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Identificação Cássia Gontijo de Araújo Aloj. Feminino, 106 - Campus - UFV 36571-000 - Viçosa/MG Tel.: 31 - 899 - 2056 E-mail: [email protected]; [email protected] "O NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (NEAd) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV): UM ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE."
*ARAÚJO, Cássia Gontijo de; **DIAS, Leci Soares de Moura e. *Dptº. de Educação/UFV, PIBIC/CNPq; **Professora do Dptº. de Educação/UFV.
Muitos são os problemas enfrentados por nós no dia-a-dia, advindos da dificuldade de comunicação oral. Acreditando que é necessário abolir o silêncio e nos colocar enquanto sujeitos falantes, foi desenvolvido em trabalho com a oralidade em salas de aula do NEAd da Universidade Federal de Viçosa. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, por meio de um acompanhamento das aulas no referido Núcleo, observando-se as manifestações dos alunos: o silêncio, a fala, os gestos... Estas observações compuseram relatórios diários. Além desse material, utilizamo-nos de entrevistas e questionários aplicados aos alunos e as professoras. A partir da análise dos materiais obtidos traçamos um quadro que nos permitiu um trabalho em sala de aula de forma a transformá-la em um dos múltiplos espaços para o desenvolvimento da oralidade.
"O NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (NEAd) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV): UM ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE."
*ARAÚJO, Cássia Gontijo de; **DIAS, Leci Soares de Moura e. *Dptº. de Educação/UFV, PIBIC/CNPq; **Professora do Dptº. de Educação/UFV.
Muitos são os motivos que levam a que nós, seres falantes, silenciemos, esquecendo-nos de que o homem é o animal que fala (GUSDORF, 1970). Na verdade, o silêncio nem sempre é nossa opção, apresentando-se como uma imposição. Em algumas salas de aula, muitas vezes o silêncio é uma constante, pois somente os professores falam e os alunos ouvem, não exercitando o diálogo(FREIRE E SHOR, 1986). Em outras, verificamos o controle sobre o uso da palavra, enquanto mecanismo para se manter a disciplina (FREITAS,1991). Ainda, deparamo-nos com o silêncio advindo do aluno do medo de sofrer ridicularizações por parte de colegas e professores (SÃO JOSÉ, 1990,1992). Estas situações nos acompanham nas várias séries de ensino pelas quais passamos, sempre colocando à mostra questões referentes à fala e ao silêncio. Estas questões nos intrigaram e nos moveram a realizar uma pesquisa no Núcleo de Educação de Adultos (NEAd) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Este Núcleo atende funcionários da Universidade em questão que ainda não tiveram a oportunidade de concluir o Ensino Fundamental. São trabalhadores e trabalhadoras que desejam obter um diploma que poderá lhes possibilitar acesso funcional e social. Sobre este público – alunos trabalhadores – lançamos um olhar, tendo a sala de aula enquanto espaço para o desenvolvimento da oralidade. Este trabalho objetiva relatar a pesquisa realizada com os alunos do NEAd, procurando conhecer como eles se colocam em sala de aula, em situações diversas de comunicação oral, que dificuldades eles enfrentam nestas situações e o que poderia ser feito para que a sala de aula se transformasse num espaço de oralidade. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa (LUDKE E ANDRÉ, 1986), tendo como sujeitos alunos e professoras do NEAd. Foram feitas observações das aulas, lançando olhares sobre a fala e o silêncio dos alunos, dos diálogos mantidos entre alunos e alunos e entre alunos e professoras. Estas observações foram compiladas diariamente na forma de relatórios, possibilitando-nos suscitar hipóteses, apontando para diferenciados aspectos da realidade estudada (NOGUEIRA, 1977). Além das observações, fizemos entrevistas e aplicamos questionários a professoras e alunos em diferenciadas etapas do trabalho. Os dados obtidos nos permitiram conhecer que alguns alunos não se manifestam em sala de aula por timidez, por desconhecimento do assunto a ser tratado. Outros porque não acreditam que a contribuição deles na fala será valorizada pelos colegas e professores, o que coloca à mostra resquícios de um tempo em que manifestações e interesses dos alunos não eram valorizados e nem se acreditava na possibilidade de, pelo diálogo, alunos e professores construírem verdades ainda que momentâneas, para serem novamente reconstruídas coletivamente (HOFFMANN, 1973 E FUCK, 1999). Foi nos possível também conhecer opiniões valorizando as discussões mantidas em sala de aula partindo do pressuposto de que toda palavra deve ser ouvida e que toda pergunta merece resposta (FREIRE & SHOR, 1986). Algumas percepções das professoras vão ao encontro das dos alunos, uma vez que consideram que os alunos não se manifestam oralmente em sala de aula por se intimidarem ou desconhecerem o assunto. Outras professoras atribuem o silêncio a pouca fluência na leitura e ao medo de se expor diante do outro. A partir destas constatações, buscamos conhecer que alternativas professoras e alunos indicaram para fazer com que a sala de aula se transformasse em espaço para o desenvolvimento da oralidade. Dentre outras, foram estas as sugestões: debates em grupo sobre assuntos do cotidiano, criar espaços para que os alunos exponham para seus colegas temas da atualidade e coordenar as falas, quando dos debates, para que todos possam se manifestar. Estas questões foram trabalhadas e organizadas na forma de orientações que possibilitaram a alunos e professoras transformar a sala de aula em um dos múltiplos espaços propícios ao desenvolvimento da oralidade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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