A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

O Boletim


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Em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão

A gravidade da crise ética do Senado retrata na verdade o fecho de um ciclo na política brasileira, que nunca conseguiu se desvencilhar do nepotismo secular das elites, oriundo desde os tempos das capitanias hereditárias, nos primórdios de nossa História.

Qual é o significado do Senado Federal? Seria uma Casa onde se reúnem os mais espertos políticos do país para organizarem de forma harmoniosa a arrecadação e a distribuição do dinheiro público para si e para o seu curral eleitoral? Ou então, seria uma Casa de fachada política onde se reúnem para elaboração de projetos, da mais alta relevância criminosa, para enterrar na lama o povo brasileiro? “Brasileiros e brasileiras...” (ops, desculpem).Temos o dever de limpar essa sujeira nas próximas eleições.

É de estarrecer a podridão que está jorrando dessa que deveria ser a instituição da moderação política, composta por pessoas experientes que, com o objetivo de revisar o processo legislativo, iriam aprimorá-lo. Não, essa camarilha se juntou para o que, em direito, chama-se formação de quadrilha! Se houvesse alguma dignidade entre seus membros, os que se consideram inocentes deveriam renunciar! Será que veremos isso?

É preciso que se dê nome a todos os bois que estiveram nesse período de 14 anos levando vantagens com os 633 atos secretos. Temos que desengavetar os arquivos mortos do Senado: vão aparecer mais ex-senadores que agora estão dando uma de bom moço e se locupletaram, no passado, de alguma “vantagem secreta”. As eleições vêm aí e o povo deve saber quem é quem. Acho que a farra da corrupção no Brasil está começando a acabar, pois estamos conseguindo desvendar os mistérios de cima para baixo. Agora, é só o povo saber escolher os políticos certos para começarmos uma nova era de Brasil e política honesta.

Diante dessas barbaridades que não param de ocorrer no país, julgo oportuno lembrar o artigo 37, parágrafo 4o. da Constituição do Brasil:

"Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação pena cabível.".

Onde anda o STF, guardião da nossa Constituição, que nada fez até agora?

Lamentáveis e surpreendentes as observações do senador e presidente do Senado, José Sarney, de que há uma campanha “midiática” para desestabilizá-lo e retirá-lo do poder. Mais do que qualquer ação da mídia, as causas da insustentabilidade da sua situação são a sua própria história e os seguidos desmandos da sua atuação no Senado. A chance da preservação de algo da sua imagem já está perdida, e ele sabe disso melhor do que qualquer pessoa. Triste atuação e mais triste final.

O que se extrai da leitura dos jornais, e dos discursos recentes no plenário do Senado, é que há uma onda de chantagem na Casa. Os diretores, alijados de seus gostosos e rendosos cargos, têm munição para muita guerra. Que coisa deprimente. Como diz o ditado, em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Não sem motivo, nós aqui nos fartamos é de migalhas.

Ao que se sabe, Sarney ainda não disse estar desiludido com o fato de o Senado, sob sua presidência, ter virado uma delegacia de Polícia. Mas se não disse, ainda vai dizer. E quando disser, eis aí, na frase abaixo, de Euclides da Cunha, a dica do que fazer. O que será, repetimos, altamente benéfico para o país:

"Para os que chegam à convicção dos próprios erros e numa implícita declaração de incompetência dizem-se desiludidos, abandonar uma posição de comando exprime um ato além de natural, altamente benéfico."
Euclides da Cunha.

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Valter Bernat é advogado e escreve nesta coluna às sextas-feiras e mantém o periódico O Boletim
    



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