São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006
Tooor!!!
Anterior
Próxima
|
Thank You For The Music
MÜNCHEN (ALE) -
Há 30 anos, em 19 de junho de
1976, o rei Carl Gustav da Suécia casou-se com a alemã Silvia Sommerlath, um
casamento de conto de fadas. A rainha Silvia da Suécia é apenas alemã? Não, ela
não é apenas a filha de um pai alemão, mas tem mãe brasileira. Nasceu na
Alemanha, mas viveu 11 anos em São Paulo. O rei Carl Gustav conheceu Silvia em
1972, nos Jogos Olímpicos de Munique, onde ela trabalhava como relações públicas
para a organização do evento.
Um dia antes do casamento real, o grupo pop sueco ABBA tocou pela primeira vez
em público, num programa de TV, a música "Dancing Queen": uma homenagem da banda
à nova rainha. A composição virou hit e hoje é um clássico da música
internacional. O ABBA já tinha estourado em 1974 com "Waterloo", música
vencedora do "Grand Prix Eurovision", concurso que escolhe a melhor canção de
toda a Europa.
Naquele tempo eu era bastante jovem e sempre que ouvia falar destes
acontecimentos fazia uma série de associações na minha cabeça. No último sábado,
eu tive também inúmeras razões para deixar os pensamentos fluírem: a Alemanha
jogou contra a Suécia tendo um brasileiro como árbitro.
E onde? Ah, claro, em
Munique! E a Suécia sofreu – apesar de todas as suas louras torcedoras "dancing
queens" esbanjando simpatia, animação e alegria – a sua derrota de "Waterloo".
Talvez a razão seja que, um dia antes do jogo, casou-se, não um rei sueco, mas o
"Kaiser" alemão: Franz Beckenbauer, ainda que no meio dos seus vôos de
helicóptero, que o fazem presente em quase todos os jogos desta Copa do Mundo.
O desenrolar do jogo Alemanha e Suécia pode ser descrito de forma bem rápida:
Beckenbauer, o "Kaiser", é claro, também estava lá, acompanhado de sua agora
esposa. A seleção alemã jogou ainda melhor do que nos jogos anteriores contra a
Polônia e o Equador, e foi brilhante, especialmente no primeiro tempo, com uma
defesa agressiva e um ataque rápido. Decorridos apenas 12 minutos, o placar já
era de 2 a 0 para a Alemanha. Os dois gols foram marcados pela jovem estrela do
time: Lukas Podolski. E nestas duas vezes o passe certeiro foi dado por Miroslav
Klose. No segundo gol, Klose sem dúvida mostrou a beleza do futebol arte
deixando o adversário perdido em campo: enquanto encarava o jogador sueco ele,
numa gingada rápida, deu o passe na direção oposta, nos pés de Podolski, o que
lembra bem o estilo do craque Ronaldinho Gaúcho.
A Suécia perdeu o zagueiro "Lucic" (parece que faltava mesmo alguma coisa para
ele ser um "Lúcio"), que levou o segundo cartão amarelo aos 34 minutos. E aos
oito minutos do segundo tempo, Larsson desperdiçou um pênalti. Esta foi
praticamente a única chance da Suécia. Na contrapartida, a Alemanha deveria ter
marcado 6 ou 7 gols, porque as oportunidades eram criadas num ritmo de poucos
minutos.
Levando tudo isto em consideração, a equipe da Suécia não foi nada mais do que
um "sparring". Só que agora é matar ou morrer: a Argentina está na porta da
frente. Para alguns comentaristas (com todo o respeito ao Brasil), esta é a
final da Copa do Mundo 2006 de forma antecipada. Os dois últimos jogos entre
Alemanha e Argentina terminaram empatados: 2 a 2. Este resultado não se repetirá
na próxima sexta-feira. Haverá apenas um ganhador.
O ganhador será certamente Jürgen Klinsmann, ainda que seu time perca.
Havia muita gente cética a respeito do técnico
e sua teimosia nos métodos de treinamento. Depois que a seleção passou para as
Quartas-de-final, ele virou herói. E isto não somente por causa do sucesso e
pelo time estar em perfeitas condições físicas, mas pela maneira fantástica com
que a equipe vem conquistando os torcedores através de um futebol bonito de se
ver. Isto nós não víamos há muito, muito tempo!
Quando ABBA teve seu primeiro grande sucesso?
1974. Este foi o tempo da final da Copa do Mundo, ah, sim, em
Munique! A Alemanha ganhou de 2 a 1 da favorita Holanda. Na frente dos meus
olhos aparecem imagens obscuras. Rainer Bonhof dá o passe no lado direito da
pequena área, Gerd Müller vira, chuta – Tooor! O "Kaiser" estava lá também. Não
na tribuna, mas no gramado.
Sem exageros! Claro que nos nossos corações esperamos encontrar a seleção
brasileira em Berlim. Mas aqui e agora dizemos o nosso obrigado aos simpáticos
torcedores da Suécia ou para falar de novo usando outro grande sucesso do ABBA:
"Thank you for the music!".
[email protected]
_________________________________________________
Stefan Kuper, é jornalista alemão, PhD em Filosofia, Línguas e
Literatura Antiga e colunista deste Mandando Pra Rede
|
MURAL DE
RECADOS DO MPR
|