Esta aeronave é reconhecida internacionalmente pela sua polivalência e pelas provas dadas durante a Guerra das Malvinas e na Guerra Irão-Iraque. Durante o conflito das Malvinas, o Super Etendard demonstrou grande aptidão para missões anti-navio, tudo graças à dupla constituída pelo seu radar Agave da Thomson CSF e o míssil anti-navio AM-39 Exocet. Este míssil foi responsável pela destruição de vários navios britânicos em 1982, inclusive pelo do destroyer (Type 42) "HMS Sheffieldd". Tais acontecimentos demonstraram a eficácia dos dois sistemas e provou a vulnerabilidade de uma força naval face aos ataques de caças.

Esta aeronave embarcada tem origem na década de 60, quando a França iniciou a construção dos seus dois porta-aviões da classe Clemenceau. Na altura, coube à indústria aeronaútica francesa desenvolver um caça para operar embarcado nos porta-aviões franceses, entre os vários modelos propostos o Etendard foi considerado o melhor. Foram construídas 90 unidades do Etendard IV, sendo 59 da versão de ataque (chamada de IVM) e o restante da versão IVP, destinada ao reconhecimento. Esta última versão não possui radar, mas leva uma enorme gama de sensores de reconhecimento. Os dois modelos passaram a operar para a Aéronavale (aviação naval francesa) baseados em terra e também nos seus dois novos porta-aviões. Desempenhavam a função de ataque leve, reconhecimento e ataque naval. As missões de guerra ar-ar eram todas repassadas para o F-8 Crusader, que também operava naquela força. 

No início dos anos 70, planeou-se a produção de uma versão naval do Jaguar, para o mesmo substituir todos os Etendard IVM e IVP. O cancelamento desse projecto levou a Dassault-Breguet ao desenvolvimento de uma versão melhorada do Etendard, com maior desempenho, carga útil, um novo radar Agave, interface com o míssil AM-39 e capacidade de ataque nuclear. Um novo motor também foi adoptado, sendo que o primeiro voo de um de um Etendard convertido foi realizada em outubro de 1974. Inicialmente foi planeada a compra de mais de 100 aeronaves, mas apenas 71 foram entregues. A primeira entrega de um Super Etendard foi feita ainda em 1978, embora os Etendards IVP não tenham sido substituídos. 

Em pouco tempo a França deixaria de ser o único operador do Super Etendard. Com a modernização do seu porta-aviões "25 de Mayo", a Argentina encomendou à Dassault cerca de 14 aeronaves para substituir os seus A-4Q na função de aeronaves de ataque e defesa aérea embarcadas. Em conjuntos com os Super Etendard também foram encomendados os mísseis AM-39 Exocet. Na época a frota naval tinha vindo a sofrer uma grande modernização, em que além da frota aérea se destacava a aquisição dos, então modernos, destroyers Type 42.

Quando se iniciou a Guerra das Malvinas em Abril de 1982, as entregas de qualquer material bélico à Argentina proveniente de aliados da Inglaterra foram suspensas. As entregas do Super Etendard que se tinham iniciado um ano antes ainda não estavam completas foram atrasadas prepositadamente, tendo sido entregues apenas 5 aeronaves e 5 mísseis AM-39 Exocet. O comando Argentino decidiu então, manter 4 aeronaves operacionais, deixando uma como reserva para sobresselentes. 

Os aviões operavam a partir de bases terrestres na Argentina, sendo frequentemente reabastecidos no ar pelos KC-130H da força aérea argentina, realizando ataques ao pares, em total silêncio electrónico, com silêncio rádio e iluminando o alvo com os seus radares Agave apenas o tempo suficiente para disparar o AM-39. 

Os Super Etendard ficaram conhecidos por serem muito discretos pois além dessas peculiaridades de ataque, usavam sempre uma rota praticamente sem sentido táctico. Como as ilhas ficavam a mais de 700 km da costa, e os Super Etendard ainda tinham de voar a baixas altitudes e em rotas maiores, descolando sempre apenas com um míssil AM-39 numa das asas, e um tanque subalar na outra. Apesar das dificuldades impostas pelo pequeno número de aeronaves e mísseis, o Super Etendard foi a arma aérea mais eficiente da Argentina daquele conflito. O seu perfil de ataque permitiu que se afundassem o destroyer HMS Sheffield e o navio container Atlantic Conveyour. Para os operadores de radar dos navios tais aeronaves era um terror, já que como voavam a baixa altitude, só apareciam no radar quando estavam bastante próximos dos navios, os pilotos argentinos apenas ligavam o radar para seleccionar o alvo para o míssil, sendo praticamente impossível detectar um Exocet após o seu lançamento.

Na Guerra Irão-Iraque, o Iraque realizou mais de 90 surtidas com o Super Etendar para ataque a petroleiros Iranianos, e atacou por engano a fragata americana "USS Stark", tendo o navio acabado por afundar. Na época dos acontecimentos, os EUA eram aliados do Iraque e apoiavam-nos naquele conflito, sendo que mesmo presentemente o incidente ainda não foi esclarecido. Para sorte dos aliados, essas aeronaves estavam apenas arrendadas à França, e o Iraque não as possuía aquando a Guerra do Golfo. Os Super Etendard iraquianos eram, pois, caças usados provisoriamente até à chegada do lote de caças Mirage F-1 encomendados pelo regime de Saddam Hussein.

A Argentina, actualmente possui 12 aeronaves operacionais, após o abate do seu porta-aviões, passou a utilizar estes caças apenas em bases terrestres, embora com a recente aquisição do porta-aviões "São Paulo" para a marinha brasileira, venham a ser frequentes os treinos abordo do navio. Na realidade os Super Etendard argentinos nunca foram usados operacionalmente a bordo do "25 de Mayo", embora tenham realizado operações de aterragem e descolagem neste. Mesmo limitados às bases terrestres no litoral, estas aeronaves armadas com os AM-39 representam um factor crucial na defesa naval argentina. 

Na armada francesa o Crusader foi abatido em 1999, embora o Rafale M entre em serviço em 2001, apenas em 2008 está prevista a saída definitiva do Super Etendard do grupo aéreo do "Charles de Gaulle". Até lá, uma versão modernizada cumprirá missões de ataque e apoio a operações navais. Durante o período de transição para os novos Rafale, o Super Etendard foram destacados também para missões de combate ar-ar, armados com mísseis Magic 2. 

 

Nome

Super Etendard

Tipo

Caça-bombardeiro polivalente

Fabricante

Dassault

Autonomia

850 km (com 1 Exocet e 2 drop tanks)

Velocidade Máx.

1.180 km/h

Altitude Operac.

13.700m

Motor(es)

1 Atar 8K-50 com 5.110Kg de empuxo

Envergadura

9,60m

Altura

3,85m

Comprimento

14,30m

Peso Máx.

11.500 kg

Armamento

2 DEFA 553 de 30mm

Mísseis Exocet, Martin Pescador e Magic ou combinação de até 2.100kg de carga bélica

Operadores

França e Argentina

 

Texto de:
Humberto Leite
Adaptação/Revisão:
Pedro Monteiro

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