Possivelmente o F-8 é um dos últimos caças verdadeiramente merecedores deste nome. A sua história operacional estendeu-se por quase meio século de operação sob as insígnias 2 marinhas e uma força aérea.

O desenvolvimento do Crusader deu-se na década de 50, quando a aviação evoluía rapidamente. Nessa altura um projecto que surgisse teria que ser de óptima qualidade para poder competir com as novas aeronaves.
O Vought XF-8, desenvolvido para um projecto de um caça naval de superioridade aérea superou essa marca, cruzando os céus ainda nos anos 90. O F-8 é caracterizado pela sua fuselagem alongada e com asa em delta sobre a fuselagem. Usando inicialmente um motor J57, o mesmo do F-100, e com a vantagem de operar embarcado, o F-8 era bem superior a este último. Tendo sido, inclusivé, o primeiro caça a chegar à velocidade de Mach 1.7. No ano de 1957 o F-8A estava em operação no VF-32. Esta primeira versão do Crusader estava armada com 4 canhões Colt Mk12 de 20mm no nariz, além de 4 trilhos para os novos mísseis ar-ar AIM-9B.

A aeronave possuía um assento ejectável e capacidade para REVO. Assim, foram produzidos 318 F-8A, seguidos de 130 F-8B, versão com radar, e depois 187 F-8C com capacidade all-weather, substituídos por 152 F-8D, com novos aviónicos e velocidade de Mach 1.86. A última versão construída foi o F-8E, com uma aviónica actualizada, novo radar, armamento diversificado e equipamento IR de detecção passiva. Com a guerra do Vietnham, os F-8 equiparam os porta-aviões menores , como agente complementar dos então modernos F-4. Mostrando a polivalência da versão E, os USMC operaram o F-8 para missões de ataque ao solo.
No período de 1966 a 1971, foram modernizadas 446 unidades, sendo estas operadas a partir dos porta-aviões ligeiros norte-americanos até fins da década de 70. Sendo que a versão RF-8G permaneceu em operação nos "Nimitz" até meados da década de 80, sendo posteriormente substituídos pelo RF-4. A força aérea filipina usou duas dezenas de F-8H entre 1974 e 1986.
A França iniciou a sua operação aquando do lançamento dos porta-aviões da classe "Clemenceau" (em 1963), como a armada não possuia nenhum caça de alto desempenho acabou por se optar pela compra de um modelo estrangeiro. Nesse mesmo ano, 42 F-8E foram adquiridos aos EUA. Em 1966, com a chegada das aeronaves, o novo operador realizou uma extensa reforma estrutural, com o objectivo principal de capacitá-los a pousar nos pequenos porta-aviões (sendo necessário reduzir em 28 km/h a velocidade de pouso). A electrónica também foi aperfeiçoada,  sendo ainda capaz de lançar o míssil ar-ar Matra R530, tendo sido mantida também a capacidade original para disparar o AIM-9.
Na marinha francesa a formação é rigorosa, para se habilitar a voar num Crusader os pilotos tinham que ter de 180 a 220 horas de voo em bases terrestres, o que incluía 50 aterragens diurnas e 25 nocturnas em pistas que simulam o convés dos porta-aviões.
Em 1989 o míssil ar-ar Matra foi retirado do serviço, pelo que a versão Magic 2 aprontada em 1988 se tornou na principal arma do Crusader.
O Crusader tinha uma panóplia de armamento incrivelmente vasta para tal tipo de avião, o que lhe permitia desempenhar inúmeras missões: intercepção, defesa aérea, escolta de ataque aos Super Etendard. Por norma o grupo aéreo dos porta-aviões "Clemenceau" e "Foch" incluía 6 F-8. Na marinha da França além de inúmeros exercícios o F-8 executou missões reais no Golfo Pérsico, Balcãs e Líbano.
Nos anos 80 a aeronave viu-se em dificuldades com a sua manutenção, chegou-se mesmo a equacionar a sua substituição por aviões norte-americanos F-18 tendo o porta-aviões "Foch" sofrido alterações para testes de voo, contudo o lobby da Dassault levou ao cancelamento de tal projecto e à retoma definitiva do desenvolvimento do Rafale M.
Todos os 1261 Crusader construídos e que estiveram em operação pela USN, USMC, Armada Francesa ou Força Aérea Filipina já foram desactivados.

Texto de:
Humberto Leite
Adaptação/Revisão:
Pedro Monteiro

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