sobre as taxas de crescimento econômico, do que propriamente a acumulação de fatores em um ambiente onde prevalece a existência de desequilíbrio estrutural. No caso específico deste trabalho, tal resultado demonstra que a ênfase no setor agrícola tem um importante papel a desempenhar como causa determinadora da evolução dos níveis da produção agregada nas economias.

Tabela 2

Equações estimadas

Variável independente 1 2 3 4

Constante -4.26 -6.90 -5.80 -1.00

-(4.32) -(5.31) -(5.23) -(5.23)

Tcp 2.47 2.42 1.56 0.36

(6.29) (6.41) (4.48) (4.48)

I/y 0.12 0.13 0.26

(2.97) (3.72) (3.72)

(dA/A).(A/y) 0.02 0.47

(6.22) (6.22)

R2 29.10 34.60 53.60 53.60

Tamanho da Amostra 96 96 96 96

Fonte dos dados: World Bank (1998)

 

 

Pelo que foi dito ate aqui é de se esperar que países com níveis de desenvolvimento bem adiantados já tenham alcançado um grau de harmonia em suas estruturas produtivas que a realização de um simples processo de deslocamento de recursos de alguns setores para outros não deverá trazer qualquer benefício adicional em termos de eficiência alocativa. Ao contrário, em países onde o nível de desenvolvimento ainda é baixo, é de se esperar que a suas estruturas produtivas sejam caracterizadas por diversas anomalias que impedem um grau mais elevado de eficiência e, portanto, os mesmos tenderiam a lucrar com tais mudanças.

 

A Tabela 2, acima, apresenta os resultados obtidos com uma amostra de 96 países, a partir da eliminação de todos aqueles com renda per capita superior a US$ 10.000 que estavam contidos na amostra que gerou os resultados anteriormente analisados.

Como se observa, aplicando o mesmo processo referente aos dados da Tabela 1, os resultados apresentados na Tabela 2, quando vistos de uma forma geral, demonstram que as especulações teóricas anteriormente explicitadas são confirmadas pela evidência empírica. Pode-se ver claramente que em todas as equações estimadas os parâmetros mantêm os sinais corretos e são todos significativos.

De qualquer modo, a questão mais importante a ser tratada diz respeito ao comportamento do coeficiente de determinação ajustado. Comparando a equação 3 na Tabela 1 com a mesma equação na Tabela 2, nota-se que o mesmo sofre uma significativa elevação, passando de um valor de 0,495 no primeiro caso para 0,5360 no segundo. Isso mostra que as variáveis independentes aqui consideradas são muito mais importante para explicar as taxas de crescimento econômico, em países que ainda não atingiram o topo da escala em matéria de desenvolvimento econômico, como era de se esperar.

Dessa forma, considerando que a amostra utilizada é bastante representativa, e que os métodos utilizados foram os mais adequados, há de se convir que toda a evidência apresentada pode nos dar uma boa indicação de que, principalmente para economias ainda em processo de desenvolvimento, a ênfase nas atividades agrícolas é uma das mais representativas fontes de crescimento econômico.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescimento econômico tem sido um dos maiores desafios a serem enfrentados pelos gestores da política econômica dos países, não importando o grau de desenvolvimento em que os mesmos se encontrem. Dessa forma, à medida em se faz qualquer tentativa de mostrar a importância de variáveis dentro desse processo, tal tarefa torna-se por si mesmo justificável.

De acordo com os resultados apresentados ao longo deste trabalho, fica evidente a importância que todas as variáveis consideradas desempenham dentro do processo de expansão produtiva das economias. Embora com relação às variáveis capital trabalho este ensaio não traga qualquer novidade, com relação ao papel da agricultura ficou evidente que, por representar um dos mais importantes setores produtivos, o seu papel precisa ser compreendido de uma maneira um tanto quanto específica e, diante do exposto, ficou evidente que a esta variável dever ser atribuído um papel de destaque.

De acordo com as formulações teóricas e os resultados empíricos obtidos, ficou evidente que o setor agrícola, ao ser estimulado, pode gerar um efeito benéfico para o resto da economia através de mecanismos, tais como, maior incentivo à utilização de capacidade produtiva, economias de escala, etc. Ou seja, há externalidades positivas emanadas para os demais setores da economia.

Portanto, pela própria composição do parâmetro aqui estimado, e a relevância do mesmo dentro do modelo, pode-se finalmente concluir que, ao priorizar as atividades no citado setor como mola propulsora do crescimento econômico, um país estará fazendo uma opção por um grau mais elevado de eficiência na alocação de seus recursos, principalmente quando se trata de um país cujo nível de desenvolvimento econômico ainda não atingiu os padrões considerados como satisfatórios.

 

 

 

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Barro, R. J. & Sala-i-martin, X. Economic Growth. New York, Mc.Hill, 1995

 

Barro, R. J. Determinants of Economic Growth: a cross-country empirical study. MIT-Press, 1997.

Feder. G. On Exports and Economic Growth. Journal of Development Economics, 12 (1982) 59-73

Hagen, E.E. & Hawrylyshyn, O. Analysis of World Income and Growth: 1955 - 1965

Economic Development and Cultural Change, V. 18, n.º 1, part II, 1969, P. 01 – 96.

Kawagoe, T.; Hayami, Y. & Ruttan, V. W.The Intecountry Agricultural Production Function and Productivity Differences Among Countries. Journal of Development Economics 19 (1985) 113-132

Lau, J. L. & Yotopoulos, P. A.The Meta-Production Function Approach to Technological Change in World Agriculture. Journal of Development Economics 31 (1989) 241-269

Merril, W. C. & Fox, K. A. Estatística Econômica: uma introdução. São Paulo, Atlas, 1980.

Moura, J. G. Recursos Produtivos, Eficiência Alocativa e Ccrescimento: A Evidência para Duas Fases da Economia Mundial. Tese de Mestrado (não publicado) CAEN/UFC. 1991.

Ram, R.Exports and Economic Growth in Developing Countries: Evidence from Time-Series and Cross-Selection Data. Economic Development and Cultural Change, V. 36, n.º 1, 1987.

World Bank. World Economic Indicators, 1998.

 

Voltar

 
Hosted by www.Geocities.ws

1